Critérios Para a Escolha da Boa Música
por: Pr. Erton Köhler
(O presente artigo foi publicado originalmente no formato de resposta a uma pergunta encaminhada à seção “Bússola” da Revista Adventista. Estamos, portanto, transcrevendo da mesma forma.)
Pergunta: Estou em dúvida quanto ao estilo de música que devo ouvir. Passou em minha igreja um músico, com formação acadêmica, que rebaixou a música de nossa igreja e apresentou uma lista com o nome de vários de nossos cantores, dizendo que jovem que é jovem não ouve música no estilo deles. Fiquei sem saber o que escolher.
Resposta: É preciso sempre ter muito cuidado ao escolher ou condenar alguma música ou músico adventista. O assunto é extremamente importante, mas a análise não pode ser feita apenas pela qualidade ou formação técnica, nem baseada em gosto pessoal. Por outro lado, é muito perigoso chegar a uma igreja e apresentar nomes de cantores adventistas que a igreja não pode ouvir.
A maioria dos cantores de nossa igreja são pessoas que amam o Ministério da Música. Esmeram-se em produzir músicas da melhor qualidade, e com a melhor mensagem. Viajam para os mais variados lugares, têm uma vida simples, comem e se hospedam, muitas vezes, em lugares extremamente humildes. Tudo isso porque acreditam que estão pregando com aquilo que fazem. É possível que em alguma gravação a música que ofereçam não seja a melhor, mas isso não significa que todo o seu ministério está condenado.
Sei, por outro lado, que existem aqueles que usam a música para outros fins, ou mesmo seu comportamento não está de acordo com a mensagem que cantam. Esses não devem ser usados como referência de nossa música.
Não acompanhei o contexto em que a pessoa que esteve em sua igreja disse o que disse, mas como igreja, nossa postura tem sido de orientar os jovens para que tenham critérios simples e eficientes ao fazer sua escolha musical. Não temos uma lista de músicos “proibidos” ou “autorizados”. Essa lista deve existir sim, de maneira pessoal, a partir de uma análise baseada em quatro critérios. Eles são práticos, não técnicos, e fáceis de serem utilizados com qualquer música ou situação.
1. Mensagem – É a questão mais importante em qualquer música, e por isso deve ser o primeiro ponto considerado. Afinal, segundo Ellen White, “poucos meios há mais eficazes para fixar Suas palavras na memória do que repeti-las em cânticos” (Educação, pág. 167). A mensagem transmitida pela música molda valores, comportamentos e crenças e fica gravada fortemente na memória. Por isso, precisamos ser muito seletivos ao permitir que alguma mensagem entre na mente de maneira tão forte e marcante. Músicas com letras seculares, que apresentam valores diferentes daqueles que cremos (espiritualismo, infidelidade, ridicularização de Deus, sensualismo, etc.), não deveriam ser ouvidas. Músicas religiosas que contenham o nome de Deus, mas apresentam mensagens bíblicas vazias ou mesmo teologicamente equivocadas, também não deveriam ser escutadas. Compreender, aceitar e viver a mensagem bíblica já é um grande desafio em um mundo secularizado como o nosso, por isso não podemos enfraquecer o poder da mensagem de Deus abrindo a mente à influência de mensagens negativas.
2. Intérprete – Aqui entra a questão que se tornou polêmica em sua igreja. O cantor ou cantora é um dos pontos que devem ser avaliados, não o único. Como as pessoas passam a gostar e admirar seus cantores preferidos, é fundamental avaliar o estilo de vida, as crenças e o comportamento do cantor que você ouve. Procure ver qual o compromisso do cantor de que você gosta com um ministério e com a mensagem que prega. Se alguém canta músicas religiosas ou adventistas, mas seu comportamento não é condizente com sua fé, está deixando claro que sua música não deve ser ouvida, porque é vazia e não tem poder. Não dá para subestimar a influência do cantor preferido no estilo de vida. É preciso admirar e ouvir quem fortalece sua caminhada cristã por palavras, músicas e atos.
3. Ritmo – A música saudável pode ser alegre ou reflexiva, mas nunca coloca o ritmo em uma posição mais importante que a mensagem. Quando uma música mexe mais com o corpo do que com o coração, torna-se perigosa. O objetivo da música adventista em diferentes momentos e em suas diversas formas é sempre levar uma mensagem de salvação. Quando isso é colocado em segundo plano, ela deixa de cumprir seu papel, enfraquece o ouvinte e abre as portas para outros estilos musicais que não são saudáveis.
4. Reação – O que acontece com você quando ouve alguma música também deve ser levado em conta. Há músicas que deprimem por melhores que sejam. Há outras que provocam sensualismo. Há algumas que provocam raiva, insônia ou revolta. Enfim, é preciso considerar o que você sente. A música saudável traz paz, provoca pensamentos e atitudes positivos e leva para mais perto de Deus (Filipenses 4:8).
Para que uma música seja saudável ela precisa passar por todos os quatro critérios. A escolha musical é uma questão de salvação, e por isso deve ser escolhida com muita atenção e cuidado. Ellen White deixa isso claro quando diz que “Satanás não se opõe à música, uma vez que possa torná-la um canal através do qual tenha acesso à mente dos jovens” (Só Para Jovens, pág. 32).
Fonte: Revista Adventista, Agosto de 2006, pág. 19 (Casa Publicadora Brasileira)