Batuque à Beira-Mar
por: Ministério Luzes da Alvorada
Na Bíblia são encontrados, ao todo, 17 versos que citam adufe, tamboril, tambores, pandeiros ou algo semelhante. Interessante observar que todos esses versos estão no velho testamento, nenhum está no novo. Todos estão no período do “olho por olho dente por dente”, quando homens sinceros tinham várias mulheres, quando patriarcas possuíam escravos e bebiam bebida forte, quando a guerra fazia parte da vida dos povos e condenar uma pessoa à morte poderia ser considerado necessário.
Míriam, a profetiza, irmã de Moisés, viveu nesse tempo. Quando ela cantou com as mulheres ao som de tamboris, logo após a travessia do mar vermelho, não estava deixando nenhum modelo a ser seguido pelas igrejas. Vejamos as razões:
Primeiramente, o modelo de vida seguido pelos israelitas de então, como acabamos de citar, não tinha nada a ver com a perfeita vontade de DEUS e os ensinos pregados por JESUS posteriormente. O fato de DEUS tolerar a conduta de um povo descendente de escravos, que mal conseguia seguir a luz que já tinha e rodeado de povos que seguiam um modelo de vida absurdamente pior que o deles, não quer dizer que isso era o melhor ou que era plano de DEUS. Os ensinos de JESUS e dos apóstolos comprovam isso. Repetimos aqui: No novo testamento aqueles instrumentos, adufes, tamboris, pandeiros, etc. nem ao menos são citados uma única vez.
Em segundo lugar, o cântico de Míriam comemorava a libertação de um povo da escravidão, era uma comemoração civil, e não apenas religiosa. Da mesma forma, o fato de pessoas agradecerem a DEUS pela independência do Brasil, depois de um desfile de 7 de setembro, não seria indicação de que poderíamos usar os instrumentos de uma fanfarra dentro da igreja.
Em terceiro lugar, a manifestação de gratidão a DEUS, naquela ocasião, pelo livramento do povo do cativeiro egípcio, não coloca aquele ato em pé de igualdade com a adoração a DEUS em seu templo. O cântico de Míriam, ao som de tamboris, não foi apresentado no templo de DEUS.
Em quarto lugar, Míriam e as mulheres não somente cantavam ao som de tamboris, mas também dançavam. Estaríamos nós, ao tentarmos desculpar o uso de tambores na igreja citando o cântico de Míriam dando o primeiro passo para um dia querermos rituais de danças dentro das nossas igrejas?
Em quinto lugar, Míriam não pode, por todos os atos de sua vida, ser considerada um modelo a ser seguido por todos os cristãos, tanto é que ela chegou a ficar leprosa ao receber o castigo divino, em certa ocasião.
Em sexto lugar, o antigo povo de Israel não pode ser considerado exemplo para nós em seu procedimento após o cativeiro egípcio e a passagem pelo mar vermelho. Esse era o mesmo povo que se aborreceu por comer o maná, o pão do anjos, e disse a Moisés: “Por que nos fizestes subir do Egito, para morrermos no deserto? pois aqui não há pão e não há água: e a nossa alma tem fastio deste miserável pão.” Números 21: 5.
Em sétimo lugar, o cântico de Míriam não foi colocado nas Escrituras como o símbolo do cântico de libertação do povo de DEUS e sim o cântico de Moisés. É esse que será cantado pelos remidos junto ao mar de vidro.
Em oitavo lugar, devemos levar em consideração a luz que temos e a que o povo israelita tinha naquela ocasião. Devido ao tremendo estrago provocado pelos longos anos de escravidão, aquele povo saiu do Egito como uma imensa massa humana, ignorante, sem cultura nem higiene, precisando ser ensinado até a fazer o que os gatos fazem por instinto, ou seja, enterrar as próprias fezes (Deuteronômio 23: 13 e 14). Religiosamente falando, eles estavam acostumados aos rituais e festas que viam no Egito; era o que eles sabiam.
A pena inspirada nos diz: “Se a luz brilha em nossos dias, devemos recebê-la, apreciá-la e andar na luz…” Não podemos comparar a situação em que estamos com a de pessoas sinceras que, no passado, “viveram segundo a luz que possuíam. Não podiam ser responsáveis pela luz que nunca tiveram. Devemos prestar contas da luz que brilha em nossos dias. Seria insensatez desculpar nossa transgressão da lei de DEUS porque pessoas boas em gerações passadas não a guardaram. … Nunca é seguro permanecermos indiferentes à luz.” Carta 35, 1877 (CRISTO Triunfante, pág. 317).