Bandas e Fanfarras: Análise Técnica dos Problemas Constantes II

por: Maestro Beto Barros

Nesta edição, vamos finalizar o tema iniciado na Revista Weril 141: Fraseado e Articulações, com dicas particularmente indicadas para os mestres de banda.

As bandas logo se tornam familiares com as figuras rítmicas sincopadas (figuras que aparecem no tempo fraco). Por esta razão, poderá ser um aspecto dificultante para alunos com pouca experiência em seguir o tempo forte do compasso. Portanto pede-se ao regente uma instrução especial neste sentido, particularmente se existir uma síncopa com nota longa, esta deve ser acentuada.

Exemplo 18:

Estudantes jovens podem ter a tendência em entrar atrasado nas mínimas. Veja o exemplo 18a. A pausa de semínima no tempo forte é passada antes que eles se dêem conta. Ensine-os a não se perderem. A pausa de semínima, particularmente em andamentos rápidos, é difícil de contar. Os alunos devem aprender a “ler na frente”. Ritmos tais como os do exemplo 19 podem apresentar problemas similares devido à alternância entre tocar no tempo forte e fora de tempo. Os alunos devem ser instruídos a marcar as notas tocadas no tempo.

Exemplo 19:

Em vez de explicar uma síncopa de colcheia como sendo a segunda metade de um tempo cheio, tente explicá- la como sendo uma antecipação do próximo tempo.

Exemplo 20:

Falls off (queda) podem apresentar muitos problemas, o maestro deve instruir os alunos acerca do tamanho do fall. Alguns arranjadores são bastante específicos e indicam se o fall é short (curto) ou long (longo) – veja a tabela sobre articulações no final desta matéria. Confusões poderão ser evitadas, aconselhando os alunos a terminarem o fall num determinado tempo. O fall não deve ser abrupto, mas desaparecer gradualmente, seguido de um diminuendo ao longo do fall. Os alunos não precisam se preocupar com uma escala particular, pois o fall é meramente um efeito.

Exemplo 21:

No caso do fall off, os músicos não devem se perder no compasso. Eles precisam continuar contando cuidadosamente através de seu comprimento inteiro. O fall deve ser curto se existe uma entrada imediatamente após, assim como no exemplo 26. Existem outros termos para fall off, como por exemplo, spill ou gliss, ou ainda drop, todas com o mesmo significado, que seria “cair fora da nota”. Veja exemplo 26. No caso deste exemplo, não existe muita diferença se o fall off não for executado, já que ele está muito perto do compasso seguinte. Em outros casos ele funciona com muita propriedade.

Exemplo 22:

Quando for realizar um gliss, glissando entre duas notas como no exemplo 27. A nota que aparece no final do glissando deverá ser ligeiramente acentuada, já que ela é a culminação do glissando. A escolha da escala para o glissando é livre, em alguns casos, é governada pela distância entre as notas das pontas do glissando.

Exemplo 23:

Os alunos devem ser informados da importância de um bom ataque antes de se preocupar com os gliss ou falls. Jovens músicos são freqüentemente culpados de começarem um gliss ou fall off antes que tenham executado um bom ataque na nota precedente. O arranque para o ataque do glissando ascendente é similar para o gliss descendente (fall off). Diferente do glissando descendente, o ascendente normalmente incorpora um crescendo. Os saxes poderão iniciar o gliss ascendente pianissimo, ou possivelmente em sub tone (sub tone é um efeito muito usado e bastante bonito. É utilizado basicamente em dois contextos: o backing, “cama” para um solo de metal ou soli, ou para um solo de saxs. Consiste em um som macio com um pouco de ar presente, produzido por um leve relaxamento, soltura da embocadura e com a colocação de ar nas bochechas e nas cavidades da boca). Os trombones têm uma vantagem óbvia em executá-los. Os trompetes poderão usar a técnica de válvula. Uma localização determinada da nota da culminância do glissando é muito importante e realmente muito difícil para jovens músicos com pouca experiência.

Exemplo 24:

Notas fantasmas (ghost notes) são aquelas dedilhadas, mas que não soam realmente com a mesma força, peso e ataque, ou importância de uma nota regular. O exemplo 29 mostra o uso das notas fantasmas.

Exemplo 25:

É responsabilidade do líder, primeiro sax alto, decidir onde as notas fantasmas são apropriadas. Mesmo que não sejam indicadas, elas são muito usadas em andamentos rápidos e complexos. Normalmente em colcheias e semicolcheias, para facilitar um fraseado suave e equilibrado. O exemplo 30 ilustra a notação apropriada para trompetes e trombones nas notas abertas e fechadas. Com surdina plunger mute, o sinal (+) indica fechado e o sinal (0) indica aberto.

Exemplo 26:

Aguarde os próximos tópicos que serão abordados em edições futuras. Esta matéria é complicada e difícil, tanto para os alunos com pouca experiência, quanto para os instrutores. No entanto, a chave para o sucesso com a banda ou fanfarra é muito trabalho, ensaio e experimentação, por isso, o instrutor/maestro poderá mudar ou acrescentar marcações de articulações no seu repertório, adaptando-as para o seu grupo. O importante é ter uma direção da articulação que será usada para todos. Uma banda afinada e com fraseado e articulações bem resolvidos, já está um passo à frente.


O maestro Beto Barros dirige sua própria empresa de produções artísticas e culturais


Fonte: Publicado na Revista Weril n.º 142