Musicoterapia: O Bem que a Música Faz!

por: Claudia Drezza Murakami

Musicoterapia é a utilização da música e ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um paciente ou grupo, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas (Federação Mundial de Musicoterapia, 1996).

A música é a forma mais antiga de nos expressarmos. De fato, a música é o homem e o homem é a música, pois ela toca em sentimentos profundos fazendo com que respondamos com todo o nosso ser. Ela já é benéfica antes mesmo do bebê nascer, pois já existem pesquisas comprovando que a escolha musical de agrado dos pais e a audição freqüente e principalmente prazerosa dessas músicas durante a gravidez, faz com que a criança, inclusive após o nascimento, seja capaz de reconhecer essa música e de tranqüilizar-se ao ouvi-la, segundo Stéphanie Sapin- Lignières (monitora perinatal).

Vários estudos confirmam a importância que a música tem para o bem estar do bebê, desde quando ele ainda é um feto e está no ventre da mãe. A música traz tranqüilidade para a mãe e para o bebê, introduzindo-o na sensibilização aos sons, desde muito cedo.

Não dá pra imaginar um mundo sem som e, se pararmos para analisar, quase todos os sons que ouvimos durante dia-a-dia, são como instrumentos musicais tocando alguma melodia: os pingos de uma torneira, os trovões, a chuva, as cigarras cantando lá fora, o arrastar de um chinelo ao andar, as ondas do mar explodindo na praia e tantos outros.

O estímulo musical deve começar na gravidez; a futura mamãe deve entoar canções infantis ou até mesmo ouvir música. Isso porque a partir do 7º mês de gestação, o bebê consegue reconhecer vozes, música e sons do ambiente, além dos batimentos cardíacos da mãe. Pesquisas revelam que o desenvolvimento da inteligência é bem maior nas crianças cujas mães cantavam para seus bebês, enquanto eles ainda estavam no útero. E esse resultado pode ser ainda mais benéfico se a mãe der continuidade ao estímulo musical da criança. Um dos benefícios do estímulo musical na gestação é, propiciar à gestante desvendar aspectos pessoais que desconhecia, além de ser uma importante vivência musical.

A musicoterapia, por ser uma intervenção terapêutica não-verbal, cujo objeto formal de estudo é o comportamento sonoro do indivíduo, baseia-se na hipótese da existência de representações internas de sons (vivenciados desde a vida intra uterina) que embora permaneçam inconscientes, permitirão que haja a formação de canais de comunicação sonoro não verbais.(Cascarani, 2004) É por meio do som, dos elementos musicais (melodia, harmonia e ritmo) e da intervenção do terapeuta, que o indivíduo encontra sua identidade sonora como também passa a criar produtos significantes que ampliam as suas formas de comunicação.

O objetivo do trabalho musicoterápico é o de promover melhora na qualidade de vida do paciente, beneficiando em seu desempenho nos aspectos biopsicossociais.

Aplicações importantes da Musicoterapia:

  • Educação especial, reabilitação, psiquiatria, geriatria e gerontologia.

Outras áreas:

  • Acompanhamento às mães e pais no pré-natal; método mãe canguru
  • Estimulação essencial com bebês em escolas, creches e outras instituições;
  • Atendimento em escolas para crianças com déficit de atenção e distúrbios de Aprendizagem, Hiperatividade;
  • Atendimento a deficientes mentais e sensoriais; A.V.C.
  • Clínicas e hospitais na área da saúde mental;
  • Recuperação de dependentes químicos(drogas e álcool);
  • Na assistência à deficientes físicos em instituições de reabilitação;
  • Atuando em clínica de Oncologia;
  • Atuando com idosos;
  • No desenvolvimento pessoal, aprofundando a vivência do processo criativo e as relações interpessoais;
  • Área social, com meninos e meninas de rua e menores infratores.

Referências Bibliográficas:

BRUSCIA,Dr. Kenneth – Improvisational Models of Music Therapy – Curso de Improvisação Musical (Tradução Márcia Cirigliano). Rio de Janeiro, 2001.

RUUD, Even . Caminhos da Musicoterapia. Summus: São Paulo, 1990

BUCHABQUI, Jorge Alberto. A assistência Pré-Natal. In: FREITAS, Fernando et al. (org). Rotinas em obstetrícia. Artes Médicas. Porto Alegre, 1997, p.23-36

ZIEGEL, Ema E., GRANLEY, Mecca S. Enfermagem obstétrica. Koogan, Rio de Janeiro, 1986.

BENEZON, Ronaldo. O Manual de Musicoterapia. Enelivros, Rio de Janeiro, 1985.

NEGREIROS, Martha. A Musicoterapia no Aleitamento Materno Exclusivo. [dissertação] . Rio de Janeiro (RJ) : Maternidade Escola da UFRJ; 2000.

DELABARY, Ana Maria. Musicoterapia com gestantes: espaço para a construção e ampliação do ser. [dissertação de mestrado] Porto Alegre (RS):PUC – RS; 2001.


Claudia D. Murakami ( [email protected] ) é musicoterapeuta clínica e professora de musicalização para portadores de deficiência