A Audição

Perdas Auditivas: Formas de Diagnóstico

por: Projeto Ciência Viva
(Ministério da Ciência e da Tecnologia – Portugal)

1. Como saber se sofre de perdas auditivas

Se pensa que sofre de perdas auditivas, o melhor a fazer será consultar um especialista, como um otorrinolaringologista ou um audiologista. Um otorrinolaringologista é um médico especialista em doenças dos ouvidos, do nariz e da garganta, e que poderá determinar a causa das perdas auditivas. O audiologista saberá identificar e medir o nível de perdas auditivas através de alguns testes como o audiograma tonal. Deve também ser tido em consideração o fato das perdas auditivas poderem ser a manifestação de uma infecção ou outra doença, o que deverá ser averiguado com outro tipo de exames.

Apresentam-se seguidamente alguns sintomas que podem indicar a presença de uma infecção grave no ouvido:

  • Audição “abafada”;
  • Uma dor aguda e repentina ou “pesada” e contínua no interior do ouvido;
  • Febre maior de 37.8ºC, por vezes acompanhada de arrepios;
  • Nariz entupido;
  • Garganta dorida;
  • Uma sensação de peso no interior do ouvido;
  • Pus ou sangue que escorre do interior do ouvido;
  • Náusea.

Caso sinta alguns destes sintomas é aconselhável a consulta de um especialista. Ele examinará os ouvidos com um otoscópio para tentar identificar a origem da infecção, podendo também recorrer a imagens de raio-X e outros métodos para determinar a sua gravidade.

2. O audiograma tonal

Este tipo de teste tem por objetivo avaliar a sensibilidade auditiva do paciente a sons de freqüência pura, isto é, do tipo sinusoidal. Durante os testes são variados dois parâmetros, de forma a serem determinados os sons de mais pequena amplitude que a pessoa consegue ouvir: a intensidade e a freqüência. Na Figura 1 mostra-se o exemplo de um audiograma tonal para o ouvido direito. Como se pode observar, no eixo horizontal estão representadas as várias freqüências, enquanto que a intensidade é representada no eixo vertical.


Figura 1 – Exemplo de um audiograma tonal.

A freqüência é medida em Hertz (Hz) e, como foi já explicado, temos a capacidade para perceber sons entre 20Hz e 20000Hz. O audiograma mostra o resultado para 6 a 10 valores específicos de freqüência, entre 250Hz e 8000Hz, que é uma gama importante no desenvolvimento da fala e da língua. Como se pode observar, as baixas freqüências estão localizadas no lado esquerdo do gráfico, estando as altas freqüências do lado direito.

O audiograma tonal é obtido colocando a pessoa a examinar numa pequena sala, isolada acusticamente, e usando fones de ouvido. O teste começa então por se fazer variar a intensidade de um som com uma determinada freqüência, desde um valor inaudível até um que a pessoa já consiga ouvir. Esse valor de intensidade, medido em dB, corresponde ao limiar da audição para a freqüência dada. A intensidade assim determinada é depois comparada com o limiar de audição de uma pessoa saudável, sendo o resultado colocado no audiograma tonal.

Olhando de novo para a Figura 1 podemos ver que, a 4000Hz, a intensidade de som tem que ser aumentada de 50dB acima do limiar para que possa ser percebida. Já a 1000Hz, o som tem que ter uma intensidade de aproximadamente 30dB acima do limiar. Uma pessoa saudável teria a marcações dentro da zona cinzenta, em torno dos 0dB.

Um audiograma tonal contempla os dois ouvidos, sendo a distinção entre eles feita, ou pelas diferentes cores utilizadas, ou pelo símbolo com que são feitas as marcações. Assim, para o ouvido direito é normalmente utilizada a cor vermelha, sendo as leituras marcadas com um “o”. Para o ouvido esquerdo utiliza-se normalmente a cor azul e fazem-se as marcações com a letra “x”.

3. Outro tipo de testes

História pessoal – história pessoal é uma fonte importante para o diagnóstico de uma determinada condição, nomeadamente questões relacionadas com o meio familiar, o ambiente, doenças anteriores, gravidez, etc…

Otoscópio – Um otoscópio é uma instrumento médico que emite luz, construído para auxiliar a visualização do canal auditivo e do tímpano. Este instrumento pode ajudar a revelar anormalidades físicas que provocam perdas auditivas.

Emissões Otoacoústicas – Este teste, que pode detectar perdas auditivas sem a participação ativa da pessoa, ao contrário do audiograma tonal, é muito rápido, sendo até utilizado em bebês, pouco tempo depois do parto. O teste mede a resposta das pequenas células ciliadas no ouvido interno a um estímulo sonoro, sendo muito eficaz na detecção de alterações auditivas de origem coclear. O teste baseia-se na recente descoberta de que as células ciliadas produzem emissões sonoras, passíveis de serem captadas.

As emissões otoacústicas podem ser classificadas em 2 categorias:

  • Espontâneas: são sinais de baixo nível sonoro, medidos na ausência de estimulação acústica e que ocorrem em 50% dos ouvidos normais;
  • Evocadas: ocorrem em 100% dos ouvidos e são subdivididas em 3 tipos, de acordo com a natureza do estímulo utilizado:
    • transitória: em resposta a sinais acústicos de curta duração (“clicks”). É um teste de grande utilidade clínica;
    • tons puros : mede-se a resposta a tons puros e contínuos. Este teste fornece o mesmo tipo de informação do anterior mas, por demorar mais tempo e ser mais exigente do ponto de vista técnico, é usualmente preterido;
    • medição dos produtos de intermodulação: serve para estudar as não linearidades do ouvido. Utilizam-se dois tons puros de freqüência diferente como estímulo. A resposta do ouvido contém, para além dos estímulos, tons de diversas freqüências diferentes das utilizadas na excitação.

Potenciais Evocados – Este teste mede as ondas cerebrais geradas em conseqüência dum estímulo sonoro, sendo também efetuado sem a participação ativa do indivíduo. É, contudo, um pouco mais demorado do que o teste das emissões otoacústicas.

Timpanograma – Para este teste, o audiologista colocará pequenas pontas de prova de borracha nos canais auditivos, o que causa uma sensação de excesso de pressão. Durante o teste é produzida uma série de tons, sendo em simultâneo medidas as respostas do tímpano a cada um deles. Este teste é muito útil na determinação da natureza das perdas auditivas, sendo também efetuado sem a colaboração do paciente.

Teste Vocal – Este tipo de teste é semelhante ao audiograma tonal. Os tons puros de diversas freqüências são, contudo, substituídos por trechos de fala, com o objetivo de se determinarem os níveis de intensidade a partir dos quais a fala é ouvida e compreendida. Neste tipo de teste é necessária uma colaboração ativa da pessoa. Definem-se usualmente dois limiares:

  • Limiar da detecção de fala: corresponde ao limite de intensidade a partir do qual o paciente reconhece tratar-se de voz humana;
  • Limiar do reconhecimento: corresponde ao limite de intensidade a partir do qual o paciente consegue compreender aquilo que está a ser dito.

Fonte: http://telecom.inescn.pt

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