O Ministério Levítico e a Influência do Humanismo na Música Evangélica Contemporânea

por: Rubens Ciqueira

Conclusão

Nesta nossa reflexão sobre a música de caráter teocêntrico temos procurado mostrar que o assunto é essencialmente espiritual e digno de nossa atenção especial. Por sua natureza espiritual, a verdadeira música de adoração só é possível quando impulsionada pela obra do Espírito Santo, dentro de nós. Além do mais, os passos a serem tomados para uma redescoberta da verdadeira adoração são exercícios altamente espirituais e contradizem profundamente nossa natureza e impulsos carnais. Mas a verdadeira música de adoração sempre exaltará a Cristo, transformará o adorador, convencerá o incrédulo da presença do Adorado ente os adoradores.

A nova igreja herdou uma tradição dos judeus, expressa no canto dos salmos. Mas, porque sofreu influências, a igreja acabou por admitir práticas musicais distintas da tradição. Essas mudanças começaram a ser notadas de forma mais clara no início da igreja, sob a influência das tradições gentílicas incorporadas no culto cristão.

Diante da nossa proposta, princípios básicos mostrados pela analise do ministério levítico são o ponto chave para que a igreja contemporânea retorne aos princípios teocêntricos da adoração. Precisamos não somente procurar a organização mostrada pelos levitas, ou a técnica de instrumentalização e canto. Mas, ter os princípios bem definidos de adoração, e saber a quem estão cultuando, se ao homem ou a Deus.

A profissionalização da música evangélica teve seus pontos positivos, no que diz respeito a qualidade de arranjos e harmonia, entendemos que Deus merece o melhor que nós, criaturas, podemos fazer. Mas, tudo isso se tornou em laço para os “levitas”, atuais, pois vivemos numa época onde a qualidade é representada por números e cifras. O mercado da música evangélica é hoje um dos segmentos da sociedade que mais tem crescido nos últimos anos; tanto é verdade que investidores que antes eram conhecidos no meio secular, hoje tomam as rédeas das grandes gravadoras evangélicas, com as mesmas técnicas e estratégias com que conduzem as outras gravadoras.

Seria muita ingenuidade de nossa parte se não esperássemos que, com tudo isso, surgissem no nosso meio “super-stars” que determinam o agir de Deus e condicionam a presença divina somente onde eles estão. A célebre frase humanista que “o homem é a medida de todas as coisas”, nunca esteve tão atual quando notamos o homem querendo controlar o agir de Deus dependente da sua vontade.

O movimento humanista fundamentou e disseminou suas principais filosofias no seu tempo por volta do século XVI, e ao longo deste tempo esses ensinos vêm se enraizando em todos os âmbitos da sociedade. Não que hoje essas filosofias tenha chegado ao seu ponto máximo, mas o momento em que vivemos hoje se tornou propício para que aliada ao consumismo, que se tornou o mau do século, formasse o quadro que se vê no nosso meio.

Tudo aquilo que é contrário às Escrituras tem hoje uma porta de fácil acesso dentro das igrejas evangélicas, que é a secularização. A todo o momento buscamos nos resultados obtidos lá fora, a chave para o sucesso de determinadas ideais no meio cristão. A música é parte fundamental disso, por causa do seu poder de persuasão e ensino comprovado ao longo dos séculos.

O poder que a música tem é usado há muito tempo para se obter àquilo que se deseja de um determinado grupo; assim passou a ser fundamental dentro das igrejas, não com o objetivo primário, que era adorar a Deus, mas para satisfazer ao homem e mantê-lo preso na igreja e não em Deus.

Finalmente, temos que admitir que, de acordo com as Escrituras e a história cristã, adorar a Deus corretamente exige tempo e humildade. Preparação é essencial. Examinar nossas intenções e avaliar nossas ações devem ser exercícios constantes em nossa vida de adoradores. Além do mais, nosso coração deve ser continuamente guardado contra o egocentrismo a fim de que possamos dizer: “não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome dá glória” (Salmo 115.1). É somente adorando o Senhor de modo verdadeiro que seremos encontrados por Ele e, acharemos o sentido da nossa existência.


Fonte: Publicado originalmente em http://www.textosdareforma.net


Bibliografia

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