Distribuindo o Som no Ambiente

por: Fabiano Pereira

Na edição passada, falamos um pouco sobre a fixação das caixas de som do PA nas paredes laterais, forma mais frequentemente encontrada em nossos salões de reunião. Contudo, não há “receita de bolo” quando o assunto é distribuição de som num ambiente. Cada caso exige um cuidadoso estudo, para evitar que grandes somas de dinheiro sejam gastas sem que se logre êxito no projeto. Por isso, gostaria de relacionar hoje mais três formas alternativas de fixação do sistema de PA. Algum deles pode ser o ideal para o seu caso.

Fly PA (fig. 1) – Esse sistema tem ganhado força no mercado, especialmente em ambientes de médio e grande portes. O fly PA responde muito bem em ambientes grandes e largos, onde a fixação de caixas nas paredes laterais privaria do som a parcela do público que se senta mais ao centro do salão. Fixado sobre o palco, permite que o som seja distribuído para todas as regiões do ambiente sem que as hajam grandes variações de volume, o que acontecia com o sistema clássico de PA montado em forma de torres sobre o palco, que fazia das primeiras fileiras de público o “escudo protetor” que recebia a força do primeiro impacto do som do PA.

Agora, se você não quiser ficar pendurado em andaimes regulamente, é bom montar seu fly com caixas de boa qualidade e fazer um bom alinhamento do sistema assim que o instalar, pois o acesso ao mesmo é limitado pela altura de montagem. Outro cuidado necessário é o do posicionamento correto das caixas, e sua inclinação. Assim como nas demais formas de fixação do PA, o ouvido do público é nosso alvo central, enquanto a fuga do rebatimentos em paredes, janelas e piso é o imperativo a ser observado. Trabalhe sempre com os valores aproximados de abertura de ângulo das caixas de som: 90°  no eixo horizontal e 60° no eixo vertical. São valores aproximados, que sofrem leve alteração dependendo das características construtivas de cada caixa, mas servem para referenciar.

Sonorização de teto (fig. 02) – Pouco difundido e empregado, talvez por falta de informação, a fixação de caixas deitadas no teto, com os falantes voltados para baixo, pode ser uma boa solução para problemas de PA em ambientes com altos índices de reverberação, pé direito muito alto e ausência de forro. Fixando as caixas dessa forma, o espaço vertical excedente, problemático pela ausência de forro, é praticamente isolado ao ficar atrás das caixas. Contudo, o segredo maior nesse tipo de projeto está em distribuir o PA em diversas caixas de potência menor, de forma eqüidistante, evitando proximidade muito grande com as paredes laterais (para fugir da reverberação nestas). Isso permite um som com volume uniforme por todo o salão, evitando a necessidade de altos níveis de pressão sonora (volume) para a distribuição.

Fly Central (fig. 03) – Em ambientes extremamente hostis à legibilidade do áudio, como ginásios de esportes, a técnica de posicionamento mais empregada tem sido a do fly central. Fixando junto um conjunto de caixas, voltados para todos os lados (360° na horizontal), suspende-se o mesmo bem no centro do ambiente. Isso permite que o som seja distribuído à toda a platéia, de forma central, e ajuda a absorver parte do reverb do ambiente ao jogar o som diretamente contra a platéia, que, além de ouvinte, é também fonte de absorção sonora. Contudo, o local para montagem do palco se resume a região logo abaixo do fly central, conseqüentemente, centro do ginásio.

Bom, essa foi, de forma extremamente condensada, uma explanação sobre as principais formas de fixação das caixas de PA. Para conhecer um pouco mais, leia material especializado e invista em treinamento. Hoje já existem ótimos livros em português sobre o assunto, como “Som ao Vivo” de Renato Muchon, “Sound Check” de Tony Moscal, e “Acústica Arquitetônica“, do Prof. Pérides Silva, entre outros títulos, que podem lhe dar uma boa base inicial, além de revistas especializadas, como a Backstage, que mensalmente dá ótimos toques sobre o tema “áudio profissional”.

A partir da próxima edição, vamos sair do meio do público e passar a falar sobre o som sobre o palco: conversaremos sobre monitoração. Deus os abençoe.

Legenda das figuras:

Fig. 01 – Lombard Church of the Nazarene, Lombard, IL
Fig. 02 – Brookside Church, Fort Wayne, IN
Fig. 03 – Key Arena em Seatlle – WA


Fabiano Pereira é operador de rádio e técnico de áudio e vídeo há mais de 17 anos. Dirige o CCPA – Centro Cristão de Produção Audiovisual, ministério sem fins lucrativos que atende igrejas de todo o país ministrando workshops e seminários e prestando consultoria. E-mail para contato: [email protected]


Fonte: http://www.provoice.com.br