História da música (parte 04)

por: Desconhecido

Século XX
A partir do princípio do século XX, torna-se difícil considerar a evolução da música de forma linear. Aos poucos, a história da música será feita através de muitos caminhos diferentes, sob a vontade e o impulso de alguns homens que imprimirão determinada direção, a partir de conceitos próprios.

Assim, para esboçar o conteúdo da música conteporânea, torna-se necessário observar as personalidades criadoras que condicionaram seu desenvolvimento. Isto porque, depois de Debussy, a história da música se faz pela presença de grandes compositores e não de escolas musicais.

Aparecem as figuras do francês Maurice Ravel (1875-1937), contemporâneo de Debussy, que revela em sua obra traços impressionistas, depois desliga-se da influência debussiana e tende para uma estética clássica, na constante busca de perfeição; e do finlandês Jan Sibelius (1865-1957), com sua fascinante obra orquestral. O austríaco Arnold Schoenberg (1874-1951) provoca uma renovação na linguagem musical - a harmonia e todas as associações de sons tradicionais. Estabelece um sistema de composição com base em uma nova escala. A partir disso, pretendia que surgisse uma nova teoria musical. Sua música oferece aspectos verdadeiramente desconcertantes para o ouvido, habituado à música convencional.

O russo Sergei Prokofiev (1891-1953) enriquece a música moderna com elementos ainda não abordados, como a ironia sarcástica, a veemência selvagem, o ritmo brutal; o húngaro Béla Bartók )1881-1945); o russo Igor Stravinsky (1882-1971), que surpreende com sua extravagante invenção rítmico-harmônica.

A angustia de toda uma geração horrorizada pelos desastres da II Guerra Mundial provocará novas atitudes diante do mundo, em geral calcadas no absurdo. As novas posições irão sem dúvida afetar o ambiente musical. surgem compositores mais graves, alguns se consagram ao mais profundo restabelecimento da linguagem musical clássica.

Mas surgirá a geração de músicos "da inquietação", como os franceses Olivier Messiaen (1908) e André Jolivet (1905-1974), ambos com idêntica inclinação para o sentimento sacro. Na Alemanha, a atividade musical readquire vigoroso impulso, levada por músicos de vanguarda, como Karlheinz Stockhausen (1928), ou clássicos, como Carl Orff (1895-1982) ou Hans Werner Henze (1926).

Na Rússia, aparecem Aram Khatchaturian (1903-1978) e Dimitri Shostakovitch (1906-1975); na Espanha, Manuelk De Falla (1876-1946), Joaquim Turina (1882-1949) e Joaquim Rodrigo (1902); na Inglaterra, Gustav Holst (1874-1934) e Benjamim Britten (1913-1976); na América Latina, Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Albert Ginastera (1916); nos Estados Unidos, Aaron Copland (1900), Charles Ives (1874-1954) e Samuel Barber (1910-1981).

Duas novas tendências juntam-se às buscas da música clássica: a música eletrônica e a música concreta. Esta última, introduzida na França por Pierre Schaeffer (1910), é obtida por meio da gravação de ruídos e de sons, em fita magnética, e pela manipulação dos sons assim gravados, acelerando-os, retardando-os, repetindo-os, sejeitando-os às mais diversas deformações. Como decorrência da música concreta aparece a música eletrônica, que emprega sons produzidos em laboratório por osciladores eletrônicos. Deste tipo de música só se pode ouvir a gravação.

O surgimento das músicas concreta e eletrônica trouxe um elemento novo, com o qual muitos compositores sonharam, tornando possível um fantástico efeito sonoro que nenhum meio tradicional havia proporcionado. E mais recentemente, iniciaram-se as pesquisas sobre música aleatória, isto é, a música "do acaso": sua execução é mais ou menos livre dos constrangimentos de toda a música escrita. Vários instrumentos tocam a velocidades diferentes, de forma a obter um conjunto diferente em cada execução; ou então escolhem uma ordem de desenvolvimento diverso para várias sequências de execução e assim por diante. É chamada por alguns de "antimúsica".

As modernas manifestações de música concreta e eletrônica, somadas à aleatória, estão entre os fenômenos mais controvertidos da história da música.