Estudando os Estilos e Montando Repertório

por: Sílvio Depieri

Montar um repertório, tendo como base os principais estilos usados em nossa cultura é ter a oportunidade de praticar uma grande variedade de linguagens, articulações e sonoridades. E o que exatamente isso quer dizer?

Conhecer um número razoável de estilos vai ser fundamental para que possamos nos familiarizar com a linguagem de cada um deles. Como tocar jazz sem ter estudado Charlie Parker, Miles Davis, Duke Ellington, Charles Mingus e tantos outros. Se você não se familiarizar com o jazz, não poderá tocá-lo como se deve. E como tocar chorinho sem estudar Pixinguinha, Waldir Azevedo ou Zequinha de Abreu?

Sem conhecimento de causa, sem contato com a estrutura de cada estilo, o instrumentista passa de conhecedor para atrevido, tentando com a sua limitada informação transmitir de forma, no mínimo leviana, a linguagem de cada música.

Os estilos nos revelam um pouco da cultura de cada povo, de cada região. O fato de estudá-los nos colocará em contato com um pouco desta cultura e nos levará a trilhar musicalmente caminhos ricos em harmonia, ritmo e melodia.

Esta Dica Técnica visa ajudar aqueles que já possuem um determinado conhecimento musical, mas ainda não montaram um repertório, e também informar os principiantes sobre as vantagens de executar um grande número de músicas com estilos variados.

Jazz

Todo mundo sabe que o jazz é uma escola para qualquer instrumentista. Mas como buscar informações a respeito? Selecionamos algumas importantes publicações que podem ajudar muito: “Fake Book”, “Real Book” e “Jamey Aebersold”. Este último é muito apropriado, pois além de conter as partituras para instrumentos inscritas em Dó, Sib, Mib e Fá, vem playbacks (acompanhamentos) dos mesmos. O jazz tem uma linguagem muito própria, e é preciso ouvir muito antes de tocá-lo.

Aqui vão algumas dicas de músicos importantes do jazz: Charlie Parker, John Coltrane, Duke Ellington, Dizzy Gillespie, Winton Marsalis, Chick Corea, entre outros. Bossa nova

Nada mais familiar para nós do que a bossa nova. Mas existem todas aquelas divisões sincopadas e tudo mais. Para interpretar bem um tema de bossa nova, não basta ser brasileiro! Tem que estudar o estilo pra valer. Acreditamos que a coleção “Songbook”, produzida por Almir Chediak, seja hoje a obra mais completa para quem quer praticar bossa nova, pois traz uma grande variedade de músicas dos principais compositores deste estilo: Tom Jobim, Carlos Lyra, Edu Lobo, Roberto Menescal, entre muitos outros.

Chorinho

Dizem que o chorinho seria o nosso jazz. Sem entrar nesse mérito da questão, o chorinho é, sem dúvida, uma escola. É indicado para quem já está afiado com a leitura e a parte técnica. Trata-se de estilo contagiante e divertido de tocar, porém, é um bocado difícil. Eis algumas dicas para partituras: “O Melhor de Pixinguinha”, “O Melhor do Choro Brasileiro” e “84 Chorinhos Famosos”, todos editados pela Irmãos Vitale. Temos, na verdade, uma infinidade de estilos: funk, rock, blues, pop, gospel, folk, country, música latina, maxixe, frevo, valsa e tantos outros que dariam muitas matérias. O importante é estar em contato com eles de uma forma geral e conhecê-los ouvindo e tocando. Eis alguns trechos de diferentes estilos:





Sílvio Depieri é saxofonista


Fonte: Publicado na Revista Weril n.º 134