Tocando o trombone com fluência e liberdade
por: Renato Farias
Em geral, o anseio e os questionamentos da maioria dos trombonistas, sejam estudantes ou profissionais, são os mesmos:
- Como conseguir uma sonoridade agradável?
- O timbre do trombone é assim mesmo!? Agressivo?
- É um instrumento típico e ideal para bandas?
- Porque estudamos tanto, e os trompetistas e saxofonistas conseguem tocar estudos mais velozes do que nós?
- É difícil afinar as notas em um instrumento sem válvulas (pistos)!!
- Que bocal é melhor para emitir as notas agudas?
- Este bocal não é pequeno para as notas médias e graves?
Cria-se mentalmente uma série de pretextos e barreiras, e até dúvidas se o trombone não é um instrumento tecnicamente limitado.
O grande mestre Gilberto Gagliardi citava duas célebres frases: “O problema está na pecinha atrás do bocal” e “O seu talento está lento”.
Hoje, dispomos de muitos recursos; instrumentos excelentes, todos os métodos necessários, escolas públicas de música, informações via internet, a Revista Weril, etc… O que necessitamos agora é de organizarmos nossas atividades e nos dedicar à pesquisa e ao estudo disciplinado do instrumento que elegemos. E mais: procurarmos nos inteirar das artes e cultura geral, freqüentando shows, concertos, festivais, cursos, participarmos de debates em workshops, master-classes, e muito mais.
Temos medo de nos aprofundar em nossos estudos, no receio de nos complicarmos. Como músico profissional, procuro estar atento a tudo que acontece musicalmente no mundo. Muita coisa mudou, mas nada conseguiu substituir a necessidade e eficiência do estudo sistemático dos instrumentos musicais. Se não tivermos consciência de que a dedicação à música e ao instrumento nos trará benefícios, seremos músicos frustrados vencidos pelo tempo.
É muito importante que em nossa jornada tenhamos a orientação periódica de um professor reconhecido, e que possua uma didática clara e compreensível.
Nossos questionamentos:
A sonoridade agradável adquire-se procurando tocar da forma mais natural possível, sem grandes esforços, dando ênfase aos estudos de notas longas sem ataque, variando gradativamente a dinâmica: pp, p, mp, mf, f e ff. Partindo deste princípio, estudar em andamento lento, e sem articulação (ligadura natural = sem utilização da língua), os exercícios 1 e 2, repetindo cada frase 6 vezes utilizando as dinâmicas acima, emitindo as notas com brilho quando pp, p, mp e não deixando que nas dinâmicas mf, f, ff a sonoridade seja agressiva e com timbre muito metálico. Para tanto, procure executá-las com a boca mais aberta que o habitual. (Ver exercícios abaixo) O trombone é compatível com qualquer formação, portanto, procure integrar grupos variados como: trompete, sax e trombone, trios e quartetos de trombones, quinteto de metais, trombone e piano. A prática em grupos pequenos possibilita o desenvolvimento musical e a consciência de grupo, permitindo uma boa performance ao atuar em grupos maiores como bandas, orquestras, etc…
A velocidade nas execuções de trechos musicais com o trombone, quando comparada a outros instrumentos, inicialmente aparenta ser difícil.
É preciso ter consciência de que o trombone de vara tem digitação diferenciada dos demais. Temos que mover as diferentes posições para construirmos as notas. Tendo um estudo disciplinado e com muita cautela, poderemos adquirir domínio e fluência na execução do mesmo. O estudo das escalas nos tons maiores e menores nos permitem, ao longo do tempo, não só a localização das notas, como um bom reflexo e sincronismo no movimento da vara. Procure executar os exercícios abaixo, inicialmente sem interromper a coluna de ar (soprando continuamente).
A afinação das notas no trombone, além de procurar centrar a sonoridade das mesmas, dependem de algumas correções da série harmônica (seqüência de notas na mesma posição) Alguns instrumentos de pistos dispõem de recursos para as correções de afinação, como gatilhos e anéis que possibilitam abrir e fechar algumas pompas (voltas).
O bocal é um acessório indispensável e muito importante e a escolha da medida, devido as características pessoais.
Os bocais mais usuais para o trombone tenor são:
- VTBT 6 ½ A;
- VTBT 6 ½ AL;
- VTBT 6 ½ AM;
- VTBT 5G;
- VTBT 5 GS;
- VTBT 4G.
E para o trombone baixo:
- VTBT 3G;
- VTBB 1 ¼ GM;
- VTBB 1 ½ G;
- VTBB 1 ¼ G;
- VTBB 1 G.
- (Verifique no catálogo da Weril).
Porém não é aconselhável experimentar vários bocais em um curto espaço de tempo, devido a adaptação exigida à musculatura facial. Obtenha todas as informações sobre os músculos faciais no caderno “Princípios Básicos da Execução dos Instrumentos de Metal” editado e distribuído pela Weril.
É de suma importância a freqüência do músico em eventos musicais, não só na fase de sua formação. Através das informações obtidas através dos sons, naturalmente a memória tornase um rico banco de dados e, por meio do estudo musical qualitativo, haverá uma seleção de detalhes que estarão influenciando a sua carreira musical. Procure também ouvir gravações, não só de artistas relacionados ao seu instrumento.
Para que possamos despertar em nosso instrumento a propagação de nosso som pessoal, como a voz, necessitamos ter contato com diferentes
timbres: instrumentos de cordas, madeira, percussão, etc….
É também importante, selecionar e ouvir vários gêneros para que se desenvolva a comparação entre compositores, interpretes, épocas e regiões.
A ciência do estudo do Trombone, exige que tenhamos em nosso material didático, diferentes métodos, para que possamos deles extrair os exercícios adequados ao desenvolvimento de todos os importantes itens, resultando uma boa performance.
Renato Farias trombonista, professor e artista Weril.
Fonte: Publicado na Revista Weril n.º 145