A Música de Deus
por: Luiz Antonio Ferraz
“Com eles, pois, estavam Hemã e Jedutum, com trombetas e címbalos, para os que haviam de tocar, e com outros instrumentos de música de Deus; porém os filhos de Jedutum estavam à porta.” (I Crônicas 16:42).
Como deve ser a Música de Deus?
1. Deve ter como Alvo Principal a Glória de Deus
1.1. Deve Expressar o Louvor ao Senhor
Louvor é a resposta à grandeza de Deus. O louvor reconhece os atributos de Deus. O louvor louva a Deus por aquilo que Ele é. A verdadeira música de louvor deve falar das grandezas de Deus, de seus atributos, de sua santidade, de sua justiça, de seu poder, de sua misericórdia, de seu amor, de sua graça!
1.2. Deve Expressar Ação de Graças ao Senhor
Ação de graças é a resposta à bondade de Deus. A ação de graças reconhece os feitos de Deus. A ação de graças engrandece a Deus por aquilo que Ele faz (Apocalipse 5:9,10).
1.3. Deve Expressar o Louvor com um Coração Feliz
O coração não regenerado não pode se comprazer com música espiritual. A Bíblia não diz que a música deve ser entoada para trazer alegria. A alegria é um pré-requisito para cantarmos: “…está alguém contente? Cante louvores.” (Tiago 5:13). Quando alguém está triste, não deve cantar, mas orar: “Está alguém entre vós aflito? Ore.” (Tiago 5:13). Uma certa música de muito sucesso na mídia evangélica, ensina que devemos louvar mesmo quando estamos tristes: “está doendo louve… com muito louvor”. Mas deveríamos ser incentivados a orar “com toda [muita] oração” (Efésios 6:18).
Não cantamos para ficar alegres, mas cantamos para a glória de Deus, e a glória de Deus nos traz alegria no espírito! Cantar com muito louvor quando estamos tristes é uma hipocrisia: “O que canta canções para o coração aflito é como aquele que despe a roupa num dia de frio, ou como o vinagre sobre salitre.” (Provérbios 25:20). É verdade que devemos dar graças a Deus por tudo que nos acontece, inclusive pelas coisas ruins (I Tessalonicenses 5:18), mas não diz o texto que devemos cantar por elas. Isto seria masoquismo. O que o texto ensina é que devemos entender que todas as coisas, inclusive as ruins, concorrem para o nosso bem (Romanos 8:28), e por isso devemos dar graças a Deus por elas.
1.4. Deve Expressar o Louvor Dirigido ao Senhor
O louvor é uma oferta dirigida à Deus: “Apresentai-vos diante dele com cântico…” (Salmos 100:2). “Apresentemo-nos ante a sua face com louvores, e celebremo-lo com salmos.” (Salmos 95:2). Não cantamos para o auditório, mas para o Senhor; a música não deve agradar ao auditório, mas ao Senhor: “Tributai ao SENHOR a glória de seu nome; trazei presentes, e vinde perante Ele…” (I Crônicas 16:29). A música não deve ser usada para nos fazer sentir melhor. Ela não deve ter este propósito. Quem buscava alívio na música, era Saul (I samuel 16:23), mas ele deveria buscar arrependimento na Palavra. A música deve ter o propósito de trazer a presença de Deus entre nós, pois Deus habita no meio dos louvores (Salmos 22:3).
1.5. Deve Exaltar a Glória do Cordeiro
A glória de Deus é manifesta mediante adoração ao Cordeiro de Deus. O Pai deseja que o Filho seja adorado (Hebreus 1:5-6). O Espírito Santo deseja glorificar o Filho (João 16:13-15). Os anjos adoram ao Cordeiro de Deus (Apocalipse 5:8-14). Músicas de auto-estima [antropológicas] devem ser erradicadas, porque todo louvor deve convergir para o Homem-Deus, numa adoração antropológica [o Homem Perfeito] E teológica [o Deus Unigênito].
1.6. Deve Exaltar a Glória de Deus por suas Obras
A Bíblia está repleta de convites para que louvemos o Senhor por Suas obras (Salmos 150:2; 106:2; 145:4). O cântico de Débora é um exemplo: “…falai das justiças do Senhor, das justiças que fez às suas aldeias em Israel…” (Juízes 5:11).
2. Deve Ter como Alvo Principal o Ensino Bíblico
2.1. Deve Ser Doutrinária
Os crentes aprendem mais sobre doutrina nas músicas do que nos sermões. Por isso a música deve ser didática, para ensinar a doutrina. A música deve ser instrutiva. Através dela devemos aprender doutrina: “…ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor…” (Colossenses 3:16). Em seu cântico, Moisés enfatiza a importância da doutrina: “Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva…” (Deuteronômio 32:2).
A adoração “em espírito e em verdade” (João 4:23-24), é aquela que é espiritual (em espírito) e doutrinária (em verdade). Em “espírito” fala da conduta do adorador, enquanto em “verdade” fala da forma como devemos adorar. Não podemos adorar a Deus de qualquer maneira, mas somente através da verdade, ainda que nossa adoração seja muito animada e fervorosa. Por outro lado não podemos também adorar a Deus com uma teologia impecável, desassociada do fervor espiritual. Paulo nos exorta a sermos fervorosos no espírito (Romanos 12:11).
2.2. Deve ser Compreensível
Nossas emoções, quando envolvidas na adoração a Deus, devem ser guiadas pelo elemento racional (Romanos 12:1-2). A letra deve ser inteligível: “…cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.” (I Coríntios 14:15). Aqui entra o segundo requisito da adoração, mencionado em João 4:24. O primeiro é “em espírito”, o segundo é “em verdade”.
2.3. Deve Possuir Entendimento Espiritual
As músicas que dão ênfase ao “sentir” e não ao “pensar”, que enfatizam mais o “som”, a “melodia” e não a “mensagem” não são de boa qualidade. Qualquer música que enfatiza mais a “adoração” no corpo [bater palmas, levantar as mãos, etc] do que no “espírito” não serve para a verdadeira adoração “em espírito”. Andamos por fé e não por vista (II Coríntios 5:7).
2.4. Deve Ter Uma Melodia Harmoniosa
Que música devemos cantar? A música americana? A música brasileira? Devemos cantar a música de Deus (I Crônicas 16:42). Portanto, qualquer estilo musical, santo e reverente, pode ser usado, desde que possua harmonia e inteligência musical: “Pois Deus é o Rei de toda a terra, cantai louvores com inteligência [harmonia].” (Salmos 47:7).
3. Deve ter como Alvo o Crescimento Espiritual
3.1. Deve Produzir Crescimento Espiritual
Paulo diz que a música cantada dentro da Igreja deve ser usada para edificação do corpo de Cristo. Músicas que não edificam, mesmo que sejam agradáveis, devem ser evitadas: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina… Faça-se tudo para edificação.” (I Coríntios 14:26).
3.2. Deve Ser Espiritual
Para produzir crescimento a música deve ser espiritual, isto é, deve enfatizar um tema espiritual. Não basta relatar a experiência de alguém, é preciso que ela esteja baseada num tema espiritual bíblico, isto é, baseada na palavra de Deus: “E Davi… separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem [a palavra de Deus] com harpas, com címbalos, e com saltérios… Todos estes foram filhos de Hemã, o vidente do rei nas palavras de Deus, para exaltar o seu poder…” (I Crônicas 25:1,5). O Músico deve ser uma pessoa espiritual, controlado pelo Espírito para apresentar a Deus “cânticos espirituais”: “Louvar-te-ei com retidão de coração quando tiver aprendido os teus justos juízos.” (Salmos 119:7).
3.3. Deve Ser Devocional
Através da música os crentes devem ser conduzidos à piedade. A música deve ser corretiva. É este o sentido da palavra admoestação: “…ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor…” (Colossenses 3:16). A palavra “admoestar”, “aconselhar” significa “transmitir conhecimento, com uma influência corretiva”.
Conclusão
Deus não quer ouvir a nossa música, Ele quer ouvir a música de Deus (I Crônicas 16:42). A música de Deus deve ser entoada com voz de triunfo (Salmos 47:1) com voz de melodia (Isaías 51:3), como um sacrifício de júbilo (Salmos 27:6) como um sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios (Hebreus 13:15).
Como deve ser a música de Deus?
- A melodia deve ser inteligível (I Coríntios 14:8);
- Deve ser entoada com alegria (Salmos 63:5; Salmos 81:1; Salmos 95:1; Salmos 98:4; Salmos 100:1,2; Sofonias 3:17; Efésios 5:19; Tiago 5:13; Apocalipse 5:8,9);
- Deve ser vocal (II Samuel 19:35; Atos 16:25). Devemos evitar melodia sem letra.
- A letra deve ser inteligível (Salmos 47:7; I Coríntios 14:15);
- Deve ser ministrada por pessoas escolhidas (I Crônicas 15:16; 16:41);
- Deve ser ministrada por pessoas consagradas (I Crônicas 15:14);
- Deve ser ministrada por pessoas responsáveis (II Cônicas 8:14);
- Deve ser ministrada por pessoas ordenadas para tal (I Crônicas 16:37);
- Pode ser ministrada por um grande coral (I Crônicas 9:33; 16:16,27; 25:5-7; 23:5);
- Deve ser instruída por mestres competentes (I Crônicas 15:22);
- Deve ser entoada com retidão de coração (Salmos 119:7);
- Deve ser entoada continuamente (Salmos 35:28; Salmos 71:6; Salmos 145:1,2);
- Deve ser entoada dia e noite (Apocalipse 4:8);
- Deve expressar gratidão pela vitória (Salmos 106:47);
- Deve levar o povo a louvar a Deus (Isaías 43:21).
Exemplos Bíblicos da Música de Deus
- Cântico de Moisés (Êxodo 15:1-18; Deuteronômio 31:19,30; 32:1-44);
- Cântico de Miriã (Êxodo 15:21).
- Cântico de Débora (Juízes 5:1-32).
- Cântico de Davi (II Samuel 22:1-51).
- Cântico dos Levitas (II Crônicas 5:12-14).
- Cântico do rei Ezequias (Isaías 38:9-20).
- A Anunciação (Lucas 1:30-33).
- O Magnificat ou Cântico de Maria (Lucas 1:46-55).
- O Benedictus (Lucas 1:68-79).
- A Glória in Excelsis (Lucas 2:14).
- O Nunc Dimittis (Lucas 2:29-32).
- A Entrada Triunfal (Lucas 19:38; Mateus 21:15).
- A Última Ceia (Mateus 26:30).
- A Oração Cântico [baseada em Salmos 2:1,2] (Atos 4:24-30).
- O Cântico de Despertamento (Efésios 5:14)
Fonte: http://solascriptura-tt.org