A Música na Cerimônia Nupcial

por: Harold B. Hannum

A música executada nas cerimônias nupciais em nossas igrejas revela grande disparada de opiniões. Parece haver pouco consentimento neste assunto. Cada pastor e cada congregação tem sido livres para conduzir esta política em seus domínios. Não é com o objetivo de alterar este controle que procuro apresentar estas sugestões, mas é na esperança de que se possa melhorar a norma geral no que tange às músicas executadas nas cerimônias de casamento.

Sem dúvida todos concordam que em nossos templos se devem executar exclusivamente música sacra ou de caráter religioso em qualquer serviço que nele se realiza. A igreja é consagrada à adoração de Deus, e não se coaduna com a sacralidade da igreja o executar música nitidamente secular num lugar de culto.

Muitos não entendem essa distinção entre música secular e sacra quando se propõem a executar. Pelo fato de a música ser abstrata e livre de palavras, muitos não são capazes de discernir as melodias secular e sacra. Um musicista desenvolvido reconhecerá que há estilos e espécies de músicas apropriadas para a igreja. Algumas músicas têm índole religiosa, e pelo seu caráter são adequadas para cerimônias religiosas. Outras, no entanto, são decididamente de caráter secular pela própria natureza.

Ora, não é senão apropriado que a música para a cerimônia nupcial deva vir sob a classificação de música sacra. Deve ser música que se associa com a religião. Deve ser livre de índole secular.

A cerimônia nupcial pode ser vista sob vários aspectos. O jovem casal inclina-se a ser absorvido pelo amor romântico que atrai um ao outro. Em si mesmo, isto pode ser belo. Há então a sacralidade da união de duas vidas. Este é o ponto de vista da igreja que deve realizar a cerimônia de pedir a benção de Deus sobre a união. É o lado religioso da ocasião. É séria, solene, dignificada e deve estar em consonância com a natureza religiosa da igreja. Há também o lado social de uma celebração nupcial, quando os amigos do casal lhes desejam felicidade e gozo na vida em comum. Estes votos geralmente se expressam numa recepção que se segue à cerimônia.

Algumas vezes as cerimônias matrimoniais demonstram uma completa falta de entendimento dos vários aspectos de uma celebração, e o serviço na igreja se torna uma confusão do secular com o sagrado. As manifestações românticas do casal devem ser feitas em local reservado e não publicamente diante dos convidados. Um longo abraço e um beijo no final da cerimônia são sentimentais e de muito mau gosto em público. Os verdadeiros amantes não precisam exibir-se desse jeito numa cerimônia.

Hinos e Canções

Canções de amor, muitas delas tradicionais, são na maior parte seculares por natureza, e realçam o lado romântico e secular do amor. É melhor que sejam omitidos numa cerimônia de igreja, mas podem ter lugar na recepção posterior. Na cerimônia devem-se cantar cânticos religiosos que falem da guia de Deus e peçam sua benção para o ato.

Música Instrumental

A música instrumental deve ser toda de natureza religiosa. Um programa curto antes da cerimônia constituído inteiramente de música religiosa própria para ser executada na igreja. Mesmo as marchas tradicionais são presentemente questionáveis por muitos, mas há outras marchas processionais que se podem adaptar a esse fim. As marchas processionais não soam da mesma forma que marchas comuns, não são “ligeiras”, mas sim solenes e proporcionam a reflexão. E ao som de um processional a pessoa não precisa andar ao compasso da música; não precisa marchar, mas andar. Os coros e os processionais acadêmicos são muito eficientes quando os participantes andam vagarosamente, sem procurarem o passo militar. Assim a marcha processional na cerimônia de casamento pode ser bela e eficiente quando as pessoas adentram o santuário numa procissão ordenada do toque de um hino ou outra música sacra.

Conquanto a noiva tradicionalmente tem a iniciativa de planejar a cerimônia, deve ser orientada pelo pastor e pelo organista no organizar a cerimônia na igreja. Deve ela seguir o conselho, a fim de que seu casamento possa estar em concordância com a sacralidade da igreja. Há outros assuntos, além da música, em que o conselho e orientação do pastor devem ser seguidos. Tais como a ornamentação, tiragem de fotografias, etc. Para que nada fique destoante em relação ao sacro. Para que o sacro não se misture com o “fogo estranho” do profano.


Fonte: Revista O Ministério Adventista, Maio – Junho 1959, p. 4.