Os Efeitos da Música Sobre a Mente e o Corpo
por: Levi de Paula Tavares
Baseado no capítulo 8 do livro O Cristão e a Música Rock – Um Estudo dos Princípios Bíblicos da Música , de Autoria do Dr. Samuele Bacchiocchi
Acima de noções de gosto pessoal, ou tendências culturais, a música representa um poder que já era conhecido das sociedades mais antigas. Platão disse, conforme relatado em sua obra “República”: “Deixem-me compor e música de um país e não me preocuparei com quem faça as suas leis.” Ele propunha um governo musical. Mesmo na época dele, este não era um conceito novo, já que há mais de mil anos antes de Cristo, os imperadores chineses faziam anualmente um festival de música, para o qual vinham artistas e conjuntos de todas as províncias do país. Ouvindo a música das diversas regiões, o imperador tomava decisões estratégicas, como, por exemplo, aumentar o efetivo militar em uma região, prevendo uma revolta popular, melhorar o sistema de distribuição de alimentos em outra região, por ver que o povo estava sofrendo, e assim por diante.
Porém, a controvérsia atual sobre os efeitos da música sobre o ser humano está baseada, em grande parte, em preocupações estéticas, sociais, religiosas, e/ou políticas, ao invés de estudos científicos sobre seus efeitos mentais e físicos nos seres humanos. Avaliações subjetivas da música podem dar origem a infindáveis controvérsias, porque elas estão baseadas em gosto pessoal e/ou considerações culturais.
Baseado em vários estudos científicos recentes significativos, tentaremos examinar os efeitos físicos e mentais da música sobre os seres humanos, enfocando principalmente a música rock, onde estes efeitos são potencializados de forma mais perigosa. Devido às limitações de espaço, será citada apenas uma amostragem dos estudos.
A palestra é dividida em duas partes. A primeira trata, de uma forma mais geral, da influência da música no corpo humano. Considera, especialmente, como a música afeta o funcionamento do cérebro, a produção de hormônios, e os ritmos do corpo.
A segunda parte examina alguns dos efeitos específicos da pulso rítmico sobre o corpo humano. Referência específica é feita sobre como a o pulso rítmico intenso da música rock coloca o corpo humano sob stress, aumentando a freqüência de pulso, a pressão sangüínea, e a produção de adrenalina. Também são feitas considerações sobre o impacto de ouvirmos música em volumes elevados sobre a audição.
Parte I
A Influência e os Efeitos da Música Sobre o Corpo Humano
A música realmente influencia? Somos os seres vivos com mais alto poder de pensamento racional, maior capacidade associativa, enormes recursos de memória e o único ser vivo que domina a fala articulada; a verdadeira coroa da criação. Para nós, o conceito de ser influenciado por um som, que é algo abstrato e efêmero, que só existe no tempo e na nossa imaginação, pode parecer estranho. Temos a clara noção de gostar ou não gostar de uma música e isso pode nos levar a pensar que esta escolha baseada no gosto pessoal é a única influência que a música pode ter sobre nós. Se eu não gosto de uma música, ela não vai me afetar.
Mas não é bem assim. A experiência musical ultrapassa tudo o que podemos imaginar sem um estudo aprofundado. E esta experiência, embora seja por um meio abstrato e efêmero, atinge muito mais do que o simples gostar ou não gostar, ou a criação de fantasias na nossa imaginação, através dos desenhos sonoros. Esta influência é física!
São muito conhecidas as experiências realizadas com plantas. Sendo as plantas seres não pensantes, sabemos que qualquer efeito mensurável não é causado por associações mentais, efeito placebo, devaneios da imaginação, ou outros desvios do modelo padrão da experiência ao qual os seres humanos estão sujeitos. Sabemos que quando um ambiente é controlado, as plantas que crescerão naquele ambiente sempre terão as mesmas características, desde que tenham estas características por herança genética.
Eu também conheço inúmeros relatos de experiências com plantas, sendo os mais abundantemente relatados os realizados pela americana Dorothy Retallack, de Denver, Colorado. Ela fez várias experiências, usando o rádio como fonte sonora de diversos estilos diferentes e usando como material de teste muitas espécies vegetais diferentes. Mas resolvi fazer minha própria experiência, para não ficar com dados de outros. Quis ver os resultados com os meus próprios olhos. E o resultado, bem como a descrição da ambientação e as fotos desta experiência podem ser acessados clicando aqui.
Influência da música sobre os sentimentos. Imagine uma cena em um filme de ficção científica de horror na qual uma aranha monstruosa e mortal está se aproximando sorrateiramente de uma criança inocente. Experimente tentar “ouvir” a música sorrateira ao fundo. Não é muito difícil, não é? Mas por que os produtores dos filmes usam música para acompanhar tais cenas? E como os produtores decidem qual música encaixar na cena? Por que a “música do monstro se aproximando” não se encaixa em uma cena de filme de uma festa de aniversário ou de um berçário? Se palavras como “nana nenê” fossem colocadas na “música do monstro se aproximando”, isto seria uma canção de ninar? Cremos que não. E isto acontece porque a música consegue passar uma mensagem complexa e profunda, mesmo sem palavras.
Três Destaques sobre a natureza da música. Embora este possa ser um exemplo óbvio, três pontos relevantes sobre a natureza da música são destacados aqui e não devem ser perdidos na nossa discussão.
Primeiro, a música, separada da letra, comunica uma mensagem. A música não é um meio neutro. Não são necessárias palavras para que a música tenha significado. Os produtores de filmes tomam decisões a respeito da música, e não da letra, em aplicações de música de fundo.
Segundo, embora alguns possam argumentar que a música signifique coisas diferentes para pessoas diferentes e que a sua influência é apenas uma questão de resposta condicionada, este argumento não leva em conta suposições importantes feitas pelos produtores de filmes. Por exemplo, a incorporação de uma música na trilha sonora de um filme assume como certo que a música tem um impacto semelhante em todas as pessoas. De fato, se este não fosse o caso, uma trilha sonora musical seria sem sentido. Mesmo quando um filme é distribuído internacionalmente, apenas as trilhas da fala são alteradas. A trilha sonora musical, que “dita os sentimentos”, permanece a mesma. A crença subjacente é que a música de fundo comunicará a mesma mensagem a todos os que assistirem, mesmo através de fronteiras culturais.
Terceiro, embora não possa ser negado que, com o crescimento da mídia globalizada das massas, algum condicionamento em massa com respeito à música possa ter ocorrido, também é claro que o impacto da música não é apenas uma questão de condicionamento. A primeira exposição a uma música já causará o efeito desejado pelo compositor/executante. Mesmo antes que se pudesse dizer que o condicionamento das massas fosse um fator importante, os produtores pareciam ser capazes de predizer com muita precisão qual música era apropriada para cenas ou seqüências específicas. Isto nunca foi uma questão de tentativa e erro. Antes que fossem feitos estudos científicos sobre este fenômeno, houve muito empirismo, mas os resultados sempre eram os esperados. Cabe a nós tentar responder à pergunta: Como isto ocorre?
Efeitos constantes e estudados. Certamente não nos será possível, devido às limitações de tempo, darmos uma resposta com o nível de detalhamento desejado, mas este nível já é conhecido e publicado na literatura especializada. Estes efeitos não são dependentes de condicionamentos culturais ou estados mentais receptivos. Leis naturais governam a química do corpo e da mente, assim como os efeitos físicos e mentais da música. Estas leis foram estudadas através de experiências científicas e cuidadosas observações. Ao medir os efeitos dos estímulos da música, os investigadores procuraram por respostas fisiológicas tais como aumento na freqüência de pulso e na resistência elétrica da pele. Claro que uma experiência espontânea de música envolve muito mais que uma resposta física mensurável. Não obstante, é a presença física do som que influencia nossas reações.
A maioria das pessoas não presta muita atenção às leis da música e ignora o impacto que a música tem sobre a sua saúde física, social e mental. Hoje a escolha da música é amplamente determinada pelo gosto pessoal. Esta tendência reflete a orientação consumista de nossa sociedade onde muitas pessoas se enchem indiscriminadamente com “alimento impróprio” inferior que causa inúmeros efeitos psicológicos, bem como desordens físicas, tais como a falta de concentração e a deficiência na aprendizagem entre as crianças na escola e jovens estudantes. A mesma atitude indiscriminada é encontrada no consumo de música inferior e prejudicial.
Ondas Sonoras e o Cérebro. Para apreciarmos os efeitos da música, precisamos estar atentos aos processos básicos que ocorrem no ouvido humano ao som da música. As ondas sonoras (vibrações) que chegam no tímpano do ouvido são transformadas em impulsos químicos e nervosos, que registram em nossa mente as diferentes qualidades dos sons que estamos ouvindo. O que muitos não sabem é que “as raízes dos nervos auditivos – os nervos do ouvido – são distribuídos mais amplamente e tem conexões mais extensas do que os de qualquer outro nervo no corpo. … [Devido a esta extensa rede] dificilmente existe uma função no corpo que possa não ser afetada pelas pulsações e combinações harmônicas de tons musicais”.
Em 1944, “The Music Research Foundation” (A Fundação de Pesquisa da Música) foi estabelecida em Washington, D. C., com objetivo de explorar e desenvolver novos métodos para controlar o comportamento humano e as emoções. O governo americano financiou esta pesquisa por causa da necessidade premente de tratamento psiquiátrico para os veteranos de guerra, que sofreram lesões ligadas às ondas de choque dos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial.
Rapidamente foi feita uma descoberta muito importante. Os pesquisadores descobriram que a música é registrada na parte do cérebro que normalmente é estimulado pelas emoções, contornando os centros cerebrais que lidam com a inteligência e razão. Ira Altschuler, um dos pesquisadores, explica que “Música, que não depende das funções superiores do cérebro para franquear entrada ao organismo, ainda pode excitar por meio do tálamo – o posto de intercomunicação de todas as emoções, sensações e sentimentos. Uma vez que um estímulo tenha sido capaz de alcançar o tálamo, o cérebro superior é automaticamente invadido.”
O que ocorre é que as terminações nervosas que partem do ouvido não vão diretamente para a região do cérebro responsável pela sua interpretação. As freqüências são analisadas de forma básica já na cóclea e enviadas diretamente para o tronco cerebral, a região responsável pelas funções mais básicas da sobrevivência do corpo humano. Ali são classificadas e processadas e os estímulos assim criados são distribuídos para diversos centros cerebrais, inclusive o centro responsável pela interpretação do som. Somente depois que este centro fez o seu trabalho é que o estímulo atinge os centros cerebrais superiores, que valida este estímulo com base em experiências anteriores e caracteriza e classifica a experiência sonora.
Isto significa que a consegue acesso ao sistema nervoso diretamente, contornando o cérebro superior. Alguns pesquisadores são da opinião que o sentido da audição, mais do que os outros sentidos, exerce maior impacto no sistema nervoso autônomo através de seus trajetos auditivos. Embora as conclusões de vários estudos sejam divergentes, o denominador comum é que os estímulos auditivos afetam, diretamente, o sistema nervoso.
Estudos mostraram que o impacto da música no sistema nervoso e as mudanças emocionais provocados direta ou indiretamente pelo tálamo, afetam processos tais como a freqüência cardíaca, a respiração, a pressão sangüínea, a digestão, o equilíbrio hormonal, o humor e as atitudes. Isto nos ajuda a entender por que as intensas batidas rítmicas da música popular, mais notadamente o rock, podem ter uma gama tão extensa de efeitos físicos e emocionais.
Música e a Produção de Hormônios. É um fato bem conhecido que o sistema endócrino regula não somente as funções dos órgãos internos, como o coração e os órgãos respiratórios, mas também as glândulas endócrinas. Estas glândulas são controladas pelo tálamo, o qual está intimamente ligado às nossas emoções. Mary Griffiths, uma fisiologista, explica que “o hipotálamo controla as excreções da glândula tiróide, o córtex adrenal e as glândulas sexuais. Assim, ele influencia a velocidade do metabolismo… bem como também a produção de hormônios sexuais…. O hipotálamo tem um efeito marcante na liberação das respostas autônomas provocada pelo medo, raiva, e outras emoções.” Even Ruud aponta para recentes pesquisas, as quais provam que a música poderia influenciar o ciclo menstrual das mulheres. Um estudo também encontrou um aumento do hormônio lutenizante (LH) enquanto se escutava música. Outros estudos indicam que a música libera adrenalina e possivelmente outros hormônios. Também influencia a resistência da eletricidade da pele do corpo, a qual, por sua vez, afeta e governa os humores de uma pessoa.
Embora seja verdade que a resposta à música varia de acordo com cada indivíduo, tornando difícil generalizar seus efeitos, permanece o fato de que a indústria da música e o mundo dos negócios sabem usá-la para criar ou mudar humores e vender mercadoria.
Vários Usos da Música. A música foi usada com diferentes propósitos durante o curso da história humana. Uma função era aliviar a monotonia do trabalho pela sincronização dos movimentos dos trabalhadores. De fato, muitas canções folclóricas originaram-se desta maneira. Isto é especialmente verdadeiro com relação aos Negro Spirituals, que traçam suas origens às canções de trabalho dos afro-americanos que estavam em escravidão. Testes conduzidos em locais de trabalho mostraram que a menos que a música seja ajustada ao ambiente particular e ao tipo de trabalho, a precisão e exatidão são prejudicados.
Na União Soviética, um instituto para estudos médicos e biológicos informou os resultados de testes mostrando que o ritmo e o tempo da música tiverem um impacto imenso no organismo humano. “Música especialmente selecionada aumenta a capacidade de trabalho dos músculos. Concomitantemente, o tempo dos movimentos do trabalhador muda com a alteração do tempo musical. É como se a música determinasse um bom e rápido ritmo de movimento.”
O uso de música de fundo, nos ambientes de trabalho, com a finalidade de aumentar a produtividade, introduzido por uma empresa cujo nome é hoje um termo genérico, Muzak, tornou-se onipresente nos estabelecimentos públicos. Calcula-se que, diariamente, cerca de 60 milhões de pessoas no mundo todo escutam à música da Muzak. Acrescentemos a este número as pessoas que ouvem outras fontes sonoras como rádio ou música de fundo de outras companhias e veremos que muitos hoje vivem praticamente imersos em som.
Consonâncias e Dissonâncias. A música ocidental, durante seu desenvolvimento histórico, tem prezado cada vez mais o deslocamento harmônico e melódico para regiões cada vez mais afastadas do centro tonal musical, e se mantido longe por mais tempo. Chegou-se até a experimentar, com a música dodecafônica de Schoemberg, um tipo de música onde não existisse um centro tonal.
Um centro tonal é importante para nos dar uma noção de segurança. Nos sentimos confortáveis quando retornamos a este centro. Porém, ficarmos nele, de forma estática, a música rapidamente torna-se monótona. Mas será que a resposta a esta monotonia é acabar com o centro tonal, com a tonalidade e com a noção de consonância e dissonância? Existiria algum padrão físico de preferência por dissonâncias ou consonâncias? O padrão de “consonante” ou “dissonante” não seria apenas um padrão cultural, aprendido e que, portanto, poderia ser também desaprendido?
Em um experimento onde tríades consonantes e dissonantes podiam ser obtidas pressionando-se duas alavancas idênticas, ratos individualmente testados (22 indivíduos) desenvolveram e mantiveram uma atividade de pressão da alavanca durante todo o período experimental (mais de três semanas). A média de pressão da alavanca foi bem diferente da manifestada por um grupo de controle submetido à experiência do mesmo ambiente, sem, no entanto, obter os acordes quando a alavanca era pressionada
Em outro experimento, quando ratos (32 indivíduos), testados individualmente, puderam escolher com liberdade qual das duas alavancas idênticas deviam pressionar para obter uma consonância (tríade harmônica maior) e dissonância (tríade dissonante de freqüência e intensidade correspondentes), eles demonstraram uma preferência pelo acorde consonante bastante significativa em termos estatísticos. Não se proporcionou nenhum pré-treinamento ou recompensa além dos acordes. Inicialmente, a média de pressão das duas alavancas foi igual; no entanto, numa situação de escolha (operante) isenta de influências externas, a preferência pela consonância se desenvolveu após uma semana e foi mantida por mais tempo (duas semanas). A possível influência de preferência posicional foi controlada pela relação acorde/alavanca escolhida ao acaso para cada rato.
A preferência pela consonância, encontrada sob tais condições em uma espécie não humana é uma indicação satisfatória da presença de uma pré-disposição hereditária que influencia a avaliação dos acordes e a percepção sonora em mamíferos de modo geral, incluindo o ser humano. (Borchgrevink, 1975a,1975b, 1982a) [Citado por Even Rudd no livro Música e Saúde, Ed. Summus, págs. 59, 61 e 62]
Parte II
Os Efeitos do Ritmo Sobre o Ser Humano
Os Efeitos do Ritmo. Um cientista russo, Ivan P. Pavlov, conduziu experimentos sobre os efeitos da música em cães. Ele publicou os resultados de suas experiências por volta do início do século. Sua pesquisa contribuiu significativamente para o desenvolvimento no campo da psicologia comportamental na América. Pavlov administrou testes das reações de reflexos de seus cães ao ritmo. Ele percebeu que quando ele tocava ritmos rápidos seus cães reagiam com excitação; ritmos mais lentos tinham um efeito tranqüilizador. Quando exposto a ritmos sincopados, o sistema nervoso dos cães dava a impressão de estar sendo manipulado, e eles pareciam estar confusos não sabendo como reagir.
No final dos anos 80 e começo dos anos 90 um estilo de música chamado de rock heavy-metal emergiu e tornou-se conhecido como Thrash ou Speed Metal. A violência e agressividade da música eram encenadas de forma adequada na pista de dança adjacente, onde os fãs giravam com a música, e se batiam em um frenesi de movimentos, às vezes chegando a quebrar membros neste processo. Este tipo de música continuou a ser popular e estava bastante em evidência no Festival de Música de Woodstock de 1999. Em um artigo na revista Time, de 9 de agosto de 1999, Lance Morrow descreveu os incêndios, pilhagens e destruição gratuita que “estavam bem no espírito da música” do festival. Uma multidão do tamanho de Rochester, Nova Iorque, em condições de alta excitação e sob a influência de drogas e de “uma música enfaticamente sem sentido” começou um tumulto. Ele resumiu o ocorrido com estas palavras: “Entra lixo, sai lixo.”
Hoje, ritmos complicados, como esses da música rock, não causam mais tumultos populares. Ao contrário, muitos foram se tornando dependentes deles. A batida impulsionadora da música rock está dominando a vida cotidiana dos jovens em muitas partes do mundo. Analistas sociais estão muito preocupados porque parece que somente através de uma batida de rock pesadamente pulsante é possível conquistar os jovens. Ruud também expressa esta preocupação: “Minha preocupação é que quase toda a música para as crianças e jovens deva ser ritmicamente atrativa para romper as barreiras do som. Isto por sua vez, os bloqueia para outros tipos de experiências auditivas.”
Ritmo da Música e o Ritmo do Corpo. A música com um ritmo forte causa uma reação sensitivo-motora no corpo humano. Quando os soldados se cansam, uma marcha estimulante cria um aumento de energia. Em seu livro Music in Hospitals, Van de Wall, explica: “Vibrações de sons que atuam sobre e através do sistema nervoso dão impulsos em seqüência rítmica para os músculos, levando-os a se contraírem e a colocar nossos braços e mãos, pernas e pés em movimento. Por causa desta reação muscular automática, muitas pessoas fazem um pouco de movimento quando ouvem música; para que elas permaneçam imóveis seria necessária uma restrição muscular consciente.”
Elementos rítmicos estão definitivamente presentes no corpo humano e em outros organismos. O psicólogo Carole Douglis afirma: “Somos criaturas essencialmente rítmicas. Tudo, desde o ciclo de nossas ondas cerebrais ao bombeamento de nosso coração, nosso ciclo digestivo, o ciclo do sono – tudo trabalha em ritmos. Nós somos uma massa de ciclos acumulados uns sobre os outros, somos claramente organizados tanto para gerar quanto para responder aos fenômenos rítmicos.”
Todo ser humano funciona de acordo com um tempo rítmico. Isto está, em parte, relacionado ao ritmo do coração que trabalha entre 60 e 120 batidas por minuto. Uma pulsação normal varia entre 70 e 80 batidas por minuto. Alguns estudos indicam que as pessoas parecem trabalhar melhor quando se associam com outras que têm um “tempo” rítmico semelhante. Tendemos a reagir desfavoravelmente a pessoas que ou tenham uma pulsação muito rápida ou são muito lentas.
Estes fenômenos rítmicos ou cíclicos podem ser observados em todos os níveis da organização biológica. Dentro de um organismo, os processos parecem que não são apenas acidentais e auto-controlados, mas também auto-ampliados e essenciais à vida, como as atividades cerebrais, as batidas do coração, e o ciclo respiratório. Todos estes ritmos importantes para a vida são sincronizados com outras atividades celulares e cooperam harmonicamente com todas as outras funções corporais.
Problemas ocorrem quando interferimos com os ciclos e ritmos do corpo. Este é um fato muito conhecido pela medicina. Quando o corpo é exposto a estímulos desarmônicos variados e contínuos, vários dos mecanismos de stress de nosso corpo são postos em estado de alerta. Se estes mecanismos de defesa excessivamente tensionados, a harmonia natural dos ritmos biológicos é perturbada. Isto causa desarmonia e pode conduzir a um colapso. A menos que o equilíbrio seja restabelecido, a situação de tensão pode resultar em uma desordem patológica fundamental.
Pesquisadores têm observado uma conexão entre o distúrbio dos ritmos do corpo e doenças como diabete, câncer e patologias respiratórias. Uma vez que a maioria dos mecanismos reguladores são neutros na origem, não é surpreendente que muitas alterações patológicas também possam acontecer em estruturas neutras. No caso das células cerebrais, esta “desordenação” pode se manifestar não apenas no estado físico dos neurônios, mas também na harmonia de seu funcionamento. Por conseguinte, o comportamento do organismo pode vir a ser seriamente afetado.
Encontramos exemplos deste tipo se privamos as pessoas do sono ou deixamos gotas de água baterem constantemente em sua testa, um método usado na tortura de prisioneiros. O pesquisador David A. Noebel diz que o ritmo da música rock cria uma secreção anormalmente alta de hormônios sexuais e adrenalina podendo causar alterações nos níveis de açúcar no sangue e a quantidade de cálcio no corpo.
Uma vez que o cérebro recebe sua nutrição do açúcar no sangue, sua função diminui quando este açúcar é dirigido a outras partes do corpo para estabilizar o equilíbrio hormonal. No ponto em que uma quantidade insuficiente de açúcar do sangue alcança o cérebro, o julgamento moral é muito reduzido ou completamente destruído. Isto é o que acontece quando o ritmo intensamente marcado, de uma música muito tocada em alto volume, muda o nível de açúcar sangüíneo no corpo.
O Poder Viciante do Rock. John Diamond, um médico de Nova Iorque, realizou numerosas experiências sobre os efeitos da música rock. Em 1977, trabalhou como presidente eleito da Academia Internacional de Medicina Preventiva. Ele descobriu que a música rock é a forma mais séria de poluição sonora nos Estados Unidos. Particularmente prejudicial é a música rock que emprega uma batida “anapéstica” (N.T. – pé de verso grego ou latino formado de três sílabas, as duas primeiras breves e a última longa.) onde a última batida é a mais intensa, como “da da DA.” De acordo com Diamond, este tipo de música pode “suscitar stress e ira, reduzir a produtividade, aumentar a hiperatividade, debilitar a força muscular e poderia desempenhar um papel na delinqüência juvenil.”
Estas desordens de comportamento ocorrem, de acordo com Diamond, porque a música rock causa um desarranjo no sincronismo dos dois lados do cérebro, de forma que a simetria entre os dois hemisférios cerebrais seja perdida. Ele conduziu uma experiência numa fábrica em Nova Iorque onde a música rock era tocada o dia todo. Quando a música foi substituída por outra que não fosse rock, Diamond descobriu que a produtividade da fábrica aumentou em 15%, enquanto que o número de erros diminuiu na mesma proporção.
Diamond publicou seus resultados no livro Your Body Doesn’t Lie (Seu Corpo não Mente). Ele explica que a batida anapéstica, característica especial da música rock, é perturbadora porque é o oposto das batidas do coração, assim como coloca o ritmo do corpo normal sob stress. Isto resulta em dificuldades de percepção e manifestações de stress. Em pessoas jovens estas manifestações podem incluir um menor desempenho escolar, hiperatividade e ansiedade, diminuição da produtividade no trabalho, mais erros e ineficiência geral. Nos adultos, os sintomas incluem uma reduzida capacidade de tomada de decisões no trabalho, uma sensação irritante que as coisas não vão bem, e a perda de energia sem razão aparente.
Em seu próprio laboratório, Diamond testou os efeitos da música rock, medindo a força do músculo deltóide no braço. Ele descobriu que um homem normal poderia suportar a aproximadamente 20,5 kg de pressão no braço, mas isto era reduzido a um terço quando a batida anapéstica era tocada ao fundo.
Even Ruud explica como a música rock alta e rítmica cria uma necessidade por reações musculares e movimentos corporais: “Se o estímulo de som originado pelo tronco cerebral e sistema límbico for incapaz de se expressar em termos de movimento físico, isto pode resultar em sintomas indesejáveis de stress, ou seja, um incremento dos estados de alerta e preparação para alarme no sistema, e que não encontram nenhum alívio. Vendo que esta condição é dependente da intensidade do estímulo, podemos entender por que as pessoas expostas ao barulho são propensas a experimentar situações de stress. A música alta e sincopada criará, semelhantemente, uma enorme atividade límbica, além de reações vegetativas e hormonais, ou reações de stress. Estas forças poderiam ser neutralizadas por meio da dança.”
A Freqüência de Pulso. Um efeito mensurável importante na batida do rock é sua influência no ritmo cardíaco, independente se o corpo está em movimento ou não. Ann Ekeberg, professora de escola secundária e pesquisadora de música, envolveu alguns de seus colegas – professores de música – em experimentos com seus estudantes. Antes do teste, a freqüência de pulso de cada estudante foi registrada. Um disco de hard rock foi tocado por 5 minutos. Durante o teste, os estudantes permaneceram quietos em seus assentos. Ao fim do teste, foram conferidas as freqüências de pulso novamente e uma média foi registrada. O resultado mostrou um aumento na freqüência de pulso de 7 a 12 batidas por minuto enquanto a música rock era tocada.
As seis colunas abaixo representam as classes da escola que participaram na experiência de Ekeberg. A coluna escura representa a freqüência de pulso antes da música rock ter sido tocada e a coluna clara, a freqüência de pulso depois que os estudantes estiveram escutando por 5 minutos música hard rock.
Para validar o resultado dos testes de Ekeberg, Tore Sognefest, um músico adventista Norueguês, realizou seus próprios testes com alunos na escola secundária adventista em Bergen, na Noruega. Ele registrou um aumento médio na freqüência da pulsação de 10 batidas por minuto quando os estudantes escutaram “Hell’s Bells” do grupo AC/DC. Quando tocamos uma “Ária” de Bach, as freqüências da pulsação abaixaram em até 5 batidas por minuto em relação à sua pulsação normal. A diferença de 15 pulsações cardíacas por minuto é bastante notável. É justo dizer que foram escolhidos dois tipos muito diferentes de música.
O professor de música norueguês Even Ruud realizou testes semelhantes sobre os efeitos da música rock no Instituto de Música Karajan em Salzburg. Ele descobriu: “Ritmos sincopados são especialmente capazes de causar batidas sistólicas extras, batidas que chegam muito cedo. Também é possível aumentar a freqüência de pulso através de mudanças dinâmicas, como o crescendo e decrescendo de uma batida de tambor…. Reações fisiológicas são dependentes do tipo de música que está sendo tocada. Formas como a música de dança ou marchas tendem a ativar respostas motoras, enquanto que outras formas parecem causar mudanças na respiração e nas freqüências da pulsação.
Produção Aumentada de Adrenalina. Roger Liebi, um músico suíço e especialista em idiomas bíblicos, defende que um aumento na freqüência das pulsações também aumenta a pressão sanguínea. Como conseqüência, isto leva a um aumento na produção de adrenalina. Este processo é um mecanismo de defesa contra o stress, o qual ajuda a manter o corpo em estado de alerta aumentando o fluxo de sangue nos músculos e facilitando a entrada de oxigênio.
Se o stress na pulsação continua, como num concerto de rock prolongado com música intensa e monótona, é produzida uma quantidade excessiva de adrenalina, a qual as enzimas do corpo não são capazes de metabolizar. O resultado é que uma parte da adrenalina se transforma em outra substância química chamada adrenocromo (C9H903N). Esta é de fato uma droga psicodélica semelhante ao LSD, mescalina, STP, e psilocibina. Adrenocromo é um composto um pouco mais fraco que as outras, mas os testes mostraram que ele cria uma dependência semelhante às outras drogas. “Não é de causar surpresa, então, quando o público nos concertos de rock ou nas discotecas atinjam ficam ‘altos’, entram em transe e perdem o autocontrole.”
A secreção aumentada de hormônios causada pela música rock é confirmada por outros estudos. David Noebel, um pesquisador médico, explica: “Sob a música rock, a secreção de hormônios é mais pronunciada, o que causa um desequilíbrio anormal no sistema corporal, diminuindo os níveis açúcar e cálcio no sangue e comprometendo o julgamento.” Ele cita a pesquisa médica indicando que “As vibrações de baixa freqüência do contrabaixo, junto com a batida impulsionadora da bateria, afetam o fluido cérebro-espinhal, o qual afeta a glândula pituitária, a qual, por sua vez, controla as secreções hormonais do corpo.”
A reação humana à música rock é tão dominante que os neurologistas foram incapazes de suprimir a resposta física de seus ritmos. Foram feitas experiências para entorpecer cada a metade do cérebro ou várias áreas do cérebro simultaneamente, mas o paciente ainda responde à batida do ritmo.”
Os Efeitos das Luzes Piscando. Os estímulos rítmicos da música rock podem ser intensificados com luzes piscantes. Por exemplo, o laser e as luzes estroboscópicas usadas nas discotecas e em concertos de rock intensificam e amplificam a manipulação rítmica. Jean-Paul Regimbal, um pesquisador canadense, explica como o fenômeno age: “Luzes que constantemente mudam de cor e intensidade perturbam a capacidade de orientação e os reflexos naturais. Quando a alteração entre luz e escuridão, acontece entre seis a oito vezes por segundo, o senso de profundidade é seriamente prejudicado. Se isto ocorre 26 vezes por segundo, as ondas alfa do cérebro se alteram e a capacidade de concentração é enfraquecida. Caso a freqüência de alteração entre luz e escuridão ultrapasse esse valor e perdure por um tempo considerável, o controle da pessoa sobre os sentidos pode cessar completamente. Por essa razão, não é exagero alegar que o rock, combinado com efeitos luminosos, resulta em completa ‘violação da consciência do indivíduo.'”
É fato conhecido de todos os pilotos de helicóptero que incidentes, acidentes, e situações de perigo têm ocorrido por causa de perda momentânea de consciência dos pilotos quando voam com a luz do sol incidindo diretamente sobre seus olhos após passar através das hélices do rotor da aeronave em movimento. É uma regra de segurança para eles voar em um angulo no qual ã luz do sol não fique nesta condição.
Também é fato conhecido por muitos um incidente ocorrido no Japão, onde centenas de crianças que assistiam ao desenho Pokemon tiveram cólicas, vômitos, tonturas e mal-estar geral, ao assistir uma cena em que havia uma seqüência de luzes piscando rapidamente. O desenho foi retirado de circulação.
Bäumer, um pesquisador alemão, comenta dos efeitos de tal manipulação nas funções corporais (especialmente em níveis extremos): “A pessoa entra num estado extático, com espasmos semelhantes aos dos ataques epilépticos, nos quais grita, morde, ruge e ri, urina e rasga suas vestes, num intenso sentimento de alegria e felicidade.” Por esta razão, as pessoas propensas à ataques epilépticos são advertidas a ficarem longe das discotecas onde as luzes estroboscópicas estão sendo usadas, visto que estas luzes piscando tendem a causar ataques epilépticos.
Os fenômenos citados acima são facilmente observados na cultura popular do rock e nas festas rave, onde luz e som são usados em rápida alternação, com padrões monótonos e repetitivos, em ordem para produzir o máximo efeito na platéia.
Conclusão
Investigações científicas têm demonstrado que a música afeta a freqüência cardíaca, respiração, pressão sanguínea, digestão, equilíbrio hormonal, rede neural do cérebro, ritmos do corpo humano, humores e atitudes. A enorme influência da música sobre os aspectos físicos, mentais, e emocionais de nosso corpo deveria ser de grande preocupação para os cristãos que aceitam o apelo para se consagrarem todo o ser como “um sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus” (Rom 12:1).
A batida irregular, incansável, e intensa da música popular, especialmente as formas derivadas do rock colocam o corpo humano sob stress aumentando a freqüência da pulsação, a pressão sanguínea, e a produção de adrenalina, e prejudicando a qualidade da audição das pessoas.