Música para Honra e Glória de Deus
por: Rubens S. Lessa [1]
A música desempenha papel importantíssimo na experiência de todo cristão. Através da música, adoramos e louvamos o Criador, expressamos alegria e júbilo, traduzimos convicções religiosas, enfrentamos o mal, reequilibramos nossas faculdades mentais e espirituais, e testemunhamos da salvação em Cristo Jesus.
Obviamente, jamais tentaríamos demonstrar o valor da música, suprimindo-a, durante um sábado, de todas as reuniões. Faltaria um elemento essencial.
Gostaríamos de afirmar, entretanto, que uso da música nas reuniões da igreja, não tem sido, em todas as ocasiões, uma fonte de inspiração e louvor. Quando isso ocorre, a causa pode residir no seguinte: ou ela é inadequada, ou – mesmo sendo de boa qualidade – é usada sem o brilho necessário.
Vivemos um período muito peculiar, no contexto da música da Igreja. Há, basicamente, duas correntes: uma defende o tradicional; a outra, o moderno e espontâneo.
Existe um ponto de equilíbrio? Há uma linha demarcatória? Às vezes percebemos que a linha demarcatória para uns, é aqui; para outros mais, é acolá. Quem está certo? Quem está errado? E perguntamos ainda: Trata-se de uma questão de gosto individual?
Não é nosso propósito responder a essas perguntas. Tentaríamos, no entanto, focalizar alguns pontos fundamentais, a fim de estabelecermos um debate saudável em todas as igrejas da grande família adventista de nosso País.
1. Não seguir a “onda”. Alguns músicos e cantores insistem em lançar mão de aspectos característicos da “música da onda” (a que faz sucesso independente de qualquer efeito espiritual saudável), para atrair ouvintes ou comercializar suas produções musicais. Tal atitude não condiz com a sã doutrina; tampouco, com a atmosfera que deve reinar em nossas reuniões. Preocupa-nos muito, hoje em dia, o “consumismo musical” como expressão de louvor a Deus. Não somos contra a venda de produtos musicais ou de qualquer outro produto religioso, mas quando a música se adapta à “onda do momento” para render mais, então está em terreno inimigo. Não constrói.
2. Deus é o centro. Um filósofo afirmou que “o homem moderno deixou de exclamar ‘glória a Deus nas alturas’ para dizer: ‘glória ao homem nas alturas'”. Às vezes, tem-se a impressão de que o mais importante é o musico, o artista ou cantor, e não o louvor a Deus, que é a fonte de todo o bem. O mesmo pode acontecer com o pastor, o escritor, e assim por diante. Nesse caso, surgem os “fãs”, e não adoradores e ouvintes humildes e submissos. Sim, devemos admirar os talentosos; mas há uma grande diferença entre apreciar uma pessoa habilidosa e “adorá-la”.
3. Show. Quando um cantor ou instrumentista apresenta música saudável, construtiva, não dá show. A festa ou apresentação não chama a atenção para ele (embora possa ser admirado pelo talento que Deus lhe deu), mas para “Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7).
4. “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!” O mero uso do nome de Jesus, Deus, Senhor, ou de coisas sagradas numa música não é garantia de que ela é construtiva. O mesmo acontece com outras coisas. O louvor e a adoração por meio da música exaltam sempre o Criador. E toda pessoa sabe quando o coração entra em sintonia com Deus.
Sem polêmica ou ressentimento, deve a Igreja debater a questão da música, hoje. Nada de imposições inconseqüentes. Mas não nos esqueçamos de que, em alguns aspectos, ultrapassamos o sinal vermelho.
Notas e Comentários
O Espírito de Profecia [neste contexto, os textos escritos por Ellen G. White, dos quais partem esta e as seguintes citações] adverte contra o uso inadequado do canto: “O canto é uma parte do culto a Deus, porém na maneira estropiada porque é muitas vezes conduzido, não é nenhum crédito para a verdade, nenhuma honra para Deus.” – Evangelismo, pág. 506.
O exibicionismo é ofensivo: “Exibição não é religião nem santificação. Coisa alguma há, mais ofensiva aos olhos de Deus, do que uma exibição de música instrumental, quando os que nela tomam parte não são consagrados, não estão fazendo em seu coração melodia para o Senhor.” – Idem, pág. 510.
O canto não é monopólio de uns poucos: “O canto não deve ser feito por uns poucos. O mais freqüentemente possível, una-se toda a congregação.” – Idem, pág. 507.
Música não é ruído: “Vi que todos devem cantar com o espírito e com o entendimento também. Deus não Se agrada de algaravia e dissonância”. – Idem, pág. 508.
Os anjos são co-participantes: “Quando o canto é de molde a que os anjos se possam unir com os cantores, pode-se causar no espírito uma impressão que o canto de lábios não santificados não pode produzir.” – Idem, pág. 509.
Nota:
[1] Os editores do espaço virtual Música Sacra e Adoração agradecem à Loide Simon por mais esta contribuição. Explicamos que o seguinte artigo, sucinto, porém direto, é o editorial da Revista Adventista de março de 1992. Toda e qualquer expressão localizada entre [colchetes] é de autoria dos editores do presente espaço virtual e não constam do artigo original.
Fonte: Revista Adventista, Março 1992, p. 02.