Música, Adventismo e Eternidade – Capítulo IX

por: Pr. Dario Pires de Araújo

Trasladação

Laodicéia, o movimento profético que Deus despertou das cinzas do grande desapontamento milerita, caracterizou-Se, no princípio, por uma busca sincera e bem intencionada de toda a verdade bíblica. Luz em abundância foi derramada, e hoje o movimento de proporções mundiais é, sem dúvidas, o mais bem iluminado pelo mais glorioso corpo de doutrinas puras que o planeta conheceu.

Hoje, na época do sesquicentenário, a Testemunha Fiel e Verdadeira observa-lhe as obras, e chama-lhe a atenção para seu estado infeliz de mornidão. Suas obras não estão em harmonia com sua luz.

Leva nas mãos, além da Bíblia, compêndios divinos sobre Evangelismo, Beneficência Social, Medicina e Saúde, Nutrição, Viver Saudável, Educação, História da Redenção, Profecias, Doutrinas, enfim, sobre tudo, inclusive música. Orgulhosamente os exibe como prova de sua origem e orientação divinas. Contudo, poucos são os que estão buscando com intenso interesse viver toda esta luz. A Testemunha Fiel e Verdadeira observa e nota com pesar que nem um em vinte está preparado para a trasladação.

Dos dezenove restantes, uns não conseguem viver sem bifes e churrascadas; outros sem café, mate e coca; outros sem cinema, telenovelas; outros sem luxo e moda; e grande parte deles sem “rock” e música popular, coisas todas que não encontrariam no Céu. Seu gosto e apego a estas coisas, e outras tantas, os desqualificam para o ambiente do Céu e da Nova Terra.

Apesar de saberem que o caráter e os gostos não serão transformados pela ressurreição ou trasladação, não estão preocupados em já se acostumarem aqui com as coisas celestes. De tanto permitirem que sua mente e sensibilidade sejam queimadas com a música mundana de hoje, “as vozes dos anjos e a música de suas harpas não Ihes agradariam. Para sua mente, a ciência do Céu seria um enigma” (PJ, 364). Baterias, guitarras, saxofones, contrabaixos, sintetizadores em ritmos loucos fizeram com que seus conceitos de beleza descessem tanto que são agora incapazes de apreciar a beleza dos coros celestes.

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Os que se sentiam mal na igreja em presença de música popular religiosa, agora se deliciam com a música sacra. Aqueles que se apegaram ao gosto pela música híbrida e desvirtuada, não achariam a música do Céu “legal”, e por isso lá não estarão.

Como Igreja temos sido mais apressados em providenciar qualquer coisa para o povo ouvir e se entreter, do que educar o seu gosto e prepará-los para a música do Céu. “Ao guiar-nos nosso Redentor ao limiar do Infinito, resplandecente com a Glória de Deus, podemos aprender o assunto dos louvores e ações de graças do coro celestial ao redor do trono; e despertando-se o eco do cântico dos anjos em nossos lares terrestres, os corações serão levados para mais perto dos cantores celestiais. A comunhão do Céu começa na Terra. Aqui aprendemos a nota tônica de seu louvor” (Ed. 167 e 168).

Entretanto quem não se arrepia com a ideia de que a maioria da juventude adventista neste tempo vai perder a vida eterna? Ah, se todos se afastassem da música que conduz à perdição! Ah, se estes discos, fitas e partituras fossem agora queimados, esses jovens não teriam que ser queimados com os ímpios!

“Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te”, diz o Amém (Apoc. 3:19).

Na epopéia da Criação os anjos cantavam e rejubilavam, saudando o que saía das mãos do Criador diariamente. Este mesmo coral durante milênios já ensaiou e está preparado, aguardando o dia em que Jesus voltar a esta Terra, com rijo clangor de trombeta, buscando Laodicéia e os remidos de todas as épocas.

É o momento de soarem os primeiros acordes que abrem o último ato no grande Oratório da Redenção. Abrem-se as cortinas da Eternidade para não mais se fecharem…!

“Em cada mão são colocadas a palma do vencedor e a harpa resplandecente. Então, ao desferirem as notas os anjos dirigentes, todas as mãos deslizam com maestria sobre as cordas da harpa, tirando-lhes suave música em ricos e melodiosos acordes. Indizível transporte faz fremir todo o coração, e toda a voz se ergue em grato louvor: ‘Àquele que nos ama, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai; a He glória e poder para todo o sempre’. Apoc. 1:5 e 6” (GC, 651).

“Então aquela voz, mais harmoniosa do que qualquer Música

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que tenha soado já aos ouvidos mortais, é ouvida a dizer: ‘Vosso conflito está terminado. Vinde benditos de Meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.’ “(Idem).

“Oh, maravilhas do amor que redime! Transportes daquela hora em que o infinito Pai, olhando para os resgatados, contemplar Sua imagem, banida a discórdia do pecado, removida sua maldição, e o humano de novo em harmonia com o divino!” (GC, 652).

Adão é levado ao encontro com Cristo. “Lança então sua brilhante coroa aos pés de Jesus e, caindo a seu peito, abraça o Redentor. Dedilha a harpa de ouro, e pelas abóbadas do céu ecoa o cântico triunfante: ‘Digno, digno é o Cordeiro que foi morto e reviveu!’ A família de Adão associa-se ao cântico e lança suas coroas aos pés do Salvador, inclinando-se perante Ele em adoração” (GC, 653).

“Esta reunião é testemunhada pelos anjos que choraram quando da queda de Adão e rejubilaram ao ascender Jesus ao Céu, depois de ressurgido, tendo aberto a sepultura a todos os que cressem em Seu nome. Contemplam agora a obra da redenção completa e unem as vozes no cântico de louvor” (GC, 653).

“No mar cristalino diante do trono, naquele mar como que de vidro misturado com fogo – tão resplendente é ele pela glória de Deus – está reunida a multidão dos que ‘saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome. ‘Apoc. 15:2. Com o Cordeiro, sobre o Monte Sião, ‘tendo harpas de Deus’, estão os cento e quarenta e quatro mil que foram remidos dentre os homens; e ouve-se, como o som de muitas águas, e de grande trovão, ‘uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas’. E cantavam um cântico novo diante do trono – cântico que ninguém podia aprender senão os cento e quarenta e quatro mil. É o hino de Moisés e do Cordeiro – hino de livramento. Ninguém a não ser os cento e quarenta e quatro mil, pode aprender aquele canto, pois é o de sua experiência – e nunca ninguém teve experiência semelhante” (GC, 653 e 654).

“Por entre o agitar dos ramos de palmeiras, derramam um cântico de louvor, claro, suave e melodioso, todas as vozes aprendem a harmonia até que reboa pelas abóbadas do céu a antífona: ‘Salvação ao nosso Deus que está assentado no trono, e ao Cordeiro’. E todos os habitantes do Céu assim respondem: ‘Amém. Louvor, e Glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus,

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para todo o sempre.’ Apoc. 7:10 e 12″ (GC, 655).

“A cruz de Cristo será a ciência e cântico dos remidos por toda a eternidade.” “… Ao olharem as nações dos salvos para o seu Redentor e contemplarem a glória eterna do Pai resplandecendo em Seu semblante; ao verem o Seu trono que é de eternidade em eternidade, e saberem que Seu reino não terá fim, irrompem num hino arrebatador: ‘Digno e o Cordeiro que foi morto, e nos remiu para Deus com Seu mui precioso Sangue!'” (GC, 656).

Imagine-se neste cenário, participando destes louvores durante o milênio até que a última parte do grande Oratório se desenrole e você possa ouvir o próprio Pai erguendo a voz clara e possante a cantar: “Eis que crio novas todas as coisas!” E todo o Universo respondendo em antífonas: “Aleluia, Amém!”

Você precisa estar lá. Você não pode faltar. O seu gosto precisa ser santificado. Não há mais tempo a perder.

O grande Regente do Universo se prepara para os acordes finais da grande cadência cósmica, e já se abrem as cortinas da Eternidade…

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