Do Palco Para o Púlpito

por: Ministério Luzes da Alvorada

Muitos são os fatores que devemos levar em conta ao apresentarmos os nossos louvores. Não basta ter boa vontade; é preciso fazer o que é certo, do jeito certo. Pode parecer incrível, mas a maioria dos nossos irmãos não sabe que a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem uma posição oficial definida sobre a música, votada pela Conferência Geral há mais de trinta anos atrás, no Concílio Outonal de 1972. Esse documento é conhecido como: “Filosofia Adventista de Música”. Nele encontramos várias orientações, algumas das quais veremos a seguir:

“Os jovens tendem a identificar-se intimamente com a música jovem contemporânea.

“O desejo de alcançar a juventude com o evangelho de Cristo onde ela se encontra, leva, às vezes ao emprego de estilos musicais questionáveis. Em todos estes estilos, o elemento que traz maiores problemas é o ritmo, ou ‘batida’.

“De todos os elementos musicais é o ritmo que provoca a mais forte reação física. Os maiores êxitos de Satanás são freqüentemente obtidos pelo seu apelo à natureza física. …

“Além do problema do ritmo, há outros fatores que afetam as qualidades espirituais da música:

“Tratamento Vocal – O estilo estridente comum ao “rock”, o estilo insinuante, sentimental, cheio de sopros ao jeito dos solistas de boate e outras distorções da voz humana devem ser terminantemente evitados.

“Tratamento da Harmonia – Deve-se evitar música saturada com acordes de 7a, 9a, 11a, e 13a, bem como outras sonoridades extravagantes. Estes acordes, quando usados com restrição, produzem beleza, mas usados em excesso desviam a atenção do conteúdo espiritual do texto.

“Apresentação Pessoal – Não deve ter lugar nas apresentações qualquer coisa que chame indevidamente a atenção para o cantor ou executante, como movimento excessivo e afetado do corpo, ou traje inadequado.

“Volume de Som – Deve-se ter muito cuidado em evitar excessiva amplificação do som, quer instrumental, quer vocal. O volume do som deve ser adequado às necessidades espirituais dos que apresentam a linguagem musical, bem como dos que a recebem. Deve-se selecionar cuidadosamente os instrumentos cujo som deverá ser amplificado.

“Apresentação – Toda apresentação de música sacra deve ter o objetivo supremo de exaltar o Criador, em lugar de exaltar o músico ou prover entretenimento.” Filosofia Adventista de Música – Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Concílio Outonal de 1972.

Analisemos melhor alguns desses pontos:

“Tratamento Vocal – O estilo estridente comum ao ‘rock’, o estilo insinuante, sentimental, cheio de sopros ao jeito dos solistas de boate e outras distorções da voz humana devem ser terminantemente evitados.” Filosofia Adventista de Música, Conferência Geral – IASD, 1972.

O referido documento diz ainda que “a música deve estar bem de acordo com o alcance de voz do cantor e sua capacidade, e ser apresentada ao Senhor sem exibição de virtuosidade vocal. A comunicação da verdade deve ser o objetivo supremo.” – Idem.

Você já assistiu a alguma apresentação musical na qual se sentisse mal e com vontade de sair correndo do local? Observem o que Ellen G. White escreveu: “A música forma uma parte do culto de DEUS nas cortes do alto. Devemos esforçar-nos em nossos cânticos de louvor, por aproximar-nos o mais possível da harmonia dos coros celestes. Tenho ficado muitas vezes penalizada ao ouvir vozes não educadas, elevadas ao máximo diapasão, guinchando positivamente as palavras sagradas de algum hino de louvor. Quão impróprias essas vozes agudas, estridentes, para o solene e jubiloso culto de DEUS! Desejo tapar os ouvidos, ou fugir do lugar, e regozijo-me ao findar o penoso exercício.” – Signs of the Times, 22 de junho de 1882 Evangelismo, pp. 507 e 508.

Pode-se fazer grande aperfeiçoamento no canto. Pensam alguns que, quanto mais alto cantarem, tanto mais música fazem; barulho, porém, não é música, O bom canto é como a melodia dos pássaros – dominado e melodioso.

“Tenho ouvido em algumas de nossas igrejas solos que eram de todo inadequados ao culto da casa do SENHOR. As notas longamente puxadas e os sons peculiares, comuns no canto de óperas, não agradam aos anjos. Eles se deleitam em ouvir os simples cantos de louvor entoados em tom natural. Os cânticos em que cada palavra é pronunciada claramente, em tom harmonioso, eis os que eles se unem a nós em cantar. Eles tomam o estribilho entoado de coração com o espírito e o entendimento. – Manuscrito 91, 1903 – Evangelismo pág. 510.

“Notas longamente puxadas”, como diz o texto, e cantar a plenos pulmões podem ser sinônimos de barulho em maior quantidade, em vez de ser música de melhor qualidade. Seria muito bom se alguns dos nosso cantores levassem isso em consideração antes de tentarem exibir sua capacidade, esticando as notas e a voz, como se quisessem imitar os cantores do mundo e, muitas vezes, se exporem ao ridículo por tentarem fazer algo que a própria voz não permitiria.

Falando do que temos visto, muitas vezes, em apresentações musicais, o Pastor e Professor Dario P. Araújo escreveu em seu livro, “Música, Adventismo e Eternidade” que “o que está acontecendo é uma tolerância plácida ao ouvirmos cantores com microfone na mão, em sons amplificados de sintatizadores, ‘play-backs’, guitarras e baterias na marcação de ritmos balanceados que pedem movimento, e vozes meio assopradas, ou com pigarrinho, quase entoando com voltinhas e garganteios, em síncopes e descompassos as palavras de alguma mensagem musical ‘sacra’, com expressões faciais, sorrizinhos e trejeitos copiados dos grandes ídolos do momento para ‘comunicar melhor’…” – Música Adventismo e Eternidade, pág. 59.

O Pastor Rubens Lessa, no editorial da Revista Adventista de janeiro de 1998, escreveu o seguinte: “Alguns de nossos ‘cantores’ emitem um som rouquenho, com voz dengosa, para chamar a atenção dos fãs. É imitação barata. Outros, poderiam ser chamados de surfistas da voz: fazem curvinhas para cima, para baixo, para um lado e para o outro. Deus não aceita o louvor dos que brincam nessa onda, por mais que digam ‘amém’ no final de suas apresentações.” Revista Adventista, janeiro de 1998