Os Dez Mandamentos Do Técnico De Som

por: Marcelo Fernandes

O técnico de som evangélico é um elemento de grande importância para que tenhamos experiências bem sucedidas na vida da igreja em apresentações musicais. Para que ele desempenhe bem o seu papel, é importante que ele cumpra os Dez Mandamentos, não só aqueles mencionados no capítulo 20 de Êxodo, mas também os apresentados a seguir.

1- Não Conversarás – Muitos técnicos pensam que a melhor hora para colocar o papo em dia é quando estão no meio de uma programação que exige a máxima atenção. Não se deixe confundir mesa de som com mesa de lanchonete. A ordem é sempre olhar para frente e não para os lados ou para trás.

2- Não Andarás – Uma das funções de um técnico é a de verificar se todo o sistema está correto e em perfeito funcionamento, mas isso não quer dizer que se deve ficar dando voltinhas pela igreja. Sabe por quê? Porque as pessoas estão atentas à programação, e qualquer movimento paralelo desviará a atenção. Ande somente o necessário e discretamente, procurando disfarçar ao máximo a atenção. Assim você não chama a atenção e evita levar uma bronca do pastor.

3- Não Aparecerás – Essa deve ser uma das principais marcas do bom técnico de som: o anonimato. Isso significa dizer que quanto menos ele aparecer na realização de qualquer evento ou programação, mais pontos são computados para ele. É como um juiz de futebol que tem seu desempenho avaliado durante uma partida não pelo fato de aparecer, mas de comprometer o menos possível a sua realização. Nem sempre o mais importante é aquele que concentra em si todas as atenções. Quanto menos você aparecer, mais o Senhor Jesus aparecerá.

4- Não Mexerás – Não existe nada mais irritante no mundo do áudio do que um técnico “fução” [*]. São os famosos mãos nervosas, que acham que só porque a mesa tem muitos botões, devem ficar em constante movimento e isso não é bem assim. Você já ouviu a frase “em time que está ganhando não se mexe”? Pois é. Esta é uma verdade, mas poucos técnicos de som a conhecem. Numa apresentação em que, por exemplo, usam-se muitos microfones, muitas vezes ficar mexendo só compromete a apresentação. Uma vez regulada o microfone, a função do técnico é a de vigiar a mesa para que ninguém mexa. É lógico que alguns ajustes são necessários, mas uma vez feitos, o resto é conseqüência.

5- Não Atrasarás – Aqui entram dois itens distintos que comprometem a programação e o testemunho para incrédulos. Primeiro, o fato de estarem chegando para uma programação e o técnico, bem como seu ajudantes, ainda estarem todos sujos e montando ou testando o equipamento. Isso mostra uma profunda falta de planejamento e organização. O técnico evangélico tem obrigação de saber quanto tempo ele leva para montar um equipamento, já contando com possíveis imprevistos, como falta de energia elétrica, falta de transporte até o local, queima de algum aparelho, cabos com defeito, etc. Para tudo isso, deve haver um planejamento a fim de que o Reino não perca.

O segundo item é ainda mais importante: o começar na hora certa. O técnico que atrasa a apresentação está cometendo vários erros. Vejamos alguns deles: está desrespeitando os pontuais; está valorizando demasiadamente os retardatários; está ensinando que o tempo não tem valor; não esta disciplinando o povo.

Todos o horários marcados para o início de cultos ou programações devem, impreterivelmente, ser respeitados. Mesmo que o número de presentes seja pequeno, o horário deve ser obedecido em respeito aos que chegam com antecedência e, acima de tudo, em respeito aquele que deve receber to da honra e glória: Jesus Cristo. Falta de pontualidade é relaxamento, negligência, desrespeito e leviandade. “Maldito aqueles que fizer a obra do Senhor negligentemente” (Jeremias. 48.10).

6- Não Improvisarás – Você usa uma politriz para lustrar o chão de sua casa? Ou então usa Coca-Cola para desentupir a pia da cozinha? Junto com estes exemplos existem muitos outro que na realidade até funcionam, mas não foram feitos para este fim. No som acontece a mesma coisa. Muitos, por falta de recurso; outros, simplesmente para aparecerem. Dizem alguns: “Este técnico é bom; usou a linha de pescar de seu pai para substituir a corda que arrebentou da guitarra de fulano”. Outros talvez digam: “Só esse técnico mesmo! Colocou os retornos de um jeito todo especial para ajudar na projeção do P.A.” Ainda é possível que alguns outros também achem o seguinte: “Puxa, esse técnico é o máximo! Usou o fone de ouvido como microfone na narração da cantata”.

Se este técnico pensa que está computando pontos para si, acertou, mas pontos negativos. Este tipo de atitude só demonstra que ele não tem um pingo de organização. Ai você me pergunta: “Então se estragar um cabo na hora da programação, eu deixo o som sem funcionar?” Claro que não. A programação não pode parar e isto não vai acontecer se você acertar tudo com antecedência. Às vezes temos alguns problemas que nos impedem de fazer a coisa certa, como por exemplo: sua igreja não tem condições financeiras para comprar bons equipamentos; ou você fez tudo com antecedência, mas na hora de tilt em alguma coisa; ou você pensou que o que tinha em mãos seria suficiente. Desde que você tenha feito tudo que estava ao seu alcance e com antecedência, dar um jeitinho irá mostrar não só profissionalismo como dedicação à obra.

7- Não Demolirás – Se você é um técnico que gosta de “botar a casa a baixo”, me desculpe; seu lugar é numa empresa de demolições. Som alto não é sinônimo de qualidade. Quando o pastor diz para sentirmos a atuação do Espírito Santo em uma programação, não quer dizer que é uma deixa para você estremecer o templo, e sim, para o som ficar tão suave quanto a atuação de Deus em nosso meio. Se você reparar bem, o Rock in Rio tem toneladas de potência de muita música; e a letra onde fica? Devemos ter a consciência de demonstrar a letra em primeiro lugar e a música em segundo. Não adianta ter técnica e não se entender nada do que está cantando. Devemos unir tecnologia com fidelidade musical, caso contrário, agrediremos nossos ouvintes com toneladas de decibéis. E mais, não se esqueça jamais de que seu ganha pão é o ouvido; por isso, cuide bem dele.

8- Não Farás Rolo – Bem, não estou falando sobre arrumar brigas, mas sobre fazer rolos de fios pelo templo ou pelo palco só para ver as pessoas se enrolarem neles. Costumo dizer que se conhece um técnico de som pelos nós que ele cria. Quer saber como ele é em casa com suas coisas pessoais? Observe como ele deixa os cabos no palco.

O bom andamento de uma programação depende, muitas vezes, de como você organiza seus cabos de sinais e energia. Já pensou se dá uma pane num cabo de microfone bem no meio de uma programação, onde existem mais de 60 cabos trançados e espalhados pelo chão? Se você for rápido, levará no mínimo uns 20 minutos para achar o infeliz defeituoso. Organize seus cabos. O sucesso de sua programação poderá depender disso.

9- Não Ungirás – Você sabia que não é só o gato que tem medo de água? Pois é, aparelho eletrônico também tem. Sem essa de dizer que está ungindo o equipamento com Coca-Cola. Copos e garrafas não se misturam com áudio. Na verdade nem devem se aproximar uns dos outros. Existe hora para tudo, inclusive para se beber água ou refrigerante. Evite ter copos e garrafas sobre o equipamento. Isso poderá acarretar sérios problemas e também colocar em risco sua equipe.

10- Não Espancarás – Alguns técnicos pensam que, para o equipamento funcionar, deve antes levar algumas pancadas. Acho que o único que merece uma boa correção é você. Se o aparelho não funciona, dificilmente batidas resolverão. A mesma coisa acontece com o microfone. Este é mais sensível ainda e, uma vez danificado, nunca mais será o mesmo. Trate de seu equipamento com carinho e ele responderá com a mesma fidelidade.

[*] Nota: A palavra “fução” vem do verbo “fuçar” que, segundo o Aurélio significa: revolver, bisbilhotar, remexer. (voltar)


Fonte: http://www.somaovivo.org