História da Música

Principais Compositores Românticos

(autor não indicado na fonte)

Gustav Mahler – 1860/1911
Moritz Moszkowki – 1854/1925
Geuseppe Verdi – 1813/1901
Sergei V. Rachmaninov – 1873/1943
Louis Hector Berlioz – 1803/1869
F. Schubert 1797 – 1828
F. Mendelssohn 1809 – 1847
F. Chopin 1810 – 1849
R. Schumann 1810 – 1856
F.Liszt 1811 – 1886
R. Wagner 1813 – 1883
J. Brahms 1838 – 1897
Tchaikovsky 1840 – 1893

Gustav Mahler

Compositor e regente austríaco, nasceu no dia 7 de julho de 1860 na Boêmia, na época, território austríaco. Desde cedo apresentou inclinação musical; com menos de seis anos começou a estudar piane, aos 10, deu seu primeiro recital. Em 1815, aos quinze anos, Mahler começou a estudar no Conservatório de Viena, freqüentando os cursos do compositor Anton Bruckner.

Em 1879, Mahler lecionou piano na Hungria; no ano seguinte, trabalhou no teatro de Hall, na Alta Áustria, dirigindo farsas e operetas. Em 1881, concorreu ao Prêmio Beethoven, dirigindo diante de Brahms e Hanslick – membros do juri – sua cantata Das Klagende Lied ( A Canção do Lamento). Nada obteve, mas era o início de sua carreira como regente e escrevera sua primeira obra importante.

Em 1883, Mahler já era contratado como segundo maestro da Ópera Real de Cassel, mas seria demitido dois anos depois após alguns atritos com os músicos. Trabalhou em Praga, Leipzig, Budapeste, Hamburgo e Viena. Realizou tournées em Londres (1892), Weimar (1894), Berlim (1895).

Em 1901, Mahler conheceu Alma (1879 – 1964), filha do pintor Emil Schindler. O compositor estava com 41 anos e ela, com quase vinte. Ficaram noivos no Natal do mesmo ano e casaram-se a 9 de março de 1902.

Aos 47 anos, já consagrado como maestro e compositor, Mahler troca o pódio europeu pelo norte-americano, sobretudo o de Nova York. Ali regeu no Metropolitan Opera House e, mais tarde, esteve à frente da Orquestra Filarmônica, criada em 1909. Isso não significou um adeus definitivo: anualmente regressava à Europa, onde compunha e regia suas obras e de outros compositores. Era ainda jovem e trabalhava sem descanso, mas sua saúde estava irremediavelmente comprometida. O médico da família constatou em Mahler uma afecção cardíaca.

Pouco depois do Natal de 1910, Mahler sofre uma crise de angina, da qual se recupera com rapidez, mas que o deixa suscetível e nervoso. Em janeiro de 1911 dirige, em Nova York, pela última vez, sua Quarta Sinfonia; em fevereiro sofre novo acesso e, a despeito de recomendações médicas, continua a viajar e reger. Finalmente em Viena, é internado numa clínica, onde vem a falecer a 18 de maio de 1911, pouco antes da meia-noite.

Sua linha estética, no domínio da composição, é um coroamento do Romantismo do século XIX, com surpreendentes efeitos harmônicos e orquestrais. Escreveu dez sinfonias (1884 – 1910), divididas em dois ciclos: O primeiro abrange as quatro primeiras – conhecidas como Sinfonias Wunderhorn, já que fazem referências ao universo Des Knaben Wunderhorn, antologia romântica de poesia, de espírito popular. O segundo ciclo compreende as seis restantes.

Mas seus lieder com orquestra constituem, sem dúvida, o mais original de sua produção, especialmente o Lieder aus des Knaben Wundehorn ( Canções da Trompa Mágica do Menino – 1888 / 1899), Kindertotenlieder (Canções sobre a Morte das Crianças – 1901 / 1904), de intenso lirismo e Das Lied von der Erde ( A Canção da Terra – 1908). Mahler compôs cerca de quarenta lieder, a metade dos quais com acompanhamento orquestral.

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Moritz Moszkowski

Moskowski nasceu em Breslau, Prússia (atual Wroclaw, Polônia) em 1854. Pianista e compositor, estudou piano em Dresden e Berlim. Compôs um quinteto com piano na idade de 13 anos e fez sua estréia como concertista aos 19 anos, em 1873. Em 1879 estabeleceu-se em Paris. Estudou em Dresden e Berlim com Theodor Jullak, onde posteriormente tornou-se professor na Neue Akademie der Tonkunst, fundada por Kullak.

Moszkowski ocupou o posto de professor neste estabelecimento por cerca de vinte e cinco anos. Visitava Londres regularmente, como regente e apresentando alguns de seus trabalhos orquestrais. Casou-se com a irmã de Cécile Chaminade e mudou-se para Paris. No ano de 1897 abandonou sua carreira de pianista concertista, dedicando-se ao magistério. Entre seus alunos estão Thomas Beecham e Wanda Landowska.

Moszkowski tinha grandes investimentos na Rússia e Alemanha, que se perderam por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Sozinho, doente e sem dinheiro (sua esposa e família haviam morrido), seus amigos em Nova Iorque organizaram um concerto beneficente para ele, onde se apresentaram 14 pianistas. O dinheiro arrecadado foi o suficiente para ajudá-lo a viver seus últimos anos.

Sua obra inclui uma ópera (O Boabdul do Rei Mouro), muitas peças breves para o piano, tais como estudos ( Estudos op.91, Estudos de Virtuosidade Op.72), Danças Espanholas (piano, depois orquestradas por Phillipp Scharwenka), O Trem Fantasma e Joana D’Arc (peças para orquestra) e dois concertos para piano e orquestra ( o manuscrito do primeiro está desaparecido), um concerto para violino, etc.

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Giuseppe Verdi

Compositor italiano, famoso por suas óperas. De origem humilde, estudou música auxiliado por um mecenas, com cuja filha veio a casar-se. A morte repentina da jovem esposa e dos filhos interrompeu-lhe os primeiros esforços. Após um período de apatia, recomeçou a compor, e pouco a pouco começou a superar o estilo afeminado da ópera italiana posterior a Bellini, criando um Romantismo nacional.

Com Ernani, Macbeth e Luisa Miller conquistou a Itália; estas óperas, depois esquecidas em face dos sucessos maiores de Verdi, estão hoje sendo relembradas. Interveio, como artista, nas lutas dos italianos pela independência do país; seu nome tornou-se símbolo nacional.

Musicalmente, está próximo ao Romantismo francês, de que adotou os fortes efeitos cênicos e as deformações naturalísticas. Em Rigoletto (1855), o personagem principal é um corcunda; em Il Trovatore (1853), são ciganos; em La Traviata (1853), é uma cortesã. O sucesso popular destas obras, graças à facilidade de sua invenção melódica, foi enorme. Vieram em seguida os sucessos quase igualmente grandes de Un Ballo in Maschera e La Forza del Destino.

Verdi evoluiu sempre. A Traviatta foi sua primeira obra em trajes modernos. Em Don Carlos (1867), aproximou-se da ópera parisiense. Em Aída (1871) apareceu tão renovado que alguns acreditavam reconhecer a influência de Wagner. A carreira operística de Verdi parecia, então encerrada. Escreveu um quarteto de cordas e o grandioso Réquiem para o aniversário de morte de Manzoni, uma das maiores obras sacras do século XIX. Mas em idade avançada voltou à ópera, escrevendo Otelo (1887) e Falstaff (1893), sua única comédia.

Verdi foi e é o compositor de óperas mais respeitado no mundo; o único que se manteve ao lado e fora da esfera de Wagner. Símbolo da unidade italiana, filho do Romantismo, dramaturgo nato, movido por um dinamismo constante, psicólogo, soube compor como um mestre do recitativo dramático, dos coros, da orquestra, do canto expressivo e lírico. Os libretos de suas óperas adaptaram enredos de obras de Shakespeare e Schiller. Seu Réquiem é uma obra prima.

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Sergei Vassilievitch Rachmaninov

O pianista e compositor russo Rachmaninov foi um dos maiores concertistas de sua época e o último expoente do Romantismo russo.

Iniciando seus estudos com Nikolai Zverev, formou-se aos 19 anos no conservatório de Moscou, logo despertando atenção com seu prelúdio em dó sustenido menor (1892).

O sentimento de insegurança do jovem Rachmaninov levava-o a constantes crises emocionais, a mais grave seguiu-se após o fracasso de sua sinfonia N. 2 (1897). Durante este período, o compositor procurou um psiquiatra, Nikolai Dahl, a quem retribuiu a reabilitação de sua autoconfiança, dedicando-lhe o concerto N.2 para piano e orquestra (1901), hoje sua obra mais popular.

Ao rebentar a revolução de 1905, Rachmaninov deixou o cargo de regente do Teatro Bolshoi e mudou-se com a família para Dresden, onde escreveu o poema sinfônico A Ilha dos Mortos (1909) e o concerto N.3 (1909), este escrito especialmente para sua primeira viagem aos EUA.

Retornando a Moscou, Rachmaninov definiu seu lugar na vida musical russa, ligando-se ao grupo de Tchaikovsky, Rubinstein e Taneyev. Após a revolução de 1917, transfere-se definitivamente para os EUA, onde nunca acostumou-se a morar, fixando-se em Nova York. Cessa quase completamente sua produção como compositor e dedica-se à carreira de concertista. Sua únicas obras importantes deste período são a Rapsódia sobre um tema de Paganini (1934) e a Sinfonia N.3 (1936).

Em 1942, atraído pela presença de atores e diretores russos que proliferavam em Hollywood, mudou-se para Beverly Hills. Mas já estava muito mal de saúde, minado pelo cancer. Devido ao seu estado, o compositor foi levado para Nova Orleans. Certamente ele sabia disso e quis, de alguma forma, estar mais perto de sua pátria: pediu uma enfermeira russa e um rádio que lhe permitisse ouvir música emitida de Moscou. Morreu em 1943, corroído pelo câncer e pela amargura de saber que a guerra assolava seu país.

Embora tenha sido quase toda escrita no século XX, a música de Rachmaninov ancora-se na tradição oitocentista e é classificada como Romântica.

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Louis Hector Berlioz

Louis-Hector Berlioz nasceu na França, em La Côte-Saint-André, pequena cidade do condado de Dauphiné, a 11 de dezembro de 1803. Descendente de abastada família, cresceu sob o eco das vitórias de Napoleão Bonaparte e recebeu educação inspirada nos ideais de Rousseau. Neste contexto, o carinho e a sabedoria paternos guiaram-se por caminhos onde a liberdade era um dado natural. Esses primeiros anos de vida favoreceram, portanto, a definição de seu temperamento apaixonado, indócil e voltado para a ação.

Iniciou seus estudos de música com seu pai, o médico Louis Berlioz, que lhe ensinou solfejo e o presenteou com uma flauta. Hector completou sua educação geral em casa, orientado por seu pai, que o conduziu no estudo de línguas, literatura, história, geografia e música. Pode-se dizer que Hector foi um autodidata guiado por um homem culto, pois circulava à vontade na grande biblioteca de seu pai, onde a liberdade de escolha era a regra natural.

O cotidiano era confortável, organizado e monótono, Hector dividia suas horas entre os estudos com o pai, as traduções dos poemas de Virgílio e as lições de flauta e guitarra. Em 1812 terminou sua educação básica e estava apto para freqüentar a universidade.

Partiu para Paris, onde iniciou o curso de medicina, mas logo descobriu sua verdadeira vocação: ser um músico. Procurou um mestre famoso em sua época, o professor Lesueur. Assim, quase dois anos depois da chegada em Paris, Berlioz começou a compor e, em seguida, a escrever artigos polêmicos contra as óperas de Rossini. Era o início de sua carreira de músico e jornalista; pouco se dedicada à medicina.

Em 1826 estudou composição com Lesueur e contraponto e fuga com Reicha. Nesta época, inscreveu-se em todos os concursos de composição para o grand Prêmio de Roma: em 1825, foi simplesmente desclassificado; em 1827, sua cantata Orphée Déchiré par les Bacchantes foi considerada inexecutável; em 1828, obteve o segundo lugar – sem prêmio; em 1829, estava seguro de vencer desta vez, mas o prêmio foi cancelado. Finalmente, em 1830, com A Morte de Sardanapalo, ganhou o primeiro lugar, com direito à pensão mensal e o dever de estudar dois anos na Villa Medici, em Roma. É, desta época, sua famosa Sinfonia Fantástica.

Em 1833, casa-se com Harriet Smithson, atriz irlandesa; um ano após nascia Louis, seu único filho. A felicidade conjugal foi breve, massacrada pelas dívidas e pelo temperamento de Harriet. Para superar as dificuldades econômicas, Berlioz lançou-se à crítica musical, escrevendo artigos para o Rénovateur, na Gazette Musicale, e não tardou a se impor como jornalista.

Compunha sem cessar e endividava-se com a execução de suas obras. A nomeação, em 1838, para o cargo de subsecretário do Conservatório de Paris veio lhe assegurar maior renda. E, em um concerto que realizou no fim do mesmo ano, foi aclamado por Paganini que, mais tarde, enviou-lhe um cheque de 20.000 francos – na época uma pequena fortuna. Em 1839, recebeu a Cruz da Legião de honra, que testemunhava o seu prestígio.

Berlioz compôs e lutou com vigor inesgotável, sem nunca transigir; obteve o aplauso de alguns de seus contemporâneos mais rspeitáveis, como Liszt, Schumamm e mesmo Wagner e dos auditórios mais versados. No entanto, conheceu poucos e efêmeros momentos de absoluto sucesso, porque sua irreverência, ousadia e novidade causavam espanto. Nesse sentido, a liberdade de Berlioz ameaçava valores até então consagrados.

Entre 1842 e 1846, Berlioz viajou a Bruxelas, principais cidades da Alemanha, Áustria, Hungria, chegando a Praga. Por sugestão de Balzac, partiu para a Rússia, no início de 1847, em busca de algum sucesso. Realmente o conseguiu, e seu retorno foi maldosamente anunciado nos jornais como ” a volta de Mr. Berlionovsky”. Em Paris, a situação não era melhor, sobretudo pelos movimentos políticos de 1848. Harriet estava paralítica, vítima de um ataque de apoplexia e seu filho Louis trocara os estudos pelas aventuras marítimas.

Berlioz procurava escapar aos desgostos e impor sua música. No início de 1850, fundou, com um grupo de amigos, a Sociedade Filarmônica. Paris estava dominada por recitais de virtuoses, óperas-cômicas, coisas insignificantes. Berlioz adoecera, sentia-se consumido. Com a morte do pai herdara o suficiente para usufruir de certa tranqüilidade financeira. Em 1854, morre sua esposa Harriet. Casa-se com Marie Recio, cantora sem talento.

Sua saúde instável obrigava-o a temporadas anuais na estância termal de Baden, que se sucederiam de 1856 a 1864. O período que estendeu de 1857 a 1862 foi de pouca produtividade musical. Predominavam as decepções diante de salas quase vazias e insucessos nos cargos que almejava no conservatório. Mas a maior dor vinha de suas das preocupações e desentendimentos com Louis, que herdara seu temperamento. E, em junho de 1862, morria Marie, vítima de crise cardíaca.

Viúvo novamente, sexagenário, magoado, Berlioz pareceu vacilar. Após o sucesso de Os Troianos, o compositor deu por encerrada sua carreira. Retirou-se da crítica musical e passou a escrever suas Memórias, que publicaria em 1865. Em 1867 recebe a notícia da morte de Louis, que o aniquila. Neste mesmo ano viaja novamente para a Rússia, para reger uma série de cinco concertos. No pódio, sente-se rejuvenescer ainda mais uma vez, mas a viagem e o frio o extenuam, e o compositor sofre duas congestões cerebrais. Morre no dia 8 de março de 1869 e é enterrado com honras nacionais. Mas não se tocava sua música em parte alguma.

Sua Obra

Seduzido tanto pela música de programa quanto pela orquestral, colocou “o drama na sinfonia e a sinfonia no drama” (Romeu e Julieta, 1839). A sua Sinfonia Fantástica assinala o verdadeiro início do poema sinfônico. Berlioz interessou-se pela música instrumental (Les nuits d’éte), pelo teatro lírico (A Danaçao de Fausto, 1846; Benvenuto Cellini, 1838; Os Troianos, 1855-58), pelas possibilidades expressivas da viola (Haroldo na Itália, 1834), e por uma música religiosa fulgurante (A grande missa dos mortos, 1837), ou intimista (A infância de Cristo, 1854). Sua orquestração colorida e inovadora marcou todo o século XIX (Grande Tratado da Instrumentação e Orquestração Modernas, 1844). Suas obras tiveram muito sucesso no exterior, principalmente na Alemanha e Rússia, onde o compositor esteve diversas vezes. Os textos escritos por Berlioz constituem uma importante fonte de informações sobre sua época.

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Franz Peter Schubert

Franz Peter Schubert nasceu em 31 de janeiro de 1797 em Liechtental, subúrbio de Viena. Seu pai, Franz Theodor Schubert começou a trabalhar como professor primário em Viena. Dois anos depois foi promovido a diretor e casou-se com a empregada doméstica Elizabeth Vietz.

Tiveram catorze filhos, dos quais sobreviveram apenas cinco. Formavam uma família típica da classe média austríaca da época. Schubert teve uma infância serena. Aos seis anos , o pequeno Schubert foi colocado na escola, onde sempre se distinguiu como o primeiro ente os colegas.

Aos oito anos o pai ensinou-lhe os rudimentos do violino e pouco depois o menino já era capaz de interpretar algumas peças fáceis. Dado ao progresso de Schubert, seu pai confiou-o a orientação de um músico profissional, o mestre de capela de Liechtental, Michael Holzer, que lhe deu lições de piano, violino e canto.

Aos onze anos Schubert fazia os solos de soprano no coral da igreja e as vezes tocava violino ou substituía o professor, tocando órgão.

Em outubro de 1808 passou em um concurso para preencher uma das duas vagas do coro da capela imperial e ingressou no Stadkonvikt, espécie de conservatório e escola comum em regime de internato. Permaneceu nesta escola dos onze aos dezesseis anos.

De 1810 a 1815, compõe grande número de obras, entre quartetos, trios ,lieder, música religiosa, esboços de uma ópera e uma cantata para o aniversário do pai.

O velho Schubert queria que o rapaz se tornasse professor ou um honesto funcionário da corte. A música não deveria ser mais do que um passatempo culto. O conflito estourou com certa gravidade, mas a firmeza do jovem compositor acabou vitoriosa. Após a morte de sua mãe, em 28 de maio de 1812, o pai providenciou para que o filho estudasse composição com Antonio Salieri.

Em 1813 Schubert terminou seus estudos no Stadkonvikt e ingressou na Escola Normal de Santa Ana, onde fez um estágio para se tornar professor primário, passando a ajudar o pai na escola paroquial até 1818.

Nesta época apaixona-se pôr Therese Grob, dona de uma excelente voz de soprano lírico. Ela participou como solista na estréia da Missa em lá maior composta pôr Schubert. Ele pensou em casar-se, mas a situação econômica de Schubert não satisfazia as expectativas da família de Therese. Em 1820 ela se casaria com um mestre padeiro.

O ano de 1816 foi marcado pelo importante contato com o barítono Johann Michael Vogl, no auge da fama. Vogl tornou-se um de seus maiores intérpretes e um de seus mais fieis e zelosos amigos.

Em 1817,farto de aturar os alunos da escola primária, Schubert obteve licença temporária e, passado o prazo, deixou de se apresentar e perdeu o cargo. Seu pai se irritou, e como o filho não providenciasse o “trabalho honesto e seguro”, expulsou-o de casa. Schubert não se atemorizou, certo de que era um eleito, um artista que deveria cumprir sua missão, sem se importar com a vida material. Expulso da casa paterna, passou a viver com amigos (Schober, Spaun, Mayhofer e seu irmão Ferdinand). A boêmia e a pobreza marcariam os anos seguintes, embora jamais passasse fome ou deixasse de ter um teto para abrigá-lo. Dava algumas aulas, editava uma ou outra obra e assim resolvia alguns problemas de sobrevivência.

Em 1818 foi apresentado ao conde Johann-Karl Esterhazy, que o convidou para passar uma temporada em seu castelo em Zseliz, onde daria aulas a Marie e Caroline, suas filhas.

Após algumas semanas no campo Schubert se aborreceu e sentiu saudades dos amigos, das tavernas, e voltou para Viena. Passava grande parte do tempo em alegres sessões musicais, onde quer que estivesse e que ganharam um nome especial: as ‘schubertíadas”. Entre eles , estavam o dramaturgo Franz Grillparzer, um dos mais importantes nomes do teatro austríaco; Franz von Schober, poeta amador; Johann Mayrhofer, poeta de tendências clássicas; Moritz von Schwind, grande desenhista e pintor; e Joseph von Spaun, que deixou importantes textos sobre o compositor.

Passou a empregar o tempo com certa organização,raramente deixando de dedicar todas as manhãs ( das 6 ou 7 horas até as 12 ou 13) à composição. As reuniões no fim da tarde tinham lugar no “Gato Negro”, no “Caracol” ou de preferência no “Coroa da Hungria”. Bebia muito, mas ninguém jamais o via embriagado.

Suas obras de fácil assimilação tornaram-se populares em toda a Viena e eram ouvidas freqüentemente. Contudo, nas salas de concerto e no teatro de ópera, o mesmo não ocorria. O público destas casas de espetáculos só queria ouvir obras de compositores consagrados. As possibilidades de Schubert eram mínimas. Apesar disto, seus amigos se esforçavam para arranjar-lhe apresentações. A 8 de janeiro de 1819 a sua cantata Prometeu era apresentada à alta sociedade vienense. Schubert então tentou a ópera, mas não obteve sucesso. Escreveu as óperas “Os Irmãos Gêmeos”, “A Harpa Encantada”,” Afonso e Estrela”, “Rosamunda,Princesa de Chipre” entre 1819 e 1823. Nenhuma obteve sucesso.

Outro problema enfrentado pôr Schubert foi a má vontade e a desonestidade dos editores. Estes queriam apenas obras de compositores já famosos, ou então lhe compravam as obras pôr um preço irrisório, aproveitando-se de sua ingenuidade para negócios.

Aos poucos ele vai sendo tomado pôr desgostos. No princípio de 1823, Schubert contraiu sífilis, doença vergonhosa e de cura impossível naquele tempo, e que iria interiorizar ainda mais o caráter taciturno do músico. Passou várias semanas no Hospital Geral de Viena, onde escreveu várias composições do famoso ciclo de lieder “A Bela Moleira”.

Passados os primeiros choques da revelação da doença, volta à vida normal: trabalho intenso pela manhã, passeios pela tarde, boêmia à noite. Bebe um pouco mais e vive em casa de amigos.

Em março de 1827 fica chocado com a morte de seu grande ídolo Beethoven, participando dos funerais e vendo na morte deste o sinal de seu próprio fim.

Compõe “A Viagem de Inverno”(um ciclo de lieder), o trio em si bemol, a Fantasia em fá menor para piano a quatro mãos, a nona sinfonia (A Grande), a Missa em mi bemol, o quinteto em dó, as três últimas sonatas para piano e alguns dos catorze lieder do ciclo “Canto do Cisne”.

A 26 de março de 1828, um concerto em homenagem à Beethoven com obras exclusivamente suas (o único realizado em vida) alcança enorme sucesso.

Mas seu fim está próximo. Instalado na casa de seu irmão Ferdinand, sua saúde piora. Os médicos diagnosticam tifo, causado pôr ingestão de um peixe contaminado. Enfraquecido pela doença venérea que o acompanha a anos , seu organismo não resiste à nova doença.

A 19 de novembro, às três horas da tarde, Schubert falece, aos 31 anos de idade. Seu irmão providencia para que Schubert seja enterrado perto do túmulo de Beethoven. Mais tarde, um pequeno monumento projetado pelo amigo Schober seria construído no local.

Em 1888 seus restos mortais foram exumados e transferidos para o cemitério central de Viena, onde repousam ao lado do túmulo de Beethoven.

A produção musical

Schubert foi o primeiro grande mestre do Lied. Escreveu os seguintes ciclos: “A Bela Moleira”, “Viagem de Inverno”, “O Canto do Cisne”.Outros importantes: “O Caminhante”, “A Morte e a Donzela”,”O Rei dos Elfos”e centenas de outros.

De importância pouco inferior é a música sacra de Schubert.

Para orquestra escreveu nove sinfonias, sendo que a N.8 (“Inacabada”)é a mais divulgada.

As tentativas de Schubert na música operística tiveram pouco sucesso, mas sua produção camerística é rica: trios com piano, quartetos de cordas (destacando-se os quartetos em sol maior e lá menor e o quinteto com piano “A Truta”).

Os pontos mais altos da música instrumental de Schubert são: o quinteto em ré menor (“A Morte e a Donzela”) e o quinteto de cordas em dó.

O piano de Schubert

O piano schubertiano se distingue em algo do dos seus contemporâneos e sucessores: a falta de virtuosismo. Para tal contribui, sem dúvida, a própria natureza da inspiração do compositor e o fato de não ter sido um virtuose do instrumento, como acontecera com Mozart e Beethoven, ou como serão Chopin e Liszt. Não existe em sua música efeitos prodigiosos. Schubert tinha como regra escrever apenas para si mesmo e não para os outros.

Escreveu belas sonatas, os Improvisos op.90 e 142 e a grande fantasia “Wanderei” ,além de marchas, danças a duas e a quatro mãos, como as famosas Marchas Militares.

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Jakob Ludwig Felix Mendelssohn Bartholdy

Mendelssohn nasceu no dia 3 de fevereiro de 1809, em Hamburgo, Alemanha. Seu pai, Abrahan Mendelssohn, fixara residência nesta cidade, logo após casar-se com Lea Salomon; ali dirigia um banco fundado por seu irmão.

Na educação do compositor, a mãe desempenhou um papel importante. Culta e refinada, esteve sempre atenta à educação dos filhos, e foi ela quem lhes deu as primeiras lições de piano.

Sua irmã, Fanny, logo cedo também revelou um extraordinário talento musical e tornou-se grande pianista e compositora. Quatro anos mais velha que Felix, desempenhou um papel importante na vida do irmão: foi sua mais importante relação afetiva e intelectual.

Além das lições de música dadas por sua mãe, Felix recebeu outros ensinamentos. Em 1816 o pai viajou a Paris, levando Fanny e Felix consigo. Na capital francesa os dois receberam aulas de piano de Marie Bigot de Morogues, grande pianista. Mas, o mais importante professor de Mendelssohn foi Karl Friedich Zelter, que passou a orientá-lo em 1819, dando-lhe aulas de composição e transmitindo-lhe seu amor por Bach.

Em 1818, com apenas nove anos, Felix fez sua primeira apresentação em público, em Berlim, começando sua carreira como instrumentista, maestro e compositor. Autêntico menino-prodígio, considerado um novo gênio da música, causava assombro em todos os lugares onde se apresentava. Por volta dos quinze anos, já compusera diversas obras, entre fugas, cantatas, sinfonias, quartetos, concertos e óperas. Terminada a fase de formação, os anos seguintes seriam marcados por viagens e por seu trabalho em prol da difusão da obra de Bach.

No Natal de 1823, ganhou de sua tia-avó, Sara Levy, a partitura completa da Paixão segundo São Mateus, de Bach. Mendelssohn estudou-a nos mínimos detalhes e, depois de cinco anos, e após convencer músicos e cantores a participarem, apresentou a obra em Berlim, no dia 11 de março de 1829. A Paixão segundo São Mateus era apresentada na íntegra, pela primeira vez após a morte de Bach, ocorrida 79 anos antes. O público recebeu-a com entusiasmo. A partir daí, Bach retornava para o público e as audições de suas obras se multiplicariam com o tempo. Nos anos seguintes, Mendelssohn divulgou outras partituras do compositor, durante suas viagens, à frente de várias orquestras.

Em 1835 assumiu a regência da orquestra Gewandhaus, de Leipzig. Sob sua direção, esta sociedade musical teve seus melhores momentos e tornou-se um verdadeiro centro musical da época, com a mais importante orquestra de toda a Europa.

Em 1837 casa-se com Cécile Jeanrenaud. Em dez anos de feliz matrimônio – interrompido pela morte do compositor – o casal teve cinco filhos. Mendelssohn continuava a trabalhar incansavelmente, divulgando as obras dos contemporâneos, compondo, regendo, lecionando, dando recitais de piano e difundindo os autores do passado ( Bach, Haendel e Mozart). Em 1843, funda o Conservatório de Leipzig.

Tudo isso começa a minar sua saúde, as inúmeras tarefas e as viagens constantes causam-lhe intensa fadiga e dores de cabeça. A 14 de maio de 1847, sua irmã morre subitamente. O compositor estava em Frankfurt, regressando da nona viagem à Inglaterra, quando recebe a notícia, desmaiando e sofrendo uma trombose cerebral. Consegue se recuperar, mas deixa de ser o jovem forte e cheio de vitalidade; tomado por violentas crises nervosas, passa uma temporada de repouso na Suíça. De volta a Leipzig, pede demissão de seu cargo de diretor da Gewandhaus. Vítima de um ataque de apoplexia, Mendelssohn falece a 4 de novembro de 1847.

Mendelssohn compôs prelúdios e fugas para órgão e para piano; oratórios; o concerto para violino e orquestra em Mi menor Op. 64; as Canções sem Palavras e outras obras para o piano; a abertura para Sonho de uma noite de Verão (1826), ópera As Bodas de Camacho (1826), a abertura A Gruta de Fingal, cinco sinfonias, música de câmara e quartetos.

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Robert Schumann

Robert Alexander Schumann nasceu a 8 de junho de 1810, em Zwickau, Saxônia, Alemanha. No mesmo ano, Beethoven chegava aos quarenta anos, Schubert contava treze, Mendelssohn, apenas um; nascia Chopin. Liszt nasceria no ano seguinte.

O pai do compositor, Friedrich August Schumann ganhava a vida como livreiro. Mas suas atividades preferidas eram devorar os livros de sua livraria, traduzir os poemas de Byron e escrever novelas góticas. Sua mãe, Johanna Christina Schumann , era quem, de fato, dirigia a livraria. Schumann, o caçula, tinha quatro irmãos: Eduardo, Carlos, Júlio e Emília.

Sobre a educação de Robert, sabe-se que, aos seis anos ingressou na escola primária e que aos dez anos foi transferido para o Liceu de Zwickau, onde permaneceu até 1828. No curso secundário, apreciava, sobretudo, o grego e o latim. Os autores antigos, de Homero a Tácito, passando pôr Platão e Sófocles, ele os conhecia profundamente. Contudo, mais decisivos para a sua formação foram o hábito de ler (os livros da livraria), e os contatos com os intelectuais que se reuniam com seu pai – na livraria…

Leitor insaciável, Robert devorou os poetas e novelistas românticos, mas sua preferência recaía sobre o mais modesto e obscuro poeta alemão, Jean-Paul Richter, que exerceu profunda influência sobre Schumann. Jean-Paul foi um dos percursores da tensão entre os opostos que caracterizou o Romantismo. Todos os jovens poetas o idolatravam e Schumann o venerava: “Se todos lessem Jean-Paul, seríamos melhores (…)”; ” Schubert será sempre o meu único porque tem tudo em comum com o meu único Jean-Paul”. Neste período Schumann escreveu muito, sempre sob a influência de Jean-Paul: poemas, cartas, novelas se sucediam, criando-lhe uma angustiante necessidade de opção: ser poeta ou músico?

O despertar de seu talento musical ocorreu cedo. Aos sete anos seu pai providenciou para que o menino estudasse com Johann Kuntzsch, autodidata que lecionava no liceu e tocava órgão na igreja de Santa Maria. Não era um grande músico, mas serviu para estimular o futuro compositor. Meses mais tarde, Robert já escrevia pequenas danças.

Aos nove anos, o pai levou-o a um recital do grande pianista Moscheles.O acontecimento causou-lhe profunda e duradoura impressão.

Aos doze anos formou um pequeno conjunto com seus amigos de escola (dois violinos, duas flautas, duas trompas e um clarinete) para tocar na escola e nas casas de família.

Quando tinha quinze anos, Kuntzch reconheceu nada mais ter a lhe ensinar. Em vista disso, seu pai pediu ao compositor Weber para aceitá-lo como aluno. Mas,ocupado com sua ópera Oberon, não pôde atender o pedido. Pouco depois da negativa de Weber, uma tragédia se abateu sobre a família: em 1826, sua irmã Emília, mentalmente enferma, suicidou-se num acesso de loucura. O pai, cuja saúde não caminhava bem, não teve forças para suportar o choque e faleceu no mesmo ano. De um só golpe, o jovem Schumann perdia sua irmã, que amava ternamente, e seu pai, seu mais fiel amigo. Profundamente abatido, entregou-se à melancolia, à passividade, a pressentimentos mórbidos.

Mas ele precisava continuar seus estudos e desenvolver musicalmente.Quanto ao primeiro ponto, sua mãe decidiu que ele deveria cursar direito. Assim, em 1828, Schumann ingressou na Faculdade de Direito de Leipzig. Quanto à música, o compositor tornou-se aluno de Friedrich Wieck, um famoso professor de piano, e pai de Clara, uma talentosa menina de nove anos, virtuose do piano.Em Schumann, logo após conhecê-lo, depositou grandes esperanças.

Em pouco tempo de estudos, o progresso realizado com Wieck e a forte impressão que lhe causou um recital de Paganini (1830) mergulharam o jovem em uma nova dúvida: ser artista ou advogado? ” Minha vida tem sido uma luta entre a poesia e a prosa, ou, se quiseres, entre a música e o direito. Agora estou em uma encruzilhada e a questão ‘para onde ir’me assusta”.Essas palavras foram endereçadas à mãe, deixando-a muito preocupada com a possibilidade de o filho abandonar a faculdade. Consultado pela mãe, Wieck disse-lhe:

“Comprometo-me, minha senhora, a fazer de seu filho Robert, em menos de três anos, graças ao talento e à imaginação que ele tem, um dos maiores pianistas vivos, mais espiritual e ardoroso que Mocheles, mais magnífico que Hummel.”

Diante estas palavras, sua mãe permitiu que ele optasse pela música. Nos meses seguintes, surgiram as primeiras obras primas de Schumann: Variações sobre o Nome Abbeg, Papillons. No estudo de piano, seu progresso era enorme; seria um virtuose. No entanto, um drama profundo o aguardava.

Para desenvolver sua técnica pianística, Schumann teve a infeliz ideia de imobilizar o dedo médio da mão direita com o uso de uma ligadura, a fim de tornar independente o dedo anular. Foi um desastre: na primavera de 1832, o dedo imobilizado se tornou paralítico para sempre. De médico em médico, de charlatão em charlatão, o compositor, dois anos depois, ainda procurava solucionar o problema. De nada adiantaram seus esforços. A história da música, no entanto, saiu ganhando: morrendo o intérprete, só lhe restava a via da criação.

Desfeito o seu sonho de ser pianista, Schumann voltou-se para a composição e à crítica musical. Em 1834 escreveu sua obra prima para o piano Carnaval , Opus 9 e os Estudos Sinfônicos ,Opus 13. Como crítico musical, fundou um jornal ,A Nova Gazeta Musical, cujo primeiro número foi publicado em 1834. Seus redatores (Schumann – diretor e mais assíduo colaborador – Wieck, Schuncke, Lyser, Hiller, Mendelssohn, Wagner) formavam a Associação dos Amigos de David .Escrevendo sob pseudônimos, os Davidsbündler (Companheiros de David) investiam contra os reacionários “filisteus”, que barravam novos talentos musicais, como Chopin e Mendelssohn. As múltiplas facetas do compositor apareciam na revista sob os nome de Florestan, o impetuoso, e Eusebius, o tranqüilo.

Durante dez anos, Schumann dedicou parte importante de seu tempo à tarefa ambiciosa de dirigir a atenção do público para a verdadeira obra de arte, lutando contra o esclerosamento e o pedantismo da crítica vigente.

Schumann conheceu Clara Wieck muito antes de se apaixonar pôr ela. Em 1828, quando Clara tinha apenas nove anos e já era uma notável pianista, Schumann teve o primeiro contato com sua família. Em 1830, quando optou pela música, Schumann foi morar na casa dos Wieck e o seu contato com Clara, então com onze anos, tornou-se cotidiano.

Em abril de 1835, contando dezesseis anos, Clara retornava de Paris, após uma de suas inúmeras excursões como pianista. Mais tarde, em carta à própria Clara, o compositor relataria o que sentiu quando foi recebê-la: “Você me pareceu mais crescida, mas estranha.Já não era mais uma criança com a qual eu pudesse rir e brincar; você dizia coisas sensatas e vi brilhar em seus olhos um secreto e profundo raio de amor”.O que se seguiu foi uma forte ligação, que cresceu pôr toda a vida.

O amor entre Robert e Clara despontava definitivamente. Ele tinha 25 anos; ela, apenas dezesseis. Todavia, Friedrich Wieck, certamente guiado pelo egoísmo próprio de um pai de uma criança prodígio, opôs-se logo desde o início ao romance entre sua filha e seu melhor aluno.Wieck de forma alguma admitia que sua filha se casasse, tivesse filhos, fosse uma mulher comum. Para ele, Clara era um gênio musical, uma criatura fora dos padrões de normalidade burguesa, que feneceria se tivesse que viver com qualquer um. Por isso, passou ao ataque: mandou Clara para Dresden e proibiu-a de se comunicar com compositor, fosse de que maneira fosse. Programou um maior número de apresentações para a filha, sempre fora de Leipzig. Como se não bastasse, chegou a espalhar calúnias sobre o compositor: bêbado inveterado, homem volúvel com as mulheres, vagabundo incurável, filho de uma família mentalmente insana, e outros ‘elogios’deste tipo.

O conflito durou quatro longos anos, culminando com uma demanda judicial, em que Schumann solicitava às autoridades permissão para o casamento, não obstante a oposição do pai da noiva. Finalmente, o compositor ganhou a causa e, a 12 de setembro de 1840, casou-se com Clara. Apesar de todo o desgaste que o conflito com Wieck lhe causava, Schumann não deixava de lado o trabalho criativo. Destes anos conturbados são suas obras: Cenas Infantis, Arabesques, Novellettes, Carnaval de Viena, Blümenstück, os lieder dos ciclos Myrthen, Liederkreis, Frauenlibe und Leben e Dichterliebe, além de dezenas de outras canções.

Depois de casados, a ligação entre Clara e Robert manteve-se intensa e profunda. Oito filhos e todos os problemas de uma família normal não impediram que os dois trabalhassem

ativamente: ele compondo e ela se apresentando nos principais centros europeus. Devido a sua carreira de concertista, Clara gozava de muito maior renome do que ele. Tratado muitas vezes como “marido de Clara Wieck”, isso chegou a lhe causar um certo abalo, mas nunca a ponto de prejudicar seu relacionamento com a esposa.

Como compositor, os anos seguintes da carreira de Schumann foram marcados por seu interesse em dominar outros gêneros que não o pianístico. Estimulado pôr Clara, Liszt e outros amigos, criou várias partituras camerísticas, uma ópera (Genoveva), a música incidental para o Manfredo, de Byron, e para o Fausto, de Goethe, além de três sinfonias , o Concerto para Piano e Orquestra em lá Menor, e o Concerto para Violoncelo e Orquestra, entre outras obras.

Seu ritmo de trabalho, normalmente muito intenso, às vezes tornava-se frenético. Disso resultariam algumas crises nervosas muito sérias, como ocorreu no início de 1843, em julho de 1844 e em 1847. Mas estas crises não seriam senão o prelúdio de algo mais grave: a loucura que marcaria seus últimos anos.

Em 1851, ocupando o cargo de diretor de orquestra em Düsseldorf, Schumann teve graves problemas com os músicos, devido a sua estabilidade emocional. Em 1853, começa a ter alucinações auditivas, ouvindo incessantemente a nota “lá”; a isso juntavam-se a dificuldade de fala e a melancolia.

No início do ano seguinte, as alucinações tornam-se cada vez mais freqüentes e, nos momentos de lucidez, é tomado pelo temor de se tornar completamente louco. A obsedante nota “lá”se transforma em música, música descrita pôr Schumann como “a mais maravilhosa e executada pôr instrumentos que ressoam tão esplendidamente como jamais se ouviu”.

Atormentado e insone, na noite de 17 de fevereiro de 1854, levanta-se repentinamente de sua cama para escrever um tema ditado por anjos que via ao seu redor. Mas, aos poucos, essas figuras celestiais se transformam em demônios em forma de hiena e de tigre. E essas novas visões são acompanhadas de uma música tenebrosa e assustadora. Pede então para ser internado num asilo de alienados. Poucos dias depois, a 27 de fevereiro, tenta o suicídio, atirando-se às águas do rio Reno. Salvo por barqueiros, é conduzido ao asilo de Endenich, próximo de Bonn.

Os pesquisadores Eliot Slater, Alfred Meyer e Eric Sams afirmam que a demência de Schumann seria decorrente de uma mal curada sífilis terciária, que o próprio compositor admitiu ter contraído em seus anos de juventude.

De Endenich, Schumann jamais sairia. Proibido de encontrar a esposa, recebe freqüentemente a visita de amigos. Para Clara, envia cartas que testemunham o seu amor até o fim: “Oh! se eu pudesse te rever, falar-te mais uma vez”. A 23 de julho de 1856, cessa toda a alimentação. Chamada às pressas, Clara testemunha seus últimos momentos de consciência: “Ele me sorriu e com grande esforço me enlaçou em seus braços.Eu não trocaria esse abraço por todos os tesouros do mundo”.

A 29 de julho, o compositor expira, aos 46 anos.

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Franz Liszt

Ferenc (ou Franz) Liszt nasceu em Raiding, Hungria, na noite de 21 para 22 de outubro de 1811, ano marcado pela passagem de um cometa…Seu pai, Adam Liszt, era descendente de antiga e nobre família húngara, embora sem fortuna. Apesar de saber tocar piano, violino e flauta, sobrevivia como administrador da propriedade rural do Príncipe Miklós Esterházy, na qual, durante o século XVIII trabalhara Joseph Haydn.

Sua mãe era uma austríaca, Anna Lager, cantora pôr profissão. Um ano após o casamento, nascia Franz, primeiro e único filho do casal; louro e de grandes olhos azuis, uma bela criança.

Muito sensível, já aos seis anos era capaz de reproduzir com perfeição os temas que ouvia seu pai tocar ao piano. Tal proeza levou Adam Liszt a fazer do filho um pianista, encarregando-se, ele próprio de dar-lhe aulas. O aprendizado do pequeno Franz foi surpreendente: aos oito anos começou a compor e aos nove se apresentou pela primeira vez, em uma cidade vizinha, executando um concerto de Ries. Após este sucesso, surgiram novas oportunidades em outras cidades. Franz Liszt iniciara sua carreira de pianista.

Encantados com a criança prodígio, nobres húngaros lhe ofereceram uma bolsa de estudos, que permitiu a Liszt fazer estudos sérios e completos. A família mudou-se para Viena, onde o menino pôde se aperfeiçoar em piano com Czerny, e em composição com Salieri.

Em 1822 apresentou-se pela primeira vez para o público vienense e levou a platéia ao delírio com seu virtuosismo. Sucesso absoluto de público e de crítica: Liszt, aos doze anos, já era um ídolo.

Em 1823 partiu para uma longa série de concertos pela Alemanha e França. Em 1824 estreou em Paris, obtendo, como sempre, sucesso estrondoso. Recusada a sua entrada no Conservatório de Paris, pôr ser estrangeiro, recebeu aulas particulares de composição dos mestres Anton Reicha e Ferdinando Paer. O famoso construtor de pianos Sebastien Érard contratou-o para divulgar seus novos modelos.

As viagens prosseguiam quase sempre sem interrupção, sendo sempre aclamado pelo público. Exausto, sofreu em 1827 uma depressão nervosa e passou pôr uma crise de misticismo, que o levaria, anos mais tarde, a entrar para a Ordem dos Franciscanos, como abade. Com a morte de seu pai, neste mesmo ano, e a necessidade de assumir os encargos de chefe de família, trouxeram-no de volta à realidade, passando então a lecionar música para as damas da alta aristocracia parisiense. Apaixona-se, aos dezessete anos, pôr uma de suas alunas,Caroline de Saint-Cricq, jovem como ele. Foi seu único insucesso amoroso. Apesar de se amarem, o pai da garota, ministro do Rei Carlos X, tinha projetos de casamento muito mas ambiciosos para a filha.

Melancólico e deprimido, o compositor adoeceu e entrou em nova crise de misticismo, ao mesmo tempo que se voltou freneticamente para a leitura de Dante, Voltaire, Vitor Hugo e outros clássicos.

Afastando-se do misticismo, o músico passou a se envolver na agitação política que ocorre na França, participando de reuniões intelectuais, interessando-se pôr uma sociedade igualitária, na qual o músico e o artista em geral teriam posição de destaque. Impelido pôr seus ideais, Liszt fundou, em 1834, juntamente com Chopin e Berlioz, a Gazeta Musical de Paris, órgão de imprensa destinado a defender os direitos do artista e a esclarecer a opinião pública sobre a função da arte na sociedade.

Em 1833 conheceu a condessa Marie d’Agould, que exerceria papel importante em sua vida. Ela, já casada e com três filhos, fizera um casamento de conveniência. Vinte e oito anos – seis anos mais velha que ele – culta, bela, independente e rica, tal era Marie quando Liszt a conheceu. Ele, virtuose consagrado, também culto, uma personalidade atraente. Em 1835, Marie abandonou o marido e os dois amantes foram viver na Suíça.

Afastado temporariamente da carreira de concertista, vivendo tranqüilamente na Suíça ao lado de Marie, Liszt dedicou-se inteiramente à composição. Neste período dedicou-se também à divulgação de obras de outros compositores. Aqui reside um dos grandes méritos de Liszt :admirar o gênio no outro e trabalhar pelo seu reconhecimento pôr parte do público. Trabalhou no Conservatório de Genebra. Seus alunos compunham-se de 28 mulheres e 5 homens.

De sua união com Marie nasceram os três filhos de Liszt: Blandine, Cosima – que se casaria com o regente Von Bülow, abandonando-o, depois, para viver com Wagner – e Daniel. Logo após o nascimento do último filho, as relações entre o casal começaram a se deteriorar e o rompimento tornou-se inevitável, efetivando-se no final de 1839. Marie regressou com os filhos para Paris e Liszt voltou a vida errante de concertista. Nos oito anos seguintes, deu recitais e concertos pôr toda a Europa. Estava no auge da fama, sendo considerado o mais brilhante virtuose do momento. Entrava triunfalmente em cada cidade pôr onde passou, sentado em sua carruagem atrelada a seis cavalos brancos. Era o convidado de honra da alta aristocracia parisiense, que o solicitava como recitalista e professor de piano. Desta forma colocou o músico numa posição de destaque dentro da hierarquia social – uma de suas metas como homem e artista.

Célebre, festejado, admirado, ganhava fortunas. Cortejado pelas mais belas mulheres da Europa, teve inúmeros casos amorosos. A presença feminina, aliás, foi uma constância na vida do compositor. E o “Don Juan da Música”, tendo reconquistado a liberdade, entregou-se a ardentes aventuras amorosas. Mas não era feliz. A glória não o satisfazia e, desorientado e solitário, sentia a necessidade de uma relação amorosa sólida e estável. O equilíbrio só foi encontrado em 1847, aos 36 anos, quando conheceu a princesa polonesa Carolyne Sayn-Wittgenstein, seu último grande amor.

Casada, mas vivendo separada do marido, Carolyne, aos 28 anos, era culta e tinha a personalidade forte e independente. Embora não fosse bela, Liszt sentiu-se totalmente seduzido pôr esta figura de mulher aristocrática, inteligente e de grande vitalidade e que partilhava de suas ideias, tanto no plano religioso como no intelectual e artístico. Ao seu lado,Liszt viveu o período mais fértil como compositor.

Em 1848, Liszt transferiu-se para Weimar, onde exerceria as funções de mestre-de-capela e regente da corte. Vivendo no castelo da princesa Carolyne, que aguardava a anulação de seu casamento, dividia seu tempo entre a leitura, a regência e a composição. Transformaria esta cidade num dos principais centros musicais da Europa. Ali desenvolveu intensa atividade pela divulgação das obras de seus contemporâneos. Foi durante este período em Weimar que travou conhecimento com Richard Wagner, estabelecendo-se entre os dois uma sólida amizade. Foi graças a Liszt que Wagner teve suas primeiras óperas encenadas.

No plano doméstico, Liszt viu frustrada a sua tentativa de casamento com Carolyne, pois esta não conseguiu obter do Vaticano a anulação de seu casamento. E quando, em 1864, a princesa enviuvou, ambos já haviam renunciado ao projeto de casamento.

Em 1865, Liszt entra, finalmente para a Ordem dos Franciscanos, em Roma. Mas suas ordens menores não o impedem de levar a vida de sempre: compor, lecionar, tocar e reger, além de despertar paixões em corações femininos. Paris e Londres são as últimas cidades a aplaudi-lo.

Mas estas viagens cansam-no bastante. Já debilitado, contrariando as ordens de seu médico, vai a Bayreuth, em julho de 1886, para assistir à apresentação da ópera Tristão e Isolda de seu amigo Wagner, e presencia o triunfo do compositor. O esforço da viagem causa-lhe profundo esgotamento físico. A 31 de julho de 1886, alguns dias de completar 75 anos, já atacado pela pneumonia, Liszt entra em crise aguda de delírio e expira. Morre como viveu, voltado para a arte: antes de dar o último suspiro, balbucia o nome Tristão – uma das maiores criações do gênero humano.

A obra de Liszt

O nome de Liszt ocupa lugar de destaque dentro da história da música como um inovador que foi. Romântico pôr excelência, rompeu com todos os cânones do Classicismo, estabelecendo novos padrões de estilo. Ao mesmo tempo, sua obra contém já os germes do cromatismo wagneriano, do impressionismo debussysta e de muitas tendências estéticas modernas. Sua meta foi encontrar uma linguagem própria, fazendo uma equilibrada e criativa síntese das principais conquistas de seus contemporâneos.

Liszt revolucionou a música de seu tempo. Quando se pensa no Liszt compositor, é sempre necessário lembrar, antes de tudo, que ele foi um virtuose do piano e que dominava completamente sua técnica. Liszt foi o primeiro músico a explorar todas as potencialidades do instrumento,atingindo dimensões orquestrais. Pode-se afirmar que Liszt se deve a moderna técnica do piano. Criou uma série de recursos técnicos: a utilização das sete oitavas (glissandos, escalas, harpejos, acordes), o que retundou na ampliação do espaço sonoro; a exploração de todos os matizes dos registros graves e dos agudos; o enriquecimento da sonoridade, através da escrita em oitavas. Pôr outro lado, a tendência orquestral de Liszt levou-o, também, a utilizar rápidas sucessões de notas; abundância de trinados em terças e sextas; glissandos em notas simples ou duplas; notas repetidas; pequenas apojaturas, trêmulos, grandes saltos de intervalo.

Além disso, Liszt aperfeiçoou a técnica pianística ao dar maior relevo à mão esquerda que em sua obra tem a mesma importância que a direita, sendo muitas vezes usada em passagens solo,com o emprego constante de mãos alternadas e cruzadas.

Principais obras para o piano:

Anos de Peregrinação, Estudos Trancendentais, Seis Estudos de Concerto, Sonata em Si Menor, Harmonias Poéticas e Religiosas, Seis Consolações, Valsa Mefisto, dois Concertos para Piano e orquestra, etc.

O tratamento que Liszt deu à orquestra não foi menos original que o recebido pelo piano.

Muito rica, como a maioria das instrumentações dos românticos, em Liszt a orquestração nunca é excessivamente pesada. Entre as principais inovações que caracterizam sua arte sinfônica, incluem-se o tratamento especial dado a cada instrumento, explorando-o em todas as possibilidades de timbre – grande ousadia para a época – o relevo dado à percussão, ao introduzir instrumentos com efeitos especiais, como o triângulo como instrumento solista (Concerto N. 1 para Piano e Orquestra); o uso inovador de glissandos na harpa, procedimento do qual os impressionistas tanto abusariam.

Mas, a maior contribuição de Liszt para a música de programa foi a fixação dos princípios estéticos do poema sinfônico como música de caráter mais psicológico do que descritivo.

Principais obras para a Orquestra:

Poemas Sinfônicos, Rapsódias Húngaras, Sinfonia Dante, Sinfonia Fausto

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Richard Wagner

Sua música instrumental do tempo de mocidade é insignificante. Reconhecendo seu talento duplo, de músico e poeta, deixou de escrever óperas comuns para dedicar-se ao novo gênero que criara, o Drama Musical. Encontrou na crítica, no público e nas casa de ópera, as mais fortes resistências e envolveu-se em polêmicas, numa situação agravada pelo exílio por motivos políticos.

Poderia facilmente salvar-se, fazendo concessões ao gosto dominante, mas preferiu ficar fiel a si próprio. Como reverso dessa força de vontade, seu caráter era desagradavelmente egoísta e vingativo. Quando finalmente conseguiu vencer, mandou construir para suas últimas obras um teatro em Bayreuth.

Desde suas primeiras óperas (Rienzi, 1839; O Navio Fantasma, 1841; Tannhäuser, 1843 – 1845; Lohengrin, 1845 – 1848) que partem do romantismo de Weber e da tradição sinfônica de Beethoven, afastou-se da concepção italiana, renunciou aos floreios vocais, impôs uma ação musical contínua e intensificou a participação orquestral, além de valorizar a importância do libreto como fundamento do drama lírico. Wagner aboliu toda a estrutura a ópera tradicional, com suas árias, duetos, etc., substituindo-a por uma seqüência dramática de cenas totalmente postas em música (durchkomponiert). Em vez de melodias, criou a melodia permanente, com base na orquestra. Escolheu, como enredos, temas de lendas medievais ou da mitologia germânica, pondo-as a serviço de suas ideias filosóficas, religiosas e políticas.

Proscrito de seu país por sua participação na revolução de 1848 em Dresden, onde era regente da corte, viajou, residiu em Zurique, em Veneza, em Paris, e redigiu suas teorias sobre a arte (A Obra de Arte do Futuro, 1850; Ópera e Drama, 1851), colocando-as paralelamente na tetralogia O Anel dos Nibelungos (1852-1874), Tristão e Isolda (1859) e Os Mestres Cantores de Nuremberg (1862-1867).

Seu encontro com Luís II da Baviera foi decisivo para a construção de um teatro, destinado às apresentações de suas próprias obras, que foi construído em Bayreuth (1872-1876). Nesta época, casa-se com Cosima, filha de Liszt. Parsifal (1877-1882) foi sua última realização dramática.

Adepto de um teatro místico, simbólico, chegou a uma fusão estreita entre texto e música, a unidade temática criada pelo leitmotiv e pela união bem-sucedida entre vozes e instrumentos. O cromatismo de Tristão e Isolda é o ponto de partida da música do século XX, influenciando compositores como R. Strauss, G. Mahler, C. Debussy e A. Schoenberg, que partiu das inovações wagnerianas para desenvolver a música dodecafônica.

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Johannes Brahms

Johannes Brahms nasceu a 7 de maio de 1833, em Hamburgo. Seu pai, contrabaixista de uma pequena orquestra de um restaurante elegante de Hamburgo, deu-lhe as primeiras lições de música aos cinco anos de idade. Quando contava sete anos, seu pai providenciou para que o garoto tomasse aulas com Otto Cossel, pianista. Cossel revelou-lhe a música de Bach e, em pouco tempo, Brahms já era capaz de tocar violino, violoncelo e trompa, além de piano, e já podia acompanhar o pai nos bailes e tavernas de Hamburgo.

Quando Brahms contava 10 anos, Cossel aconselhou o pai a enviá-lo ao professor Marxsen, excelente mestre de piano e teoria musical. Marxsen era um professor severo, mas dotado de um espírito aberto, deixando o aluno desenvolver seu talento criativo. Anos mais tarde, Brahms dedicaria ao mestre, em reconhecimento, uma de suas obras primas, o Concerto N. 2 para piano e orquestra, Opus 83.

Em 1853 inicia uma série de recitais, acompanhando o violinista húngaro Eduard Reménye, de quem se tornou grande amigo. Este ano foi decisivo em sua carreira, onde ele pôde conhecer outros centros culturais e personalidades do meio musical: o violinista Joseph Joachim, Liszt e Schumann.

Tornou-se diretor dos concertos na corte do príncipe de Lippe-Detmold, depois regente do coro de Hamburgo (1859), antes de fixar-se em Viena (1862), onde foi diretor do Singverein der Gesellschaft der Musikfreund (1872-1875).

A partir de 1863, Brahms passa a residir em Viena, onde permanece até o final de seus dias. Começa, então, o período mais fértil da carreira do compositor. Ali, Brahms escreve obras de extraordinária importância. Concluída sua Primeira Sinfonia, Brahms ganharia o aplauso do famoso Maestro Von Bülow, que se transformou no mais ardente defensor de sua obra.

Com o passar dos anos, Brahms torna-se cada vez mais introspectivo e taciturno. A solidão lhe era algo indispensável, seu único desejo era ter a tranqüilidade necessária para compor. Jamais se casou, sua vida cotidiana era simples; ele mesmo preparava o café da manhã, fazia as refeições em restaurantes populares e viajava sempre na terceira classe. Em 1878 deixa crescer sua famosa barba. Em 1881 passa uma temporada no balneário de Bad Ischl, procurando melhorar as condições de seu fígado e conclui seu Concerto N.2 para Piano e Orquestra, dedicado ao antigo mestre e amigo Marxsen.

Ao chegar à velhice, Brahms continuava viajando muito, compondo e, artista consagrado, recebendo inúmeras distinções oficiais. Seus últimos dias transcorreram tranqüilos, cercado apenas por poucos amigos fiéis. Seu fígado piora e a verdadeira natureza da enfermidade vem à luz: câncer. No dia 4 de março de 1897, levado pelos amigos, assiste a uma audição de sua Quarta Sinfonia e vê o público aplaudi-lo freneticamente. Foi seu último sucesso em vida. Pouco depois, já cansado e doente, morre no dia 3 de abril do mesmo ano.

Herdeiro de Beethoven, Brahms oferece em sua obra a síntese perfeita do romantismo e do classicismo. Não desprezou o canto popular húngaro, que incorporou a uma poesia tipicamente nórdica e suntuosa. Pianista virtuose, Brahms compôs muito para o seu instrumento ( sonatas, variações, baladas, intermezzos, rapsódias, valsas, danças húngaras).

Muito rica, sua música de câmara compreende sonatas para violino e piano, violoncelo e piano, clarineta e piano, trios, quartetos, quintetos e sextetos. Para a orquestra, compôs Variações para um Tema de Haydn, quatro sinfonias (1876, 1877, 1883, 1885), duas aberturas, dois concertos para piano, um concerto para violino, um concerto para violino e violoncelo. Seus Lieder inscrevem-se na tradição germânica, assim como sua música de inspiração sacra ( Réquiem Alemão, 1857-1868).

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Piotr ilitch Tchaikovsky

Tchaikovsky nasceu no dia 7 de maio de 1840, filho do engenheiro Ilya Petrovitch Tchaikovsky e Alexandra Andreivna d’Assier. Da infância do compositor, sabe-se que bem cedo revelou dotes musicais.

Em 1848, a família mudou-se para Moscou, onde o compositor passou a ter aulas de piano com Filipov; em pouco mais de um ano, seu progresso foi notável.

Dois anos depois, a família mudou-se para Alapiev, onde o pai do compositor dirigiu uma usina siderúrgica. Neste ano, seus pais decidiram que ele deveria ser advogado. A adolescência do compositor transcorreu entre os estudos dos cursos preparatórios da Escola de Direito de São Petersburgo (correspondentes ao colegial) e os estudos de piano com seu novo professor, Kundiger.

Em 1859, Tchaikovsky concluiu os estudos jurídicos e passou a trabalhar no Ministério da Justiça. Em 1862 ingressou no recém fundado Conservatório de São Petersburgo, a primeira escola oficial de música na Rússia, onde estudou composição, piano, flauta e noções de órgão. Meses depois toma a decisão de abandonar seu emprego no Ministério da Justiça, dedicando-se inteiramente à música. A partir de então, Tchaikovsky passou por um período de dificuldades e pobreza, dando algumas aulas, acompanhando cantores medíocres ao piano e fazendo cópias de partituras. Em 1865 concluiu seu curso no Conservatório.

Outros tempos estavam para se iniciar em sua vida. O Conservatório de São Petersburgo estava com excesso de alunos, o que levou seu diretor, Anton Rubinstein, a fundar outra escola, em Moscou, no ano de 1866, Nicolai Rubinstein, seu irmão, ficou encarregado de organizar a nova escola e contratar os novos professores, muitos deles ex alunos da escola de São Petersburgo, entre eles Tchaikovsky.

O ano de 1868 foi marcado por seus primeiros contatos com o Grupo dos Cinco, após enviar um protesto à revista Entreato, por esta ter criticado a música de Rimsky-Korsakov. Tchaikovsky era admirador da música de Rimsky-Korsakov, um dos Cinco, e seu protesto sensibilizou os demais membros do grupo, que o convidaram a visitá-los em São Petersburgo. Esse fato, porém, não fez dele um novo integrante do grupo; o compositor não admirava especialmente a música do grupo, e os outro quatro consideravam a música de Tchaikovsky demasiadamente ocidental.

Os anos seguintes da carreira de Tchaikovsky foram marcados pelo crescente sucesso como compositor e regente. Suas obras deste período são: a Fantasia-Abertura Romeu e Julieta (1870), o Quarteto de Cordas N.1 (1871), o Concerto N.1 para Piano e Orquestra (1874), o balé O Lago dos Cisnes (1876), o Concerto para Violino (1878), o Capricho Italiano (1879), a Abertura 1812 (1880).

No plano pessoal, o último terço de sua vida foi marcado pela estranha ligação que manteve com Nadejda von Meck, viúva de Karl-Georg-Otto von Meck, rico proprietário das duas primeiras ferrovias russas. Admiradora da música de Tchaikovsky, tornou-se sua protetora no ano de 1876, fornecendo-lhe uma subvenção que lhe permitia viver sem problemas materiais. A única condição estabelecida foi que os dois jamais deveriam se encontrar, comunicando-se apenas por carta. A relação durou até 1890, só terminando devido a intrigas engendradas pelo violinista Pakhulski, um dos membros do círculo de Nadejda. Ajudado por outros, Pakhulski acabou convencendo-a de que Tchaikovsky era apenas um aproveitador. O compositor ficou muito abalado, não pelos aspectos materiais, já que na época estava no auge da fama e ganhava muito dinheiro, mas pelo significado afetivo. Profundamente chocado, Tchaikovsky refugia-se na música e nas viagens.

A 22 de outubro de 1893, alguns dias após a primeira audição da Sexta Sinfonia (Patética),o compositor, bebendo água não fervida, é contaminado prla epidemia de cólera que atingia São Petersburgo, falecendo no dia 25 do mesmo mês.

Tchaikovsky compôs peças para o piano, música de câmara, seis sinfonias, aberturas-fantasia (Romeu e Julieta, 1870), balés ( O Lago dos Cisnes, 1876; A Bela Adormecida, 1890; O Quebra Nozes, 1892), três concertos para piano ( N.1, 1875), um concerto para violino (1877), e Variações sobre um tema Rococó, para violoncelo e orquestra (1876). Além de canções, escreveu dez óperas, entre as quais Eugene Oneguin (1879) e A Dama de Espadas (1890), as duas inspiradas em Púchkin. Influenciado pela música ocidental, Tchaikovsky se situou à margem do nacionalismo russo encarnado pelo Grupo dos Cinco. A orquestração brilhante, a melodia comunicativa e a intensidade dramática marcam toda a sua produção, popular em todo o mundo.

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Fonte: http://www.oliver.psc.br

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