A Adoração

Adoração e Missão na Esperança

por: Karl Haffner

Estude a historia de qualquer empresa de sucesso e você encontrará inevitavelmente uma declaração de missão que a impulsiona para a grandeza. A missão captura a essência de tudo o que a empresa significa. Considere a missão da Coca Cola: “Pôr uma lata de coca ao alcance da mão de toda pessoa no mundo.” Walt Disney deseja “fazer as pessoas felizes.” A Sony afirma: “Queremos experimentar a alegria de desenvolver e aplicar tecnologia para o beneficio do publico.”

A Microsoft, gigante de softwares, se dedica a “capacitar pessoas e negócios a atingir seu potencial pleno”, por meio de grandes softwares para qualquer tempo, lugar e aparelho.

Agora, considere a grande e audaciosa missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia: “Proclamar a mensagem dos três anjos de Apocalipse 14”. Missão corajosa, não? Por isso, dedicamos nossa semana a um estudo mais aprofundado de Apocalipse 14, que resume a missão da igreja de Deus para o tempo do fim. Temos uma instrução profética para proclamar uma mensagem de esperança ao mundo.

Adoração e Missão

Em Apocalipse 14:7 está registrado: “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas.”

Ontem, estudamos esse verso, considerando a urgência de nossa mensagem à luz do julgamento, que “é chegado”. Hoje, voltamos ao mesmo verso, a fim de considerar a importância da adoração para nossa missão de levar esperança. Perceba que o coração de nossa mensagem de esperança é o chamado para “adorar Aquele que fez os céus, e a Terra, e mar, e as fontes das águas”.

Philip Yancey observa: “É uma coisa terrível ser agradecido e não ter ninguém para agradecer, ser reverente e não ter ninguém para adorar” (Marriage Partnership. v. 1. n. 4.). Como uma comunidade de fé, temos nosso Deus a quem manifestamos nossa gratidão. Temos alguém para adorar! Isso esta no DNA de nossa igreja. Adoração está no centro de nossa missão.

Então, o que significa adorar? Há três aspectos principais na adoração: quem, como e quando.

A Quem Adorar

Pense nAquele que recebe nossa adoração. Nós adoramos a quem criou os céus e a Terra. Em nossa era sofisticada de viagens espaciais e de alta tecnologia, uma tentação constante é transferir para nós as afeições que devem ser dirigidas ao nosso Criador.

No fim do século XIX, dois exploradores estavam decididos a escalar o Monte Rainier, um pico de 4.392 metros, localizado no estado norte-americano de Washington. Eles tentavam obter a ajuda de um guia indígena, mas este lhes dizia que seu povo considerava um sacrilégio escalar o Monte Rainier. O índio afirmava que, no topo daquele monte, estava a casa de Deus em um lago de fogo e que ninguém jamais ousou pisar naquele solo sagrado.

Os exploradores ofereceram mais e mais dinheiro, até que outro guia aceitou conduzi-los, mas com relutância. Por mais que o guia tentasse fazê-los desistir, os homens estavam determinados. Próximo ao topo, o guia disse: “Não posso subir mais. Daqui em diante, vocês devem ir sozinhos.” Corajosamente, os homens continuaram a conquistar a montanha. E conseguiram. Eles tiraram fotos, fincaram uma bandeira. Mais um ponto para a humanidade!

Todavia, por mais que sua determinação corajosa tenha sido admirável, numa análise mais profunda, a realização foi negativa, pois violaram uma crença sagrada. Eles conquistaram para a humanidade o que anteriormente estava reservado para Deus.

Em nossa era sofisticada, engrandecer homens e diminuir Deus e uma tentação constante. Quando Samuel Morse inventou o telegrafo há mais de 150 anos, suas primeiras palavras transmitidas por um cabo foram “Que obra Deus fez!” Quando Neil Armstrong caminhou sobre a Lua em 1969, disse: “Este é um pequeno passo de um homem, mas um salto gigante para a humanidade.” Anteriormente, costumava-se dar credito a Deus pela inovação humana. Já não e mais esse o caso.

O rabino Harold Kushner observa: “A tecnologia é inimiga da reverência. Deliberada ou imperceptivelmente, a tecnologia apaga chamas sagradas, pois á uma celebração do que homem pode fazer…. Idolatria é a celebração de uma obra humana como a mais alta realização no mundo. O que está errado com a idolatria (adorar obras humanas como se elas fossem a realização final) não consiste apenas em deslealdade ou ofensa a Deus. O pecado da idolatria esta em sua futilidade. E, portanto, um caminho indireto para adorarmos a nós mesmos. Tal caminho nunca pode nos ajudar a crescer, como o faz a adoração de um Deus infinito. Como resultado, vivemos uma vida vulgar e sem inspiração e não sabemos o porque” (Who Needs God?Nova York: Summit Books, 1989. p. 54).

Todo espírito humano deseja profundamente clamar como o salmista: “Quando contemplo os Teus céus, obra dos Teus dedos, e a Lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem para que dele Te lembres?” (Salmos 8:3-4).

Se Deus não é o objeto de nossas afeições, então encontraremos outra coisa para adorar. Ídolos do cinema, vídeo-games e carros roubarão nossa adoração, se não enfocarmos o único Deus que é realmente digno de nosso louvor, o Deus que criou tudo nos céus e na Terra.

Como Adorar

A questão de como adorar tem despertado fortes debates em todas as igrejas cristãs. Adoramos ao som de bateria? de dança? de órgão de tubos? com mãos levantadas? em silencio? com risadas?

O estilo de adoração não é questão de nosso gosto. Adoração autêntica tem que ver com nossa completa entrega a Deus. “Estou convencido de que pastores não dão a mínima importância para a adoração”, lamenta Eugene Peterson. “Eles realmente não se importam. Existe uma razão para isso. A verdadeira adoração não faz as coisas acontecerem. É perder o controle [sobre as pessoas], o abandono de linguagem manipulativa e de entretenimento…. Pastores sentem que se eles realmente praticarem a adoração, esvaziarão o auditório rapidamente.” (“The Door”,Christianity Today, v. 36. n. 9, nov-dez 1991).

Com mais freqüência ainda, as pessoas confundem adoração com entretenimento egoísta. Assim, dizem coisas como: “Vou assistir a uma reunião na igreja central, porque lá estará um pregador de outra cidade.” “Na próxima semana, vou adorar na igreja tal, porque lá há uma banda musical animada”. Qual e o resultado disso? Estamos criando uma geração de viciados que correm para a adoração mais elétrica numa semana e, na semana seguinte, para o pregador mais animado, nunca se fixando em uma igreja local. Eles alegam que os cultos de adoração falham em atender suas necessidades, pois crêem que a igreja existe para atender os caprichos de entretenimento e os desejos emocionais de consumidores egoístas.

Adoração significa entregar toda compulsão ao controle de Deus, submetendo-nos a Ele. Portanto, o resultado da adoração é sempre uma vida de obediência radical. Quando adoramos a Deus realmente, tudo o que fazemos se torna uma oferta de entrega e louvor. É algo sobre Ele e não a nosso respeito. Quando nos unimos para adorá-Lo, expressamos-Lhe nossa gratidão e humildemente apresentamos a Ele nossas necessidades. Ele e o centro de nossa adoração, não nós.

Quando Adorar

Leia Apocalipse 14:7 e perceba a referência clara ao relato da Criação. Aquele que recebe nossa adoração foi quem “fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas”.

Na história da Criação encontramos este relato: “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” (Gênesis 2:2, 3).

Ellen White acrescenta: “o verdadeiro sábado, dado ao homem como um memorial da criação, foi tirado de seu lugar de direito como um mandamento sagrado de Deus e, em seu lugar, um falso sábado tem sido exaltado e adorado…. Mas uma mensagem, a mensagem do terceiro anjo, veio ao mundo para elevar a verdade até sua posição de direito, para que ela possa permanecer firme como a verdade de teste de Deus nesses últimos dias. Os requerimentos de Deus devem ser manifestos ao mundo com toda clareza e poder originais” (The Youth’s Instructor, 20 de outubro de 1898.)

Não é um privilegio proclamar o presente divino do sábado em toda a sua “clareza e poder originais?” Como adventistas do sétimo dia, esta é a nossa alegria; esta é a nossa missão!


Karl Haffner, Ph D., é pastor das Igreja Adventista do Sétimo Dia de Waynesboro, Ohio, EUA, e autor de dezenas de livros.


Fonte:Revista Adventista, Outubro 2009, pp. 12-13 (Edição da semana de oração “Missão de Esperança” – tema de terça-feira)


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