Uma Vida de Louvor – Pr. Denis Konrado Fehlauer

por: Pr. Denis Konrado Fehlauer

Se você quiser sentir paz ou se quiser cantar em meio ao sofrimento, terá de experimentar algo que não é humano. “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:6-7 RA). Note que a promessa aponta para a paz que vem de Deus. Ela contrapõe a ansiedade e vai além da razão. Quer dizer, quando não houver motivo algum para estarmos tranqüilos e muito menos para entoar um hino de louvor, poderemos fazer isso se seguirmos as instruções do verso bíblico.

Não creio que Paulo estivesse feliz enquanto prisioneiro. Ele mesmo insinuou em sua defesa perante o Rei Agripa que suas algemas não eram algo desejável: “Paulo respondeu: Assim Deus permitisse que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias.” (Atos 26:29 RA). Não era uma situação ideal, confortável. Ser um detento estava bem longe daquilo que Paulo mais queria para sua vida. Mas, mesmo diante de uma situação tão desagradável, ele tinha à sua disposição (e nós também temos) uma paz sobre-humana que o motivava a louvar a Deus.

Esse louvor é terapêutico porque nos ajuda a suportar as dificuldades que estamos vivendo. Também nos ajuda a solidificar a esperança nas promessas de Deus. Afinal, se não encontrarmos a solução que esperamos para a dificuldade presente, ficamos consolados com as promessas de salvação e vida eterna. O louvor acaba sendo uma manifestação de fé, uma antecipação daquilo que mais queremos: a libertação final dos sofrimentos dessa vida. No calor da provação a maioria de nós se percebe no vale da decisão: Abandonar a fé ou louvar mesmo sem saber o que nos trará o futuro imediato enquanto esperamos novos céus e nova terra.

Assim, quem não quiser desistir de crer, deverá fazer essa escolha diariamente. Muitos cristãos têm se limitado a viver num intenso lamentar. É um estilo de vida. Uns reclamam mais do que outros e ainda há os que não reclamam, mas também nunca agradecem. Vivem na neutralidade como se Deus não estivesse envolvido com os negócios de nossa vida. Ao mesmo tempo em que não parece ser prudente sair por aí agradecendo pelo acidente, pela morte, pela doença, pelo estupro, pelo seqüestro ou coisas semelhantes, é bom lembrar de agradecer e louvar a Deus pelas pequenas coisas que dão brilho à nossa vida. Também seria interessante não se queixar constantemente pelos pequenos incidentes que nos trazem desconforto. Mas como Paulo fez no interior de uma prisão, é indispensável buscar a paz e conforto do Criador para poder louvá-lo quando os furacões arrasam a vida e destroem a felicidade.

Quando as pessoas perceberem que somos sinceros, essa maneira de viver talvez as leve a considerar melhor nossa proposta de fé. Digo “talvez” porque essa é uma decisão pessoal e intransferível. Muitos que percebem a vida de louvor dos filhos de Deus não se deixam influenciar por ela. Uma atitude correta de nossa parte não é garantia de sucesso na conversão do outro. Mas, sem dúvida, é um elemento perturbador para aquele que se recusa a crer que haja um Deus que pode dar ao ser humano, aquilo que ele não pode ter por si mesmo. E devemos ser sinceros no louvor porque é ilusão pensar que os outros não perceberão que estamos apenas tentando parecer algo que não somos. Portanto, quando as coisas ficarem difíceis, é melhor seguir o conselho de Filipenses 4:6 e 7, afinal, receber de Deus uma disposição de paz seguida de louvor, é melhor do que tentar impressionar falsamente quem está ao nosso redor.

Na batalha contra o inimigo não adianta tentar fingir ser o que não é. Tão difícil de vencer quanto os exércitos de Moabe e Amom, são nossos defeitos de caráter, disposições interiores, angústia mental, dúvidas e temores. Tudo isso poderá ser superado como Josafá o fez quando ameaçado pelo inimigo: Ouvir a voz de Deus, orar e Louvar.


Fonte: Publicado originalmente em http://www.unasp-sp.edu.br/pastoral/, mas este endereço não está respondendo.