Necessidade de Evitar Fanatismo e Sentimentalismos
Ellen White Relata Experiências Antigas
A irmã White começou então a falar, e continuou durante cerca de meia hora. Ela contou um incidente após o outro relacionado com os seus primeiros trabalhos pouco depois da passagem do tempo em 1844. Suas experiências com formas incomuns de erro naqueles dias e em anos posteriores fizeram com que tivesse receio de qualquer coisa que se assemelhasse a um espírito de fanatismo.
À medida que foi prosseguindo, a irmã White falou de alguns que tinham estranhos movimentos do corpo e de outros que eram governados, em grande parte, por suas próprias impressões. Alguns pensavam que era errado trabalhar. Outros criam que os justos mortos haviam sido ressuscitados para a vida eterna. Alguns procuravam cultivar um espírito de humildade rastejando no chão como criancinhas. Outros dançavam e cantavam: “Glória, glória, glória, glória, glória, glória”, repetidas vezes. De vez em quando uma pessoa pulava para cima e para baixo sobre o soalho, com as mãos erguidas, louvando a Deus; e isso durava cerca de meia hora de uma vez.
Entre os que tomavam parte nessas extraordinárias formas de fanatismo havia alguns que outrora tinham sido fiéis – irmãos e irmãs tementes a Deus. Os estranhos movimentos do corpo e espírito eram levados a tais extremos que nalguns lugares os juízes se viram obrigados a restringi-los, lançando-os na prisão. A Causa de Deus incorreu assim em descrédito, e levou anos para superar a influência que essas exibições de fanatismo tiveram sobre o público em geral.
A irmã White contou também como teve reiteradas vezes de enfrentar esse fanatismo de maneira direta e repreendê-lo severamente no nome do Senhor. Salientou o fato de que temos uma grande obra para fazer no mundo, e que nossa força sobre o povo está no poder que acompanha a clara apresentação da Palavra do Deus vivo. A lei de Jeová deve ser exaltada e tornar-se honrosa; e os diversos aspectos da mensagem do terceiro anjo devem ser delineados com clareza diante das pessoas, para que todos tenham oportunidade de ouvir a verdade para este tempo e decidir antes obedecer a Deus do que aos homens.
Se nós como uma Igreja déssemos lugar a qualquer forma de fanatismo, a mente dos descrentes seria desviada da Palavra viva para as realizações de homens mortais, e apareceria mais do humano do que do divino. Além disso, muitos seriam repelidos por aquilo que para o seu entendimento parece ser antinatural e toca as raias do que é fanático. Assim a proclamação da mensagem para este tempo seria consideravelmente prejudicada. O Espírito Santo age de um modo que apela para o bom senso das pessoas. (…)
Repreendendo o Fanatismo
R. Mackin: Recordo ter lido muita coisa a esse respeito no volume 1 de Testimonies for the Church (“Testemunhos Para a Igreja”) – sua experiência em repreender o fanatismo, e da causa no Leste quando eles marcaram o tempo, creio que em 1855.
Ellen G. White: Alguns dançavam para cima e para baixo, cantando: “Glória, glória, glória, glória, glória.” Por vezes eu ficava sentada quieta, até que eles terminassem, e então eu me levantava e dizia: Esta não é a maneira por que o Senhor opera. Ele não causa impressões assim. Precisamos dirigir a mente do povo à Palavra como o fundamento de nossa fé. Eu era apenas uma criança naquele tempo; e todavia tinha de dar repetidamente meu testemunho contra essa estranha operação. E sempre, desde então, tenho procurado ser muito, muito cuidadosa para que alguma coisa dessa espécie não entrasse outra vez entre o nosso povo. Toda manifestação de fanatismo desvia a mente da evidência da verdade – a própria Palavra.
Vocês talvez tomassem uma atitude coerente, mas aqueles a quem influenciassem poderiam tomar uma atitude muito incoerente, e em resultado, teríamos dentro em breve as mãos cheias de alguma coisa que tornaria quase impossível dar aos incrédulos a justa impressão de nossa mensagem e de nossa obra. Precisamos ir ao povo com a sólida Palavra de Deus; e quando eles receberem essa Palavra, o Espírito Santo poderá vir, mas Ele vem sempre, como declarei antes, por uma maneira que se recomenda ao discernimento das pessoas. Em nosso falar, nosso canto, e em todos os nossos cultos espirituais, devemos revelar a calma, a dignidade e o piedoso temor que atua em todo verdadeiro filho de Deus.
Perigos que Agora Ameaçam
Há constante perigo de permitir entrar em nosso meio alguma coisa que consideremos como operação do Espírito Santo, mas que na realidade é fruto de um espírito de fanatismo. Enquanto permitirmos que o inimigo da verdade nos conduza a um caminho errôneo, não podemos esperar chegar aos sinceros de coração com a terceira mensagem angélica. Devemos ser santificados mediante a obediência à verdade.
Temo que qualquer coisa que tenha a tendência de desviar a mente das sólidas provas da verdade tal como se revela na Palavra de Deus. Temo isto; temo isto. Precisamos pôr nossa mente dentro dos limites da razão, não seja que o inimigo penetre de maneira a pôr tudo em desordem. Há pessoas de temperamento agitado, facilmente induzidas ao fanatismo; e permitíssemos nós que penetrasse em nossas igrejas qualquer coisa que levasse tais pessoas ao erro, veríamos pronto esses erros levados a extremos; e então, devido à atitude desses elementos desordenados, viria um estigma a todo o corpo dos Adventistas do Sétimo Dia.
Tenho estado estudando a maneira de fazer publicar novamente algumas dessas experiências antigas, para que mais pessoas dentre nosso povo sejam informadas; pois de há muito tenho conhecimento de que o fanatismo se manifestará outra vez, em diferentes maneiras. Devemos fortalecer nossa posição demorando a mente na Palavra, e evitando todas as esquisitices e cultos religiosos estranhos que alguns seriam muito prontos em pregar e praticar. Caso permitíssemos que a confusão penetrasse em nossas fileiras, não poderíamos libertar disso nossa obra como devíamos fazer. Estamos procurando libertá-la agora, de toda maneira possível. Pensei que devia relatar-lhes estas coisas. Mensagens Escolhidas vol. 3, págs 370-374
A Substituição da Razão Pelo Sentimento
Muitos dos que professam santificação ignoram inteiramente a obra de graça sobre o coração. Quando provados, descobre-se serem semelhantes ao fariseu justo aos próprios olhos. Não admitirão nenhuma contestação. Põem de lado a razão e o juízo, e confiam completamente em seus sentimentos, baseando suas pretensões à santificação nas emoções que em algum tempo experimentaram. São teimosos e perversos em incutir suas tenazes pretensões de santidade, proferindo muitas palavras, mas não produzindo nenhum (Página 10) fruto precioso como prova. Essas pessoas, professamente santificadas, estão, não somente enganando seu coração por suas pretensões, como também, exercendo uma influência para desviar a muitos que desejam ardentemente conformar-se com a vontade de Deus. Elas podem ser ouvidas a reiterar vez após vez: “Deus me dirige! Deus me ensina! Estou vivendo sem pecado!” Muitos dos que chegam em contato com este espírito, encontram um escuro, misterioso quê ao qual não podem compreender. Mas é isso que é inteiramente diferente de Cristo, o único verdadeiro padrão.
A santificação bíblica não consiste em forte emoção. Eis onde muitos são levados ao erro. Fazem dos sentimentos o seu critério. Quando se sentem elevados ou felizes, julgam-se santificados. Sentimentos de felicidade ou a ausência de alegria não é evidência de que a pessoa esteja ou não santificada. Não existe tal coisa como seja santificação instantânea. A verdadeira santificação é obra diária, continuando por tanto tempo quanto dure a vida. Aqueles que estão batalhando contra tentações diárias, vencendo as próprias tendências pecaminosas e buscando santidade do coração e da vida, não fazem nenhuma orgulhosa proclamação de santidade. Eles são famintos e sedentos de justiça. O pecado parece-lhes excessivamente pecaminoso.
Existem os que se consideram santos e fazem profissão da verdade, como fazem seus irmãos, de modo que se torna difícil fazer distinção entre eles; mas, a diferença existe, não obstante. O testemunho daqueles que se orgulham de tão exaltada experiência fará que o suave Espírito de Cristo Se afaste de uma reunião, e deixará uma influência negativa sobre os presentes; ao passo que, se (Página 11) eles estivessem realmente vivendo sem pecado, sua própria presença traria santos anjos à assembléia e suas palavras seriam, realmente, como “maçãs de ouro em salvas de prata”. Prov. 25:11. Santificação – págs 9-11