A Forma da Adoração / Palestras e Sermões em Vídeo

A Música nos Últimos Dias – Parte 3/4

Forma, Estilo e o Problema da Bateria

por: Karl Tsatalbasidis



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Atualização

em 03/07/2020

Após muito tempo de espera, finalmente o livro Bateria, Rock e Adoração foi traduzido para o Português e está disponível através da Editora Luz do Mundo.

Acesse o link https://www.editoraluzdomundo.com.br/bateria-rock-e-adoracao para ver mais detalhes.

ATENÇÃO: Não se assuste com o baixo preço deste livro. Não está errado. O preço é irrisório, porque a ideia é que as pessoas que o adquirem pagam apenas o frete.


Transcrição da Tradução

Boa tarde a todos. Bem vindos ao seminário “A Música nos Últimos Dias”. Estamos aqui na sessão número 3 e já passamos bastante tempo juntos. O título desta sessão é “Forma, Estilo e o Problema da Bateria”. Vamos ter uma palavra de oração antes de prosseguir.

Nosso gracioso e amoroso Pai celestial. Senhor, agradecemos-te pelo dom da música que nos deste e oramos para ilumines nossas mentes para que possamos entender como adorar e louvar o Seu santo nome. Transforme nosso coração, transforme nosso gosto, nos ajude a estar alinhados com a Sua vontade. Oramos em nome de Jesus, Amém.

Isto vem de uma de nossas publicações. Eu não tenho a fonte ali em cima agora, mas gostaria de ler, para que possamos nos concentrar apenas no conteúdo e analisá-lo, pois se refere à questão da forma e estilos.

Diz: “Um estilo não é uma norma moral ou princípio ético, mas simplesmente um meio de fazer coisas que expressem preferências e individualidade… Mas de volta aos estilos de adoração; uma vez que não são um problema de certo ou errado …” certo ou errado, de acordo com essa publicação “… é possível com qualquer estilo de adoração ter uma comunhão animada, crescente (ou estagnada e sem vida), assim como é possível vestir uma pessoa viva (ou um cadáver) num terno completo ou roupas de corrida. …” Aqui está o argumento chave “… O espírito da vida e criatividade – o Espírito Santo – faz a diferença aqui”.

De acordo com o que acabamos de ler, o Espírito Santo pode trazer vida a qualquer estilo de adoração. A diferença é se estamos fazendo isto de um jeito “morto” ou de um jeito “cheio de energia”. Isto faz a diferença para os que escreveram este artigo aqui em cima.

A questão agora é, em última instância, o que está em jogo quando começamos a tentar novos estilos e formas de adoração? O que está envolvido neste processo de revitalização?

De forma muito perspicaz, o artigo prossegue, nos informando o que realmente está em jogo quando começamos a mexer com a forma.

Diz: “Revitalizar os programas da igreja significa, de alguma maneira, revitalizar a própria igreja. Isto convida os membros para saírem da zona de conforto espiritual e seguir a Deus pela fé em um novo território. ‘Novo território’ pode significar…” agora observe isto “…reexaminar noções de longa data sobre quem é Deus, como é Deus, e os ‘membros da família’ que se encaixam na casa de Deus”.

Assim, quando estamos falando em revitalização, quando estamos falando em mudar as formas e os estilos, estão nos informando que talvez tenhamos que renovar nossas ideias sobre como é Deus. No final, é o que está em jogo aqui.

“’Novo território’ pode significar seguir a ordem bíblica para ‘Ampliar o lugar da sua tenda’ (Isaías 54:2), ampliar nossa afeição, tolerância e alcance para incluir muitos tipos diferentes de pessoas – com muitas maneiras diferentes de ver Deus e o mundo – como valiosos membros atuantes de nossa comunidade. ‘Novo território’ pode significar tentar novos estilos e formas de adoração, ou pelo menos, torná-los mais acessíveis para outras pessoas.”

Agora, eles não explicaram realmente o que quiseram dizer quando disseram “muitas maneiras diferentes de ver Deus”. Seria diferente como “contraditório” ou diferente como “complementar”? E é uma grande diferença. Isto realmente significa que podemos coexistir lado a lado e ter visões completamente contraditórias acerca de Deus? E… somos uma família grande e feliz?

Mas, pelo menos podemos entender deste artigo que tem mais em jogo do que mudanças superficiais. É reexaminar todo o nosso conceito de Deus, sobre o qual se baseia a adoração.

A questão é, quando olhamos as escrituras, os estilos e as formas são neutros?

Se dermos uma olhada de perto nos dois primeiros mandamentos, podemos ter nossa resposta. O primeiro mandamento proíbe a adoração a falsos deuses, “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3). O segundo mandamento proíbe a adoração a Deuses verdadeiros de maneiras erradas. “Não farás para ti imagem de escultura, nem figura do que está em cima no céu nem embaixo na terra, nem nas águas embaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor Teu Deus, sou Deus Zeloso…”, e continua com esse mandamento (Êxodo 20:4-6).

Ele disse para não ter “outros deuses diante de mim”. Quando eu vim a Gobles, ontem na verdade, Gobles representou o meu destino. Cada um de nós vive por algum princípio e o primeiro mandamento aborda isso. Ou é o Deus do céu, ou nosso deus é música, ou o nosso deus é dinheiro, ou fama ou poder, cada um de nós vive por algum princípio, o qual é colocado à nossa frente.

Quando eu vim a Gobles, Gobles estava, vamos dizer, diretamente ao sul de Ionia. Eu tive que ir um pouco a oeste, mas principalmente ao sul. Gobles era o meu destino. Uma vez que eu escolho o meu destino, a estrada que eu viajo está praticamente pré-determinada. Eu não posso simplesmente seguir na 196 e continuar a ir para o sul ou pegar a 131, melhor dizendo, ir para o norte e dizer: ‘Eventualmente eu vou chegar a Gobles.’ Não importa o quão sincero eu seja, não importa se minha intenção é boa, eu não vou chegar lá.

Infelizmente no sentido espiritual, muitas pessoas passaram a acreditar que a forma realmente não importa, contanto que eu seja sincero de coração e esteja fazendo isto sinceramente. A forma não importa. É a mesma coisa que dizer que eu posso pegar a 131 e ir para o norte e eventualmente chegar a Gobles. Simplesmente não vai acontecer.

O segundo mandamento coloca restrições nas formas de adoração que usamos. Coloca limites na nossa criatividade. Por que? Porque se sairmos desses limites não vamos atingir nosso destino, que é o próprio Deus. Simplesmente não vai acontecer.

Existem outros modelos. Nos primórdios da história humana tivemos um problema e um conflito com adoração. Caim e Abel. Eles tiveram os mesmos pais, tiveram as mesmas oportunidades, os mesmos privilégios. Eles até adoraram. Um trouxe algo que Deus aprovou e o outro não. Uma oferta do fruto da terra, uma oferta de gratidão, um tipo de oferta que não tinha sangue misturado com sacrifício. Uma oferta sem Cristo que não representava a Deus. Deus aprovou um, mas não o outro. Sinceridade não foi suficiente para Caim. Ele precisava de algo a mais que isso. Nós precisamos de ambos, amigos. Precisamos de sinceridade e precisamos de verdade. Era sobre isso que Jesus falava.

Bem, há o exemplo do bezerro de ouro, e muitos outros exemplos, e Deus não aceitou aquilo. Como forma de adoração, não era aceitável para Ele. Não importa que tipo de sinceridade as pessoas possam professar.

Vocês conhecem a história de Nadabe e Abiu, que se encontra em Levítico 10:1-2. Esses dois homens, filhos de Arão, tiveram o privilégio de ver a Deus no monte. Eles estavam entre os 70 anciãos que viram a glória de Deus. Um dia, depois de beber vinho intoxicante, começaram a racionalizar entre si e dizer, ‘Bem, fogo é fogo…’ Deus queria que as coisas no santuário fossem acesas somente com o fogo sagrado, e não com fogo comum. Mas eles começaram a racionalizar entre si, depois da influência do álcool, ‘eu não vejo diferença entre este fogo e aquele fogo.’ E, quando eles ofereceram o fogo comum, foram castigados imediatamente. Um juízo veio rapidamente do Senhor e os executou. Por que? Porque eles não O estavam representando. É muito perigoso alterar as coisas que Deus estabeleceu.

A eletricidade não respeita as pessoas. Não importa se você é jovem ou idoso, se é ignorante ou tem muito conhecimento. Vi meu filho indo em direção a uma tomada, um dia desses, com um pedaço de fio na mão e estava enfiando o fio lá dentro. Isso é perigoso! Não importa quão jovem, idoso ou ignorante você é. Quando mexemos com coisas que são santas, estamos em terreno muito perigoso.

O próprio Espírito Santo opera sob os métodos que Ele próprio estabeleceu. Ele não contradiz a Si mesmo.  O método que é usado reflete o princípio que o gerou. As pessoas hoje dizem, ‘É o princípio que é importante, os métodos realmente não importam.’ É como dizer, mais uma vez, que posso pegar a 131 para o norte e chegar a Gobles, por causa da estrada na qual estou viajando. As formas de adoração não importam realmente, estamos todos adorando o mesmo Deus, de qualquer maneira. Os métodos não podem ser divorciados dos princípios que os geraram.

Fiz algum estudo no livro Profetas e Reis, sobre as formas de adoração, e descobri algo muito interessante: “O ousado desafio do rei…” Este texto está falando sobre Jeroboão, comentando sobre a situação em II Reis 12, do verso 25 até o final do capítulo. “O ousado desafio do rei a Deus ao pôr de lado instituições divinamente indicadas, não foi permitido passar sem repreensão. No momento mesmo em que ele estava oficiando e queimando incenso durante a dedicação do altar estranho que havia levantado em Betel, apareceu ali perante ele um homem de Deus do reino de Judá, enviado para denunciá-lo pela presunção em introduzir novas formas de culto.” (Profetas e Reis, p. 48)

E continua, na pág. 48: “Inútil fora o esforço de Jeroboão para revestir de solenidade a dedicação de um altar estranho, cujo respeito haveria levado ao desrespeito pelo culto de Jeová no templo de Jerusalém. Pela mensagem do profeta, o rei de Israel deveria ter sido levado ao arrependimento, a renunciar seus ímpios desígnios, os quais estavam desviando o povo do verdadeiro culto de Deus.” (Profetas e Reis, p. 48)

Se assumirmos a tarefa de introduzir algo novo, e que contradiz algo que já está estabelecido, o resultado final, de acordo com esse texto é que as pessoas serão desviadas da verdadeira adoração a Deus.

Aqui está outro exemplo: “Contra a indisfarçada opressão, a flagrante injustiça, o luxo inusitado e extravagante, despudorados banquetes e bebedeiras, a grosseira licenciosidade e deboche de seu tempo, os profetas ergueram a voz; mas seus protestos foram vãos, em vão foi a denúncia do pecado. ‘Aborrecem na porta aos que repreendem’, declarou Amós, ‘e abominam o que fala sinceramente’. ‘Afligis o justo, tomais resgate, e rejeitais os necessitados na porta.’ Amós 5:10 e 12.” (Profetas e Reis p. 146) Esta é uma situação bem miserável, não é?

Tais eram alguns dos resultados que se tinham seguido ao estabelecimento de dois bezerros de ouro por Jeroboão. O primeiro afastamento das formas estabelecidas de adoração levara-os à introdução das mais grosseiras formas de idolatria, até que finalmente quase todos os habitantes da terra haviam-se entregue a sedutoras práticas de culto à Natureza.” (Profetas e Reis, p. 145) Aquela situação deplorável foi causada por Jeroboão haver instituído aquelas formas de adoração. E tudo o que é dedicado ao Sol, e à adoração da Terra, também leva de volta à adoração da Natureza. As pessoas começaram a adorar a Natureza.

Eu sei que sempre que falamos sobre música e adoração, o assunto da cultura pode ser muito sensível. Na sessão anterior falamos sobre o fato de estarmos vivendo em um mundo pós-moderno, e o que isso quer dizer é simplesmente que não existe essa coisa de ‘verdade absoluta’, para algumas pessoas. A verdade está no olho de quem vê. Então, roubar pode estar certo para mim, mas é errado para você, e é esse o tipo que essas pessoas dizem.

Quero que pensem sobre uma coisa, por um momento. Se não existe uma verdade absoluta, então não há como Deus ter escolhido os israelitas para falar a verdade sobre Si mesmo, isso é muita arrogância, que Ele tenha escolhido uma nação. Da mesma forma, podemos fazer o mesmo juízo sobre a igreja de hoje. É um meio arrogante dizer que Deus chamou um movimento para educar as pessoas acerca de Si mesmo. É arrogância.

Se aceitarmos a falta de verdade absoluta como sendo a definição do que é verdade, não existe uma ‘falsa adoração’. Em algumas de nossas igrejas temos vários cultos de adoração diferentes. E não é, necessariamente, porque as igrejas estejam lotadas. Mas queremos dar um culto de adoração para as pessoas idosas, e queremos dar um para os jovens, e então, queremos dar um para os irmãos filipinos, e para os irmãos afro-americanos, e os irmãos chineses; e adotamos uma ordem de culto diferente e um estilo de adoração diferente para cada uma das culturas.

Poderia ser que, talvez, algo da filosofia subjacente a isso seja a filosofia pós-moderna? Eu pensava que o evangelho eterno deveria unir cada um de nós. Em vez disso, estratégias de marketing, extraídas da Quinta Avenida e outros lugares, estão sendo incorporadas na igreja, de forma a atingir algumas pessoas e o que fazemos? Mudamos a nossa doutrina de adoração para atender a essas necessidades. E não nos damos conta de que, às vezes, estamos pregando doutrinas contraditórias sobre o Deus a quem adoramos! Algo para pensar…

O resultado final? Estamos vivendo no tempo dos juízes: “cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos.” (Juízes 17:6). E quando chegamos a este ponto, é hora de Jesus voltar. Não há dúvidas sobre isso.

Vamos falar um pouco mais sobre a cultura. Quero que vocês imaginem que são egípcios. E você viu Moisés descendo do monte (Êxodo 32), e ele tomou aquelas tábuas de pedra e as esmagou. Além disso, ele fez um pó com aquele bezerro de ouro e te fez beber dele. O que você acha que Moisés, ou Deus, irão pensar se você disser, “Espere um pouco, Moisés. Eu era egípcio, e meu pai antes de mim era egípcio, e meu avô era egípcio, e assim por diante; e nós viemos aqui para louvar a Deus da única forma que conhecemos, e agora você estame dizendo que isso não é bom o bastante. Você está dizendo que a minha cultura egípcia não é boa o bastante para adorar a Deus com ela?”

Vejam amigos, o problema, quando fazemos da cultura o próprio fundamento da nossa adoração, é esse: a cultura assume coisas acerca de Deus, assume coisas sobre como Ele opera que, ou são bíblicas ou não são. A cultura egípcia obviamente criou vários pressupostos que não eram bíblicos.

Então, dizer que vou trazer este estilo de adoração simplesmente porque essa é a maneira como a minha cultura costumava fazer as coisas, ou faz as coisas, sem um exame crítico dos pressupostos envolvidos, da filosofia, da teologia que estão envolvidos, é muito perigoso. Isso nunca vai unir a igreja.

E se você fosse um moabita? (Números 25; Salmos 106:28) E aquele culto de adoração também foi condenado por Deus. Você poderia realmente dizer, “Estou ofendido porque eu sou um moabita e é assim que nós adoramos, e meu pai era moabita, e meu avô, e assim por diante…” Não creio que Deus diria, ‘Sim, você tem razão aqui.’

Ou se você fosse um babilônio? E diz que, ao som da música, em Daniel capítulo 3, você deveria se curvar e adorar a imagem de ouro. O que Deus pensaria se você dissesse que é babilônio e está ofendido porque Ele não gostou da sua música? Ou que Ele achava que aquilo não O representava?

O único ponto que estou buscando colocar aqui é que, se você vai defender o seu estilo musical com base na sua cultura, é melhor pensar e examinar quais elementos da sua cultura estão em harmonia com a Escritura e quais não estão. Não estou dizendo que qualquer coisa que qualquer cultura incorpore seja anti-bíblico. Mas temos que pensar seriamente a respeito disso. Se você não escolher concreto como alicerce, mas escolher isopor, e construir alguma coisa em cima disso, vai ter problemas sérios. Isso é tudo o que estou tentando dizer.

Ou se você for a mulher samaritana, em João 4? Ela disse: “Nossos pais adoraram neste monte…” E Jesus disse: “Sabe de uma coisa? Vocês nem sabem o que estão adorando. A verdadeira adoração é dos judeus, ela foi dada aos judeus.” Ela não podia defender a sua adoração samaritana, com base em sua herança, porque Deus havia entregado aos israelitas os verdadeiros princípios.

Note o que está em Romanos 9:3-5 e que torna isso muito claro. Romanos capítulo 9, versos 3 e 5. Paulo diz: “Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém.” Em outras palavras, Ele não entregou a adoção e a glória e a aliança aos babilônios, ou aos moabitas, aos jebuzeus, aos perizeus, e todos os outros! Ele os deu aos israelitas e era sua obra compartilhá-los com todo o mundo. Assim como é nossa obra pregarmos evangelho eterno a todo o mundo.

Muitas pessoas dizem hoje em dia, “E Martinho Lutero? Ele não tomou melodias comuns de bares e pregou o evangelho com elas?” Vamos analisar este argumento um pouco mais de perto. De acordo com o Dicionário New Grove de Música e Músicos, volume 1, 5ª edição, p. 848, e aliás, é como citar a Bíblia, para muitos músicos. Quando você diz que a fonte é o Dicionário New Grove de Música e Músicos, isso fecha a questão. É como os cristãos dizendo, ‘A Bíblia diz, e eu acredito e isso fecha a questão’.

Isso é o que ele diz: “Uma diferença de estilo entre música sacra e secular dificilmente existia” nos dias de Lutero. Então, se você vivesse no tempo de Lutero e ligasse o rádio, e o ouvisse, e então ligasse uma rádio da igreja, diria: “Hum… não tem muita diferença aqui.” Isso não é verdade hoje, conforme vocês e eu entendemos.

Nós simplesmente não podemos usar isso como justificativa para dizer, “Lutero fez isso, então me deixe ir em frente e fazer também.” É um pressuposto amplo demais.

O Dr. Johansson, em seu livro Música e Ministério, p. 50, disse isso: “A música secular de nossos dias e a música secular dos dias de Lutero são tão diferentes quanto a noite é do dia.”

Dos 37 corais, apenas uma melodia veio diretamente de uma canção folclórica secular. Mesmo esta melodia emprestada de uma canção folclórica, a qual “apareceu no hinário de Lutero de 1535, foi mais tarde substituída por outra melodia, no livro de cânticos de 1539. Historiadores acreditam que a descartou porque as pessoas a associavam com seu texto secular anterior.” (Ulrich S. Leopold, “Learning From Luther? Some observations on Luther’s Hymns,”, Journal of Church Music, v. 8 (1966), p. 5)

Outra coisa que Lutero fez é que ele abrandou o ritmo da música e arranjou a harmonia em 4 vozes. Quantas canções de rock você já ouviu em harmonia a 4 vozes? Em sua maior parte, infelizmente, o rock tem degenerado muito, do ponto de vista da habilidade musical. Eu nem sei se eles são capazes de cantar em harmonia a 4 vozes. Isso não é realmente muito fácil de fazer. Se você abranda o ritmo e faz um arranjo em harmonia a 4 vozes, pode manter a mesma melodia mas, acreditem, isso realmente muda a canção. E se você ainda acha que são as palavras que te atraem… Minha esposa pode fazer isso. Podemos manter a melodia, abrandar todo o seu ritmo, fazer um arranjo de harmonia a 4 vozes e ver se vocês gostam disso.

Vamos mudar para o problema da bateria. Tambores e percussão são inseparáveis na mente da maior parte das pessoas, o que leva a grande confusão. Tive que esclarecer uma coisa aqui, hoje mais cedo. Uma vez que a Bíblia menciona tamboris, adufes e todos os tipos de címbalos (Salmo 150), por que não usar a bateria?

Vocês sabem: “Louvai-o com os címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes. Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor.” (Salmos 150:5-6). É, basicamente, o que você encontra em Salmos 149 e 150. Temos alguns címbalos ali, e eles têm fôlego; por que não louvar ao Senhor com eles? É assim que essa linha de raciocínio segue.

Davi está realmente se contradizendo? Apenas 4 instrumentos foram permitidos no serviço do Templo – trombetas, címbalos, liras e harpas, sendo que os dois últimos são instrumentos de cordas. Você pode encontrar isso em I Crônicas 15:16; 16:5-6; 23:5; II Crônicas 7:6. Esses eram os únicos instrumentos que foram permitidos no serviço de adoração no templo hebreu.

Não apenas isso: essa restrição aos instrumentos deveria ser duradoura. Cerca de 300 anos depois de Davi, Ezequias começou a sua reforma. É interessante que ele a iniciou purificando o santuário. Isso faz soar um alerta para os Adventistas do Sétimo Dia aqui hoje? A purificação do santuário? Você sabe o que acontece quando o santuário é purificado? Quando ele foi purificado naquela ocasião, houve uma reforma na música.

Venha comigo a II Crônicas, capítulo 29, verso 25. Diz: “E pôs os levitas na casa do Senhor com címbalos, com saltérios, e com harpas, conforme ao mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este mandado veio do Senhor, por mão de seus profetas.”

O arranjo dos instrumentos no culto de adoração hebreu no templo, não podia ser atribuído à cultura hebréia. Aqui diz, “porque este mandado veio do Senhor, por mão de seus profetas.” Esses instrumentos foram colocados ali por orientação divina. E havia uma grande razão para isso. Assim, 300 anos depois de Davi, quando houve um reavivamento e reforma, eles voltaram aos instrumentos de Davi.

Agora venha comigo a Neemias, capítulo 12, versos 27 e 36. Trezentos anos depois de Ezequias nos dias de Esdras e Neemias, houve um tremendo reavivamento e reforma. É interessante que, depois que o santuário foi purificado nos dias de Neemias, houve uma reforma musical.

Neemias 12:27 diz “E na dedicação dos muros de Jerusalém buscaram os levitas de todos os seus lugares, para trazê-los, a fim de fazerem a dedicação com alegria, com louvores e com canto, címbalos, saltérios e com harpas.” Verso 36: “E seus irmãos …” vou pular todos os nomes “… Judá e Hanani, com os instrumentos musicais de Davi, homem de Deus; e Esdras, o escriba, ia adiante deles.”

Isto é muito significativo para nós, Adventistas do Sétimo Dia, porque somos chamados de “reparador das roturas, e restaurador de veredas para morar.” (Isaías 58:12). Este tema é tomado do reavivamento e reforma que ocorreu nos dias de Neemias. E, se eles tiveram uma reforma não apenas no casamento, mas na guarda do sábado, nos dízimos e nas ofertas, tiveram uma reforma na música também. Assim, se queremos completar a reforma, devemos prosseguir e voltar aos instrumentos de Davi.

O que eu quero dizer com isso? Será que estou dizendo que devemos nos livrar dos nossos instrumentos e trazer de volta as trombetas, e liras e harpas? A grande questão é: por que esses instrumentos foram incluídos e outros descartados? A razão para isso é que as liras e as harpas possuem uma grande capacidade no que se refere a melodia e harmonia. Quanto às trombetas e aos címbalos, iremos descobrir que eram sinalizadores.

Você pode estar pensando, “Ahá, pastor… aqui diz címbalos, e a bateria tem címbalos, então por que não usá-la?”

Vamos entender como os címbalos eram usados no serviço do templo. Isto é uma dissertação doutoral. “Os címbalos não eram usados pelo cantor-mor na condução do cântico, batendo o ritmo da música, ou da estrofe na música, mas sim para anunciar o começo de uma estrofe ou de um cântico. Uma vez que eles eram usados para introduzir o cântico, eram brandidos pelo líder do coro em ocasiões ordinárias (I Crônicas 16:5) ou pelos três líderes dos grupos em ocasiões extraordinárias (I Crônicas 15:19). . . Como as trombetas e os címbalos eram tocados em conjunto para anunciar o começo do cântico, os que tocavam ambos os instrumentos eram chamados como “os que haviam de tocar” em I Crônicas 16:42″.” Esta é a dissertação de John W. Kleining, pp. 82-83.

Permitam-me descer para demonstrar isso por um instante. Eu não gastei 10 anos da minha vida para aprender como fazer isso. … E é isso que a Bíblia diz que eles faziam! Eles eram sinalizadores. Os címbalos e as trombetas soavam juntos. Não passei por todo aquele treinamento para fazer isso. … Não é assim que um baterista de rock toca os címbalos ou a bateria. Eles realmente ‘pilotam’ os címbalos e a bateria. Então, termina soando um pouco como isso. Peço desculpas aos que estão assentados nos bancos da frente, mas aqui vamos nós.

É assim que um baterista de rock toca os címbalos. Eles batem neles. Não é assim que eles tocavam naquela época. Assim, não podemos usar isso como justificativa para trazermos a bateria completa para dentro da igreja, porque não era assim que era tocado, de forma alguma.

Existe uma diferença entre a bateria e a percussão? Se você não passou muito tempo junto de baterias, e passou muito tempo junto à música, pode pensar que um tambor é um tambor e pronto! E qual é a diferença? Havia tambores no Antigo Testamento e eles também são tambores, por que não usá-los?

Existe uma diferença entre a bateria e a percussão. Eles provêm de duas famílias distintas. E são diferentes na maneira como são tocados. Isto é conhecimento comum entre todos os bateristas e percussionistas. Um bom percussionista não é, necessariamente, um bom baterista. Eles normalmente trabalham com as mãos. Tocam tarol, tímpano, bumbos, címbalos (pratos); mas o baterista se assenta e usar todos os seus quatro membros e toca ao mesmo tempo.

É como dizer que você é um violonista e então, é capaz de tocar o violoncelo, já que os dois são instrumentos de cordas. Mas todos os violinistas e cellistas entendem que isso não é verdade. Existe uma grande diferença. Então, não podemos simplesmente dizer que um tambor é um tambor e pronto. Não, de forma alguma.

A bateria é uma invenção moderna, usada para acompanhar jazz e rock. Mesmo quando a bateria é usada para acompanhar a orquestra, a música foi transformada em rock. Porque, se a bateria estiver sendo tocada da forma como foi concebida para ser tocada, é exatamente o que temos.

Aqui está o testemunho de um baterista: “Estou certo que todos estão familiarizados com a bateria…” Ela está aqui, e esta foi a razão pela qual eu a trouxe; para demonstrar o fato de que quando juntamos tudo, da maneira como eu fiz, você está limitado a ter rock ou jazz. É isso. Se estiver sendo tocada da forma como ela foi concebida para ser tocada.

“Tenho certeza de que todos estão familiarizados com a bateria, da forma como ela é usada nas músicas jazz e rock embora a bateria seja o garoto novo no pedaço. Os tambores da bateria não apenas são únicos em sua construção, mas também na forma como são tocados. Cada baterista deve ser, virtualmente, uma banda de um homem só, tocando sons percussivos; e isso exige dele ser capaz de dividir sua atenção igualmente entre os dois pés e as duas mãos, bem como entre a música, da qual ele faz parte. Somente isso já é uma habilidade em si mesma, que não é encontrada na maior parte dos percussionistas, e normalmente leva anos de treinamento para ser desenvolvida.”

Um percussionista vai trabalhar com as suas mãos; um baterista trabalha com todos os membros. Um percussionista pode fazer isso… Ou pode tocar assim… Mas um baterista tem que usar todos os membros ao mesmo tempo. O pé direito vai aqui… a mão direita… Você não vai aprender a fazer isso da noite para o dia.

Havia um percussionista na Universidade de York chamado… acho que não deveria dizer seu nome… mas, o que ele conseguia fazer no tarol era incrível. E ele estava tentando entrar na banda de jazz. Nós pensamos, ‘É isso, cara, estamos acabados…’ Porque ele estava vindo. Mas quando ele realmente se sentou na bateria, tivemos que rir. Porque ele não conseguia tocar, nem para salvar sua vida. Ele pensava que, sendo um percussionista podia fazer todos aqueles malabarismos; mas ele não conseguia manter o ritmo. Sem ritmo, absolutamente. Mais uma vez, essa é uma diferença que qualquer baterista ou percussionista conhece e compreende.

A bateria é única, ela foi concebida unicamente para tocar rock ou jazz. De acordo com Mickey Hart, baterista por muito tempo do grupo ‘Grateful Dead’, “a origem e o desenvolvimento da bateria se rivaliza com o do Modelo T. O ponto aqui é que ela é um instrumento único, e não deve ser confundido com outros tambores.”

Antes de entrarmos na história da bateria: É possível tocar de uma forma que ela não foi concebida para ser tocada? Sim! Quantos de vocês já ouviram ‘O Messias’, de Handel? Imagino que muitos de vocês já ouviram. Posso usar isso para tocar ‘O Messias’, de Handel? Bem, com certeza…

Ninguém, jamais, compraria uma bateria para tocá-la da maneira como eu acabei de tocar. Se eu for a uma loja de música, aqui por perto, e disser: “Quero comprar uma bateria.” E o homem disser: “OK, qual tipo de música você toca?” “Bem, eu quero usá-la para acompanhar o coro ‘Aleluia’.” Ele saberá imediatamente, que eu sou maluco. Ele saberá que eu estou tão fora da realidade…

Não é para isso que este instrumento foi concebido. Você pode fazer isso? Com certeza. Mas eu nunca, jamais, ouvi uma gravação com bateria, sendo tocada da maneira como ela foi concebida para ser tocada, que não pudesse ser reduzida a rock ou jazz. É simplesmente impossível. Se você usa isso, está restrito ao rock e ao jazz, e seus ritmos híbridos relacionados. É só isso que ela faz.

Ela não pode ser purificada. Um porco é imundo por sua própria natureza, você não pode alimentá-lo de vegetais e depois comê-lo. Ele é imundo por natureza. Esse é o problema com essa coisa.

E se eu separá-la e usar as partes como percussionista? Não é problema. Nenhum problema. Não estou dizendo que o tambor é intrinsecamente maligno. Quando você os combina desta forma, só há duas formas de tocá-la: rock, jazz e seus híbridos relacionados.

A Bíblia menciona louvar ao Senhor com címbalos e tamboris. Mas ela não está se referindo a isso. Isto foi inventado apenas para o rock e jazz.

Conforme entramos nas origens da bateria, gostaria de lembrá-los que há coisas que provêm de todas as culturas, e que são totalmente aceitáveis; e há coisas que não são.

Por exemplo, eu venho de um contexto grego e, na Grécia eles tocam o bouzouki, não sei se vocês já ouviram falar desse instrumento. Eu não consigo dançar, mas minha irmã dança. Há uns dois anos atrás, minha esposa e minha irmã foram a um casamento. E minha irmã disse à minha esposa, “Olha, quando aquele instrumento começar a tocar, não saia do meu lado, porque eu vou ter que sair daqui. Aquilo vai me arrastar para a pista de dança e eu serei tentada fazer isso, então fique bem aqui.”

A única maneira que eu já ouvi o bouzouki tocar é de uma forma que faz os gregos dançar! Eu não vou trazer esse instrumento aqui no culto de adoração e dizer, “Olá, eu sou grego e me tornei adventista, e é isso o que eu vou tocar. Vamos fazer isso no estilo grego!” Entendem o que estou dizendo? Não, eu não posso fazer isso. Há algumas coisas na cultura grega que sim, podemos trazer. Não há dúvidas sobre isso. Então, tenham isso em mente, conforme explico essa história.

“Quando os navios negreiros começaram a singrar as águas entre o Novo Mundo e a África Ocidental, todos pensavam que eles traziam apenas corpos fortes e descartáveis. Mas eles também estavam trazendo a cultura do contra-ritmo – talvez até mesmo a cultura da deusa mãe – preservada na forma de ritmos de tambores que podiam convocar os Orixás do seu tempo para o nosso.” Está no livro de Mickey Hurt, Drumming at the Edge of Magic: A Journey into the Spirit of Percussion, p. 209.

Esses ritmos, ele diz, “podiam convocar os Orixás do seu tempo para o nosso.” Quem são os Orixás? São espíritos ancestrais. Espiritismo, isso é o que é. Ele disse que os ritmos dos tambores podem convocar os espíritos.

“No Caribe e na América do Sul permitiu-se aos escravos manter seus tambores e assim eles preservaram sua conexão vital com os Orixás, embora a mistura repentina de tantas tribos diferentes houvesse produzido novas variações, como o candomblé, santeria e vodu. Mas na América do Norte não se permitiu aos escravos manter seus tambores e eles perderam o meio através do qual podiam manter vivos os ritmos de seu mundo espiritual. E desta separação surgiram o jazz, o blues, o contra-ritmo o rhythm and blues, o rock and roll roll – alguns dos mais poderosos ritmos do planeta.” Vieram desta separação. Foi uma tentativa de entrar em contato… a música jazz, blues, rock and roll são tentativa de entrar em contato com os Orixás. Mickey Hurt, pp. 209-210.

Neste ponto, parece como se o “lado espiritual” não tem nada a ver com jazz, blues, rock and roll. Porém, como o baterista Sule Greg Wilson destaca, as leis que baniam os tambores foram impotentes para deter o “espírito”. Ele diz: “O único lugar no Ocidente onde foi decretado que os africanos não podiam tocar tambores de mão foi o lugar onde surgiram tambores nos pés – ou seja, o sapateado. É dança e percussão, tudo ao mesmo tempo, da mesma forma que tocar bateria é ser uma banda tradicional de tambores de um homem só.” Eles os proibiram de tocar certas coisas, de celebrar o vodu, a santeria, tudo isso, aqui. E então, quando o “espírito” veio sobre eles, começaram a dançar, com seus pés.

O que isso significa para as pessoas de hoje? Significa que foi para os pés que o espírito, o vocabulário africano da invocação do espírito, se deslocou. Pergunte aos antigos deste lado do Atlântico – os bateristas de jazz dos velhos tempos – onde eles buscaram seus ritmos e a resposta será a mesma de qualquer outro músico africano…” Onde eles buscaram seus ritmos? Apenas pergunte aos antigos deste lado. Note o que eles dirão: “…eles observaram as pessoas conduzindo o espírito – os dançarinos – e tocaram o que viram vindo delas … Circunstâncias externas podem quebrar qualquer tambor, mas ninguém pode quebrar o espírito que faz você dançar.”

Eles viram o que os dançarinos estavam fazendo. Quando os dançarinos “recebiam o espírito”, eles se moviam. E os bateristas os observaram e foi assim que desenvolveram seus ritmos. E isso evoluiu para jazz, blues e rock and roll. Tudo isso está baseado no “espírito”.

Wilson pergunta, “por que ter uma bateria?” É sobre ele que estávamos falando. “O desenvolvimento de um instrumento polirrítmico…” Polirrítmico quer dizer ‘muitos ritmos’, e eu demonstrei isso. Há muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. “O desenvolvimento de um instrumento polirrítmico como este não é a maneira européia. A percussão européia tradicional é idêntica: vinte pessoas tocando o mesmo parrra-pa-pum-pum, ou em outro cenário, somente um tocador de bodhran ou tabor [instrumentos folclóricos europeus]. Tambores africanos tocam em partes que se combinam para formar uma melodia, da mesma forma como os tambores são tocados na bateria.”

Se você acha que isso é primitivo, não poderia estar mais longe da verdade. Tínhamos um percussionista vindo da África, quando eu estava na Universidade York. Ele tocava ritmos que eram tão complexos que ninguém conseguia acompanhá-lo. Na África, os tambores não são usados apenas para invocar os Orixás, mas também são usados para comunicação. E eles se comunicam com esses ritmos. Deveríamos dançar de acordo com os ritmos. Ele tocava um determinado ritmo e quando ele mudasse, deveríamos mudar os nossos passos. O problema é que ninguém conseguia memorizá-los. Eram complexos demais.

O jazz é música muito complexa. Quando eu falo do jazz, não estou fazendo uma abordagem do ponto de vista estético. Porque estética e musicalmente é muito desafiador. Extremamente desafiador. E eles são músicos de verdade, não há dúvidas sobre isso. Estamos abordando o assunto a partir de outro ponto de vista. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito a respeito dos músicos de rock da atualidade. Nos anos 1960 e 1970 se podia dizer isso, porque eles realmente sabiam tocar naquele tempo. Mas hoje, tambores eletrônicos, geradores de ritmos, teclados fazem o trabalho para qualquer um.

E a música degenerou-se grandemente. Elvis Presley e os Beatles soariam atualmente como uma canção de ninar, hoje em dia. Não é? E se introduzimos isso em nossas igrejas, é exatamente assim que vai soar. O rock passou por um processo de embrutecimento, dos dias de Elvis até a música rap da atualidade. O rap não começou da noite para o dia.

De acordo com Wilson, foi o “espírito”, operando através de tocadores africanos como Baby Dodds, que estabeleceu o padrão para a percussão nos EUA. Conforme a revolução industrial de consolidou, uma nova paisagem musical foi criada, o “caos auditivo do ruído industrial urbano. E foi a partir desta paisagem sonora que o contra-ritmo emergiu, e sua primeira manifestação apareceu nas bandas de metais de New Orleans – ritmos africanos e sensibilidade africana canalizados através de instrumentos não familiares das bandas americanas de marchas – e no ragtime sincopado de Scott Joplin. A linha de frentes dessas bandas consistia de trompete, clarineta e trombone, mas sentado no fundo, impulsionando esta nova batida, estava uma invenção que, no meu entendimento, se compara às de Henry Ford ou Thomas Edison. Estou falando, é claro, da bateria.” Mickey Hart, em seu livro Drumming at the Edge of Magic, p. 227.

Eu não inventei essas coisas. Tudo o que estou apresentando a vocês vem do testemunho e da pesquisa de outros bateristas, que nem mesmo são cristãos. Eles estão simplesmente compilando informações históricas.

Portanto, de acordo com Hart, o contra-ritmo, que é o ritmo básico do rock, nasceu a partir de ritmos africanos e da sensibilidade africana. Assim, existe não apenas um laço familiar entre rock, jazz e os ritmos africanos, mas existe também uma unidade espiritual entremeada em todos os três ritmos.

Mickey Hart disse isso: “As especificidades da tradição rítmica da África Ocidental se perderam, exceto nas sociedades secretas que ainda praticavam o vodu. Tudo o que restou foi um impulso o qual, uma vez liberado, satisfez-se ao criar algo totalmente novo, um instrumento polirítmico que uma pessoa poderia tocar manualmente.” E ele está falando da bateria. Mickey Hart, p. 227.

Já compartilhei esta citação antes. Todos esses ritmos estão relacionados. “Dá pra ouvir música Soul e Latina quase em todo lugar na África; dá pra ouvir música africana e das Índias Ocidentais na rádio a qualquer momento na maior parte das grandes cidades dos EUA; dá pra sentar num bar em Gana, Togo ou Costa do Marfim e ouvir música do Zaire, Congo, da Nigéria, da África do Sul, da Jamaica, Porto Rico, Colômbia e EUA; grandes bateristas, aficionados, e acadêmicos, conseguem remontar os ritmos de salões de dança latina de Nova York a cultos cubanos e brasileiros e até a África Ocidental.” John Miller Chernoff, passou dez anos estudando esses ritmos lá.

Foi por isso que eu comecei com o rock, depois me formei no blues e no jazz. Os ritmos se tornaram mais complexos, conforme eu ia nesta direção. Mas eles estão relacionados, não há dúvidas sobre isso.

Este é o testemunho de um percussionista africano que veio para os EUA. Quero que notem o que ele diz: “Os ritmos mais importantes na terra dos Yoruba são aqueles que se comunicam com os Orixás.” Mais uma vez, na África os tambores são utilizados para muitas ocasiões diferentes. Não apenas para invocar os Orixás, mas para todas as formas de comunicação. Ele diz que “Os ritmos mais importantes … são aqueles que se comunicam com os
Orixás
. Quando fui para a faculdade …” ele tinha vindo para os EUA “… e liguei o rádio pela primeira vez, e ouvi [a música] Quando eu amo, meu amor, cada vez que chove, eu penso em você e fico triste, fiquei abismado.” Por que ele ficou abismado? “Lembro-me de ter pensado, isso é música africana; ela soa como a música lá em casa. E a mesma coisa aconteceu quando ouvi música gospel. Então entrei no grupo de jazz do campus.”

Aquele irmão nunca tinha ouvido aquela música antes! Mas quando ele ligou aquele rádio e ouviu pela primeira vez, disse: ‘Isso é ritmicamente relacionado com aquilo que eu conheço de casa.’ Os historiadores, todos eles confirmam o que estou dizendo a vocês hoje. Os ritmos mais importantes? Os que se comunicam com os Orixás, os espíritos ancestrais.

Assim, os mesmos ritmos que eram usados para comunicar-se com os Orixás, podem agora ser encontrados no jazz, blues e na música dos anos 1950, que é o início da música rock. E assim o “espírito” continua vivo, e é uma parte vital da música rock de hoje e da bateria em particular; isto é claro no testemunho de Mickey Hart. Ele diz: “é difícil definir o momento exato em que eu acordei para o fato de que a minha tradição – rock and roll – tinha um lado espiritual – de que havia um ramo da família que manteve a ligação ancestral entre os tambores e os deuses. Suponho que seja um pouco como encontrar alguns primos perdidos há muito tempo e compreender em um estalo que eles são teus parentes, que você está ritmicamente relacionado e, na percussão, isso é o mesmo que [laços de] sangue.” Assim, a bateria só pode ser usada para tocar rock e jazz e seus híbridos relacionados. Se a bateria está sendo usada, você tem comunicação com os Orixás. É isso o que este camarada está nos dizendo.

Quero falar um pouco sobre a síncope. Vocês já ouviram essa palavra antes? Síncope. O que é que torna alguma coisa sincopada? Bem, eu posso demonstrar aqui. Existem algumas formas de música, como na música clássica ocidental, que podem ser sincopadas, mas são diferentes da síncope que você encontra quando toca música rock e jazz. O rock e o jazz são construídos inteiramente com ritmos sincopados. Esses são ritmos que enfatizam os tempos fracos do compasso. Normalmente a maioria das músicas é feita no que chamamos de compasso 4 por 4.

Os ritmos sincopados que vêm do jazz e do rock estão constantemente enfatizando o 2º e o 4º tempos. Ou em alguns ritmos de rock, o terceiro tempo. Não sei o que aconteceu com minhas outras… tenho que usar essas baquetas agora. Mas a ênfase que vou tocar nesses ritmos é no tempo 2 e 4. Soa mais ou menos assim. Se vocês puderem contar 1, 2, 3, 4.

É muito difícil andar nesse ritmo. Como você pode dizer se os ritmos são sincopados ou não? Tente andar neles; eu desafio qualquer um a andar neste ritmo. Se eu continuar tocando por tempo suficiente, você vai ficar assim… Eu estava fazendo isso em um lugar e um irmão disse: “Sabe, quando você começou a tocar esses tambores, minha cabeça começou a se mexer. Eu parei a cabeça e o ombro começou a se mexer. Eu parei o ombro e o pé começou a mexer…” Se eu continuar por cerca de 5 minutos, vocês estarão completamente sob meu poder… E não há nada que vocês possam fazer a respeito. A menos que aprendam a cantar “Jesus me ama” e se oponham a esse ritmo. Não há nada que possam fazer. Se ficarem aí, serão trazidos sob a sua influência.

Música sincopada, quando se trata de rock, enfatiza o 2º e o 4º tempos. Em jazz, o jazz não busca qualquer tipo de regularidade. Os músicos de jazz dificilmente enfatizam qualquer um dos tempos regulares, 1, 2, 3 e 4, mas estão constantemente enfatizando os contratempos, o tempo todo. Eles podem fazer isso tão bem que pode tocar uma música que tenha 22 compassos e dificilmente tocar um dos tempos regulares. E 22 compassos depois entram o piano, a guitarra e o contrabaixo e enfatizam fortemente o tempo regular, para criar uma sensação de tensão e liberação. É totalmente sincopado. E o que isso faz é criar dentro do teu corpo uma síndrome de lutar ou fugir.

Mais uma vez, a forma de dizer se a música é sincopada é se você pode andar no ritmo dela. Vocês conseguem andar com isso? … Sim podem. 1, 2, 3, 4. 1, 2, 3, 4. É onde está a ênfase. Está nos tempos 1 e 3. Você não consegue andar no ritmo do rock. Você não consegue andar de forma natural, como acabei de fazer. Essa é uma forma de dizer se é sincopado ou não.

A música rock… ou a bateria pode alterar totalmente o sabor do hino ou da música religiosa que está sendo tocada. Vão em frente e me digam qual música estou tocando. … Alguém conhece o nome dessa música? Às vezes recebo algumas respostas criativas quando eu digo isso. Mas a minha esposa vai me acompanhar e então vamos prosseguir e cantar essa música. Se vocês puderem procurar para mim… Não, não posso fazer isso, porque eu daria dicas. OK. Querida, se você puder procurar onde esse hino está, para que possamos cantar da maneira correta, eu tenho a letra dele. Ok, ela está tão travada quanto eu… Ok. Não podemos dar o título, porque isso daria uma dica. Então, pronta?

Agora, aqueles entre vocês que conhecem a música, vamos cantá-la novamente, porque eu quero apagar o que acabei de apresentar do seu disco rígido. Então, é “Amor Nos Faz Contentes”; se você conhece a música, vá em frente e cante. Quero que vocês tenham em mente a diferença de como ela acabou de tocar e como ela vai tocar agora.

Amor nos faz contentes,
Amor nos dá prazer.
E para a lei cumprirmos
O amor nos dá poder.

Deus é bom, Seus filhinhos somos.
Deus é bom, quer o nosso amor.
Amor nos faz contentes,
Amor nos dá prazer,
E para a lei cumprirmos
O amor nos dá poder.

Quando ela estava tocando junto comigo, estava mais ou menos aprisionada dentro deste buraco negro. Não havia nada que ela pudesse fazer para se livrar dele, porque eu iria manter aquele andamento, quer ela quisesse ou não. E ela tinha que se encaixar comigo. As pequenas coisas sutis que ela faz, começaram a mudar, porque ela precisa se encaixar naquilo que eu estou tocando. Quando ela tocou sozinha, sem o meu acompanhamento, estava mais livre ritmicamente.

Se eu fosse marchar neste ritmo, Amor nos faz contentes, e 1 e 2 e 3 e 4; 1 e 2 e 3 e 4; e 1 e 2 e 3 e 4. Esta é a forma como ela estava tocando. Quando eu comecei a tocar, consegui virar isso de cabeça para baixo. Era muito difícil caminhar. Isso faz você dançar, exatamente.

Outro tipo de ritmo, e quero que também me digam que música eu vou tocar agora. Essa é outra música e vocês podem tentar adivinhar. … Algum palpite para essa? Ok, pronta? 1, 2, 3…

Isso é o que chamamos de ritmo de jazz. Esta música está localizada nos seus hinários, no nr. 215. Então, vamos cantar uma estrofe dele, para que possamos apagar a outra.

Remido, eu vou proclamar,
Remido por preço real.
Remido por Cristo na morte,
Eu tenho a paz eternal.

Remido! Remido
No sangue do meu Salvador.
Remido pra sempre por Cristo
Fui salvo por Seu santo amor.

Mais uma vez, também há uma grande diferença. Ela está livre para acelerar, está livre para retardar. Mas, embora às vezes eu não esteja tocando os tempos regulares, aquilo está na minha mente, tum, tum, tum, e isto está impulsionando a mim, bem como a ela, e precisamos nos encaixar nisso. Uma vez que eu retiro este contexto, ela está muito mais livre para tocar da forma como o hino foi concebido para ser tocado.


Tradução: Levi de Paula Tavares

Legendagem: Sueni Doelitzsch

Especialmente para o Música Sacra e Adoração


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