História da Música

Principais Compositores Clássicos

por: Clarindo Gonçalves de Oliveira

Joseph Hadyn 1732 – 1809
W. A. Mozart 1756 – 1791
L. Van Beethoven 1770 – 1827
José Joaquim Américo Lobo de Mesquita 1746 – 1805
Padre José Maurício Nunes Garcia 1767 – 1830
Antônio Salieri 1750 – 1825
Antonio Soler Ramos 1729 – 1783
Muzio Clementi 1729 – 1783

Franz Joseph Haydn

Franz Joseph Haydn nasceu em Rohrau, Áustria, em primeiro de abril de 1732. O pai, Mathias Haydn, era um simples carpinteiro, a mãe, Maria Koller, era cozinheira do palácio do senhor da região antes de casar-se.

Mathias e Maria tiveram doze filhos, dos quais sobreviveram seis: Franzesca, Joseph, Anna-Katarina, Johann-Evangelist e Michael, que também tornou-se compositor.

Eram pessoas simples e virtuosas e amavam a música. Seu pai tocava harpa e sua mãe cantava, mas não tinham educação musical e faziam tudo “de ouvido”. Os serões dos pais influenciaram o menino e possibilitaram a revelação de seus dotes musicais, sobretudo uma voz maravilhosa.

Quando Haydn contava seis anos, sua família foi visitada pôr Johann-Mathias Franck, um parente, que era mestre de capela em Hainburg. Necessitava sempre ter à disposição crianças de boa voz para o coro infantil, o que não era freqüente. Mathias Franck ficou muito contente com o talento do garoto e convenceu seu pais a levá-lo para Hainburg, encarregando-se de sua educação.

O pequeno Haydn viveu dois anos na casa de Mathias Franck e esse período não foi dos melhores de sua vida. Era constantemente explorado pôr Franck, que aproveitava todas as ocasiões para exibi-lo. Mas apesar disto, Haydn desenvolveu-se musicalmente, familiarizando-se com os instrumentos da época e aprendendo a tocar vários deles.

Em 1740, quando estava com oito anos, Haydn foi levado para Viena por Georg Reutter, mestre de capela da corte austríaca. Integrou o coro infantil da Catedral de Santo Estevão e morava na escola da catedral.

Neste internato moravam outros cinco alunos que recebiam educação musical, além de estudarem as matérias comuns de outras escolas. As crianças não se vestiam adequadamente e a alimentação era escassa . À fome e ao frio juntavam-se os maus tratos de Reutter. As tarefas eram inúmeras: serviço musical rotineiro da catedral, festas religiosas, procissões. Em vez em quando cantavam em festas da aristocracia, onde podiam saciar a fome e voltar para a escola com os bolsos cheios de doces.

Apesar destes fatores, o talento do menino compositor desenvolveu-se, obtendo da prática diária da música o que não recebera em teoria. Embora fosse talentoso, compondo já suas primeiras obras, Haydn era mantido na escola devido a sua bela voz de soprano menino. Mas a voz muda na adolescência e, no caso de Haydn essa mudança foi decisiva em sua vida. Em 1745 sua voz começa a mudar e Reutter pensa em submetê-lo à castração, a fim de poder contar com seu talento para o canto; mas seu pai se horroriza com a ideia e Haydn escapa deste terror. Seus dias estão contados em Santo Estevão. Uma brincadeira típica de adolescente – Haydn cortou a peruca de um colega – forneceu um pretexto a Reutter para expulsá-lo da escola.

Expulso da Catedral em novembro de 1748 com dezoito anos, Haydn está só nas ruas de Viena, sem um tostão no bolso. Começa a trabalhar fazendo arranjos, tocando em festas e bailes e dando aulas de cravo. Mora em um quarto frio sem fogão. Com o primeiro dinheiro que recebe compra um velho cravo. Desta maneira sobrevive e tem tempo para estudar e compor.

Conhece Niccoló Porpora, famoso professor de canto e começa a trabalhar para ele, acompanhado ao piano seus alunos de canto durante as aulas. Assim ele desenvolve seus conhecimentos em canto, italiano e composição, além de fazer contato com a nobreza. Seu mercado aumentou, recebendo o convite do Conde Maximiliano para ser diretor de música.

A 26 de novembro de 1760 casou-se com Maria Anna Aloysia Keller, uma aluna sua. Foi uma das piores coisas que fez…seca, rabugenta e fútil, pouco lhe importava o trabalho do marido. Algumas partituras de Haydn ela usou como papel de embrulho. O compositor, normalmente tão calmo, chegou a exasperar-se com aquela mulher. Ele pensou até em separar-se dela, mas suportou até o fim. Ela morreu em 1800, sem ter-lhe dado um filho.

Em 1761 Haydn foi contratado pelo Príncipe Anton Esterházy, de quem seria servo até seus últimos dias. Era obrigado a usar libré, a compor tudo o que o patrão quisesse, a resolver todos os problemas entre os músicos de sua orquestra e a cuidar do bom estado dos instrumentos. Embora algumas dessas disposições possam parecer chocantes hoje em dia, eram comuns e não constituíam problemas para um músico, sobretudo para um temperamento como o de Haydn, acostumado a superar obstáculos calmamente, entregando-se ao trabalho. Nos primeiros cinco anos com os Esterházy, o compositor escreveu trinta sinfonias, sem falar nos divertimentos, trios, sonatas, concertos, etc.

Relação importante surgida nesta época foi a que Haydn manteve com Mozart. Os dois encontraram-se pela primeira vez em 1781, quando Mozart mudou-se para Viena. Mozart e Haydn eram profundamente diferentes. O primeiro, emocionalmente instável; o outro, quase sempre tranqüilo e bem humorado. Mozart tinha pouso senso de ordem e não dava importância ao dinheiro; Haydn construiu aos poucos, excelente patrimônio. Além disso, os separava uma grande diferença de idade. No entanto, ligaram-se por sólida amizade e influenciaram-se reciprocamente.

Pelo palácio passavam a alta nobreza européia e todas as figuras importantes da época. Isso fez com que a música de Haydn ficasse famosa e se transformasse em sucesso onde fosse apresentada. Aproximava-se o momento em que o compositor se libertaria,relativamente, de seus patrões.

Em 1791 parte para a Inglaterra, para uma série de vinte concertos em Londres, a convite do empresário Johann-Peter-Salomon. Seus concertos são acolhidos com sucesso; é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Oxford.

Mas nem tudo correu bem na Inglaterra. A profecia feita pôr Mozart, quando os dois se despediram em Viena – “Temo, meu pai, que estejamos nos dando o último adeus”- tornou-se realidade: Mozart falece a 5 de dezembro de 1791 e Haydn fica profundamente abalado.

Em 1792 os rivais de Salomon organizam uma série de concertos de Ignace Pleyel, antigo aluno de Haydn, para concorrer com os concertos do compositor. Em resposta, Salomon pede a Haydn que escreva seis novas sinfonias para fazer frente ao desafio. Abalado com a morte do amigo, fatigado com tanto trabalho, Haydn resolve voltar para Viena.

De novo em Viena, o barão Zmeskall apresenta-lhe um jovem promissor de 22 anos: era Ludwig van Beethoven. No auge da fama e sobrecarregado de trabalho, ele não pôde dar ao gênio de Bonn a atenção que ele merecia. Corrigindo-lhe os trabalhos do jovem, Haydn percebe seu grande talento e escreve ao barão, afirmando que aquele compositor iniciante, com o correr do tempo se converteria “num dos maiores músicos da Europa” e que ele se sentiria “orgulhoso de chamar-se seu mestre”.

Resolve viajar à Inglaterra novamente “porque ali sou mais famoso do que em meu país”.

Final de 1795: de novo em Viena, Haydn traz em sua bagagem as doze Sinfonias Londrinas.

Na entrada do século XIX, Haydn é ainda um homem forte e vigoroso para sua idade. Escreve então algumas obras importantes,como a Missa Harmonia e o Quarteto opus 103, N.83, concluído em 1803. A partir desta época o compositor não tem mais forças. Fraco e abatido, em 1805 corre o boato de sua morte. O bom humor dele continua vivo; Haydn escreve a propósito de um concerto fúnebre em sua homenagem, organizado pôr Cherubini e Kreutzer: “Que festa para mim se pudesse viajar e dirigir eu mesmo a missa!” Haydn falece na madrugada de 31 de maio de 1809.

Obras

84 quartetos para cordas
104 sinfonias
15 concertos para piano e orquestra
8 concertos para violino e orquestra
3 concertos para violoncelo e orquestra
1 concerto para contrabaixo e orquestra
1 concerto para trompete e orquestra
Hino da Alemanha
Oratório “As Estações”
Divertimentos, trios, sonatas, missas,etc.

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José Joaquim Emerico Lobo De Mesquita

Compositor e organista brasileiro, considerado o mais importante compositor mineiro do século XVIII. Foi músico da tropa paga para a defesa da capitania de Minas Gerais, com patente de alferes. Estudou música com o padre Manuel da Costa Dantas, mestre-de-capela da matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Lobo de Mesquita trabalhou como organista para a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo; entre 1784 e 1798 o compositor trabalhou no Arraial do Tejuco (Diamantina), nas igrejas de Santo Antônio e do Carmo.

No Tejuco trabalhou ainda para as Irmandades do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora das Mercês. No ano de 1798 transferiu-se para Vila Rica (Ouro Preto), onde foi diretor de música da matriz de Nossa Senhora do Pilar e da igreja do Carmo. Em 1800 fixou-se no Rio de Janeiro.

Compôs mais de 300 obras, das quais se destacam Antífonas de Nossa Senhora (1787), Te Deum, Ladainha e a Missa em si bemol (1790). Apenas dois manuscritos autógrafos do compositor chegaram aos nossos dias: a Antífona de Nossa Senhora, de 1787, e a Dominica in Palmis, de 1782. Todas as outras obras conhecidas de sua vasta produção aparecem em cópias dos séculos XVIII e XIX. Foi escolhido como Patrono da cadeira n. 4 da Academia Brasileira de Música.

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Padre José Maurício Nunes Garcia

Padre José Maurício, nascido no Rio de Janeiro, a 22 de setembro de 1767, filho de pais mulatos, um alfaiate e uma filha de escravos, começou cedo seus estudos musicais. Mário de Andrade assim escreveu a respeito do menino José Maurício: “Arranjou uma viola e a tangeu tanto que acabou descobrindo por si o segredo dos acordes e das harmonias. Repinicava as cordas e se punha a cantar melodias de canções conhecidas”.

A música, neste tempo, florecia apenas nas igrejas, o que influiu na vocação sacerdotal do jovem. Apesar de sua grande vontade de vencer as barreiras sociais da época, José Maurício teve sua carreira musical prejudicada após a chegada da preconceituosa corte portuguesa ao Brasil. Nomeado mestre-de-capela e organista da catedral do Rio de Janeiro em 1798, teve também um papel de destaque como professor de música, tendo inclusive como aluno Francisco Manuel da Silva, autor do Hino Nacional.

Escreveu cerca de 400 obras (destas, apenas quatro são profanas), como a Missa em Si Bemol, Missa de Réquiem e Missa Pastoril para a Noite de Natal.

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Antonio Salieri

Compositor italiano, mestre da capela imperial em Viena (1788-1824). Chegando de Legnano à capital austríaca, em 1766 tornou-se compositor oficial da corte de José II em 1774 e mestre de capela em 1788. Após a morte do imperador, em 1790, abandonou a direção da ópera porque não manteve boas relações com o seu sucessor, Leopoldo II, mas conservou o seu cargo de mestre de capela até 1824.

Sua ópera L’Europa riconosciuta foi escolhida para inaugurar o Scala de Milão (1778). Nesta época, eclipsava Mozart na capital da Áustria, mas a lenda segundo a qual ele teria envenenado seu rival não tem qualquer fundamento.

Se houve mesmo rivalidade entre os dois compositores, tais escaramuças não ultrapassavam as fofocas de bastidores da corte austríaca. Dois filhos de Mozart (Wolfgang Amadeus Mozart Junior e Franz Xaver Wolfgang) estudaram com Salieri em Viena, após a morte do pai. O compositor italiano foi também o primeiro a escrever uma ópera em parceria com o libretista Lorenzo Da Ponte e o aproximou de Mozart.

Uma de suas últimas obras importantes é Falstaff (1799). Escreveu também música religiosa e diversas páginas instrumentais. Foi professor de Beethoven, Schubert, Czerny, Liszt, Moscheles e Hummel, entre outros compositores importantes da primeira metade do século XIX.

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Padre Antonio Soler

Antonio Soler Ramos nasceu em 1729, filho de Mateo Soler Mencía e Teresa Ramos Cebrián. Foi batizado em 3 de dezembro deste ano, na paróquia de San Esteban de Olot, recebendo o nome de Antonio Francisco Javier José.

Em 1736 foi admitido, aos seis anos de idade na escola do Monastério de Montserrat, dos monges beneditinos, onde teve como mestres de música os padres Benito Esteve e Benito Valls.

Em 1752 torna-se organista no Monastério de El Escorial, sendo um dos mais notáveis organista de seu tempo. Neste mesmo ano, aos 22 anos de idade, é ordenado, no dia 25 de setembro. Além de suas obrigações como monge Jerônimo, suas tarefas como músico consistiam em compor novas obras para as datas importantes do ano litúrgico.

Logo foi enviado à Madri, para continuar seus estudos musicais com José de Nebra, vice maestro da Capela Real e restaurador dos arquivos musicais. Em seguida, tornou-se aluno de Domenico Scarlatti, músico da corte e mestre de cravo de Dona Maria Bárbara de Bragança, esposa de Fernando VI. Scarlatti foi uma personalidade que marcou a evolução musical de Soler, cuja influência é percebida em sua técnica ao cravo, na forma e harmonia de muitos de seus trabalhos para instrumentos de teclado. Nesta época torna-se professor dos filhos do casal real.

Soler é descrito como um homem culto, profundo conhecedor de Latim, muito afável, de espírito sensível e profundamente religioso. Muito humilde, recusou-se a ser retratado para a galeria dos músicos ilustres, postura que nos impediu de conhecer o seu rosto.

Sua saúde sempre havia sido frágil e, ao se aproximar dos cinqüenta anos, freqüentemente é internado na enfermaria do Monastério. Em 1783, sente-se mais uma vez doente e seu estado se agrava com rapidez. Morre às cinco e meia da manhã do dia 20 de dezembro, aos 54 anos de idade, ser ter tido tempo de receber a extrema unção.

Soler é considerado um dos maiores compositores da Espanha. É autor de 334 obras vocais, a maioria litúrgica, com texto em Latim tais como missas, hinos, motetos e lamentação e também numerosos villancicos.

Compôs 128 villancicos, que consistem em suítes de cantatas dramáticas, vivas e alegres, que contém árias à moda italiana e melodias espanholas de inspiração popular, escritas para solista e coro. É autor de 31 peças para cena, tais como autos e comédias.

Suas composições mais conhecidas são suas sonatas para cravo em número de 120 aproximadamente, onde é percebida a influência de Scarlatti. Grande parte destas sonatas é escrita em apenas um movimento, como as de Scarlatti, mas cerca de vinte delas possuem três ou quatro movimentos e uma fuga final: são as que pertencem à sua última fase como compositor, a partir de 1766. Todos os movimentos estão em uma mesma tonalidade, como em uma suíte.

Compôs peças para órgão e música de câmara, além de ser autor de tratados teóricos e técnicos, como o polêmico Llave de la Modulacion y antiguedades de la música”, publicado em 1762.

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Muzio Clementi

O primeiro mestre de música de Clementi foi o organista Buroni, com quem teve aulas de piano e harmonia. Mais tarde, estudou contraponto e canto com os mestres Carpani e Santarelli. Aos 12 anos, Clementi compôs o oratório Martirio dei gloriosi santi Girolamo e Celso.

Aos 14 anos despertou grande impressão em F. Bedford, que o levou para a Inglaterra, onde Clementi conseguiu, em pouco tempo, fama como concertista e professor.

Em 1780 ocupou o cargo de cravista e diretor da orquestra da Opera Italiana de Londres. No ano seguinte realiza sua primeira tournée por Munich, Strasbourg e Viena. Após percorrer a França e Suíça, retorna à Londres, associando-se a uma fábrica de pianos e a uma editora.

Paralelamente à estas atividades, Clemente era um excelente professor, formando alunos que depois tiveram muito renome, como Cramer, Field, Moscheles e Kalkbrenner.

Falece no dia 10 de março de 1832, em sua propriedade de Evesham, perto de Londres, sendo sepultado no claustro da abadia de Westminster.

Suas obras principais são constituídas por: 106 sonatas para piano, o método para piano Gradus ad Parnassum, as famosas sonatinas Op. 36 e 38, sinfonias, overtures, etc.

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Fonte: http://www.oliver.psc.br

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