A Música e Seus Efeitos no Indivíduo

por: Ana Maria N. Gorski Damaceno [*]

“Existem músicas e músicas, suaves e harmoniosas, estridentes e sincopadas. Comprovadamente, qualquer delas exerce profunda influência na formação da personalidade humana” – Gerson Gorski Damaceno

Um dos meus compositores prediletos, o prodigioso pianista Franz Liszt disse: “Considerai a arte, não como um meio de satisfazer ambições egoístas, ou de alcançar uma celebridade estéril, mas como uma forma que une e sustenta a humanidade”.

Acompanhando o progresso da humanidade sempre esteve presente a ciência da arte musical.

Um dos fatores de grande importância na formação da personalidade do individuo é a sua cultura musical.

Não apenas porque desperta a criatividade, mas, porque enriquece e desenvolve as faculdades humanas de um modo geral. A música contribui e apela para o desenvolvimento da sensibilidade, inteligência, perseverança, amor, criatividade, memorização, vontade, auto-estima, autodisciplina, improvisação e muito mais…Proporcionando alegria ao compositor, ao executante e ao ouvinte. Sentimos que, por todas essas razões, a música é um fator cultural extremamente necessário para o ser humano.

Os gregos, árabes, hebreus, hindus, chineses e outros povos da antiguidade possuem inúmeros documentos referindo-se ao poder terapêutico da música. O mais típico exemplo desse fenômeno mencionado na Bíblia é o de Davi tocando harpa para acalmar o rei Saul, restaurando-lhe a paz. O declínio espiritual da música bem como a transformação da natureza e da mentalidade humana, são responsáveis pelos raros efeitos terapêuticos da música atual.

Certas músicas contemporâneas, não só como o Jazz e Rock podem provocar sério desequilíbrio no sistema nervoso. O uso extensivo de síncopes, ostinatos, polirítimos, dissonâncias, bem como o volume do som extremamente alto, concorrem gradualmente para o aparecimento de enfermidades graves no individuo, principalmente a perda da audição que é irrecuperável. O filosofo romano Boethius (480-524) disse: “A saúde é tão musical que a doença não é outra coisa senão uma dissonância, e essa dissonância pode ser  resolvida pela música”.

Inúmeras são as pessoas que têm experimentado os efeitos terapêuticos ouvindo música erudita, executando-a, simplesmente improvisando-a, ou compondo-a descontraidamente. A prática pessoal de algum instrumento ou canto contribuem para o equilíbrio físico, emocional, e mental do individuo.

Às vezes certos alunos adultos após terminada a aula nos confessam: “Professora, a senhora curou-me de minha forte dor de cabeça”. Simples exercícios rítmicos, de relaxamento, canções bem melodiosas e execução descontraída das peças musicais exercem efeitos saudáveis sobre o sistema nervoso fazendo desaparecer no estudante as tensões acumuladas durante o dia.

Por outro lado podemos constatar que, certos alunos, muitas vezes, usando um esforço demasiado na pratica instrumental ou vocal errônea, apresentam um alto desequilíbrio nervoso.

Quando certos alunos desejam praticar e apresentar peças que ainda não estão tecnicamente preparados, perdem muitas horas treinando, ficando frustrados com os resultados satisfatórios que deixam de preencher suas necessidades estéticas e psíquicas.

Toda essa problemática resulta num certo desequilíbrio físico e emocional, muitas vezes agravado por uma postura inadequada, respiração incorreta, tensão nervosa causando problema de coluna, cansaço, irritabilidade, distensão muscular, dores de cabeça, depressão, e profunda desmotivação no estudo musical. Uma boa sugestão para evitar alguns desses problemas é de incentivar o aluno a dividir o seu treino musical diário intercalando com outras atividades.

O professor deve estar sempre alerta a tais situações motivando o aluno a escolher um repertorio adequado, respeitando as condições físicas, emocionais, e a personalidade de cada individuo. Relembrando o pensamento de um amigo: “Pela música encontramos a maneira mais emocionante de recordar um passado triste ou alegre”. Diante disso necessitamos adaptar diferentes estratégias de ensino e repertório de acordo com as situações emocionais do executante. Deve-se evitar forçar ou causar tensões desnecessárias ao aluno, pois, a música tem como objetivo trazer saúde, paz e harmonia para nossa vida, no ambiente em que vivemos e ao nosso mundo. Ao contrario, muita ruidosa música atual, prejudica a saúde e causa desequilíbrio total na vida do individuo e do seu mundo.

Pense e reflita, antes de escolher e ouvir o seu repertório musical…


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Fonte: http://www.folhadafamilia.com