Estudos Bíblicos: Adoração

Estudos Bíblicos: Adoração – Lição 08 – Conformidade, Concessão e Crise na Adoração

Comentários do Pr. Otoniel Tavares de Carvalho


Texto Central: “Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”. (Hebreus 5:14)

Leitura Bíblica da Semana: Gênesis 6:5; Deuteronômio 12:8; 13:18; I Reis 11:1 a 13; I Reis 18; Jeremias 17:5; Malaquias 3:16 a 4:6.


Introdução

Diz um provérbio popular:

“Porteira por onde passa um boi, passa uma boiada.”

Isto é verdade também em relação à apostasia. Toda apostasia começa com pequenas concessões ao erro, ao pecado. A apostasia total começa a partir de pequenos delitos, pecados pequenos, que não causam escândalo. Depois, aumenta-se o tamanho das concessões ao mal, e os pecados aumentam em grau de periculosidade: pecados pequenos, pecados médios, pecados grandes, escandalosos. Isto é como a ação de um ladrão ou de um viciado em drogas alucinógenas. Primeiro, pequenos furtos; depois, furtos de nível médio; e por fim, grande furtos, inclusive com a morte de pessoas. Em relação aos drogados, eles iniciam geralmente fumando cigarro comum; depois, fumam maconha; adiante, fazem uso de cocaína e crack. Leia o que Salomão escreveu: “Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal.” Eclesiastes 8:11. Se você não detém o mal logo no começo, ele age como um câncer da alma, e toma conta de todo o seu ser, matando-o espiritualmente.


Lição de Domingo
Aos Olhos de Deus
(Gênesis 6:5; Deuteronômio 12:8; Deuteronômio 13:18; Jeremias 17:5-9; João 2:25; Romanos 3:9-12)

Dois textos que impressionam pela clareza das declarações:

“Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na Terra, e que era CONTINUAMENTE MAU todo desígnio [propósito] do seu coração.” Gênesis 6:5, grifos e interpolação nossos.

“ENGANOSO É O CORAÇÃO [a mente, a alma, o ser íntimo], mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” Jeremias 17:9, grifos e interpolação nossos.

Olhando Deus a humanidade toda, o que viu o Senhor? Ele viu “que não há justo, nem um sequer”, pois “todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis…” Romanos 3:10 e 12; “pois todos pecaram e carecem [são carentes, são faltos de] da glória de Deus” Rm 3:23, interpolações nossas. Então, o que se espera de pessoas assim? Que produzam coisas ética e moralmente boas? Impossível!Tem que acontecer algo novo, libertador e transformador do íntimo do ser humano pecaminoso. Como disse Jesus: “Importa-vos NASCER DE NOVO” João 3:3. 5 e 7, grifos nossos.


Lição de Segunda-Feira
A Arte (e o Mal) das Concessões
(I Reis 11:1-13)

Acabe, rei de Israel, cometeu um grande erro ao casar com a princesa Jezabel, sacerdotisa de Baal. Motivado por esse erro do rei, todo o Israel, que já tinha coração apóstata, voltou-se para a idolatria de Acabe e Jezabel. Restou (como sempre acontece) apenas um pequeno remanescente fiel. Foi uma ampla concessão, à semelhança do que fazem os jovens e as jovens adventistas hoje, namorando e casando com pessoas de outras religiões, ou até sem religião nenhuma, achando que tudo vai mudar para melhor depois de casado. Ou adventistas que entram em sociedade comercial com incrédulos, pensando que isto é algo de pouco significado para a fé em Jesus. Alguns vão fazendo pequenas concessões no estilo de suas roupas. Lembro-me de que, há vinte anos, as irmãs adventistas faziam pequenas concessões nas vestes, diminuindo as mangas das blusas e dos vestidos; hoje, vestem roupas de alcinhas, ou sem alça nenhuma, num estilo tomara-que-caia. O mesmo é verdade em relação ao tamanho das saias e dos vestidos, aos decotes, à pintura de unhas e lábios, etc. Hoje, meninas de 12 anos (e até menos) já se maquiam toda para ir à igreja no sábado, imitando suas vaidosas mães, as quais as ajudam nessas concessões aos costumes sociais liberais de nossa sociedade. E por aí vão as famosas concessões: pequenas, a princípio; e grandes, depois, até que a apostasia completa se instala na alma, e essas pessoas deixam a fé e seus valores éticos, morais e espirituais. Mas a desculpa delas é sempre: “Isto é bobagem; afinal, todo mundo está fazendo isso!” Ou: “Não seja fanático, Jesus não vai me deixar de fora do Céu somente por essas tolices!” Pode ser que sim, pode ser que não. Você prefere arriscar para provar como vai ser?


Lição de Terça-Feira
Falsa Adoração
(I Reis 12:25-33)

Jesus declarou dos adoradores de seu tempo em Israel, especialmente dos dirigentes religiosos: “Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo me honra com os lábios [com a boca, fazendo orações e chamando o nome de Deus em vão], mas o seu coração [sua mente, sua alma] está longe de mim. E EM VÃO ME ADORAM, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.” Mateus 15:7 a 9, com grifos e interpolações nossos. Uma adoração da boca para fora. No íntimo, não sentem amor nem dependência de Deus. Uma adoração formal, nominal, para consumo externo. No íntimo, não há entrega, não há convicção, não há comprometimento com Deus e com o Reino de Deus. O Cristianismo, em todas as denominações, está cheio desses supostos adoradores. Falam em nome de Deus; pregam em nome de Deus; exorcizam em nome de Deus; profetizam em nome de Deus; curam em nome de Deus; porém não são amigos íntimos de Deus. Jesus disse que vai, no final, dizer a esses falsos adoradores: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim!” Mateus 7:21 a 23. Aqueles que, hoje, ouvem de Jesus o “VINDE A MIM…”, devem vir por completo, em conversão total. Se não o fazem hoje, mas vêm somente pela metade, ouvirão do mesmo Jesus, no dia final: “APARTAI-VOS DE MIM!” Entre o chamado de Cristo e Sua repulsa aos falsos crentes, alguma coisa estranha e trágica ocorreu no relacionamento com eles. Pense bem no que pode estar acontecendo em sua vida de relacionamento com Jesus!


Lição de Quarta-Feira
Elias e os Profetas de Baal
(I Reis 18)

Elias e os israelitas adoradores de Baal se encontraram no monte Carmelo. Dos adoradores de IAVÉ, só apareceu Elias. Dos adoradores de Baal, o deus da fertilidade, um culto ao demônio, apareceram oitocentos e cinquenta sacerdotes e profetas, além dos muitos israelitas em apostasia plena. Dois altares foram erguidos. Dois caminhos. Dois estilos de adoração. Dois cultos diferentes. Junto ao altar de Baal se juntaram todos os adoradores de Baal, cultuando em forma de gritos, palmas, danças, retaliações e castigos corporais, penitências, autoflagelo, êxtase, mãos erguidas para o alto, muito frenesi, muito barulho, parecendo certos cultos de algumas religiões “cristãs” de hoje. Nada aconteceu em resposta. Mudo Baal estava, mudo ficou. No turno da tarde, Elias chamou a todos os cultuadores de Baal para que se aproximassem do altar do Senhor. Elias ergueu um altar ao Senhor. Pôs lenha sobre ele, e pôs água, muita água, sobre a lenha. Elias não gritou. Elias não dançou. Elias não se autoflagelou. Elias não bateu palmas. Elias não enviou beijinhos para Deus. Elias não entrou em êxtase. Elias orou a Deus com naturalidade, como era do seu costume. Ele voltou o rosto para o Céu, e clamou ao Senhor em oração sincera e intensa: “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique hoje sabido que Tu és Deus em Israel, e que eu sou Teu servo, e que, segundo a Tua Palavra, fiz todas essas coisas. Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba que Tu, Senhor, és Deus, e que a Ti fizeste retroceder [converter] o coração deles” I Reis 18:36 e 37. E o relato menciona que, terminada a oração de Elias, “caiu fogo do Senhor [ou, vindo do Senhor], e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e ainda lambeu a água que estava no rego.” I Reis 18:38. Somente a partir dessa visível revelação do poder e da glória de Deus foi que o incrédulo Israel clamou: “O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!” (v. 39).

Israel, o povo em aliança com Deus, não precisava dessas manifestações visíveis, de milagres, para saber que “o Senhor é Deus”. Israel deveria ser uma nação de crentes. Deus já se lhes revelara antes de maneira muito mais poderosa e grandiosa, como ocorrera no Egito e na saída do Egito, e por quarenta anos da caminhada do Êxodo de Israel. Agora, tardiamente, por causa do medo, eles vieram reconhecer que “o Senhor é Deus”? Não foi uma conversão sincera, mas com base no medo de Deus. Logo que o medo passou, eles voltaram à velha idolatria, até que o reino deles, o Israel do Norte, foi aniquilado em 722AC, pelos Assírios.

O povo de Deus, hoje, não precisa de milagres, curas e exorcismo espetaculares para fazer depender dessas coisas visíveis sua fé em Jesus, pois, segundo a Bíblia, a fé verdadeira é “certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se veem”, conforme Hebreus 11:1. Se eu, como adventista convertido, fico esperando ver curas, exorcismo e milagres para, a partir daí, crer que Deus está operando na Terra, estou indo na contramão da fé bíblica, citada em Hebreus 11:1. Estou querendo “ver para crer”, em vez do “eu creio em Jesus, por isso verei Sua glória em breve”. Não imite Tomé (leia João 20:24 e 25), na falta de uma fé bíblica.


Lição de Quinta E Sexta-Feiras
A Mensagem de Elias
(Malaquias 3:16-18; Malaquias 4:1-6)

Hoje, mais do que nunca, a Igreja fundada por Jesus Cristo necessita ouvir a mensagem de Elias:

(1) CONFIANÇA TOTAL EM DEUS;

(2) ARREPENDIMENTO,

(3) CONFISSÃO E ABANDONO DO PECADO; E

(4) REFORMA DE VIDA PESSOAL.

Deus enviou esta mensagem a Israel:

“Eis que Eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que Eu não venha e fira a Terra com maldição.” Malaquias 4:5 e 6.

“E se o quereis reconhecer, ele mesmo [João Batista] é Elias, que estava para vir.” Mateus 11:14, interpolação nossa.

Em seu tempo, sendo ele precursor e arauto da primeira vinda de Jesus à Terra, João Batista, cheio do Espírito Santo, como Elias estivera no passado, sobre o monte Carmelo, realizou uma grande obra de ARREPENDIMENTO, CONVERSÃO e REFORMA DE VIDA PESSOAL. Uma obra exatamente igual àquela realizada por Elias no Antigo Testamento (I Reis 16 a 18). No entanto, o texto de Malaquias profetiza sobre a obra de Elias que seria feita no meio do povo de Deus, exatamente antes da Segunda Vinda de Jesus, ou o chamado “Dia da Ira de Deus”, conforme Romanos 2:3 a 5 e Ap 6:15 a 17). E esse “Dia da Ira” todo estudante da Bíblia sabe que se trata do dia final, citado em Mateus 25:31 a 46. Uma mensagem poderosa de ARREPENDIMENTO, CONFISSÃO DE PECADOS E REFORMA DE VIDA PESSOAL se faria ouvir entre o povo de Deus do final dos tempos, pouco tempo “antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”, citado em Malaquias 4:5 e 6.

A IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA se nomeia a si mesma como sendo o ARAUTO de Deus na Terra, para proclamar a Segunda Vinda de Jesus em breve. Semelhante a João Batista, no início do primeiro século da Era Cristã, os adventistas do sétimo dia tomaram para si, desde o grande desapontamento de 1844, essa missão e responsabilidade de clamar a plenos pulmões que a Vinda de Jesus se aproxima, e, por isso, devem os cristãos, a começar pelos cristãos adventistas do sétimo dia, permitir ao Espírito Santo de Deus, o mesmo que usou Elias e João Batista em suas respectivas gerações, use-os nessa geração final, chamando a Igreja à Fé em Jesus, ao Arrependimento, à Confissão e abandono de pecados, e a uma reforma completa na vida pessoal. Portanto, cabe a cada membro da IASD, a cada pastor, a cada ancião, a cada diretor de departamento, a cada obreiro, assalariado ou não assalariado, e aos membros em geral, tornarem-se disponíveis ao Espírito Santo, nesse tempo do fim, para que a última obra que Deus tem a fazer em Seu povo, por Seu povo e com Seu povo seja feita, e venha a “Bendita Esperança”, a Segunda Vinda de Jesus.

A obra de arrependimento, confissão e abandono de pecados e reforma de vida pessoal tem de começar dentro da IASD, em sua membresia, antes que essas coisas sejam exigidas dos demais cristãos e dos mundanos. E ninguém dá o que não tem. Nunca se esqueça do que Paulo afirma, que o que verdadeiramente importa não é o número de membros da Igreja, mas a qualidade dos membros: “AINDA QUE O NÚMERO DOS FILHOS DE ISRAEL [dos adventistas do sétimo dia; ou dos chamados “cristãos”] SEJA COMO A AREIA DO MAR, O REMANESCENTE É QUE SERÁ SALVO” Romanos 9:27, grifos e comentários nossos.

Não é quantidade de membros, mas a qualidade da fé, do discipulado, do comprometimento desses membros. Não se trata de QUANTOS membros temos em cada igreja nossa; mas de QUÃO convertidos e comprometidos esses membros estão com Deus e Sua causa, nesse tempo do fim. Vejo em minha igreja, já por muitos anos, uma intensa correria por números. Milhares de pessoas têm sido batizadas anualmente na IASD a cada ano. Nos concílios pastorais, nota-se acirrada competição para ver quem mais batiza. Há a mesma competição entre as associações e entre as uniões. No entanto, a cada ano, nota-se uma perda preocupante de membros recém-batizados. Se for feita uma correta e permanente atualização dos registros de membros nas secretarias de nossas igrejas e grupos, outros milhares serão tirados das listas de membros, pois já não adoram junto conosco.

Há muito oba-oba e muito ufanismo entre nós, especialmente entre nossos líderes, e pouca ação real e eficaz para debelar a apostasia que nos destrói por dentro, como cupim maligno. Além disso, os milhares que restam na igreja, e que frequentam nossos templos, se acham perigosamente em uma área espiritual cinzenta, entre a clareza da fé e a incerteza da esperança. Não estão seguros de sua salvação, nem de sua fé atual em Jesus.

Perguntaram certa vez a um membro de nossa igreja: “Você é adventista?” Sua resposta imediata foi: “Eu sou meio adventista”. Uma péssima resposta, mas verdadeira resposta, pois ele sabia exatamente como vivia sua fé adventista: pela metade. E assim estão vivendo milhares de adventistas pelo mundo a fora: pela metade. Sem um compromisso total com Jesus Cristo e o Reino que Ele veio fundar na Terra. Por quanto tempo vamos continuar sendo “meio adventista”, ou vivendo o adventismo pela metade? Isto é preocupante. Nossos pastores, anciãos e dirigentes, em todos os níveis da IASD devem, sim, preocupar-se com a evangelização diária dos moradores da Terra, mas jamais devem descuidar do fortalecimento espiritual daqueles que já se batizaram na IASD. Em cada igreja e grupo da IASD deve haver uma comissão, uma equipe, ou coisa semelhante, que esteja o tempo todo envolvido na obra de fortalecer na fé os que já são membros. Não sei exatamente como isso será feito, mas precisa ser feito logo.


Fonte: Otoniel Tavares de Carvalho


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