(Falsas) Estratégias de Crescimento para a Igreja

Pragmatismo na Igreja – Capítulo 14

por: Mac Dominick

Pragmatismo na Igreja – Uma Religião Orientada Para Resultados: Uma Apostasia com Propósitos

Aproxima-se a Meia-Noite

Qualquer discussão bíblica que trate da aproximação cronológica do clímax do fim dos tempos normalmente conterá muitas referências ao livro do Apocalipse. Entretanto, muitos não percebem que os primeiros capítulos do livro detalham profecias que tratam especificamente da presente Época da Igreja e que muitas dessas profecias já foram cumpridas.

O livro inicia com uma saudação às sete igrejas e, ao longo dos capítulos 2 e 3, descreve a condição espiritual de cada uma delas. Quando vistas profeticamente, torna-se claro que essas descrições referem-se mais do que apenas a uma igreja local — porque na verdade descrevem sete períodos específicos de tempo desde a formação da igreja primitiva pelos discípulos de Jesus. As três igrejas finais são de particular interesse: Sardes, Filadélfia e Laodicéia.

A carta à igreja de Sardes descreve uma igreja que tinha alguns pontos bons, mas que não se conformou em total obediência à Palavra de Deus. Com base nas discussões no Cap. 2 desta série, a descrição de Sardes obviamente refere-se à era da Reforma Protestante. A igreja de Filadélfia é a única igreja para a qual Deus só tem elogios. Ela descreve aquelas igrejas que ao longo da linha do tempo permaneceram fiéis aos princípios e práticas da Palavra de Deus. Pode-se bem especular que a igreja de Filadélfia está personificada nas igrejas que se firmaram (e ainda se firmam) nos fundamentos da fé; e subseqüentemente, é a partir desse corpo que a igreja de Laodicéia nascerá.

Embora muitos nos anos 1960 e 1970 tenham achado que o Movimento Ecumênico personificava a igreja de Laodicéia, uma visão contextual das Escrituras diz que o Modernismo e o Movimento Ecumênico entre os protestantes tradicionais foram uma continuação de Sardes. A passagem do tempo também revelou que Laodicéia, o estágio final da apostasia, que envolverá aqueles que se chamam de “cristãos” no fim dos tempos, é muito mais do que o ecumenismo. A especulação pode declarar que a Igreja do Novo Paradigma bem pode ser a igreja de Laodicéia e, se isso realmente for verdade, à medida que o nó da atual mudança de paradigmas tornar-se mais apertado, a igreja certamente estará bem perto da meia-noite e do surgimento do novo paradigma.

Novas Gerações e Novos Paradigmas

A jornada pela história apresentada nos três primeiros capítulos desta série revelou a luta constante da igreja personificada de Filadélfia, que buscou preservar a verdade absoluta da Palavra de Deus. Como ilustrado no Cap. 2, os primeiros anos do século XIX deram origem ao ceticismo religioso entre os grupos protestantes. Esse ceticismo era claramente exibido por volta de 1850 entre os intelectuais da Universidade de Cambridge e plantou as sementes que produziriam a colheita apóstata do modernismo no início do século XX.

Em retrospecto, pode-se legitimamente aplicar a terminologia da Teoria Geral dos Sistemas e declarar que meados do século XIX foi o tempo de uma mudança de paradigmas — uma ampla mudança de pensamento entre os protestantes para longe da Palavra de Deus e das doutrinas fundamentais da fé. Essa mesma mudança em meados do século XIX produziu um afastamento decisivo das doutrinas fundamentais na próxima geração de protestantes tradicionais no início do século XX. Na verdade, ela ocorreu exatamente conforme a citação de Kuhn, no Cap. 13, “um novo paradigma resulta após o tempo da mudança de paradigmas”. O novo paradigma do início do século XX foi um paradigma do Modernismo. O Modernismo foi pronta e facilmente identificável; pois aqueles que afirmavam serem modernistas negavam a divindade de Cristo, o nascimento virginal, a expiação pelo sangue e a ressurreição física. Como detalhado no Cap. 3, o Modernismo do século XX fez surgir diversos grupos separatistas que formaram igrejas e organizações bíblicas e conservadoras. Essas igrejas e organizações incluíram grupos como a Igreja Metodista do Sul, o Sínodo de Missouri da Igreja Luterana, a Igreja Presbiteriana Bíblica, diversas outras igrejas não-denominacionais e autônomas, o Conselho Americano das Igrejas Cristãs, o Conselho Internacional das Igrejas Cristãs, muitas igrejas batistas independentes, e outras igrejas que procuraram manter a verdade da Palavra de Deus e a pureza da igreja.

Entretanto, como foi ilustrado nos Capítulos 8-13, o cristianismo ocidental está agora no meio de outra assim chamada mudança de paradigmas. Infelizmente, essa mudança não é tão facilmente identificada. Tragicamente, essa mudança de paradigmas tem seu epicentro no coração dos mesmos grupos de indivíduos cujos pais e avós lutaram tão valentemente contra a apostasia do Modernismo de 1930-1970, mas uma nova geração agora apareceu.

Essa nova geração de “Flautistas de Hamelin” do novo paradigma pode bem professar aderir a uma declaração doutrinária muito similar como a dos pregadores do fogo e enxofre de baixa escolaridade do interior nos primórdios da era fundamentalista de 1920-1930: eles pregam a Bíblia (ou pelo menos, porções dela). Eles podem ter um grande desejo de alcançar os “sem-igreja”. Eles podem se tornar grandes filantropos para ajudarem na luta contra a pobreza, a fome no mundo, o analfabetismo e outros desses males que flagelam o mundo moderno. Eles declaram que estão servindo a Jesus Cristo, fazendo avançar o “Reino de Deus” e edificando a igreja. Entretanto, como observado ao longo dos últimos sete capítulos, as filosofias, metodologias e até mesmo suas posições doutrinárias são chamadas em questão e levantam suspeitas de seus motivos. Exemplos perfeitos dessas questões e suspeitas podem ser bem ilustrados examinando-se o livro Uma Vida com Propósitos.

Uma Vida Com Propósitos

Em alguns aspectos dos escritos do novo paradigma, o cristão bíblico tem a impressão que esses indivíduos são um completo paradoxo. Esse é exatamente o caso do Dr. Rick Warren e seu livro de grande sucesso, Uma Vida Com Propósitos. Na perspectiva deste autor, muitos dos princípios e diretrizes apresentadas nesse livro não são apenas bíblicos, mas são também apresentados de uma forma muito eficiente.

Entretanto, ao avaliar o livro à luz de toda a posição “orientada por propósitos” defendida na ampla abrangência das filosofias declaradas de Rick Warren, os paradoxos tornam-se mais abundantes do que se pode acreditar. Por exemplo, Rick Warren fala de resistir e combater os males da cultura moderna, mas suas filosofias orientadas por propósitos expressas em seu livro anterior, Uma Igreja com Propósitos, definem que a igreja precisa adotar certos aspectos da cultura moderna para alcançar seus propósitos, ou resultados. Isto porque no modelo orientado por propósitos, os membros da igreja devem buscar terreno comum com os sem-igreja de modo a levá-los a Jesus Cristo. Warren também insiste que “o típico residente de Saddleback” precisa se sentir confortável na igreja, precisa ouvir o estilo musical que gosta, precisa ouvir somente mensagens positivas do púlpito e precisa sair da igreja sentindo-se bem o suficiente com sua experiência em Saddleback que deseje voltar. Em outras palavras, os aspectos práticos das filosofias na verdade abraçam a cultura moderna, sintetizam essa cultura com o cristianismo e produzem o híbrido do novo paradigma. Assim, a combinação da posição orientada por propósitos com as afirmações feitas nesse livro criam um incrível paradoxo. Adicionalmente, uma breve análise geral de Uma Vida com Propósitos revela o seguinte:

  • Rick Warren faz seu ataque padrão contra a música cristã tradicional (oposta à música contemporânea) — Veja o Cap. 11.

Como resultado dessas questões, os paradoxos com relação não somente a Rick Warren, mas a muitos outros envolvidos em promover o modelo do novo paradigma produziram incontáveis contradições. Entretanto, as certezas de um afastamento das diretivas da Palavra de Deus estão aqui para qualquer pessoa que se atrever a confrontar esses indivíduos com os princípios básicos da Bíblia. Portanto, a questão mais importante — O que o homem ou a mulher que procura defender a fé deve fazer diante de uma mudança de paradigma? — pode ser sucintamente respondida.

Sede Transformados

No modelo Orientado para Resultados da Igreja do Novo Paradigma, há muita discussão acerca de “transformação” e “transição”. O Cap. 11 ilustrou o aspecto transformativo dessas filosofias com o diagrama da “Educação Progressiva Transformacional” que muito claramente revelou o processo de tirar o aluno dos “antigos sistemas” e colocá-lo nos “novos sistemas”, e substituir as “antigas crenças” por “novas crenças”. Esses objetivos são os mesmos compartilhados pelos proponentes da Teoria Geral dos Sistemas, o Gerenciamento da Qualidade Total (TQM), a “Administração Por Objetivos” e outras filosofias de “pensamento de grupo” globalistas. Infelizmente, em todos os casos, a transição ou transformação é um afastamento dos padrões estabelecidos pelo sistema de valores judaico-cristão e a aceitação de uma ética global pós-moderna, “baseada na tolerância” — Veja o Capítulo 7.

Em conexão com isto, se qualquer documento pudesse ser levado ao ostracismo e esquecimento pelos pós-modernos, eles escolheriam eliminar a Palavra de Deus. A razão básica para esse assalto é simplesmente porque a Bíblia afirma ser a fonte da verdade absoluta. Uma proclamação de qualquer verdade absoluta é uma afronta direta às crenças pós-modernas. Além disso, a Bíblia detalha especificamente seu próprio plano de transformação, tanto para o pecador quanto para aqueles que já foram santificados. Essa transformação é detalhada na epístola de Paulo aos Romanos, no capítulo 12, versos 1 e 2:

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.

A segunda regra da interpretação das Escrituras diz que elas precisam ser interpretadas tendo-se em vista para quem elas foram originalmente escritas. Neste caso, esses versos foram escritos para os cristãos nascidos de novo na igreja local em Roma. Se essas palavras foram escritas para os fiéis cristãos, precisa realmente haver uma transformação na vida do cristão que leve esse indivíduo mais para perto do Pai Celestial. A Palavra de Deus interpreta a si mesma quando considerada em seu contexto e isso é certamente verdade neste caso. Se Deus deseja que o cristão seja transformado, Ele lhe dará instruções sobre como esse processo deve ser alcançado.

Um desvio para a filosofia orientada para resultados derivada a partir desses versos é apropriado neste momento. Porque neste ponto, muitos aderentes do novo paradigma podem proclamar conformidade com a Palavra de Deus, à medida que buscam fazer a transição, ou transformar a igreja, do modelo “tradicional” para o modelo “sensível aos que buscam”, ou “dirigida por propósitos”. Essencialmente, a Igreja do Novo Paradigma quer levar os cristãos a fazerem a transição das “velhas estruturas” para as “novas estruturas”, ou do “antigo sistema” para o “novo sistema”, para estar de acordo com a Teoria Geral dos Sistemas. Entretanto, esse argumento baseado no ocultismo destrói o próprio contexto da Palavra de Deus — porque a Palavra de Deus declara que o cristão deve ser transformado “pela renovação da sua mente”.

O que é exatamente uma “renovação”? É algo renovado pelo estabelecimento de alguma coisa nova? É algo renovado simplesmente pela incorporação de novas metodologias? É algo renovado por uma transição para longe do velho de modo a estabelecer o novo? A resposta a todas essas perguntas é um enfático “Não”. Renovação não é estabelecer algo novo. Renovação não é realizada com a incorporação de novos processos e metodologias. Renovação não é uma transição sistêmica do antigo para o novo. Em vez disso, de modo a renovar a mente, o filho de Deus precisa continuamente voltar-se para as velhas, definidas e absolutas verdades encontradas nas páginas da Palavra de Deus, reafirmar essas verdades e reavaliar essas mesmas verdades em sua mente, de modo a recalibrar seu pensamento para um completo alinhamento com os conceitos da Palavra de Deus.

Como foi enfatizado muitas vezes, as doutrinas fundamentais da Palavra de Deus são absolutamente críticas para a igreja. Além disso, esquecer esses “marcos antigos”, ignorar esses ingredientes vitais da “velha história” de modo a levar os cristãos a fazerem a transição para “um novo modo de pensar”, ou subordinar o ensino da doutrina em uma tentativa de atrair os “sem-igreja” ao edifício é distintamente antiético não somente ao ensino desses versos, mas à toda a Palavra de Deus. Na verdade, a Bíblia dá claramente a antítese desse conceito de transição no verso de abertura da passagem quando diz: “e não vos conformeis com este século.“.

Portanto, o filho de Deus deve viver uma vida de transformação da conformidade com o mundo e com a velha natureza à conformidade com a vontade de Deus, com base nos antigos preceitos detalhados na Palavra de Deus. A ideia que o cristianismo deve fazer a transição para um “novo modo de pensar” ou para um novo paradigma que permita aos membros da igreja alcançarem os “sem-igreja” em números recordes, ao mesmo tempo em que implementam uma abordagem sistêmica ao ministério, é um afastamento completo da Palavra de Deus. Isso se aplica tanto ao pastor quanto aos membros da congregação.

Um Apelo aos Pastores

Como mencionado anteriormente, um pastor que prega a Bíblia deseja o crescimento da igreja, e todo pastor que prega a Bíblia deseja ver a salvação de tantos indivíduos perdidos quanto possível. Entretanto, todo pastor também precisa colocar um pé atrás e fazer uma avaliação baseada na Bíblia da Religião Orientada Para Resultados e das diretivas sutis e gradativas que podem colocar tanto o pastor quanto a congregação no caminho para a total apostasia. Os métodos de Robert Schuller, Bill Hybels, Dan Southerland, Rick Warren e outros, produzem resultados numéricos muito expressivos, mas o exame dos processos e do resultado revela que tudo não é como apresentado. Devido à natureza enganosa que o pastorado enfrenta em todos os níveis, os pastores precisam estar cientes da Escritura que adverte: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.” (12) Como uma defesa contra a apostasia sorrateira da Igreja do Novo Paradigma, as seguintes diretrizes para os pastores são oferecidas para servirem como uma lista de verificação de “advertência prévia” contra as armadilhas ocultas da Religião Orientada Para Resultados:

  • Pregue sermões expositivos do púlpito. Reserve a instrução sobre relacionamentos, educação de filhos, finanças, etc., para seminários especiais ou estudos em grupos. Os cristãos se reúnem na igreja para ouvir o recado de Deus, não para assistir a uma exposição sobre planejamento financeiro, não para ouvir um discurso sobre as experiências pessoais da vida do pastor, não para assistir a uma aula sobre Psicologia.
  • Redargua, repreenda e exorte. Chame o pecado pelo seu nome e não peça desculpas por adotar uma posição alinhada com a Palavra de Deus.
  • Pregue e ensine a doutrina. É absolutamente crítico que os membros da igreja conheçam aquilo em que crêem e por que crêem. Isso os deixará preparados para enfrentarem o engano que se esconde por toda a parte — desde as “livrarias cristãs” até os programas religiosos nas emissoras “cristãs” de rádio e televisão, bem como a atração do mundo.
  • Assuma uma posição firme com relação à tradução da Bíblia de João Ferreira de Almeida, versão Corrigida e Fiel. Uma estaca precisa ser fixada no solo com relação a essa questão, pois os discípulos do Novo Paradigma lançaram um ataque malicioso contra essa tradução com afirmações de linguagem vaga e antiquada. Como resultado, um aspecto da nova metodologia do novo paradigma é o uso de múltiplas traduções. Ostensivamente, o uso de múltiplas traduções modernas torna o “Henrique sem-igreja” e a “Maria sem-igreja” mais confortáveis — porque eles estão teoricamente desconfortáveis com o uso dos pronomes “tu” e “vós” da ACF. Entretanto, um serviço em uma igreja do Novo Paradigma utiliza tantas traduções que a pessoa não pode ter certeza se o texto é das Escrituras ou de uma revista semanal de notícias. Como foi documentado anteriormente, deve ser dada liberdade pessoal para os membros nesta questão, mas é imperativo que a ACF seja o padrão irremovível para o ministério no púlpito, na Escola Dominical, nos estudos bíblicos, no Ministério dos Jovens, etc., como uma primeira linha de defesa contra a invasão de filosofias do novo paradigma.
  • A música é normalmente o primeiro ponto de transição em qualquer congregação. É absolutamente imperativo que os pastores resistam à pressão para usar bandas de louvor, coros de louvor contemporâneos no estilo do “Rock”, deixar de usar o hinário e/ou implementar um “serviço contemporâneo”. A pressão para essa transição é dupla: o pastor receberá pressão dos membros da igreja que acham que a igreja está fora de moda e não tem apelo para a geração mais jovem, ou que crescerá mais depressa se a música Rock contemporânea for implementada; e o pastor será pressionado por seus pares, que falarão dos sucessos e do crescimento explosivo que experimentaram quando se “tornaram contemporâneos”.
  • Defenda a Doutrina da Separação. Não apóie, não elogie e nem ofereça suporte aos evangelistas ecumênicos, aos pastores do novo paradigma, ou aos evangélicos carismáticos. Mesmo se esses indivíduos estiverem fazendo algumas coisas corretas, ou liderando grandes igrejas — os pastores precisam seguir a posição bíblica e se separar deles. Além disso, não apóie, não recomende, e nem participe de organizações como Mulheres de Fé, Promisse Keepers, Habitat Para Humanidade, e outras organizações ecumênicas permeadas com a contemporização.
  • Não contrate firmas de consultoria em crescimento de igreja, como a Injoy, Church Transitions, ou outras que implementam as metodologias do novo paradigma para ajudar em programas de construção ou expansão de igreja.
  • Lembre-se que um pastor é um humilde servo de Deus — não um executivo-presidente de uma empresa. A igreja local tem de ser liderada de acordo com a metodologia prescrita na Palavra de Deus — não nos princípios de Edward Deming, Peter Drucker, ou em livros de marketing.
  • A “visão para a igreja” do pastor precisa se alinhar em sua doutrina e metodologia com a Palavra de Deus. Se esse não for o caso, a visão do pastor não é o plano de Deus.
  • O pastor do rebanho precisa sempre ter em mente que o “bom pastor” cuida de todas as ovelhas. Portanto, o pastor precisa ter a certeza de que não cai na cilada de marginalizar certos membros, ou escolher quem deixará a igreja com a implementação de um programa de transição.

Um Apelo aos Membros das Igrejas

Exatamente como os pastores têm a obrigação de pastorear de forma bíblica o rebanho que lhes foi confiado por Deus, os membros da igreja têm obrigações similares. As principais questões enfrentadas pelos membros que estão sob o ataque da Religião Orientada Para Resultados são normalmente aquelas encontradas quando um pastor tenta fazer a transição da igreja para o modelo do novo paradigma. Os membros de igreja que se encontram nessa situação precisam considerar as seguintes estratégias na defesa da fé contra o ataque da Religião Orientada Para Resultados:

  • A apatia é um grande problema nas igrejas bíblicas. Entretanto, chegou a hora de aqueles que “esquentam os bancos” criarem coragem e se levantarem em defesa dos princípios bíblicos. Muitos membros de igreja evitam de todas as formas “fazer balançar o barco”, mas a situação exige que os leigos “se coloquem na brecha” e defendam a Palavra de Deus.
  • Os membros da igreja têm a obrigação de confrontar seu pastor com a Palavra de Deus. Aqueles que fizerem isso diante da tentativa de produzir a transição para o novo paradigma irão, em dúvida, ser acusados de “não apoiar o pastor”. Mas os homens e mulheres que estão desejosos de serem “Defensores da Fé” precisam se firmar na verdade diante dessas acusações.
  • Os membros da igreja não podem permitir a manipulação para que “comprem” os programas orientados para resultados. Essa manipulação pode começar com eles sendo considerados parte da “liderança da igreja” para então se tornarem o segundo nível de suporte na implementação dos esforços de transição. (Veja o Cap. 13) Essa indicação é direcionada a muitos que são considerados potenciais obstáculos para o programa. Tornar esses indivíduos parte da “liderança da igreja” apresenta um caminho duplo para deixá-lo alinhados com o programa:
  1. Um apelo ao ego com a designação de “liderança da igreja” é geralmente o suficiente para conseguir cooptar os dissidentes.
  2. A designação de “liderança da igreja” leva esses indivíduos para programas de treinamento específicos e especializados, que usam táticas planejadas para vender o conceito do programa para aqueles que são considerados possíveis obstáculos para a implementação.
  • Portanto, os membros da igreja que estão em oposição aos esforços de transição não podem permitir que sejam manipulados para um papel de “liderança na igreja” que tem o propósito de marginalizar a oposição ao programa de transição.
  • Exatamente como o pastor precisa lembrar que não é um executivo-presidente, aqueles que pertencem ao corpo diaconal e estão em verdadeiras posições de liderança precisam lembrar que não funcionam como o corpo de diretores de uma empresa, mas, ao contrário, que são humildes servos de Deus.
  • Pode chegar o tempo em que o membro da igreja que se baseia na Bíblia precisará seguir o mandamento bíblico de se separar de uma igreja que está determinada a seguir o caminho da transição para a Religião Orientada Para Resultados. Essa pode ser uma tarefa muito difícil, tendo-se em vista que muitas igrejas do novo paradigma ainda afirmam ser “conservadoras” e aderirem às doutrinas fundamentais da fé; mas a obediência à Palavra de Deus precisa ser considerada de máxima importância em todas as decisões tomadas pelo filho de Deus.
  • Exatamente como as estratégias acima se aplicam aos membros que estão batalhando contra a transição da igreja, aqueles que estão atualmente em igrejas bíblicas e sólidas não estão protegidos da onda gigante da apostasia. Isto posto, a situação crítica diante da igreja hoje exige que os membros dêem 100% de seu apoio a um pastor que se posiciona firmemente contra a Religião Orientada Para Resultados, pois um pastor que se posiciona contra essa apostasia sorrateira está se tornando cada vez mais difícil de encontrar a cada dia que passa. O número de pastores que está recebendo treinamento no modelo orientado por propósitos e sensível aos que buscam continua a crescer e, a não ser que a matança seja impedida, essa onda gigante submergirá muitas das igrejas que afirmam serem fundamentalistas e mais ainda aquelas que adotam o rótulo menos separatista de “conservadoras”.

    Por exemplo, em setembro de 2004, o Dr. Jerry Falwell novamente terá Rick Warren como orador em sua superconferência na Universidade Liberty. De acordo com a edição de maio de 2004 do Liberty Journal, Rick Warren abrirá a conferência com seu sermão “Construindo Comunidade” e, como resultado, mais pastores evangélicos receberão uma dose completa de como fazer a transição da igreja com a metodologia de Peter Drucker. À medida que os números crescem, o ímpeto do movimento continuará a crescer, e à medida que o ímpeto continuar a crescer, mais igrejas cairão sob esse rolo compressor. Isso significa que nenhuma igreja está segura, e aqueles que agora cuidam estar em pé devem vigiar para que também não caiam.

    Um Chamado à Santidade Pessoal

    Mais do que qualquer outro tema na Bíblia, os filhos de Deus são compelidos a buscarem a santificação. “Sede santos, porque eu sou santo.” [1 Pedro 1:16] A santidade é a característica principal que Deus procura em seus filhos. Esse conceito é finalizado no livro de Tito quando o apóstolo (sob a inspiração do Espírito Santo) referindo-se a Jesus Cristo declara: “O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.” (13).

    Esse verso resume o plano de Deus para Seu povo e é um plano de santidade e separação. Os cristãos devem ser exemplos de pureza e santidade na Terra, refletindo a glória e santidade do Pai nos céus; e santidade é sinônimo de separação. Em consideração a tudo o que foi escrito neste livro, um aspecto muito interessante da ascensão da Religião Orientada Para Resultados é o fato que um aspecto das diretivas de Deus para Seus filhos, que os discípulos do novo paradigma mais minimizam, é a coisa que para Deus é a mais prioritária. Esses mesmos indivíduos substituíram a santidade e a separação pelo evangelismo.

    O evangelismo é muito importante. Qualquer indivíduo que chama a si mesmo de fundamentalista e que ao mesmo tempo ignora o evangelismo não é um verdadeiro fundamentalista. Como definido no Cap. 5, “O fundamentalismo é uma ortodoxia militante com um zelo para ganhar almas.” (14) Entretanto, o evangelismo não é o propósito principal da vida cristã e também não é o propósito principal da igreja. A importância do evangelismo não deve ser minimizada, mas quando o evangelismo em si mesmo torna-se o resultado declarado em uma filosofia “Administração Por Objetivos”, a santidade e a separação são subjugadas de modo a alcançar o resultado do crescimento da igreja. Além disso, quando o evangelismo e o crescimento da igreja tornam-se sinônimos, a metodologia da igreja torna-se um “jogo dos números” por meio do qual as equipes de evangelismo se tornam representantes de vendas da igreja, em vez de equipes de ganhadores de almas.

    Os cristãos bíblicos devem ser separados do mundo e viver uma vida de justiça e santidade. O cristão bíblico deve ser zeloso de boas obras. O cristão bíblico deve buscar a vontade de Deus em cada aspecto de sua vida. O cristão bíblico tornará o evangelismo uma parte vital disso tudo.

    O evangelismo não deve ser minimizado, mas o evangelismo deve ser realizado de acordo com os métodos prescritos na Palavra de Deus. De acordo com esses métodos, o slogan “Uma igreja para os sem-igreja” é biblicamente um oxímoro. A igreja local é principalmente a reunião dos santos para a edificação e o treinamento. Os santos devem então sair da igreja como indivíduos e equipes ganhadores de almas para levar outros a Cristo. Esses novos convertidos devem então ser trazidos para a igreja para que o ciclo se repita novamente. Quando esse modelo bíblico é seguido, os cristãos são instruídos na Palavra de Deus, o Espírito Santo inspira cada cristão a buscar a santidade em cada aspecto de sua vida, muitos indivíduos perdidos são levados a Cristo e, como resultado, a igreja cresce.

    Você Está Preparado?

    Ninguém neste mundo sabe por quanto tempo Jesus Cristo ainda demorará a vir buscar Sua igreja para a Ceia das Bodas do Cordeiro. Além disso, qualquer atual identificação da igreja de Laodicéia dos últimos dias conterá algum grau de especulação. Entretanto, a despeito das realidades cronológicas, o que os indivíduos que crêem na Bíblia fazem agora terá um impacto profundo no futuro do verdadeiro cristianismo. Como já mencionado, a natureza dialética da filosofia orientada para resultados é uma ameaça à própria existência do cristianismo. Embora alguns possam questionar essa afirmação, novamente, uma lição pode ser aprendida da história — e essa lição histórica em particular vem do Antigo Testamento.

    Depois que os filhos de Israel foram levados em cativeiro pelos babilônios em 586 AC, o profeta Ezequiel proferiu as palavras de Deus à nação em cativeiro. O Senhor revelou a Ezequiel a verdade dos eventos que ocorreram antes de eles serem levados cativos de sua terra:

    E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com o fogo do meu furor os consumi; fiz que o seu caminho recaísse sobre a sua cabeça, diz o Senhor DEUS.” (15).

    Ezequiel diz que Deus procurou alguém que “estivesse na brecha” diante Dele e em favor da terra. Em outras palavras, Deus procurou alguém que fosse corajoso o suficiente para lutar pela verdade e virar a maré do pecado — mas não encontrou ninguém. Como resultado, muitos foram mortos e o remanescente da nação de Judá foi tirado da terra prometida por Deus para se tornar escravo em uma terra estranha.

    Esse cenário precisa levar os indivíduos na igreja hoje a fazerem a seguinte pergunta: se Deus levou toda a nação ao cativeiro, será se Ele fingirá não ver a apostasia? Se os homens e mulheres que crêem na Bíblia hoje estão tão apáticos, tão temerosos, tão intimidados, tão egoístas e tão ignorantes para se posicionarem contra a ameaça dialética pronta para destruir a verdade, o que acontecerá com a fé de seus filhos? Qual será o legado espiritual desta atual geração? Os pastores e membros de igrejas bíblicas estão dispostos a se posicionarem pela verdade da Palavra de Deus diante daqueles que se chamam a si mesmos de “conservadores”, mas cujos métodos estão abrindo as comportas da apostasia? Estão as igrejas dispostas a dizerem “não” às maiores Escolas Dominicais, maiores grupos de jovens, maiores edifícios e maiores ofertas, de modo a permanecerem com o “Assim diz o Senhor”? Estão os pastores dispostos a continuarem como humildes servos do Senhor? Essas são as questões que surgem com a mudança de paradigma para as filosofias orientadas para resultados e essas são as questões que todos que se chamam de fundamentalistas precisam estar preparados para enfrentar e responder biblicamente.

    À medida que se aproxima a meia-noite, o que os cristãos bíblicos farão terá uma profunda diferença para o amanhã e para a próxima geração. Chegou a hora para até o mais tímido “se revestir de toda a armadura de Deus” e pegar nas armas na luta contra as forças enganosas que ameaçam a própria existência do cristianismo. Se a Igreja do Novo Paradigma não marca o início da Era de Laodicéia, ela certamente prepara o caminho para o estágio final da apostasia que resultará na ascensão do “homem do pecado”.

    Assim, à medida que os tempos se tornam cada vez mais trabalhosos, o que você fará? Está disposto a se colocar na brecha diante de Deus? Será você aquele homem ou mulher que Deus procura para resgatar o cenário espiritual e preservar Sua verdade para a próxima geração? OU — Irá o fracasso desta geração produzir uma nova geração “que não conhece ao Senhor”?


    Notas Finais

    1. Rick Warren, Uma Vida com Propósitos, Editora Vida, pág. 58 no original em inglês.
    2. Ibidem, pág. 193 no original em inglês.
    3. Ibidem, pág. 125 no original em inglês.
    4. Ibidem, pág. 55 no original em inglês.
    5. Ibidem, pág. 88 no original em inglês.
    6. Ibidem, pág. 33 no original em inglês.
    7. Ibidem, pág. 248 no original em inglês.
    8. Ibidem.
    9. Ibidem, pág. 82 no original em inglês.
    10. Ibidem, pág. 41 no original em inglês.
    11. Ibidem, pág. 108 no original em inglês.
    12. 1 Coríntios 10:12.
    13. Tito 2:14.
    14. Beale, David O, In Pursuit of Purity: American Fundamentalism Since 1859, Unusual Publications, Greenville, SC, 1986, pág. 348.
    15. 15. Ezequiel 22:30-31.

    Fonte: A Espada do Espírito


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