Experiência Acerca do Efeito da Música no Crescimento de Plantas – Tentativa 1
Descrição
Objetivo – Verificar alterações no crescimento de plantas através da utilização da música.
Duração – De 04/08/2002 a 05/09/02. Estabeleci este período, porque o resultado será apresentado em um simpósio de Música Sacra em Maringá – PR no dia 07/09/02 e estarei encerrando a experiência nesta data.
Ambientação – Dois recipientes redondos de plástico transparente, medindo 13 cm de diâmetro por 5 cm de altura. Nestes recipientes foi colocado um substrato de algodão molhado e sobre ele foram colocadas os seguintes grãos, em cada recipiente:
6 grãos de milho
10 grãos de soja
5 grãos de feijão
Os grãos foram colocados de forma mais ou menos eqüidistante entre si, sem preocupação a respeito do posicionamento específico.Os grãos não receberam qualquer preparação especial.
Os recipientes foram colocados em ambientes diferentes, com aparentemente a mesma intensidade de iluminação em todos os períodos do dia, sem receber luz solar direta. Não tenho equipamentos para medir a luminosidade de forma objetiva, tive que me basear na impressão visual. Ambos recebem a mesma quantidade de água e são virados em 90 graus (1/4 de volta) diariamente, para diminuir os efeitos do direcionamento das plantas em direção aos raios de luz (fototropia).
O recipiente que chamarei de A será o objeto do teste. Utilizando um CD Player com capacidade para 5 discos, este recipiente será submetido a uma “dieta” contínua de música sacra erudita. As músicas escolhidas foram as seguintes:
Vivaldi – Juditha Triumphantis RV644
Haendel – O Messias
Bach – Grande Missa em Si Menor BWV 232
Bach – Cantata BWV 140 e Cantata BWV80
Mozart – Grande Missa em Dó Menor K427 e Missa da Coroação K317
Utilizando duas caixas acústicas pequenas (18×10 cm), com um woofer e um tweeter em cada uma, coloquei uma delas deitada, com o alto-falante para cima, colocando o recipiente diretamente sobre ela. A segunda caixa foi colocada em pé, ao lado, voltada para o recipiente. Durante o dia é mantido um volume moderado, sendo abaixado durante a noite.As faixas são escolhidas de forma aleatória pelo sistema de som (comando “shuffle”). A equalização do som é mantida “flat”, ou seja, igual para todas as freqüências.
O recipiente B será o controle. Ele recebe os mesmos cuidados do recipiente A, mas está em um ambiente silencioso, a não ser pelos ruídos normais de uma residência.
Diário de Observações
04/08 – 10:00 |
Plantei as sementes e montei o ambiente, conforme descrito acima. |
06/08 – 11:00 |
Recipiente A – Há 3 feijões brotando. As raízes tem cerca de 3 mm, já penetrando no substrato de algodão. Recipiente B – Um feijão brotou, mas apenas despontou a raiz, com cerca de 1 mm. |
06/08 – 14:00 |
Um milho do recipiente A começou a brotar. |
07/08 – 10:00 |
Recipiente A – Os 3 feijões e o milho que haviam brotado ontem estão começando a se levantar. Outro feijão brotou e a raiz já está penetrando no substrato. Um grão de soja também brotou. Recipiente B – A raiz do feijão brotado ontem penetrou no algodão. Mais um feijão brotou. Um grão de soja rompeu a casca, tentando brotar, mas a raiz não despontou. Geral – Me parece que os grãos de soja não são de boa qualidade. Algumas manchas pequenas de mofo apareceram sobre e próximo a eles, em ambos os recipientes. |
07/08 – 16:00 |
Devido a problemas técnicos com as duas caixas que eu estava usando (mais de 15 anos de idade, e alguns tombos no currículo) troquei-as por duas caixas novas, com as seguintes características: 21 x 14 cm, três vias, sendo 1 woofer de 4″, 1 médio de 2″ e 1 tweeter de 1″, 160W. A colocação das caixas foi alterada, ficando uma de cada lado do recipiente A. |
08/08 – 10:00 |
Recipiente A – As raízes dos feijões que brotaram primeiro estão fortes e adquirindo cor esverdeada. O grão de milho que brotou já está exibindo o broto secundário, que vai gerar o caule. Mais um grão de soja brotou. Recipiente B – Mais um grão de soja está tentando romper a casca. |
14/08 |
Explicação adicional – Infelizmente não me foi possível, por problemas de tempo, publicar as observações nos dias 09 a 13/08. Além disto, percebi alguns problemas técnicos, que vou detalhar em seguida. Vou relatar agora a situação atual: Recipiente A Recipiente B Alterei, por uma questão de preferência pessoal, o CD com a gravação de Vivaldi – Juditha Triumphantis RV644, para Haydn – Oratório A Criação (Die Schöpfung) Problemas técnicos: O maior problema tem sido a luminosidade. Como havia colocado anteriormente, não tenho aparelhos específicos para medir a luminosidade, portanto tive que confiar na impressão visual. Mas no dia 09, fazendo comparações de sombra, vi que o recipiente B (que não recebe música), está recebendo uma luminosidade ligeiramente maior que o recipiente A. Isto pode ser um problema sério, já que as plantas são muito sensíveis à luz. Na experiência que fiz anteriormente, estava em outra casa, que possuía dois quartos separados com amplas janelas para o lado do nascente. Foi só colocar cada recipiente nas janelas de quartos diferentes e a luminosidade igual estava garantida. Aqui a situação é outra. Uma outra preocupação é o tamanho das hastes, que já estão quase com 30 cm. e continuam crescendo rápido. Isto é um problema, porque quero apresentar esta experiência em Maringá – PR no dia 07 de setembro. O problema está em como transportar os recipientes sem causar dano às plantas. Mais um problema é o aparecimento de manchas de bolor no substrato de algodão de ambos os recipientes. Isto me causa preocupação com a possibilidade de aparecer alguma doença nas plantas, que prejudicaria a experiência. Se elas recebessem sol diretamente, mesmo que por algumas horas por dia, isto seria mais difícil de acontecer. Mas não tenho nenhum local apropriado, com dois ambientes separados, onde um possa ficar com música continuamente e outro não. |
15/08 – 12:00 |
As plantas que estão no recipiente A (com música) continuam crescendo com um ritmo impressionante. O broto de feijão mais alto está com 31 cm. Mas este não é o mesmo broto que ontem estava com 28 cm. Aquele cresceu muito e deitou-se com o peso, e eu estou medindo a altura diretamente. Este que hoje é o mais alto, estava ontem com 25 cm! Não há novos brotos, em qualquer dos recipientes. Alteração Importante: Para tentar equiparar as insolúveis diferenças de luminosidade, comprei duas luminárias iguais, com lâmpadas tipo spot de 40 Watts e instalei sobre ambos os recipientes a uma altura de 50 cm., medidos da superfície onde estão os recipientes até a borda da luminária. A luminosidade provida pelas lâmpadas deve sobrepujar qualquer diferença de luminosidade do ambiente. Tendo em vista que agora a luminosidade virá de cima, não estarei mais virando diariamente os recipientes, pois o problema de fototropismo lateral deixa de existir. |
16/08 – 14:00 |
Nenhuma novidade a relatar. O milho do recipiente A, que estava com 14 cm há dois dias atrás, hoje está com 19 cm. Espero ter para domingo ou segunda-feira as primeiras fotos, do início da experiência, para publicar aqui. |
18/08 – 10:00 |
Hoje a experiência está completando duas semanas. Tirei uma foto dos recipientes juntos para possibilitar uma comparação da diferença no crescimento. Para ter uma ideia, o milho, que estava com 19 cm no dia 16, hoje está com 25 cm. Os caules dos brotos do recipiente A estão muito mais grossos, as folhas maiores e mais verdes, em comparação com o recipiente B. Um outro dado comparativo importante é que o desenvolvimento de manchas de bolor, que me preocupou anteriormente está praticamente controlado no recipiente A, que apresenta apenas uma mancha importante. Já no recipiente B, existem várias manchas, e também estrias espalhadas por todo o substrato de algodão. Um broto de soja que havia começado a brotar não foi adiante e secou. |
20/08 |
As estrias que eu verifiquei no dia anterior sobre o substrato de algodão parecem ser larvas de mosquitos. Verifico que, aparentemente elas estão mortas. Mas só apareceram no recipiente B. |
22/08 – 09:00 |
Há dois dias atrás, quando estava colocando água no recipiente A, precisei afastar uma das caixas. Infelizmente, quando notei, eu havia colocado um dos cantos da caixa em cima do broto de soja maior, que havia descido por causa de seu próprio peso, esmagando o broto a uns 20 cm. da raiz. Isso fez com que o broto secasse daquele ponto para cima. |
23/08 – 10:00 |
As plantas continuam crescendo normalmente, sendo que as do recipiente A continuam maiores que as do recipiente B. Notei que uma das primeiras folhas do primeiro broto do recipiente A começou a ficar amarelada. |
25/08 – 11:00 |
Não consegui escanear as fotos que eu havia tirado no começo da experiência para publicar aqui. A folha do recipiente A que estava ficando amarelada está realmente secando. Não sei a causa. A sua folha oposta começa a dar sinais de enfraquecimento. Uma folha do primeiro broto do recipiente B também começou a ficar amarelada. |
26/08 – 09:00 |
A folha que estava amarelada no broto principal do recipiente A está enrugada, completamente morta, embora ainda não tenha caído. A folha oposta está bastante amarelada. As folhas que estavam começando a amarelar no recipiente B estão completamente amarelas e começando a enrugar. O caule do broto de soja que eu havia esmagado por acidente (ver anotação do dia 22/08) ainda está verde, mas está começando a dar sinais de que está morrendo. A ponta dele, a partir do ponto que foi esmagado já está seca há vários dias, mas ainda não caiu. |
27/08 – 14:00 |
Hoje pela manhã notei que a folha principal do maior broto de milho do recipiente A está caída, bem como um broto de soja. Não sei o que ocasionou isto. Uma outra coisa que me incomoda é que o recipiente B está ficando infestado por drosófilas (mosca-de-fruta). Talvez elas sejam atraídas pelas grandes manchas de bolor presentes neste recipiente. Estou pensando em descontinuar esta experiência e ficar apenas com a segunda. Afinal de contas ainda faltam 10 dias para a apresentação e, se continuar a infestação, isto vai criar uma situação insustentável, pois o recipiente está dentro de casa. |
28/08 – 15:00 |
Realmente decidi descontinuar a primeira experiência. Tirei várias fotos, que serão publicadas ao final da experiência, quando o filme for revelado. Cortei todos os brotos e os medi, usando uma fita flexível, para acompanhar as curvas. |
Resultados da Experiência:
Recipiente A
Tipo do Grão |
Quantidade de Brotos |
Tamanho dos brotos – (cm.) |
Média de Tamanho |
Milho |
2 |
34 / 40 |
37 |
Feijão |
4 |
43 / 54 / 51 / 45 |
48,25 |
Soja |
3 |
24 / 23 / 28 |
25(**) |
(**) – O grão de soja que era o maior do recipiente A foi esmagado acidentalmente no dia 20/08, o que fez com que ele morresse. A medida que consta foi obtida do broto seco. Caso o acidente não houvesse ocorrido, ele teria continuado a se desenvolver, e a média deveria ser bem maior. Um segundo broto de soja apareceu quebrado no dia 27/08.
Recipiente B
Tipo do Grão |
Quantidade de Brotos |
Tamanho dos brotos – (cm.) |
Média de Tamanho |
Milho |
0 |
– |
– |
Feijão |
3 |
44 / 52 / 41 |
45,67 |
Soja |
1 |
32 |
32 |
Outras observações: O substrato de algodão do recipiente B continha várias larvas. A maior parte estava morta, mas foi encontrada uma delas viva. Além disso, estava completamente coberto de manchas pretas de bolor e começando a cheirar mal. O recipiente A tinha algumas manchas pretas onde os grãos que não brotaram haviam apodrecido com a umidade, mas estas não se alastraram pelo recipiente, estando restritas aos pontos onde haviam sido colocados os grãos de soja.
Conclusão: Aparentemente a música contribuiu para três fatores importantes:
1 – Maior quantidade de grãos que brotaram, levando em conta a escolha aleatória dos grãos. Ainda assim, todos os tipos de grãos tiveram uma quantidade maior de brotos que vingaram com música.
2 – Maior crescimento dos brotos, verificado desde o início da experiência. A comparação dos brotos de soja ficou grandemente prejudicada devido ao acidente do dia 20/08.
3 – Melhora no ambiente da cultura, caracterizado pela não existência de drosófilas ou larvas no recipiente A, bem como uma quantidade significativamente menor de bolor.
Um fator a ser notado é que a diferença proporcional de crescimento observada nos primeiros dias (veja a observação de medição de altura no dia 14/08) não se manteve. Após um certo período os brotos, mais adultos, tenderam para o equilíbrio em matéria de tamanho, embora o recipiente A ainda apresentasse tamanhos ligeiramente maiores e caules mais grossos.
Se você de interessa pelo assunto e pretende repetir a experiência, faça anotações detalhadas, me escreva e eu terei prazer em publica-las.