Que Cântico Entoareis Vós?

por: Teodoro Carcich [*]

Entoavam novo cântico diante do trono” – Apocalipse 14:3.

Que cântico entoareis vós?

Que privilégio não será entoar o “novo cântico diante do trono!” Ele promanará de nossa experiência redentora em Cristo. Desejo aprender muito bem esse cântico agora, para poder cantá-lo então.

Infelizmente, o repertório atual de muitos que almejam cantar no Céu contém alguns cânticos perturbadores. No alto da lista encontra-se o cântico de crítica, isto é, crítica dos outros. Ele tem sido uma melodia de êxito desde que Lúcifer começou a cantarolá-lo no Céu. Adão aprendeu o estribilho no Éden, e muitos o têm repetido desde então.

Considerai as maneiras divergentes em que tem sido adaptado o cântico da crítica. Ele produziu o estrepitoso rumor quando os queixosos filhos de Israel chegaram às águas amargas de Mara e murmuraram “contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?” Coré, Oro, Datã e Abirã fizeram adaptações especiais para um quarteto ao instigarem uma rebelião contra Moisés e Arão, com a acusação: “Basta-vos! pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do Senhor?” Esta melodia dissonante parece ser deveras comum hoje em dia. Com freqüência essa composição musical é mimeografada por pretensos compositores e difundida pelo país, a fim de ser repetida.

Até alguns trios têm achado a melodia deliciosamente destrutiva. Prestai atenção a Sambalá, Tobias e Gesém ao procurarem enfraquecer a autorizada liderança de Neemias, dizendo com escárnio: “Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão? Darão cabo da obra num só dia? Renascerão, acaso, dos montões de pó as pedras que foram queimadas?” Em outras palavras: “Podemos fazer muito melhor o que estais procurando efetuar” Tendes ouvido este cântico ultimamente? Tenho certeza que sim.

Tampouco têm os solistas resistido à encantadora melodia. Observai o arrogante fariseu exclamando em tom blasonador: “Ó Deus, graças Te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. Como a agulha encravada de um fonógrafo, nesta composição predomina o orgulho pessoal.

Notas Desagradáveis e Críticas

Não importa quem entoe esse cântico, são claramente audíveis as notas ásperas da crítica, da censura e do orgulho. Bastam poucos trechos desse cântico para revelar muita coisa com referência à pessoa que o emprega. Todo aquele que se envaidece com esse cântico de justiça própria é mais digno de comiseração do que de desdém. Sua condição requer nossas orações, não nossa crítica. Esta última nos poria num dueto rouquenho.

Com efeito, nada desperta mais o senso de justiça divina do que a entoação desse cântico de acusação. Sob o ponto de vista de Deus, julgar os outros constitui acentuado desvio da retidão. Por conseguinte, a pessoa que se exalta acima dos outros atrairá finalmente sobre si mesma o julgamento do único Ser competente para julgar: o próprio Deus.

Contudo, trauteamos constantemente esse cântico debilitante. Gastamos valiosíssimo tempo comparando-nos com outras pessoas. De modo consciente ou subconsciente, enaltecemos nossos motivos e métodos, e apoucamos os dos outros, usando assim nossa crítica destrutiva como trampolim para a “egolatria”. Nesse processo, emanam de nossos lábios, ou pelo menos fervem em nosso coração, observações desamáveis, sarcasmos e censuras. Essa crítica é às vezes proferida sob o pretexto de preocupação espiritual ou em defesa de doutrinas religiosas. Ninguém pode negar a popularidade desse cântico, e amiúde o entoamos prazerosamente em grupos, quartetos ou trios.

Quando somos tentados, como sucede com todos nós, por que não modular alguns cânticos do Espírito? Entre outros, decorai e enunciai para vós mesmos e para outras pessoas o conforto do Salmo do Pastor; a segurança e orientação do Sermão da Montanha; a ternura e confiança do Salmo 51; e a harmonia celestial de I Coríntios 13. Além disso, aprendei com perfeição os seguintes hinos: “Ó Jesus, Meu Bom Pastor”; “Ao Pensar na Dor Crucial”; “Oh! Que Amigo em Cristo Temos!”; e outros.

Resolvei agora mesmo substituir os cânticos de crítica por cânticos de redenção. Ao fazerdes isto, a harmonia divina vos encherá o coração, e os outros captarão o estribilho. Continuai a cantar, e um dia no próximo futuro vossa voz se unirá à dos remidos de todas épocas, proclamando fortemente: “Grandes e admiráveis são as Tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso; Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temerá e não glorificará o Teu nome, ó Senhor? Pois só Tu és santo; por isso todas as nações virão e adorarão diante de Ti, porque os Teus atos de justiça se fizeram manifestos” (Apocalipse 15:3,4).

Aí está o cântico de Moisés e do Cordeiro. Os que o entoarem experimentarão a graça salvadora e mantenedora do Senhor Jesus Cristo. É um cântico triunfante, procedente de lábios sem mácula. Esse cântico triunfante expressa dramaticamente o livramento das forças opressivas do mal e do pecado. O cântico conservará sua popularidade através de toda a eternidade; ele sempre será novo, pois os remidos “entoavam novo cântico diante do trono” (Apocalipse 14:3).


[*] Agradecemos à Loide Simon por essa contribuição ao Música Sacra e Adoração.


Fonte: Nós do Música Sacra e Adoração não conseguimos a fonte completa desse artigo. Sabemos que está localizado na Revista Adventista (pág.07) de um ano desconhecido. Agradeceremos se algum leitor conseguir a referência.