A Audição

Sua Audição Corre Perigo?

por: Gregory A. DeTogne

Com apenas 31 anos de idade, Ludwig van Beethoven (1770-1827) começou a perceber sinais de perda de audição. Aos 49 anos, estava surdo como uma porta. De algum modo, viver a maior parte de sua vida sob um manto de silêncio absoluto não o impediu de completar nove sinfonias, cinco concertos, 32 sonatas, e incontáveis outras composições. Mas para a maioria de outros que fazem da música o seu meio de vida, sofrer um revés como esse significaria muito provavelmente o fim de uma carreira.

Há não muito tempo, a perda da audição era percebida como um risco ocupacional inevitável no mundo da música; alguns até usavam isso como um sinal de honra. Hoje, entretanto, uma crescente conscientização do problema está trazendo mudanças de atitude. Com a educação vem a escolha, e agora músicos de todas as tendências estão descobrindo que podem proteger sua audição sem sacrificar a paixão e o poder de suas performances.

Proteger sua audição começa na compreensão dos riscos envolvidos. No nível mais básico, esses riscos envolvem a duração da exposição de um indivíduo a sons altos. Usando as diretrizes para a indústria, estabelecidas pela entidade Norte-Americana OSHA (sigla em Inglês de ‘Administração de Saúde e Segurança Ocupacional’), sabemos que a maioria das pessoas pode permanecer com segurança em um ambiente com níveis de ruído de 90 dB por oito horas, sem risco de danos à audição. Para cada aumento de 5 dB no nível de ruído, a partir dessa linha base, as margens de segurança encolhem para metade na escala do tempo. Por exemplo, uma pessoa pode ficar com segurança em um ambiente com níveis sonoros de 95 dB por quatro horas, em um ambiente com 100 dB por duas horas, e assim por diante.

Além do que a OSHA descobriu, também sabemos que uma variedade de outros fatores determina a predisposição de uma pessoa a sofrer perdas auditivas. Michael Santucci, um audiológo que fundou a empresa Sensaphonics, de Chicago (uma firma dedicada ao desenvolvimento de produtos e estratégias conservacionistas, e que atende a um grande número de músicos famosos) diz que a genética, o histórico de doenças anteriores, saúde cardiovascular, uso de medicamentos, e a natureza geral do nosso barulhento planeta, desempenham um papel significativo na saúde auditiva.

“A genética desempenha um papel de aproximadamente 40% na perda auditiva ao longo de nossas vidas,” afirma. “Se um músico de uma banda vem de uma família em que alguém sofreu perda auditiva por exposição a ruídos altos, ele ou ela tem um risco mais alto de sofrer danos que alguém de uma família sem esse histórico. Há também estudos mostrando que pessoas com histórico de infecções no ouvido médio na infância correm um risco maior de danos auditivos, exatamente como aqueles que possuem hábitos de restrição cardiovascular, como fumar e beber em excesso. Nesse último caso, o fluxo de sangue para o ouvido interno é reduzido, o que resulta em uma diminuição na sua capacidade de reparar as delicadas células nervosas, o que é vital para a audição. Alguns medicamentos também possuem um efeito ototóxico no ouvido interno, especialmente em grandes doses. Até mega doses de aspirina podem ser danosas. Um guitarrista procurou-me certa vez, reclamando de perda de audição. Ao tentar controlar a dor de uma síndrome do túnel do carpo, ele estava consumindo doses enormes desse medicamento, comprada livremente na época no balcão de farmácias. O hábito havia contribuído pesadamente para a condição vivenciada.”

“Além disso, não se pode esquecer que, entre esses fatores de risco, está também a natureza clamorosa das nossas vidas diárias. O mundo é simplesmente mais barulhento do que costumava ser, e isso expõe a todos nós a um risco maior, incluindo os músicos,” acrescenta Santucci.

Então, o que pode ser feito para proteger nossa audição?

Para começar, Santucci sugere fazer um exame audiométrico pelo menos uma vez por ano. Pense nisso como uma visita ao dentista. “Você precisa estabelecer uma linha de base,” ele argumenta, “para poder saber se a sua audição está piorando ou não. Você também pode usar monitores do tipo ‘IN-EAR’ quando tocar. Usados adequadamente, eles podem salvar sua audição.”

Entretanto, o uso correto dos monitores pessoais (IN-EAR) é sua responsabilidade. A boa notícia é que, com o grau de isolamento permitido pelos monitores pessoais, os músicos podem ouvir seu mix de monitor mais claramente em volumes mais baixos que o necessário com os monitores de chão tradicionais. Infelizmente, nesse ponto, não há correlação direta entre o ponto onde se deve ajustar o controle de volume do seu monitor pessoal (IN-EAR) e quanto de SPL está presente em seus ouvidos. O modo de testar corretamente o nível de pressão sonora dentro dos seus ouvidos é consultar um audiólogo, que poderá comprovar os níveis enquanto você usa o produto.

“Se você vai fazer um show de três horas, a média do volume no monitor IN-EAR deve ficar em torno de 97 dB,” explica Santucci. “E isso não inclui os momentos de pico. Caso precise ouvir um prato crash a 115 dB, tudo bem, mas 97 dB deveria ainda assim ser o seu valor médio de volume. Como saber se você alcançou um nível adequado? O único jeito de saber é medir os níveis sonoros no seu tímpano auditivo enquanto você está realmente com seu sistema de monitor IN-EAR ligado. Nós desenvolvemos há dez anos um aparelho, semelhante a uma sonda, que faz exatamente isso, e que ainda hoje levamos a palcos, para atender aos nossos clientes.”


Fonte: https://br.shure.com/

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