Análise de 3 Visões da Sra. White Sobre Música

por: Dario Pires de Araújo

1ª Visão

2ª Visão

3ª Visão

Há pessoas que não entendem facilmente linguagem simbólica, como “os frutos da oferta de Caim”, “o fogo estranho de Nadabe e Abiú”, nem linguagem indireta e branda, repassada de eufemismos. Deus sabe que existem mentes assim. De forma que, para que estas pessoas também sejam despertadas, Ele envia Seus mensageiros com linguagem direta, vibrante, clara, e, às vezes, contundente para salvar a todos, ou pelo menos o maior número possível. Mostra o perigo em forma de visões a Seus profetas e estes as transmitem para benefício da Igreja.

1ª Visão

Comecemos com a visão publicada no livro Mensagens aos Jovens, págs. 295 e 296, extraída de Testimonies, vol. 1, pág. 506.

“Adejam anjos em torno de uma habitação além. Jovens estão ali reunidos; ouvem-se sons de música em canto e instrumentos. Cristãos acham-se reunidos nessa casa; mas que é que ouvis? Um cântico, uma frívola canção, própria para o salão de baile. Vede os puros anjos recolhem para si a luz, e os que se acham naquela habitação são envolvidos pelas trevas. Os anjos afastam-se da cena. Têm a tristeza no semblante. Vede como choram!

“Isto vi eu repetidamente pelas fileiras dos observadores do sábado, e especialmente em ____________. A música têm ocupado as horas que deviam ser devotadas à oração. A música é o ídolo adorado por muitos professos cristãos observadores do sábado. Satanás não faz objeções à música, uma vez que a possa tornar um caminho de acesso à mente dos jovens. Tudo quanto desviar a mente de Deus, e empregar o tempo que devia ser votado a Seu serviço, serve a fins do inimigo. Ele opera através dos meios que mais forte influência exerçam para manter o maior número possível numa aprazível absorção (agradável enfatuação), enquanto se acham paralisados por seu poder. Quando empregada para bons fins, a música é uma bênção; mas é muitas vezes usada como um dos mais atrativos instrumentos de Satanás para enredar almas. Quando mal empregada, leva os não consagrados ao orgulho, à vaidade, à estultícia. Quando se lhe permite tomar o lugar da devoção e da prece, é uma terrível maldição. Jovens reúnem-se para cantar e, se bem que cristãos professos, desonram freqüentemente a Deus e sua fé por frívolas conversas e a escolha que fazem da música. A música sacra não está em harmonia com seus gostos. Minha atenção foi dirigida aos positivos ensinos da Palavra de Deus, que haviam sido passados por alto. No juízo todas essas palavras da Inspiração hão de condenar os que lhes não deram ouvidos.”

A expressão: “Isto vi eu repetidamente pelas fileiras dos observadores do sábado” mostra a insistência de Deus em chamar a atenção dos Adventistas do 7º Dia para o perigo que os jovens correm. Este perigo é enorme, pois no vol. II dos Testemunhos, pág. 144 ela pergunta:

“Como posso eu suportar a ideia de que a maioria da juventude nesta época vai perder a vida eterna? Qh, se o som dos instrumentos de música cessasse, e os jovens não esbanjassem tanto seu precioso tempo em agradar suas próprias fantasias e caprichos.” E os testemunhos são para a Igreja.

Além de deduzirmos que a maioria da juventude adventista neste tempo vai perder a vida eterna, podemos também saber que a causa disto está relacionada com música. Estes instrumentos de música não podem ser os que ela recomenda que sejam usados na igreja, nos cultos e reuniões campais habilmente tocados (Test. lV, págs. 62, 71; vol. IX, págs. 143 e 144). Devem ser instrumentos e músicas dos quais ela mesma escreve em Test. vol. 1, pág. 497:

“A introdução da música em seus lares, em vez de estimular para a santidade e espiritualidade, tem sido o meio para distrair suas mentes da verdade. As canções frívolas e as músicas populares de hoje parecem agradar seus corações.”

As expressões “canções frívolas” e “músicas populares de hoje” revelam o tipo de instrumentos e de música, numa época em que o “jazz” começava a se generalizar.

Também podemos saber que, quando no lar dos adventistas soa música popular, terão que ouvi-la sozinhos, pois os anjos de Deus se retiram dali com lágrimas. E pior ainda, essa música “é o ídolo adorado por muitos professos cristãos observadores do sábado”.

Depois de termos esclarecido em capítulo anterior os efeitos físicos e psicológicos da música através do tálamo, compreendemos melhor como Satanás pode usar a música popular como meio, ou canal de acesso para o controle da mente. Enquanto as pessoas ficam numa “aprazível absorção,” agradável enfatuação, acham-se “paralisadas por seu poder.” Não é de se estranhar a debilidade espiritual da juventude.

É importantíssimo notar que Satanás sabe de todos estes efeitos que a música tem sobre o indivíduo. Por isso é que a irmã White, em Test. vol. 1, pág. 496, se refere às mentes dos jovens cheias de tolices e insensatez, e continua: “Possuíam ouvido afinado para a música, e Satanás sabia que órgão excitar para estimular, controlar e fascinar a mente, de tal maneira que Cristo não fosse desejado”. Como Deus é bom em revelar de antemão todas estas coisas, mesmo antes das descobertas científicas! Só não vê quem não quer!

Este estado laodiceano é sintoma de gosto pervertido e discernimento cegado. “A música sacra não está em harmonia com seus gostos.”

Se lhes for permitido, trarão música a seu gosto para dentro da igreja sem perceber a profanação que levam a efeito. Pode até ser que alguns dos que estão à plataforma, bem como da congregação, no final da apresentação digam “amém”, quando os anjos e a presença de Deus já se foram há muito…

Por que trazer música popular religiosa para os lares e para as igrejas?

Se Deus for a fonte da música popular, será culpado de a maioria da juventude se perder. A música sacra e a popular não podem ter a mesma origem. Música sacra é instrumento de salvação; música popular é a causa de a maioria da juventude adventista se perder, se persistir neste tempo no erro, pois “no juízo todas essas palavras da Inspiração hão de condenar os que lhes não deram ouvidos.”

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2ª Visão

A segunda visão que analisaremos está publicada em Mensagens Escolhidas, vol. II, págs. 36-38.

“As coisas que descrevestes como tendo lugar em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ter lugar imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo.”

“O Espírito Santo nunca Se revela por tais métodos, em tal balbúrdia e ruído. Isto é uma invenção de Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este tempo. É melhor nunca ter o culto misturado com música do que usar instrumentos músicos para fazer a obra que, foi-me apresentado em janeiro último, seria introduzida em nossas reuniões campais.

“A verdade para este tempo não necessita nada dessa espécie em sua obra de converter almas. Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção. As forças das agências satânicas misturam-se com o alarido e barulho, para ter um carnaval, e isto é chamado de operação do Espírito Santo”…

“Nenhuma animação deve ser dada a tal espécie de culto. A mesma espécie de influência se introduziu depois da passagem do tempo em 1844. Os homens ficaram excitados, e eram trabalhados por um poder que pensavam ser o poder de Deus”…

“Não entrarei em toda a penosa história; é demasiado. Mas em janeiro último o Senhor mostrou-me que seriam introduzidos em nossas reuniões campais teorias e métodos errôneos, e que a história do passado se repetiria. Senti-me grandemente aflita. Fui instruída a dizer que, nessas demonstrações, acham-se presentes demônios em forma de homens, trabalhando com todo o engenho que Satanás pode empregar para tornar a verdade desagradável às pessoas sensatas; que o inimigo estava procurando arranjar as coisas de maneira que as reuniões campais, que têm sido o meio de levar a verdade da terceira mensagem angélica perante as multidões, venha a perder sua força e influência”…

“O Espírito Santo nada tem que ver com tal confusão de ruído e multidão de sons como me foram apresentadas em janeiro último. Satanás opera entre a algazarra e a confusão de tal música, a qual, devidamente dirigida, seria um louvor e glória para Deus. Ele torna seu efeito qual venenoso aguilhão de serpente.”

“Essas coisas que aconteceram no passado hão de acontecer no futuro. Satanás fará da música um laço pela maneira por que é dirigida. Deus convida a Seu povo, que tem a luz diante de si na Palavra e nos Testemunhos, a ler e considerar, e dar ouvidos. Instruções claras e definidas têm sido dadas a fim de todos entenderem. Mas a comichão do desejo de dar origem a algo de novo dá em resultado doutrinas estranhas, e destrói largamente a influência dos que seriam uma força para o bem, caso mantivessem firme o princípio de sua confiança na verdade que o Senhor lhes dera”.

Escatologia é o estudo dos acontecimentos finais da História Universal. Esta visão se refere a este tempo pois diz: “imediatamente antes da terminação da graça”, e todo adventista sabe o que siginifica “fechar-se a porta da graça”. As expressões “nossas reuniões campais”, e “tal espécie de culto” deixa bem claro que são as grandes concentrações e os cultos da Igreja Adventista do 7º Dia hoje, repetindo algo que aconteceu na época do surgimento da Igreja, aliás, uma “penosa história”.

Outra verdade que ressalta é que perante Deus é melhor um culto sem música, do que tê-lo com música que não presta.

É bastante forte a expressão: “para ter um carnaval”, quando se trata de confusão entre “operação do Espírito Santo” e “forças das agências satânicas” no alarido e barulho, com tambores, música e dança (note-se que naquele tempo ainda não se usava o termo “bateria”), confusão de ruídos e multidão de sons, uma verdadeira “algazarra”. É nesta “tal música” que Satanás opera e nada tem que ver com o Espírito Santo.

Deus quer que a mensagem do terceiro anjo “se destaque em pureza (pág. 37). Voltaremos ao assunto para esclarecer o que é hino puro, mas o que está errado e condenável nesta apresentação não é o hino, e sim a maneira de como é conduzido. Se a maneira de executar fosse o próprio hino, “seria um louvor e glória a Deus”, mas como precisava haver um “arranjo novo”, “moderno”, com “gosto de juventude” (transviada), torna-se um “laço”, uma armadilha do inimigo. Dizer que esta estratégia satânica é evangelística, ou que se trata de diferenças culturais é pura ignorância ou racionalização. Dizer-se que o panorama das nossas apresentações de conjuntos e amplificadores ainda não chegou a ser exatamente o que a visão revelou é querer esquecer que o processo leva para lá.

“O Senhor mostrou-me que… a história do passado se repetiria”, e “hão de ocorrer no futuro” são expressões que explicam bem a razão de termos começado este livro da maneira como o fizemos.

Esta “comichão do desejo de dar origem a algo de novo” nunca deu coisa boa em música sacra porque, para os caçadores de novidades, o Espírito Santo já é velho e ultrapassado por ter inspirado alguém há 50, 100 ou 200 anos.

“Instruções claras e definidas têm sido dadas a fim de todos entenderem”, isentando a Deus da responsabilidade e dos resultados da insistência de Laodicéia em usar música popular religiosa nos Congressos J.A., Festivais, Concentrações e reuniões da Igreja.

Há pessoas que estão apreensivas, orando em favor dos nossos grandes e pequenos evangelistas, a fim de que entendam que “a conformidade aos costumes mundanos converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo” (O Grande Conflito, pág. 512); e isto inclui os costumes mundanos no cantar.

Podemos estar certos e seguros de que quanto mais música “rockenta”, sacudida, “relinchante” (como dizia o Prof. Ritter), popularizada à moda do mundo, loucamente amplificada em nossas reuniões, mais se aproxima o encerramento da graça.

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3ª Visão

Por fim analisaremos a visão publicada em Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 45, dentro do capítulo “Sê Zeloso e Arrepende-te”, o apelo especifico para a sétima igreja, ou seja, o povo remanescente.

Entre outros assuntos, aparece o ideal para nossa música sacra, na descrição da Serva do Senhor.

“Vi que todos devem cantar com o Espírito e com o entendimento também. Deus não se agrada de algaravia e desarmonia. O certo é-Lhe sempre mais aprazível que o errado. E quanto mais perto puder chegar o povo de Deus do canto correto, harmonioso, tanto mais será Ele glorificado, a igreja beneficiada e os incrédulos impressionados favoravelmente”.

“Foi-me mostrada a ordem, a perfeita ordem do Céu, e senti-me arrebatada ao escutar a música perfeita que ali há. Depois de sair da visão, o canto aqui me soou muito áspero e dissonante. Vi grupos de anjos que se achavam dispostos em quadrado, tendo cada um uma harpa de ouro. Na extremidade inferior dela havia um dispositivo para virar, afinar e fixar a harpa, ou mudar os tons. Seus dedos não corriam pelas cordas descuidosamente, mas faziam vibrar diferentes cordas para produzir diferentes acordes. Há um anjo que dirige sempre, o qual toca primeiro a harpa a fim de dar o tom, depois todos se juntam na majestosa e perfeita música do Céu. Ela é indescritível. É melodia celestial, enquanto cada semblante reflete a imagem de Jesus, irradiando glória indizível.”

Esta mesma música ela descreve em Testimonies, vol. 1, pág. 181, nos seguintes termos:

“Disse o anjo: ‘Escutai!’ Logo ouvi uma voz que soou como se fossem muitos instrumentos musicais, todos em perfeita afinação, doce e harmoniosa. Esta sobrepujou qualquer música que eu tinha ouvido. Pareceu ser tão cheia de misericórdia, compaixão, elevação e alegria santa, que fez estremecer todo o meu ser.”

Ao ler estas descrições, fica-se com vontade de chorar. Chorar de alegria porque logo poderemos estar desfrutando de tal beleza; de tristeza porque Laodicéia parece que está tão longe do ideal, e pior que isto, fazendo força para se distanciar do “canto correto, harmonioso”.

“Cantar com o espírito e o entendimento” não é só pensar nas palavras, mas também com um tipo de música ou canto que o Espírito Santo possa tornar aceitável diante de Deus por Seus gemidos inexprimíveis (Rom. 8:26,27), ou, poderíamos dizer, “cânticos inexprimíveis”. De acordo com a luz que temos, fazendo o nosso melhor, ainda assim nossas vozes de lata e de taquara rachada estão demasiado longe da perfeição e santidade aceitáveis. É necessária a “tradução” do Espírito e mais a intercessão de Cristo para que Deus possa ouvir e aceitar.

Quando nesta descrição aparecem os termos “melodia celestial, divina”, “harmonioso”, “ordem”, em oposição aos termos “áspero e dissonante”, o assunto está tocando nos fundamentos da arte musical. Lá no céu a música é arte que combina os sons de maneira ordenada nos elementos básicos de melodia, harmonia, ritmo e forma musical. A “harmonia dissonante”, que explora sem resolução os intervalos de 7ª, 9a, etc., como a arte moderna o faz, e como se faz nas músicas de boate, é estranha à música do Céu. Nada adianta a qualquer músico hoje insistir em que sua formação seja de modernismo harmônico dissonante; diante da música do Céu não é formação, e sim, deformação. O assunto é tão claro que, para não se chegar a tais conclusões, é preciso ser mal intencionado.

Outro ponto importante é que os instrumentos e vozes são afinados. “Perfeita afinação” por um diapasão básico, dado por quem dirige, tudo torna a música celeste mais familiar com o que tentamos praticar na Terra.

A música celeste “é indescritível”. Podemos, pois, esperar que nada no mundo, atualmente, se lhe iguale. Entretanto deve haver um tipo de composição aqui que, mesmo de longe se pareça mais com ela.

Fiquei, certa vez, muito curioso quando soube que a irmã White mantinha sempre à vista, num porta-retrato, uma gravura do perfil de Jesus que, segundo sua impressão, era o mais parecido semblante que ela havia visto ao Jesus de suas visões. Quando vi um diapositivo deste quadrinho, fiquei deslumbrado. Achei-o belíssimo. Pena que em matéria de música, ou porque não tinha muito conhecimento da literatura musical do mundo, ou por alguma outra razão, ela não tenha dito que gostava de certa música porque a fazia lembrar um pouco, de longe, a música do Céu. Se ela tivesse feito isto, eu faria uma seleção musical de todas as peças ou hinos que existem no mesmo estilo, na mesma construção, que produzissem efeito semelhante, e passaria a ouvi-las constantemente para já ir afinando meu gosto com a música angélica. Mas parece que a intenção divina também não era essa. Parece que Deus confia na capacidade do ser humano de compreender Suas orientações, e espera que mostre boa vontade e interesse para isso.

Enfim, o aprimoramento musical dos adventistas é um processo que está ligado ao reflexo da “imagem de Jesus”. Quanto mais semelhante formos a Ele, mais semelhante será nossa música à celeste. Nosso gosto pela verdadeira música sacra aumentará, e as músicas nocivas à nossa espiritualidade desaparecerão. — Dario Pires de Araújo.

Texto extraído do livro Música, Adventismo e Eternidade, págs. 48-55.

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