Como a Música é Percebida no Cérebro Humano

por: Jeffrey K. Lauritzen

Provavelmente o desenvolvimento mais importante na investigação científica sobre a música foi a descoberta de que a música é percebida através da parte do cérebro que recebe os estímulos das emoções, sensações e sentimentos, sem antes ser submetida aos centros cerebrais envolvidos com a razão e a inteligência. Schullian e Schoen explicam este fenômeno: “Música, que não depende das funções superiores do cérebro para franquear entrada ao organismo, ainda pode excitar por meio do tálamo – o posto de intercomunicação de todas as emoções, sensações e sentimentos. Uma vez que um estímulo foi capaz de alcançar o tálamo, o cérebro superior é automaticamente invadido, e, se o estímulo é mantido por algum tempo, um contato íntimo entre o cérebro superior e o mundo da realidade pode ser desta forma estabelecido.” 1

Tempo e espaço não permitem uma abordagem completa da percepção musical. É suficiente dizer que estudos nos últimos cinqüenta anos tem trazido à luz algumas descobertas bastante significativas, que podem ser resumidas como se segue:

(1) A música é percebida e desfrutada sem necessariamente ser interpretada pelos centros superiores do cérebro que envolvem a razão e o julgamento.

(2) A resposta à música é mensurável, mesmo quando o ouvinte não está dando uma atenção consciente a ela.

(3) Há evidencias de que a música pode levar a mudanças de estados de espírito pela alteração da química corporal e do equilíbrio dos eletrólitos.

(4) Rebaixando o nível de percepção sensorial, a música amplifica as respostas às cores, toque e outras percepções sensoriais.

(5) tem sido demonstrado que os efeitos da música alteram a energia muscular e promovem ou inibem o movimento corporal.

(6) Música rítmica altamente repetitiva tem um efeito hipnótico.

(7) O sentido da audição tem um efeito maior sobre o sistema nervoso autônomo do que qualquer outro sentido. 2

Estas descobertas sugerem que Satanás é capaz de, através da música, desferir um ataque furtivo sobre qualquer pessoa que se disponha a ser indulgente com o tipo “errado” de música.

Pode-se concluir que a música por si mesma, e não apenas o texto, é uma questão chave na aceitação de música para a adoração. É por isto que uma palavra de advertência deve ser dada a todos os grupos que estão experimentando com novas músicas para a igreja e novos estilos de adoração. Mesmo um texto biblicamente sólido, quando conjugado com um veículo musical apropriado, torna-se uma “Babilônia” teológica, uma mistura do bem com o mal – verdade e erro. Referindo-se à queda do homem Ellen White diz: “Por misturar o mal com o bem, sua mente se tornou confusa, e entorpecidas suas faculdades mentais e espirituais. Não mais poderia apreciar o bem que Deus tão livremente havia concedido.” 3

O profeta Ezequiel também adverte sobre os perigos de se misturar o sagrado com o profano: “Os seus sacerdotes violentam a minha lei, e profanam as minhas coisas santas; não fazem diferença entre o santo e o profano, nem ensinam a discernir entre o impuro e o puro; e de meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles…. dizendo: Assim diz o Senhor Deus; sem que o Senhor tivesse falado.” (Ezequiel 22:26,28)

Misturar a verdade de Deus com as coisas do mundo é um negócio arriscado!


Notas

1 – Dorothy Schullian e Max Schoen, Music and Medicine (New York: Henry Schuman, Inc, 1948), 270,271. (voltar)

2 – H. Lloyd Leno, “Music, How it Affects the Whole Man”, Ministry, novembro de 1973: 24,25. Uma abordagem mais abrangente do assunto da percepção pode ser encontrada neste excelente artigo, juntamente com uma bibliografia completa da documentação da pesquisa. (voltar)

3 – E.G.White, Educação (Tatuí, São Paulo, Casa Publicadora Brasileira), 25. (voltar)


Jeffrey K. Lauritzen é diretor dos corais da Collegedale Academy e da A.W.Spalding Elementary School, ambas parte do conjunto de escolas no campus do Southern College dos Adventistas do Sétimo Dia. Vários alunos da faculdade estudam canto sob a sua direção.

Este artigo é um trecho do artigo “Música na Adoração – Estamos realmente adorando-O? “, do mesmo autor.