A Música na Igreja Adventista – Parte 1.1

Parte 1

Capítulo 1º: Influências Estranhas

Três campos musicais especialmente têm exercido considerável influência sobre nossa música sacra. Com “nossa música sacra” queremos dizer não só a que os adventistas usam no Brasil, mas talvez nas Américas e, quem sabe, música sacra de outras religiões também. Estes três ramos são: a música erudita secular, a música de caráter popular e a música de caráter folclórico.

A nosso ver a que menos maléfica se tem mostrado é a influencia da música erudita secular pela facilidade em que existe em se classificar e distinguir um tipo e outro. Não há grande dificuldade em se dizer se a música é sacra ou secular erudita pela finalidade em que foi composta, e pelas características próprias que cada uma possui.

Além disso a atmosfera sonora que criam certas músicas eruditas seculares principalmente das mais antigas, é uma atmosfera muito semelhante àquela que a boa música sacra provoca, sendo que afetam o estado mental de maneira semelhante. Neste ponto é que achamos que é menos maléfica a música secular erudita que lembre o caráter da música sacra, do que qualquer música com rótulo, cor e cheiro de sacra que lembre o caráter de músicas profanas.

Já não acontece o mesmo com as outras correntes de influência, que já se tornam bem mais sutis e mescladas com religiosidade; são as associações infelizes de palavras do tema religioso e musicais de caráter duvidoso, ou seja, um texto sacro – rapaz direito, se unindo à música profana – moça leviana; tal união jamais será feliz porque, mesmo que a música esteja ligada com palavras religiosas, ela jamais perdera seu verdadeiro caráter.

Se bem que em todas as partes do mundo se tenham observado tais influências sobre a música sacra, o país a que devemos grande parte desta nossa herança é o berço da nossa Denominação, pois nossa Igreja nasceu cantando nos Estados Unidos, sob todas as influências reinantes na época mais recentes, e tem exportado abundantemente o material desenvolvido. É bem verdade que nós apenas importamos o que queremos, e ninguém nos obriga a cantarmos melodias de caráter questionável com palavras religiosas; mas a falta de discernimento de uns, ou o simples silêncio de outros sobre o verdadeiro caráter de certas músicas consideradas religiosas, podem provocar nos menos avisados a sensação de estarem praticando o de melhor se possa exigir em matéria de música sacra, quando na realidade estão fazendo uma mistura de gêneros musicais.

Para que compreendamos todas as correntes e tendências, bem como os movimentos de formação e desenvolvimento de nossa música sacra, é necessário que façamos um retrospecto mais demorado, não da hinodia e salmódia protestantes européias – herança dos reformadores, que são temas sobre os quais já existem fartos estudos e não são nosso objetivo retratar – mas dos cânticos sacros que chegaram à Nova Inglaterra com protestantes ingleses em princípios do século XVII, os salmos puritanos, os demais tipos de música consideradas sacras da época dos reavivamentistas, as influências africanas, a música dos nossos primeiros missionários e a resultante atual de todas as forças e influências.

Por se tratar de música sacra, dois aspectos devem ser forçosamente ser considerados: o histórico e o teológico. Como um historiador musical e um teólogo analisariam modernamente todas as transformações pelas quais passaram as primitivas músicas sacras até chegarem a nossos dias?

Isto é o que veremos a seguir.


Capítulo 2º

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