A Adoração

Permitindo que Deus Efetue em nós a Verdadeira Adoração – Parte I: Visitando a Casa do Pai

por: Adrian Theodor [1]

Quero convidar você para uma busca no entendimento de como adorar a Deus. Para isso, é necessário que busquemos a verdadeira adoração através da análise da Palavra de Deus.

Em primeiro lugar, devemos entender a história do Rei Ezequias, em sua trajetória de restabelecimento da adoração no templo de Israel, em II Crônicas 29.

Ezequias foi um rei correto diante do Senhor (II Crônicas 29:2). Entretanto Acaz, seu pai, foi um homem perverso que viveu longe de Deus. No capítulo 28 do livro de II Crônicas, lemos que ele “andou nos caminhos dos reis de Israel”. Isso não foi bom porque, depois de Davi, a maior parte dos reis foi perversa, perdida e distanciada de Deus. Como se não bastasse essa história de erro e pecado, Acaz “construiu imagens fundidas a baalins”, deuses pagãos.

Acaz menosprezou o templo do Senhor e Seu santuário. Hoje, após a inspiração Divina do Novo Testamento, sabemos que Deus não habita em edifícios feitos de concreto, mas no próprio coração do crente; entretanto é essencial que entendamos a importância do Santuário para o antigo Israel: este era o local onde a própria presença de Deus se manifestava ao Sumo Sacerdote de forma visível. Menosprezar ou profanar este local de adoração seria o mesmo que negar a própria existência do Altíssimo.

Como vemos em I Coríntios 3:16-17 (NVI): “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado”.

Essa é uma lição muito importante para nós: Não devemos nunca negligenciar o local onde Deus quer fazer morada, seja de concreto ou o nosso próprio coração. Quando simplesmente não damos a devida importância ao templo dedicado a Deus, estamos, na verdade, declarando ao mundo e a nós mesmos que não desejamos visitar a casa de nosso Pai Celestial. E este é o primeiro passo para o nosso distanciamento do próprio Deus. Assim, quando permitimos que Deus abra o nosso coração para adorá-lO, podemos experimentar a necessidade em estar na casa do Senhor (Deus é quem efetua em nós a vontade, porque nossa natureza de pecado nunca deseja adorar o Criador. Cf. Filipenses 2:12-13).

Davi também nos oferece inúmeros exemplos de como o crente transformado por Deus manifesta em seu coração um desejo ardente em adorá-lO em Sua casa, vejamos alguns deles:

Salmos – 27:4: “Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo.

Salmos – 23:6: “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias”.

Salmos – 69:9: “Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim”.

Salmos – 84:10: “Porque vale mais um dia nos teus átrios do que em outra parte mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas da perversidade”.

Salmos 122:1 (NVI):“Alegrei-me com os que me disseram: “Vamos à casa do Senhor!?”

Salmos 92:12-13 (NVI):“Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus.”

Salmos 26:8 (NVI):“Eu amo, Senhor, o lugar da tua habitação, onde a tua glória habita.”

Salmos 65:4 (NVI):“Como são felizes aqueles que escolhes e trazes a ti, para viverem nos teus átrios! Transbordamos de bênçãos da tua casa, do teu santo templo!”

Salmos 84:4 (NVI):“Como são felizes os que habitam em tua casa; louvam-te sem cessar!”

A alegria e regozijo de Davi deveria ser a nossa alegria e regozijo! Entrar na presença de Deus (seja em nossa oração individual e secreta, seja na atitude de Testemunhas de Sua Palavra, indo a um culto de adoração a Deus) deveria ser o ponto mais importante de nosso cotidiano. Encontrar a presença de Deus deveria ser motivo de grande gozo para nós. Não devemos encarar a adoração coletiva, representada na ida do adorador à igreja, como um fardo pesado demais para ser carregado. A presença do crente no templo dedicado ao Altíssimo deve ser um momento de alegria, como pensava Davi.

E o que observamos nos dias atuais é exatamente o inverso. Não somente existem pessoas que simplesmente abandonam a voz do Espírito de Deus que convida o adorador ao templo, mas é crescente o menosprezo pela casa de Deus. E se, como já observamos, o abandono da casa de Deus pode ser o início da descrença na própria existência do Criador; o escarnecimento desta habitação pode ser também o pontapé inicial para a apostasia. Assim foi com Acaz.

Acaz, além de não visitar o santuário, não acreditava nele como habitação do Altíssimo. Violou a morada Divina e a despojou de toda sua beleza, oferecendo seus objetos cúlticos em troca de favores que ele esperava receber de seus aliados pagãos. Logo o ciclo que descrevemos acima se cumpriu: o afastamento de Acaz para com Deus e a sua atitude irresponsável em relação à Sua casa o levou a fechar o templo e parar de executar seus serviços sagrados. Imagino a ideia perversa que Acaz teria alimentado em seu coração:

“Coloquemos em todos os cantos de Israel altares e ídolos, assim, estas pessoas que hoje me oferecem apoio poderão adorar seus deuses com mais conveniência e comodidade”.

O texto de II Crônicas 28:24 nos evidencia esta atitude: “Acaz juntou os utensílios do templo de Deus e os retirou de lá. Trancou as portas do templo do SENHOR e ergueu altares em todas as esquinas de Jerusalém” (NVI).

Acaz permitiu afastar-se de Deus. Como conseqüência, ignorou a importância do Deus de Israel, profanando e, por fim, fechando as portas do templo em que Jeová fazia morada. O mesmo pode acontecer conosco hoje.

Por isso, é indispensável que todo adorador não se permita afastar-se da casa de Deus (para que não seja dado o primeiro passo no sentido de distanciar-se do próprio Deus). Muita oração é necessária neste assunto. O adorador deve pedir a Deus disciplina em visitá-lO a cada nova semana. É indispensável que, em nosso dia-a-dia e a cada semana, tenhamos a intenção de dedicar tempo em buscarmos o Senhor em nossa casa e em Sua casa. Ter disciplina em buscar ao Senhor também significa ir à Sua casa de oração.

Em Hebreus 10:25, lemos um conselho importantíssimo de Paulo: “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia” (NVI). É verdade que o templo divino não é somente uma estrutura física, onde nos reunimos a cada semana. O templo do Senhor é também o coração do crente. Mas se faz necessário que o adorador visite a casa do Senhor edificada para Ele pelos homens, com o objetivo central de encorajar e apoiar seus irmãos, animando uns aos outros, aprendendo o sentido de “comunidade”. Pois, se aprendemos o sentido de comunidade entre irmãos, teremos maior facilidade em compreender o que significa ser um com o Pai:

João 17:20-23 (NVI) – “?Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.”

Quando Ezequias assume o trono, o trabalho de Acaz contra o templo de Deus fora devastador. Em contrapartida, Ezequias assume como uma de suas primeiras atitudes no governo o cuidado do templo. A atitude de Ezequias pode encontrar comparação na luta de Davi em trazer a Arca da Aliança de volta para a casa de Israel. Davi percebeu que não poderia governar em nome de Deus sem o símbolo de Sua aliança com Seu povo. Assim, tomou providências para que a Arca voltasse dos filisteus ao povo de Israel. Contrariando a postura ímpia de Saul, Davi procurou a vontade de Deus para a sua vida e para a vida de seu povo, reconhecendo que sem a presença de Deus, nada podemos fazer. Ezequias, da mesma forma, preocupou-se com a maldade de Acaz. E buscou restaurar o erro do pai, reconstruindo o valor do templo de Jeová no seio do povo de Israel.

A atitude de Davi, somada ao exemplo de Ezequias, de nada vale se não considerarmos o seu valor em nossa adoração hoje. A pergunta que devemos fazer a nós mesmos é muito simples: “A partir do momento em que entendi que visitar a casa do Pai tem uma importância enorme, devo eu negligenciar o Seu chamado?”. Ou ainda: “Se o abandono do templo construído para Deus pode significar o meu afastamento do próprio Deus, devo correr o risco de recusar-me à sua visita a cada semana?”.

Deste modo, irmão, oro para que Deus efetue em mim, a cada nova semana, o desejo em visitá-lO em Sua casa. Porque, quando o adoramos em Espírito e verdade, a cada dia, somos preenchidos por um desejo espiritual de prestar culto a este Deus. Ir à igreja não significa encontrar a Deus (que pode ser contemplado através de nossa comunhão diária), mas sim uma atitude de culto, que prestamos a Deus, por amor de Seu nome, na presença e testemunha de nossa comunidade cristã.


Nota:

[1] O presente texto foi escrito tomando como ponto de partida um artigo de Márcio Barreto, publicado originalmente em http://www.netgospel.com.br.

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