O Adorador

Os Cristãos e a Música – Parte 1.1

por: Carlyle Manous

Introdução

Qualquer pessoa que pense seriamente a respeito de qualquer assunto que seja deve, necessariamente, manter certos pressupostos. Como preparação para este artigo o leitor deve estar ciente de certos pressupostos que mantenho:

  • Creio que as Escrituras são a palavra de Deus; elas são, portanto, verdade.
  • Creio que Ellen White foi a mensageira de Deus; portanto, o que ela escreveu não é a mensagem dela, mas a mensagem de Deus para nós.
  • Creio que qualquer pessoa interessada em aprender a verdade deve nascer de novo diariamente, pois apenas com tal experiência podemos ser ensinados por Deus.
  • Creio que sempre é importante (especialmente quando consideramos escolhas que exigem certos padrões de comportamento) nos lembrarmos da verdade que somos salvos pela graça através da fé, que a salvação é um dom ao qual não podemos acrescentar nada pelo nosso comportamento.
  • Ao mesmo tempo, creio que é importante nos lembrarmos que a nossa salvação envolve um aparente paradoxo. Enquanto que mesmo a perfeita guarda do sábado não possa acrescentar coisa alguma ao dom da salvação oferecido por Deus, a quebra do sábado certamente nos levará à perdição; embora a fiel devolução do dízimo não possa nos dar méritos espirituais, roubar a Deus daquilo que é Seu certamente nos manterá fora do reino.

Em acréscimo a estes pressupostos básicos, sinto que é importante notar que a questão de tomar decisões acerca da música não é um assunto a nível inicial. Ou seja, antes que uma pessoa esteja pronta para lidar com tais escolhas, ela já deve ter estabelecido algumas questões básicas e mais importantes, como O Amor de Deus, Perdão, Graça, Oração e O Novo Nascimento. Colocando de outra forma, a questão da música, sendo o que pode ser chamado de um assunto da “divisão superior”, exige uma grande maturidade espiritual. Pois como Paulo diz “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Coríntios 2:14).

Finalmente, no decorrer do tempo, cheguei à conclusão de que não existem argumentos definitivos acerca de coisa alguma. Não importa quão apurado o raciocínio ou quão persuasivos os exemplos possam ser para alguém, eles não serão convincentes para outros. Neste artigo apresentarei a evidência que achei mais persuasiva, as linhas de raciocínio que creio serem mais sólidas e indiscutíveis. A partir disso, ou apesar disso, deve ser o Espírito Santo quem torna qualquer argumento persuasivo, e somente posso orar para que Deus utilize essas ideias para a Sua própria glória.

Pensamentos Acerca de Escolhas

Quando Deus colocou Adão e Eva no Jardim do Éden, deu a eles todas as coisas que possivelmente poderiam necessitar ou desejar. Também colocou a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal no Jardim. E, embora Deus tenha dado a eles uma estrita advertência contra comerem da árvore proibida, eles ainda eram perfeitamente capazes de fazê-lo, pois uma das características mais fundamentais do governo de Deus é a liberdade e o poder de escolha.

Hoje, assim como no Éden, Deus nos dá muitas advertências acerca das coisas que são boas ou ruins, coisas que nos farão eternamente felizes e coisas que nos roubarão a vida eterna. E, assim como no Éden, ainda somos absolutamente livres para fazermos escolhas ruins. E, uma vez que o tentador do Jardim ainda está plenamente conosco parece ser vitalmente importante que levemos este dom da escolha muito a sério e busquemos aprender a fazermos as melhores escolhas possíveis. Por isso, inicio este artigo acerca de fazermos escolhas musicais com oito ideias que acredito serem fundamentais para os cristãos ao fazerem todas as suas escolhas.

1 – A Natureza da Verdade

A primeira ideia a considerar envolve a natureza da verdade. Talvez isto possa ser melhor compreendido através da seguinte ilustração: Posso dizer a alguém, “Este quarto está frio para mim.” Minha esposa quase certamente diria “Este quarto está quente demais.” Agora, deve ser compreendido que em casa, no verão, minha esposa gosta do ar condicionado ligado em temperaturas bem baixas – então eu uso calças quentes e meias quentes e ela usa shorts e anda descalça. No inverno gosto de ligar o aquecedor, de forma que posso me vestir de uma maneira que considero ser “normal” – então, ela ainda precisa usar shorts e andar descalça.

Em nossas percepções acerca da temperatura do quarto, nós dois estamos absolutamente certos. O que sentimos acerca do nível de conforto do quarto não está sujeito a discussão, meu ponto de vista representa a verdade para mim assim como acontece com o ponto de vista dela para ela. É importante notar, contudo, que estas percepções representam verdades subjetivas – como me sinto acerca da temperatura – e nenhuma das afirmações pode ser provada ou rejeitada. Além disso, em qualquer outro dia qualquer um de nós pode ter uma percepção diferente. Se eu entro em casa depois de estar rachando lenha, por exemplo, sentirei o quarto muito mais quente do que o normal; se minha esposa tira um cochilo após uma lauta refeição ela vai senti-lo muito mais frio.

Portanto, a questão é: Se as percepções que minha esposa e eu temos acerca da temperatura do quarto representam uma verdade subjetiva, ou relativa, qual é a verdade real, objetiva sobre o assunto e como podemos descobri-la? É realmente muito simples. Se queremos saber a verdade objetiva acerca da temperatura de um determinado quarto – em vez de nossos sentimentos acerca dela – só precisamos conseguir um termômetro. Quanto mais importância dermos à questão, mais preciso terá que ser o termômetro. Para chegarmos à verdade “absoluta” sobre este assunto, precisamos de um termômetro calibrado pelo Instituto Nacional de Pesos e Medidas. Então poderemos descobrir a verdade objetiva acerca da temperatura do quarto que seria tão precisa quanto pode ser humanamente possível determinar.

A forma como me sinto com relação à temperatura do quarto é uma verdade subjetiva e pode muito bem mudar de tempos em tempos. A medida da temperatura do quarto por um termômetro preciso é uma verdade objetiva, e está sujeita a verificação e prova de uma maneira completamente diferente do que as minhas sensações acerca da temperatura. Tanto as sensações quanto os termômetros fornecem a verdade, mas cada uma delas é uma verdade de um tipo diferente.

Esta discussão nos leva à real questão: Qual é a natureza da verdade espiritual? É mais como as minhas sensações acerca da temperatura de um quarto ou como a medição daquela temperatura por um termômetro? Creio que deve ser a última. Creio que a verdade espiritual deve sempre ser objetiva, em vez de subjetiva, deve sempre ser medida contra um padrão digno de confiança, nunca determinada com base em nossos sentimentos.

Então existe um Instituto Divino de Pesos e Medidas que possa servir como base para tal medição? Colocado nestes termos, cada cristão sabe a resposta: “A Lei e ao Testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva.” (Isaías 8:20)

Se tentarmos verificar a verdade acerca de um assunto espiritual e fizermos um apelo ao “senso comum”, a resposta pode estar certa, mas não podemos ter certeza; se o apelo é à “tradição”, podemos estar certos, mas não podemos ter certeza; se o apelo é qualquer outra fonte que não o Instituto Pesos e Medidas estabelecido por Deus, simplesmente não podemos ter certeza se temos alguma coisa além de verdade subjetiva – e verdade subjetiva é uma entidade de um tipo completamente diferente daquilo que é a verdade objetiva da Palavra de Deus. No final das contas, a verdade subjetiva não é realmente verdade alguma – é opinião, a opinião de seres humanos fracos, falíveis. Verdade objetiva é verdade real porque – embora se possa dizer que ela representa uma opinião – a opinião que pertence a Deus, que é a Verdade.

E devemos acreditar que podemos conhecer a verdade de Deus. Primeiro, porque Jesus disse: “Eu sou… a verdade” (João 14:6) – e é nosso privilégio conhecê-Lo. Segundo, porque Ele nos disse “conhecereis a verdade” (João 8:32). Finalmente, porque Ele prometeu que o Espírito nos “guiará a toda a verdade” (João 16:13) – pelo menos a toda a verdade que somos capazes de conhecer.

Outra noção intimamente relacionada com verdade objetiva e subjetiva tem a ver com a ideia de gosto versus princípio. Quando vou a um restaurante, não penso que Deus se importa se peço ervilhas ou brócolis; Ele se importa se, em vez disso, eu pedir costeletas de porco. No primeiro caso, estarei lidando com gosto, no segundo, com princípios – o princípio de saúde.Quando compro um carro, não creio que Deus se importa se eu escolher um Ford ou um Chevrolet, Ele se importa se, em detrimento destes, eu escolher um Rolls Royce. Mais uma vez, o primeiro caso está lidando com gosto, o segundo com princípio – o da mordomia.

Em todos os casos semelhantes, creio que o gosto é basicamente a mesma coisa que a verdade subjetiva, uma vez que ele reflete as opiniões ou preferências de seres humanos, enquanto que o princípio é a mesma coisa que a verdade objetiva, uma vez que reflete as opiniões ou preferências de Deus. Deus nos dá o privilégio de seguir os nossos gostos livremente naquelas grandes áreas da vida que envolvem apenas o que é bom e correto; Ele nos proíbe de seguirmos nossos próprios gostos onde princípios estão envolvidos.

Existem dois textos das Escrituras que se aplicam com força especial a este assunto: Provérbios 14:12 nos lembra que “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte.” Em Efésios 2:3 Paulo afirma que somos “por natureza filhos da ira”, ou seja, todos nós temos naturezas caídas, pecaminosas. Com tais naturezas é axiomático que muito do que parece ser correto para nós, na verdade estará errado. É por isso que se queremos fazer boas escolhas acerca de coisas espirituais, devemos sempre basear as nossas escolhas na Palavra de Deus, não no que parece ser bom para nós; devemos aprender a viver pela verdade objetiva das escrituras.

2 – Acerca de Ser “Abençoado”

É quase inevitável, em qualquer discussão sobre fazermos boas escolhas espirituais, que alguém venha a dizer – de forma a justificar alguma escolha específica – que por uma ideia ou prática em particular, esta pessoa é “abençoada”. Embora freqüentemente implícito, o pressuposto claro é que, como a pessoa é “abençoada”, a ideia ou prática deve ser boa e verdadeira. Creio ser imperativo, antes de aceitarmos, sem críticas, as implicações desta noção, que descubramos o que as Escrituras têm a dizer a respeito de ser “abençoado”.

Como parte central de sua revisão final da aliança de relacionamento com Deus, Moisés lembrou aos israelitas que “por ouvirdes estes preceitos, e os guardardes e cumprirdes” “Bendito serás mais do que todos os povos.” (Deuteronômio 7:12-14).

O Salmista declara uma bênção sobre uma atitude em particular com relação ao bem e ao mal: “Bem-aventurado o homem [ou mulher] que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita dia e noite.” (Salmos 1:1-2)

Uma parte importante do Sermão do Monte é o que tem sido chamado de as “Bem-Aventuranças”, as bênçãos disponíveis aos filhos de Deus. Seremos abençoados se formos “pobres de espírito”, se “chorarmos”, se formos “mansos”, se tivermos “fome e sede de justiça”, se formos “pacificadores”, se formos “perseguidos por causa da justiça”, se formos “injuriados” pelos infiéis (Mateus 5:3-11).

Quando uma mulher lançou uma bênção sobre Sua mãe, Jesus tomou a oportunidade para voltar as mentes da multidão para fonte de uma bênção maior, uma que todos podem compartilhar: “Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.” (Lucas 11:28).

As bênçãos pronunciadas em Apocalipse 1 são para aquele que “lê”, “ouve” e “guarda” o que está escrito na “profecia” (Apocalipse 1:3)

Creio que tais referências são claras e inequívocas. Em cada um dos casos, somos abençoados por fazermos o que é verdadeiro, correto e bom. Não encontrei um único texto em parte alguma das Escrituras que mostre o oposto como verdade – que alguma coisa possa ser verdadeira, correta e boa se somos “abençoados” por ela.

A distinção é crucial, porque são infindáveis as experiências nas quais as pessoas afirmam haver recebido uma “bênção”, mesmo quando, como pode ser, muitas de tais experiências são claramente não escriturísticas (por exemplo, guardar o domingo como dia santo). E, embora seja impossível negar que uma pessoa, de fato, se sinta “abençoada” por algum tipo de adoração aos domingos, é essencial compreender que sentir-se “abençoado” não é a maneira bíblica de conhecer a verdade. Pois “Bem-aventurado todo aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.” (Salmos 128:1); “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.” (Lucas 11:28). Se queremos fazer boas escolhas na vida devemos ter certeza de que estamos sendo abençoados da maneira de Deus.

3 – Sinceridade

A noção de sinceridade está intimamente relacionada com a natureza da verdade e com o ser “abençoado”. E embora não possa haver discussões de que a sinceridade é absolutamente essencial a fazermos boas escolhas, creio, como as ilustrações seguintes demonstrarão, que a sinceridade nunca pode ser um teste definitivo da verdade.

Um fato central da missa Católica Romana é o que é chamado de milagre da “transubstanciação”. Nossos amigos católicos acreditam que quando o pão e o vinho da Santa Comunhão são erguidos pelo sacerdote (naquilo que é chamado de “elevação da hóstia”) e quando ele diz certas palavras em latim, estes símbolos se tornam a própria carne e sangue de Jesus. Eles reconhecerão que os símbolos ainda parecem ser pão e vinho comuns; contudo afirmam que o sacerdote, de fato, recriou o corpo e o sangue de Jesus.

Dado o fato provável que tanto o sacerdote quanto os membros da paróquia são totalmente sinceros, a questão realmente pertinente então se torna a seguinte: Esta afirmação é verdadeira? É realmente possível que um homem finito possa criar Deus? A resposta a essa questão, com toda certeza, deve ser, Não! Portanto, é igualmente certo que a doutrina da transubstanciação não pode ser verdadeira – não importando quão sinceros possam ser aqueles que acreditam nela!

Em algumas partes do Sul é uma prática comum que certos grupos religiosos manipulem serpentes venenosas. Baseados na promessa de Marcos 16:18, esta prática é executada, devemos notar, com grande paixão e entusiasmo. Baseado em vídeos que assisti, onde jararacas e cascavéis são manipuladas livremente e com segurança, não tenho dúvidas de forma alguma que os adoradores são sinceros.

Novamente, devemos perguntar: A sua óbvia sinceridade torna a manipulação de serpentes uma forma válida de adoração? A maioria dos cristãos (especialmente se lhes for dada a oportunidade de demonstrar sua sinceridade desta maneira) estariam igualmente certos de que tais práticas não se tornam verdadeiras pela sinceridade.

Em Israel, no decurso de vários anos, muitos homens bomba suicidas demonstraram a sinceridade de sua crença no Islamismo quando se explodiram em mercados apinhados ou em ônibus urbanos lotados. Alguns foram apanhados antes que tivessem a chance de detonar seus explosivos e foram entrevistados por jornalistas da televisão. É arrepiante ouvir quão sinceros eles são, quão certos estão de que estão fazendo a vontade de Deus e que irão diretamente para o Paraíso por tais atos. A maioria das pessoas, mesmo aqueles que não professam fé religiosa alguma, são claras em seu entendimento que tal sinceridade, por grande que possa ser, nunca poderá justificar tais atos tão terríveis.

Em duas histórias (Mateus 7:21-23 e Lucas 13:24-27) Jesus também deixou claro que a sinceridade nunca pode ser um guia seguro para a verdade. Mesmo aqueles que “profetizam” em Seu nome, que “expulsam demônios” em Seu nome, que fazem “muitos milagres” em Seu nome, que “comem e bebem” com Ele e ouvem Seus ensinamentos “nas [suas] ruas”, serão achados em falta no final – não porque não eram sinceros, mas porque falharam em “fazer a Sua vontade”. Se queremos fazer boas escolhas espirituais – ou seja, fazer a vontade de Deus – precisamos compreender que a sinceridade é importante em aprender a verdade – mas ela nunca pode ser definitiva. A palavra de Deus, não a nossa sinceridade, deve ser o teste real da verdade.

4 – Aprendendo a Vontade de Deus

Se queremos fazer boas escolhas espirituais, ou seja, se queremos agradar a Deus em nossas escolhas, devemos conhecer a Sua vontade, Suas opiniões. A este respeito, creio ser útil compreender que, na Bíblia, podemos esperar encontrar opiniões de Deus tanto explícitas quanto implícitas. Em alguns casos, Sua vontade é declarada tão claramente que é impossível não compreendê-la, mesmo num estudo superficial. Em outros casos Sua vontade está apenas implícita e descobriremos ser necessário estudar mais profundamente para compreendermos exatamente qual é realmente a Sua vontade.

Como exemplos do primeiro caso – expressões explícitas de Sua vontade – eu sugeriria o seguinte:

  • É a vontade de Deus que sejamos fiéis em nossa mordomia, pois “Deus ama ao que dá com alegria.” (II Coríntios 9:7).
  • É a vontade de Deus que reconheçamos a Sua soberania, Sua exaltada posição, Seu nome, Seu sábado, que respeitemos os pais, a vida, a pureza, a propriedade, a verdade e que não devemos nem mesmo desejar qualquer coisa que pertença a outros (Êxodo 20:3-17).
  • É a vontade de Deus que o casamento seja permanente, pois Ele disse “Eu detesto o divórcio” (Malaquias 2:16).
  • Ele também odeia o orgulho, a mentira, a violência, os maus propósitos, as más ações, o falso testemunho e qualquer causa de discórdia interpessoal (Provérbios 6:16-19)

Como exemplo do segundo caso – expressões implícitas de Sua vontade – eu sugeriria o seguinte:

“Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:26-28)

Assumo que este texto significa, no mínimo, que cada pessoa é igual à vista de Deus e que as distinções que freqüentemente fazemos em termos étnicos, econômicos ou de gênero violam este grande princípio. Creio que este princípio de igualdade absoluta aplicou-se completamente no Jardim do Éden e se aplicará novamente na Nova Terra. O que isso quer dizer em termos práticos é que, como estamos nos preparando agora para vivermos para sempre no reino de Deus, precisamos permitir que Ele remodele nossas atitudes a respeito de outros, para que quando Ele voltar, estejamos em harmonia com a maneira como as coisas serão pelo resto da eternidade.

Quando vemos exemplos na Bíblia onde este grande princípio não foi observado, creio que deveríamos compreender que tais fatos foram aberrações temporárias, problemas que, à vista de Deus, eram menos importantes naqueles tempos do que alguns outros problemas que Deus estava tentando corrigir. Os cristãos, ao fazerem suas escolhas, devem sempre ansiar pelo ideal, nunca podem decidir por abraçar aquilo que Deus vê como maligno, mesmo que esta escolha seja, em algum ponto, de menor importância do que algum outro mal.

Um segundo exemplo das opiniões implícitas de Deus são extraídas de Gênesis e Isaías. “Eis que vos tenho dado todas as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-vos-ão para mantimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu e a todo ser vivente que se arrasta sobre a terra, tenho dado todas as ervas verdes como mantimento.” (Gênesis 1:29-30) Falando sobre a Nova Terra, Deus revela que “Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte” (Isaías 11:9).

No mundo perfeito do Éden, a dieta tanto para o homem quanto para as bestas era estritamente vegetariana; no mundo renovado não haverá morte – portanto não haverá carne assada ou frango frito. O que isso quer dizer em termos práticos é que, como estamos nos preparando agora para vivermos para sempre no reino de Deus, precisamos permitir que Ele remodele nossos apetites para que quando Ele voltar, estejamos em harmonia com a maneira como as coisas serão pelo resto da eternidade.

Há muitos exemplos na Bíblia onde Deus permitiu que os seres humanos destruíssem a vida animal para preservar a sua própria. Este é o direito de um Deus que é soberano sobre tudo, mas nunca representou o ideal. Creio que os cristãos, ao fazerem suas escolhas, devem sempre lutar pelo ideal, mesmo se eles está apenas implícito no registro das Escrituras.

Deveríamos notar especialmente, conforme prosseguimos em direção à questão específica do Cristão e a Música, que é praticamente certo que não encontraremos conselhos explícitos na Bíblia acerca desses assuntos. Questões artísticas são condicionadas tanto pelo tempo quanto pela cultura e, assim, diferentemente de muitos princípios (por exemplo, pureza moral) que são eternos e universais, não poderiam ser especificadas há milhares de anos atrás de uma maneira que seria diretamente aplicável a nós hoje. Devemos, portanto, procurar por expressões implícitas da vontade de Deus, pelos grandes princípios subjacentes que, através da direção do Espírito Santo, podem ser aplicados às questões acerca da música em nossa época.

5 – Cultura e Sociedade

Existem pelo menos duas definições para a palavra “cultura”. Dizemos que as pessoas são “cultas” se elas assistem concertos sinfônicos, visitam galerias de arte, gostam de museus. A palavra também pode significar nada mais do que a soma total daquilo que torna vários grupos de seres humanos aquilo que eles são. É este segundo significado que será utilizado no texto que se segue.

Uma pequena lista de coisas, práticas e ideias que poderiam definir uma cultura em particular poderia incluir falar japonês, usar gorros pretos, recusar possuir telefone em casa, comer carne de cachorro, ter escravos, praticar a poligamia, ter olhos azuis, acreditar no sistema de castas.

Deveríamos notar imediatamente que algumas coisas nesta lista são moralmente boas ou pelo menos neutras (falar japonês, usar gorros, não usar telefone ou ter olhos azuis) e algumas são moralmente repreensíveis (comer carne de cachorro, ter escravos, praticar a poligamia, acreditar no sistema de castas). O que isto nos diz é que o simples fato de algo ser uma parte importante de uma cultura em particular não revela coisa alguma sobre seu valor moral. Se queremos saber isto, devemos consultar um árbitro de valores mais elevado, ou seja, a palavra de Deus. Se não fizermos isto é praticamente certo que faremos escolhas que são espiritualmente más.

Se devemos compreender esta questão da cultura devemos também reconhecer a importância de três textos bíblicos:

“Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.” (João 17:15-16)

“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo.” (I João 2:15-16)

“Todos estes morreram na fé, sem terem alcançado as promessas; mas tendo-as visto e saudado, de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Ora, os que tais coisas dizem, mostram que estão buscando uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela donde haviam saído, teriam oportunidade de voltar. Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial.” (Hebreus 11:13-16)

O que essas referências nos ensinam, eu creio, é que quando nos tornamos cristãos, nossa “cultura” se torna a cultura do céu; não somos mais em primeiro lugar cidadãos de um país em particular aqui na terra.

Comumente nos referimos a nós mesmos como sendo Irlando-Americanos, México-Americanos ou Sueco-Americanos (*). Por esta denominação queremos dizer que, embora moremos na América, nossa herança cultural vem da Irlanda, do México ou da Suécia. Como cristãos talvez deveríamos falar de nós mesmos como sendo Cristão-Americano, Cristão-Brasileiro ou Cristão-Chinês, significando que, embora moremos nos Estados Unidos, no Brasil ou na China, nossa herança cultural é realmente daquela “pátria melhor”, a “celestial”, pela qual ansiamos. Se queremos fazer boas escolhas espirituais, devemos ser claros com relação à nossa herança cultural.

6 – Relativismo

Relativismo é uma forma de pensar que tem sido chamada de “a maior tendência de nosso tempo” e “o espírito da época”. É, portanto, uma das mais importantes ideias a considerar, conforme tentamos compreender como podemos fazer boas escolhas. Aqui algumas referências selecionadas que descrevem e definem este fenômeno:

Vivemos em uma era de relativismo moral De acordo com a escola de pensamento dominante da filosofia moral, o ceticismo causado pelo Iluminismo reduziu todas as ideias de certo e errado a questões de gosto pessoal, preferência emocional ou escolha cultural. Uma vez que a verdade não pode ser conhecida, tampouco o que é bom.

Há um ponto importante aqui, um que está intimamente relacionado à maior tendência de nosso tempo. Em muitas áreas do empreendimento humano a antiga confiança em valores tradicionais foi erodida, para ser substituída por um tipo de relativismo frouxo. Uso este termo para denotar um ponto de vista que sustenta que não existem valores fixos, não há maneira de fazer escolhas entre ideias opostas e, portanto, não há uma verdade independente de convenções sociais ou políticas. Este ponto de vista usualmente é dissimulado por uma retórica acerca do valor da diversidade e influências multi-culturais na vida social… Muitos acadêmicos parecem acreditar que é completamente fora de moda dizer que um ponto de vista é melhor do que outros…

Não é difícil ver como uma situação como esta poderia levar à noção que todos os pontos de vista são igualmente válidos. Desde que seja suficientemente esperto, você pode defender praticamente qualquer proposta filosófica. Não há testes externos para validar os teus argumentos; tudo o que você tem a que fazer é ser mais esperto do que os teus oponentes. Como, então, um ponto de vista pode ser superior a qualquer outro?

Muitas obras filosóficas admiráveis firam feitas sobre a noção de “formas de ver”, ângulos de visão, de – para falar de forma mais elaborada – sistemas conceituais alternativos. Nos tornamos suficientemente familiares com a ideia de que fenômenos podem ser vistos de mais de uma forma, compreendidos no escopo de mais de uma teoria, interpretado por mais de um conjunto de conceitos explanatórios. Assim, tem se tornado quase impossível acreditar que alguma maneira de ver, algum tipo de teoria, tem um direito exclusivo de declarar-se como a maneira correta…

A ideia de uma verdade universal na ética é, eles dizem, um mito. Os costumes de diferentes sociedades são tudo o que existe. Não se pode dizer que estes costumes estejam “corretos” ou “incorretos”, pois esta afirmação implica que temos um padrão independente de certo e errado pelo qual eles possam ser julgados. Mas não há [dizem eles] tal padrão; cada padrão está inserido em uma cultura… Esta linha de pensamento provavelmente tem persuadido mais pessoas a serem céticas acerca da ética do que qualquer outra coisa. O Relativismo Cultural, como tem sido chamado, desafia nossa crença comum na objetividade e universalidade de uma verdade moral. Ele afirma, em efeito, que não existe uma coisa tal como uma verdade universal na ética; existem apenas os vários códigos culturais, e nada mais. Além disso, nosso próprio código não tem um status especial; é meramente mais um entre muitos.

É fácil de ver que, se nos convencemos desta maneira de pensar, será impossível fazer boas escolhas espirituais. Se consideramos o certo e o errado apenas como “questões de gosto pessoal, preferência emocional ou escolha cultural”, como poderíamos, possivelmente, agradar a Deus? Se é impossível para nós dizermos que “um ponto de vista é melhor do que outros”, como poderíamos ser guiados a fazer verdadeiras escolhas morais? Se acreditamos que nenhum “tipo de teoria tem um direito exclusivo de declarar-se como a maneira correta”, como poderíamos saber que existe um tipo de caminho que é claramente errado?

A falência moral deste sistema de pensamento é tão óbvia que parece impossível que pessoas inteligentes, pensantes, o aceitariam mas, como notado acima, muitos o vêem como a “maior tendência do nosso tempo”. Eis aqui alguns exemplos de como descrentes são influenciados pelo relativismo moral da atualidade:

A Cirurgiã Geral dos Estados Unidos da América promove a noção de que nascimentos fora do casamento não são errados, porque, como ela diz: “Cada um possui diferentes padrões morais.”

Um escritor comenta como a “doutrina da equivalência moral de todos os ‘estilos de vida'” [ou seja, heterossexualidade e homossexualidade] tem “obliterado a realidade da depravação humana.”

Logo após os ataques terroristas que se tornaram conhecidos como “11/09”, uma jovem da Universidade Yale escreveu um artigo intitulado “The Question That We Should Be Asking (A Pergunta Que Deveríamos Estar Fazendo).” Aqui estão alguns trechos:

“Em um seminário na faculdade, em 12 de Setembro, um professor disse que não vê muita diferença entre os homens-bomba suicidas do Hamas… e soldados americanos que morreram lutando na II Guerra Mundial… Eu gostaria de dizer que embora os dois grupos possam ter acreditado que estavam lutando por suas maneiras de vida, nas “guerras” declaradas existe uma considerável distinção… O professor não me deu a palavra. As pessoas que tiveram chance de falar citaram várias provocações para o terrorismo; nenhum deles questionou a sua moralidade.”

“As explicações que os estudantes e professores deram para os ataques de 11 de Setembro – extrema pobreza no Oriente Médio, a política externa americana na região e a motivação religiosa – são inteligentes, mas não podem prover a absolvição para os atos errados.”

“Muito da discussão neste campus desde o 11 de Setembro tem deixado de apontar a questão de se um erro absoluto foi cometido.”

Lamentavelmente, não é apenas em campi seculares como a Universidade de Yale que os julgamentos morais são torcidos pelo relativismo. Muitos Adventistas do Sétimo Dia estão sendo apanhados no mesmo tipo de pensamento. Como exemplos, cito duas cartas que me foram enviadas por formandos brilhantes, Adventistas do Sétimo Dia que tinham, incidentalmente, recebido toda a sua educação anterior no sistema educacional Adventista.

Acredito fortemente que de as pessoas usassem suas capacidades de pensamento, estudassem honestamente, e pesquisassem nas milhões de maneiras nas quais estão individualmente inclinadas a pesquisar, haveriam tantas “religiões” diferentes quanto há pessoas.

Mais tarde em sua carta, esta estudante disse, “Como qualquer um de nós pode afirmar estar certo e o outro errado?”

Em uma segunda carta outro amigo afirmou que:

Minha vida foi enriquecida pelos Adventistas com os quais me associei e pelas instituições educacionais que freqüentei. Contudo, eu não afirmaria por um segundo que a minha herança é, de alguma forma, mais legítima do que as heranças religiosas de outras pessoas. Penso que todos estão igualmente longe da verdade.

Note como ninguém pode afirmar estar realmente certo acerca de uma questão religiosa, e que nenhuma ideia pode ser superior (ou mais “legítima”) a qualquer outra; portanto, ninguém pode fazer qualquer declaração de que realmente conhece a verdade e o erro!

Confio que seja claro que as implicações de tal raciocínio são tremendamente sérias para fazermos boas escolhas espirituais. A única alternativa segura a tal pensamento é crer em absolutos – os absolutos revelados nas Escrituras. Se queremos fazer boas escolhas espirituais devemos aprender como apontar o relativismo onde quer que ele apareça, e devemos nos opor a tal pensamento tão fortemente quanto pudermos pela sua total incompatibilidade com o cristianismo.

7 – O Grande Conflito

Qualquer pessoa que esteja buscando fazer boas escolhas espirituais deve considerar os fatos básicos daquilo que os Adventistas do Sétimo Dia chamam de “O Grande Conflito”. Para os propósitos do presente argumento, um dos fatos mais importantes a respeito do Grande Conflito é que Satanás é um mentiroso e um assassino e tem um único grande objetivo – enganar e destruir a humanidade. Embora ele ainda faça o pecado parecer como um deleite para os olhos e “desejável para dar entendimento” (Gênesis 3:6), tudo o que ele está tentando fazer, no final, é nos matar.

A partir disto, parece lógico para mim assumir que Satanás usará todos os meios possíveis ao seu dispor para realizar os seus propósitos, e alguém seria fortemente pressionado a pensar em uma única área da vida que Satanás não tem usado em sua obra de engano. De fato, o Espírito Santo corrobora este ponto de vista no texto que se segue:

[Satanás] representará mal, usará mal e perverterá tudo ao seu alcance para, se possível, enganar os próprios escolhidos.

Um segundo ponto que devemos considerar é que antes de sua queda, Lúcifer era o líder do coral no céu. Uma vez que ele “perverterá tudo” e uma vez que é um músico experiente, não é lógico que ele buscará usar a música para nos enganar? Deus revelou exatamente o que é que satanás quer fazer com a música:

Satanás não faz objeções à música, uma vez que a possa tornar um caminho de acesso à mente dos jovens. Tudo quanto desviar a mente de Deus, e empregar o tempo que devia ser votado a Seu serviço, serve aos fins do inimigo. Ele opera através dos meios que mais forte influência exerçam para manter o maior número possível numa agradável absorção, enquanto se acham paralisados por seu poder. Quando empregada para fins bons, a música é uma bênção; mas é muitas vezes usada como um dos mais atrativos instrumentos de Satanás para enredar almas. (Ellen White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, p. 506)

O cenário do Grande Conflito nos assegura que a cada dia nos encontramos confrontados por um inimigo que busca a nossa destruição, um inimigo que perverterá e distorcerá cada faceta da vida de forma a conseguir seus objetivos. E mais, não podemos desistir deste conflito, não podemos “simplesmente dizer não”. Quer gostemos disso ou não, cada um de nós é apanhado neste conflito cósmico e teremos, finalmente que decidir de que lado desejamos permanecer. Se desejamos fazer boas escolhas, devemos considerar as implicações do Grande Conflito em cada escolha que fazemos.

8 – O Povo Escolhido

O último ponto a considerarmos como preparação para fazermos boas escolhas espirituais envolve as expectativas de Deus para cada um de nós. A maioria dos cristãos está familiarizada com a ideia de que Deus escolheu os israelitas como Seu povo especial, para que pudessem fazer uma obra especial. Abraão recebeu a promessa de que em sua posteridade “[seriam] benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:3), e na época do Êxodo os israelitas coram convidados a entrar em um relacionamento de aliança com Deus. Como resultado Ele lhes assegurou que seriam “minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra; e vós sereis para mim reino sacerdotal e nação santa” (Êxodo 19:5-6).

Também devemos nos lembrar que na época do primeiro advento de Cristo as falhas espirituais da nação judaica fizeram com que o relacionamento de aliança entre Israel e Deus fosse quebrado, e Cristo disse aos líderes da nação que “vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos.” (Mateus 21:43), Por esta razão Pedro pôde escrever que “vós [cristãos] sois [agora] a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (I Pedro 2:9).

O que isto quer dizer é que, uma vez que somos herdeiros das promessas do concerto, somos chamados a um padrão extraordinariamente alto. Não apenas fomos escolhidos para sermos um “sacerdócio real”, e uma “nação santa”. Fomos escolhidos “para que [anunciemos] as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9).

Conforme consideramos fazer escolhas espirituais, devemos ter tudo isso em mente. Somos muito especiais para Deus; Ele quer que façamos escolhas muito boas. Penso que é significativo que Jesus tenha resumido uma seção importante do Sermão do Monte – uma seção conclamando a boas escolhas, envolvendo os termos mais severos (“todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar…”) – com essas palavras: “Sede vós, pois, perfeitos” (Mateus 5:48). Alguém disse, “A idade avançada não para covardes”; podemos acrescentar que tampouco é ser parte do povo “escolhido” de Deus. Conforme estudamos como devemos fazer boas escolhas, este é o contexto no qual tais escolhas devem ser feitas.

Resumo

Neste ponto uma pergunta poderia ser legitimamente feita: Toda esta introdução é necessária para uma discussão acerca do cristão e a música? Por que não ir simplesmente direto ao ponto? Creio que tal preparação é necessária porque, sem uma clara compreensão da diferença entre a verdade subjetiva e a objetiva, seria muito fácil tomar erroneamente a primeira pela última. Também seria fácil assumir que, porque alguém é “abençoado” ou “estranhamente excitado” por uma ideia ou prática em particular, deve ser o Espírito de Deus quem está abençoando ou excitando. E seria fácil permitir que o gosto tomasse o lugar do princípio, ou assumir que a sinceridade ou a cultura podem tornar uma mentira em verdade. Manter a natureza da verdade claramente diante de nós é a única maneira de ter a certeza de fazer julgamentos válidos entre o bem e o mal que nos cerca.

Também é certo que sem uma compreensão da vontade de Deus – que seja explícita ou implícita – faremos muitas escolhas ruins. Podemos ser freqüentemente lembrados que a tradição, ou bom senso, ou ciência, ou sociologia, ou a opinião da maioria, ou virtualmente qualquer outra coisa pode ter muito valor em nossas vidas – mas que todas essas maneiras de conhecer a verdade espiritual são, e devem sempre ser, validadas pela palavra de Deus.

Sem compreender claramente que o relativismo é a “tendência moral de nossa época”, e que ele nega todo o conceito do evangelho, podemos ser apanhados nós mesmos em tal pensamento,e assim acharmos ser impossível fazer verdadeiros julgamentos morais.

Sem compreender claramente o Grande Conflito e sua aplicação às nossas vidas diárias, seria fácil perder um ponto importante quando a questão trata da própria música. Com muita freqüência as pessoas dirão, “Qual é o problema, é apenas música.” A noção do Grande Conflito nos diz que não é somente música ou somente qualquer coisa. Tudo na vida é importante “pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes.” (Efésios 6:12)

Finalmente, sem compreender claramente que somos o tesouro especial de Deus, um povo peculiar chamado por Ele para uma tarefa especial – uma tarefa que se torna infinitamente mais importante conforme nos aproximamos do fim dos tempos – seríamos como viajantes que seguem em frente dia após dia sem um destino certo. E sem o significado que vem de estabelecer o nosso curso por uma estrela em particular, não teríamos razão para nem mesmo tentar fazer boa música e boas escolhas espirituais.


Notas Bibliográficas (**):

Woodward, Newsweek, 6/13/94

Trefil, Reading the Mind of God, 1989, pp. 35,36

Warnock, English Philosophy Since 1900, p. 144

Rachels, The Elements of Moral Philosophy, p. 345

Newsweek 12/13/93

Newsweek 12/13/93

Newsweek 2/17/01

Ellen White, Testemunhos Para Ministros, p. 411

Veja Ellen White, História da Redenção, p. 25


Notas do Tradutor

(*) Obviamente, esta denominação se aplica aos que, assim como o autor, são moradores dos Estados Unidos. (voltar)

(**) O autor não indicou, no texto original, quais citações correspondem a quais referências bibliográficas. (voltar)


  Parte 1.2 – O Significado na Música  

Fonte: International Adventist Musicians AssociationMusic In WorshipChristians and Music

Traduzido por Levi de Paula Tavares em Novembro/2009


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