A Música na Igreja Adventista – Parte 1.3

Parte 1

Capítulo 3º: Milerismo

A pregação de Miller nessa época começava a atingir o maximo de seu calor e influência, enquanto se cantava:

“In eighteen hundred forty – three
Will be the year of Jubelee.”

[“Em mil oitocentos e quarenta e três
Será o ano do Jubileu.”]

Conhecemos bem a história do primeiro desapontamento de 22 de outubro de 1844; vejamos, porém, a atividade musical da época, como Chase a retrata, ao se referir a “Joshua V. Himes, pastor da primeira igreja cristã de Boston, que, em 1843, compilou e editou um cancioneiro chamado “The Millenial Harp”, encerrando mais de duzentos cânticos, quase todos seguindo a tradição dos ‘ spirituals’ reavivamentistas, compostos ou adaptados especialmente para a divulgação da mensagem do Segundo Advento. Himes tomou, por exemplo, um coro reavivamentista muito popular e largamente usado, ‘I will be in this band Allelujah!‘ (Eu estarei nesta banda, Aleluia) e adaptou-o à mensagem milerista com o aditamento de ‘Na Banda do Segundo Advento, Aleluia!‘ Acrescentaram-se também estrofes adequadas, tais como:

“O bless the Lord, we need not fear,
For Daniel Says He’ll come this year.”

[“Oh, graças a Deus, não precisamos temer
Pois Daniel diz que Ele virá neste ano”]

Eis a primeira estrofe e o coro de ‘Christian Band‘ (Banda Cristã), conforme apareceu (sem a música) na Millennial Harp:

Outro canto milenarista preparado especialmente, sem dúvida,para a “estação que tardava”, iniciada na primavera de 1844, tinha o seguinte texto:

“Now we feel the Advent Glory
While the Savior seems to carry
We will comfort one another
And be trusting in his name.
Are your vessels filled with oil?”

[“Agora sentimos a Glória do Advento
Enquanto o salvador parece tardar
Nós consolaremos uns aos outros
E estaremos confiando em Seu nome.
Os vossos vasos estão cheios de óleo?”]

Mesmo anos depois, ainda constava no “Pilgrim’s Songster” (1853) o seguinte cântico:

“O praise the Lord, we do not fear
To tell the word he “II come next year
In eighteen humdred fifty four
The saints will shout their suff’ring no mor’ “.

[Oh, louvado seja o Senhor, nós não tememos
Dizer ao mundo que Ele virá no próximo ano
Em mil oitocentos e quarenta e quatro
Os santos não mais gritarão seu sofrimento”]

Chase ainda menciona outro cântico na Millenial Harp, à pág. 205, que era “Old Churchyard” (Velho Cemitério), cantado especialmente em reuniões realizadas nos cemitérios, pois muitos dentre os Millenaristas procuravam os campos santos onde tinham amigos enterrados, a fim de se lhes reunirem quando se erguessem do seu lugar de repouso terreno, e com eles subirem ao céu. A melodia tem sido largamente usada na música folclórica americana. Conforme observamos em capitulo anterior, era esta a melodia com que os irmãos Rutchinson cantavam a sua celebre peça característica “The Old Granite State!” Eis o cântico tal como o apresentava a Millenial Harp:

Não há dúvidas de que os cânticos “provinham de muitas fontes” e ” foram remodelados pelo ambiente”.

Se bem que não creiamos absolutamente que as reuniões de Miller se parecessem de alguma forma com as reuniões dos “shakers”, ou os mais extravagantes “camp meetings”, não há dúvidas de que, até mesmo os fiéis, e não apenas os zombadores, sofreram acentuada influência da maneira de cantar do reavivamentismo.

Não vemos nisso nenhum começo menos digno, ou do qual nos tenhamos que envergonhar, porque nossa condição nas melhores igrejas adventistas do mundo, dotadas de órgãos, bons instrumentos e corais magnificentes, com música apropriada e escolhida com discernimento, já retrata uma situação de muito progresso, e que nos faz lembrar do grande contraste da música do povo de Deus, quando este o do Egito pela mão de Moisés, e a da época de Salomão.

A massa heterogênea e inculta que rumou para o Mar Vermelho não tinha de forma alguma possibilidade de possuir sua música ao nível daquela que, após o reinado de Davi – o maior músico hebreu – o povo ouviu por ocasião de dedicação do soberbo tempo, quando “os sacerdotes segundo as suas turmas estavam em pé; como também os levitas com os instrumentos músicos do Senhor, que o rei Davi tinha feito, para louvarem ao Senhor… e os sacerdotes tocavam as trombetas defronte deles, e todo o Israel estava em pé”, e quando “os levitas de todas as turmas, de Asafe, de Heman, de Jedutum, e seus filhos, e sus irmãos, vestidos de linho fino, com címbalos e com claúdes, e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar; e com eles até cento e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas”, e “cantavam para fazer ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao Senhor”. II Crônicas. 7:6; 5:12 e 13. A luz quanto à maneira se adorar a Jeová já era maior, assim como também maior era a responsabilidade.

Por mais que defendamos a tese de que a música deve servir para nos animar na jornada, não devemos chegar ao ponto de que ela nos deve excitar.

Este, porém, era apenas um dos aspectos que se apresentava a música quando nossa igreja nasceu. Ao lado do movimento reavivamentista e da tradição dos ” camp meetings” que iam criando uma abundante hinologia de caráter popular, outra corrente de caráter diferente ia tomando forma entre os negros dos Estados Unidos, e influenciando, além da música religiosa, a música de dança e a própria música erudita da América, como aconteceu com a brasileira também.


Capítulo 4º

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