Propriedades da Música
por: Demétrio Lima
As características psicológicas do som, das quais dependem suas propriedades físicas, são: intensidade, timbre, pulsação (tempo) e brilho. A natureza de cada som pode ser descrita de acordo com os atributos significativos que lhe concede estas quatro propriedades inerentes. Elas têm muito a ver com as finalidades ou características da exposição timbrística, quando aplicadas às execuções desejadas.
Existe ainda um fator adicional que envolve as quatro capacidades sensoriais da qualidade sonora: o nosso conhecimento, dentro do campo das propriedades físicas e sensoriais das ondas sonoras. Essa relação em geral é bastante complexa, até porque pode-se executar ou ter uma boa sonoridade de qualidades timbrísticas, sem maiores conhecimentos reais dessa natureza. Podemos valorizar esse autodidatismo, ou seja, a busca individual de cada um, desde que se tenha uma base, que é buscar o que a sua natureza musical aceita em termos de somas harmônicas.
Em todo esse autodidatismo, percebemos casos muito comuns de somas harmônicas nas sonoridades de instrumentos musicais fabricados com materiais rudimentares, como, por exemplo, flautas de bambu, de argila etc., entre outros instrumentos rústicos que possuem a natureza empírica do som.
Como é sabido, a madeira (ébano) tem grande capacidade de filtrar as ondas sonoras. Quanto melhor for sua qualidade, melhores serão os resultados sonoros das ondas incidentais provocadas pelo sopro no instrumento e, conseqüentemente, melhores serão as ondas refletidas (som) e seus timbres ressonantes.
Somente nessas duas últimas décadas é que os estudos da acústica instrumental começaram a ser utilizados para o aperfeiçoamento dos instrumentos musicais.
Nota-se que as características físicas e sensoriais passaram por significativas modificações, tanto na parte física (chaveamento), como na matéria-prima, facilitando sobremaneira a execução, a acústica timbrística e a digitação mecânica. Essa gama dos resultados acústicos aprimorados nos instrumentos de sopro, cordas e eletrônicos em geral acentua a percepção auditiva, a digitação mais eficiente e as emissões mais encorpadas, ricas em harmônicos e com dinâmicas naturais mais evidentes.
É bom lembrar ainda que a relação entre as capacidades sensoriais e as características da física instrumental da reprodução do som têm enorme significado diante do grande número de diferentes instrumentos e suas características timbrísticas, favorecendo a materialização dos sons e sua soma harmônica equilibrada.
Características dos Instrumentos Musicais
Na música, existem duas características fundamentais: tonal e dinâmica. Essas funções são aplicadas fundamentalmente na música instrumental e no canto coral.
A função tonal permite a manifestação da intensidade sonora e, principalmente, da parte timbrística dos instrumentos e do equilíbrio de vozes, nas somatórias existentes. Faz-se necessário o uso desses requisitos básicos para que tenhamos um resultado sonoro bastante técnico e de muita beleza.
A intensidade geralmente se diferencia da freqüência fundamental pela sua oscilação dentro de seu estado natural, materializando-se sem distorções harmônicas provocadas por desequilíbrios sonoros, oriundo dos sons fortes e pobres de harmônicos.
O timbre é uma qualidade acústica instantânea dos instrumentos, que especifica o som, qualificando os resultados da sua fonte emissora. O timbre envolve as freqüências e as amplitudes, assim como fundamenta os harmônicos em questão. Os instrumentos musicais e as vozes humanas produzem freqüências fundamentais e os harmônicos dessas freqüências fundamentais, também vitais na somatória do som. As novas freqüências geradas a partir das freqüências dos harmônicos também são essenciais para a reprodução, somatória e qualidade dos sons.
Na estrutura dos harmônicos, ao serem bem administrados tecnicamente através dos sons e pelas suas características distintas, poderemos distinguir vários instrumentos e vozes pela sua qualidade sonora específica.
Se cada um dos instrumentos praticar e entender o que é um som forte (saturado), obviamente as qualidades timbrísticas das bandas terão melhores e mais técnicos resultados sonoros, após serem corrigidas essas saturações.
Demétrio Lima é professor e saxofonista.
Fonte: Publicado na Revista Weril n.º 124