A Intervenção da Musicoterapia no Método Mãe Canguru

por: Cláudia Drezza Murakami

A ideia de que música é saúde já circula desde o século seis a.C. Naquele tempo, Pitágoras já dizia que para o corpo e mente ficarem sintonizados com a harmonia do universo a receita era simples e eficiente: música e dieta vegetariana. Quanto à dieta há discussão, mas até os médicos já sabem que música ajuda a curar. A isso se chama musicoterapia.

A definição oficial, da Federação Mundial de Musicoterapia: “É a utilização da música e/ou de seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um profissional qualificado, com um cliente ou um grupo, em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender às necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas. A musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele alcance uma melhor integração intrapessoal e conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida, através de prevenção, reabilitação ou tratamento.”

Vários estudos confirmam a importância que a música tem para o bem estar do bebê, desde quando ele ainda é um feto e está no ventre da mãe. A música traz tranqüilidade para a mãe e para o bebê, introduzindo-o na sensibilização aos sons, desde muito cedo.

Não dá pra imaginar um mundo sem som e se pararmos para analisar, quase todos os sons que ouvimos durante dia-a-dia, são como instrumentos musicais tocando alguma melodia: os pingos de uma torneira, os trovões, a chuva, as cigarras cantando lá fora, o arrastar de um chinelo ao andar, as ondas do mar explodindo na praia e tantos outros. O Estímulo Musical tem que começar na gravidez; a futura mamãe deve entoar canções infantis ou até mesmo ouvir música. Isso porque a partir do 7º mês de gestação, o bebê consegue reconhecer vozes, música e sons do ambiente, além dos batimentos cardíacos da mãe.

Pesquisas revelam que o desenvolvimento da inteligência é bem maior nas crianças cujas mães cantavam para seus bebês, enquanto eles ainda estavam no útero. E esse resultado pode ser ainda mais benéfico se a mãe der continuidade ao estímulo musical da criança

A posição canguru foi idealizada na Colômbia em 1979 com o objetivo de diminuir a mortalidade neonatal elevada naquele país. A ideia era de que a colocação do recém-nascido contra o peito da mãe, promoveria maior estabilidade térmica, substituindo as incubadoras, permitindo alta precoce, menor taxa de infecção hospitalar e conseqüentemente melhor qualidade da assistência com menor custo para o sistema saúde.

No entanto, quando adequadamente analisado esse procedimento não mostrou a melhoria esperada na sobrevida dessas crianças prematuras, aumentando o risco com esse tipo de cuidado.

Mas a atitude de promover um contato pele a pele precoce entre a mãe e o seu bebê mostrou desenvolver um maior vínculo afetivo e um melhor desenvolvimento da criança. Devido aos benefícios da atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso “método mãe canguru” e da música para a gestante e bebê, nota-se que a união dessas técnicas “Musicoterapia e Método Mãe Canguru” só têm a acrescentar a favor de mãe e filho, visando rápida recuperação de ambos, fortalecimento de vínculo, diminuição de ansiedade e depressão materna e do stress hospitalar.

Utilizando a técnica mãe canguru, deixando o recém-nascido pele a pele e na posição vertical com a mãe, a mãe irá improvisar algumas cantigas para o bebê. Ela irá sugerir a música para seu filho, e cantando suavemente, acompanhada pelo instrumento “teclado”, irá acariciá-lo, tocar seu rostinho, suas mãozinhas, e demonstrando todo o seu amor ao bebê, fortalecendo ainda mais o vínculo entre mãe e filho, a voz da mãe irá acalmar e dar segurança a esse bebê que sentindo toda essa situação “amado, desejado”, irá se recuperar mais rápido.

Aproveitando muito dos acalantos, pois segundo Aberastury / Alvarez de Toledo (s.d., p.35) reconhecer a voz materna é uma das experiências mais precoces e totais da vida de um bebê, pode ser considerada como um “leite que entra pelos ouvidos” segundo os autores.( apud Negreiros, 2000, p. 3) .

Referências Bibliográficas:

NEGREIROS, Martha. A Musicoterapia no Aleitamento Materno Exclusivo. [dissertação] . Rio de Janeiro (RJ) : Maternidade Escola da UFRJ, 2000.


Claudia D. Murakami ( [email protected] ) é musicoterapeuta clínica e professora de musicalização para portadores de deficiência